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CARTA 01 (Digitada)

Assaré, 23-12-89

Gracinha, Deus lhe Abençoi

Confio em Deus que esta carta encontrará, Antonio você e Expedito juntamente com os nossos parentes, com saúde, paz e felicidade e que tenham tido um Natal bem alegre.

Nós aqui vamos naquele estado corriqueiro que você ja conhece por experiência, aqui está bem chuvido e continua chuvendo, muita gente ja plantou e continuam plantando, mas infelizmente, inda ha brocas por queimar, menos as nossas da Serra.

Recebemos o cartão de Natal que vocês nos ofereceram e ficamos contentes e agradecidos e entreguei os que foram oferecidos aos nossos, inclusive o dinheiro que Expedito enviou para Inez, diga a ele que vá sempre repetindo esta mensagem, se lembre quem é seu avô.

Gracinha, em Novembro eu fui a São Paulo com a Gicélia, fiz trez apresentações no Memorial da América Latina, me apresentei com o Fagner, em cada noite eu fazia a abertura do programa e depois cantava “Vaca Estrêla e Boi Fubá” com o Fagner e o programa continuava. Voltei satisfeito porque trouxe boa impressão e também deixei bôa impressão. Minha demora em São Paulo foi muito breve, o avião partiu na quarta e voltou na terça da próxima semana, nós ficamos na casa de Cláudio, onde a diretora do Memorial ia me apanhar todo dia para fazer o ensaio, so deu certo falar com João no Domingo, na segunda ele foi trabalhar e nós fomos dormir na casa de Mateus que veio veio com Dejanice nos levar para casa dele e de madrugada nos levar ao aeroporto. Gracinha, eu não pude falar com o João sobre a volta dele para (o) Ceará, eu não falei com ele neste sentido porque a casa passou o dia cheia de gente, em virtude disto, na segunda feira quando ele foi trabalhar, pedi o bloco a Catarina e escrevi tudo quanto eu queria falar para ele, procurando arreda-lo do plano (de) voltar para morar no Ceará. Veja bem, o João falava que ia morar em São Paulo para dar educação ao filho, mesmo morando e pagando aluguel, quando andei lá perguntei como ele estava e ele me disse que estava estava esperando, mais tarde o dono dono da (casa) pegou a se aborrecer e arranjou dinheiro com os amigo e comprou um barraco, cujo dinheiro dei para ele pagar aos amigos e dei mais dinheiro com o qual ele fez o banheiro de tijôlo, pois era de madeira fez uma lavanderia na sombra, ficou independente, livre de aluguel, mas a penúltima vez que estive estava danado para voltar, culpando um problema de garganta (d)e Joaquim e que Catarina não tinha emprêgo, agora quando cheguei lá encontrei Joaquim curado, Catarina custurando para uma casa de confecção e ele ganhando mil e tantos cruzados novos tem até um dinheirim na poupança como me disse perguntei só compra carne de primeira que (custa?) trinta e seis cruzados, tudo o que queria Deus está dando, mas ele me (diz) que vem para morar no São Vicente, não tem conselho que dê jeito, eu dei muitas explicações na carta deixei e findei dizendo que o mal maior que ele fazia (a) Joaquim era traze-lo para morar no São Vicente, o garoto ja está ambientado com o clima de São Paulo e tem um grupo escolar perto que vai com facili(dade), o garoto vive no maior conforto tudo que pede o João dá até um piano e uma mota pra criança ele dá o que o garoto exije e quer faltar com o melhor que é a educação.

Eu conversei com Catarina e ela disse que vinha porque dojeito que tocar ela dança, mas tinha muita pena de tirar Joaquim de São Paulo.

Gracinha se João vltar ele se arrepende e vai viver constantimente com febre e o pior e que eu sou o doutor para pelo menos baixar o grau desta febre danada.

Bem, ja disse o que tinha vontade, vou findar esta prolongada carta, enviando abraços para você, Antonio, Expedito e me apresente com lembranças a todos os nossos, Belinha e todos

de casa enviam lembranças. Graça Toinha manda lembranças. ela está em nossa casa. Toinha Nunes.

Eu vejo que não ganhei Mas a verdade eu anoto, Sou feliz porque votei

Em quem merece o meu voto So falo de fronte altiva, Tudo meu é grande e belo, Um voto do Patativa

não é pra Collor de Melo Com o meu dom soberano Que a Providencia me deu, Este chefe alagoano

não é maior do que eu ta?

CARTA 02 (Original) 1 5 10 15 20

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CARTA 02 (Digitada)

Assaré, 12-2-90 Gracinha,

Saudade

Esta câta e para dizer-lhe que estamos bem de saude, porem reina um certo desolamento geral, é que até agora não ha sinal de inverno, chuveu muito em Dezembro, mas não chuveu em Janeiro e hoje são 12 de Fevereiro e não vemos relâmpago no Pernambuco.

Gracinha, eu gosto das quadras do Expedito. O Chico envia a é em sestilha, a resposta que ele dá ao Expedito, para que ele mande outros versos em sestilha, pois vejo que ele tem o dom de fazer verso, incentive para que ele (faça) décimas, para quem não gosta de passear o passatempo melhor é escrever verso, foi a melhor distração de minha vida.

Eu estava querendo dar uma chegadinha aí no começo de Março, se Inez fosse tambem, porem ela disse que não vai agora so mais tarde, eu vou demorar para ir com ela e se ela não for, irei mesmo só. Termino com a mesma saudade que comecei, me recomende ao Chico Pinga e um abraço para Antonio, aqui está ruim para ele, nunca mais chuveu, morou? Abraços para você e Expedito. Patativa

Gracinha, eu fiquei com o seu volume Ispinho e Fulô” logo que a segunda edição saia pela Editora Vozes, como foi feito o negócio, enviarei o seu exemplar. Agora mesmo eu gravei um LP em São Paulo, ja está em Fortaleza so está faltando a capa, logo que eu receba, mandarei um para você, a tiragem foi bem limitada, tudo agora está caro.

Depois que o Expedito começou a fazer quadra, você tem feito alguma? ou ficou so nesta? Santo Antonio protetor

das môças desenganadas, olhai Têtê, por favor,

e a Chiquinha das quebradas

Autora Maria Sidrão Alencar (Gracinha) Cesteiro que faz um cesto faz um cento.

CARTA 03 (Original) 1 5 10 15 20

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CARTA 03 (Digitada)

Assaré, 29-3-90 Expedito,

Deus lhe Abençoi

Ontem recebi no Correio suas cartas juntamente com os versos lascando a família de lá e de cá. Gostei das sestilhas, até mais difícil de rimar do que as que o Chico mandou por último, porque são de rimas entrelaçadas. Ai vai a resposta de Chico, ele agora se danou e botou foi mesmo pra lascar.

Expedito, eu substituindo (?) o Chico com estas brincadeira de deboche, era para poder ver os seus versos, começamos fazendo quadras, depois mandei sestilhas, as quais você respondeu muito bem agora estas que ai vão são décimas como você está vendo, são estrofes rimando a 1ª com a 3ª, a 2ª com a 4ª, 5ª e 6ª iguais, a 7ª com (a) 10 e 8 e 9 iguais você ve o exemplo nesta esculhambação que vai aí.

Olhe, vamos parar o deboche, quero agora é que você mande para (mim) umas estrofes em dez, falando sobre a saudade que você tem da Serra sobre as brincadeiras e até sobre a preguiça que você tinha de trabalhar na (roça) você sabe dizer em verso aquilo que você quer, faz duas estrofes ou trez em um dia, depois outras em outro dia, a maioria dos versejadore escrevem assim, são diferentes de mim que quando pego na caneta os versos estão na mente. Não deixe (de) mandar o que estou lhe pedindo e quando eu receber lhe mandarei outros, ta? Expedito, nós até irmos antes de Junho conforme os meus planos com Inez. Trecho riscado: Olhe mande o mais breve possivel o numero do telefone (para) que eu possa falar com Gracinha ou com você, isto está uma falta grande, a gente so sabe noticia por telefone quando a ligação vem de la.

Termino enviando lembranças para você, Gracinha, Antonio e Chico Piga. Patativa

CARTA 04 (Original) 1 5 10 15 20

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CARTA 04 (Digitada)

Assaré, 20-11-91 Gracinha e Antonio Abraços para vocês

Primeiro queria dizer que Belinha continua com (a) mesma melhora que vem sentin(do) a uns trez mezes, a melhora que falo é porque nunca mais gemeu nem chorou com as dores horríveis que sentia nos ossos do rosto, embora as gengivas sejam inflamadas e doloridas, porem ela se alimenta e anda sempre na casa de Lúcia, porem a coitada não conversa, diz algumas palavras, mas seja o que Deus quizer. Outro assunto.

Sei que você está lembrada do meu cachorrinho Pitu, que quando (eu) sacodia a caixa mandava ele apanhar a mesma, você sabe que o tal de Barão do sogro de Afonso matou o Pitu e com 17 dias o tal Barão morreu de morte matada e com a morte do Barão deu um asar e mataram muitos cachorros, o Raimundo matou o de Narcisa, porque comia a lavagem dos porcos dele, porem ele foi castigado, amarrou o Jagunso para ninguém matar, o pobre morreu enforcado.

Gracinha, leia a carta que o Pitu mandou para o Barão e mande dizer (se) gostou, que no dia que receber sua carta eu despacho pelo correio dois Balceiro, um para você e um para o meu amigo Chico Pinga, que você sabe quem é.

Abraços para todos responda logo, sim?

POEMA ANEXADO À CARTA 04