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9. Produção de composto à escala piloto

10.2 Angariação de Parcelas

Para se proceder a realização do PGL, tornou-se necessário contactar vários agricultores para verificar o interesse destes em aplicar lamas nos seus terrenos. Este processo consistiu num trabalho de porta-á-porta com um caris de sensibilização relativamente às vantagens e desvantagens da aplicação de lamas nos solos, cuidados a ter na sua aplicação, forma de atuação, entre outras informações. Para auxiliar nesta tarefa, foi realizado um flyer, o qual se encontra no anexo VIII.

No final do processo de angariação, obtiveram-se 312 parcelas distribuídas por 25 agricultores.

10.3 Caraterização das Parcelas

Na elaboração do PGL, é necessário ter em consideração os vários limites para aplicação de lamas apresentados no DL 276/2009. Contudo, em relação à caraterização das parcelas para determinar a sua viabilidade para a receção de lamas teve-se em consideração o artigo 12º (proibições de aplicação) do DL supracitado, mais especificamente as seguintes condicionantes:

- Aplicar lamas em margens de águas, compreendendo estas:

i) Uma faixa de terreno de 50 m, no caso de margens das águas do mar, bem como das águas navegáveis ou flutuáveis sujeitas à jurisdição das autoridades marítimas ou portuárias;

ii) Uma faixa de terreno de 30 m, no caso das margens de outras águas navegáveis ou flutuáveis;

iii) Uma faixa de terreno de 10 m, no caso de margens de águas não navegáveis nem flutuáveis;

- Aplicar lamas na zona terrestre de proteção das albufeiras de águas públicas de serviço público, numa faixa, medida na horizontal, com a largura de 100 m contados a partir da

linha do nível de pleno armazenamento, sem prejuízo de, nos casos em que exista plano de ordenamento de albufeira de águas públicas, o regulamento do plano estabelecer uma faixa de interdição com uma largura superior a 100 m;

- Aplicar lamas na zona terrestre de protecção das lagoas ou lagos de águas públicas constantes do anexo I do regime de proteção das albufeiras de águas públicas de serviço público e das lagoas ou lagos de águas públicas, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 107/2009, de 15 de maio, numa faixa, medida na horizontal, com alargura de 100 m contados a partir da linha limite do leito da lagoa ou lago de águas públicas em causa, sem prejuízo de, nos casos em que exista plano especial de ordenamento do território

aplicável, o regulamento do plano estabelecer uma faixa de interdição com uma largura superior a 100 m;

- Aplicar lamas numa extensão de terreno de:

i) 25 m relativamente a captações para água de rega;

ii) 50 m relativamente a habitações isoladas, podendo esta distância ser reduzida por autorização escrita do residente;

iii) 100 m relativamente a captações de água para consumo humano, sem prejuízo do disposto no Decreto –Lei n.º 382/99, de 22 de setembro, relativo ao estabelecimento de perímetros de proteção para captação de águas subterrâneas destinadas ao abastecimento das populações;

iv) 200 m relativamente a aglomerados populacionais, escolas ou zonas de interesse público;

- Aplicar lamas em parcelas com Índice de qualificação fisiográfica da parcela (IQFP), que expressa a fisiografia da parcela tendo em consideração os declives médios e máximos, superior a 3,excepto nas culturas arbóreas e arbustivas se implantadas em terraços;

- Aplicar lamas em solos inundados e inundáveis e sempre que, durante o ciclo vegetativo das culturas, ocorram situações de excesso de água no solo, devendo, neste caso, aguardar -se que o solo retome o seu estado de humidade característico do período de sazão.

- A aplicação de lamas em solos agrícolas, em zonas vulneráveis a nitratos de origem agrícola, aprovadas por portaria do membro do Governo responsável pela área da

agricultura, ao abrigo do Decreto -Lei n.º 235/97, de 3 de setembro, encontra -se condicionada ao estipulado nos respetivos programas de ação em vigor e, na sua ausência, ao disposto no presente artigo.

Devido a todos condicionantes anteriormente referidos, foi necessário realizar um levantamento e registo exaustivo de todos os parâmetros que pudessem afetar a aplicação de lamas em cada parcela considerada para VAL.

Para definir ainda a viabilidade de aplicação de lamas nas parcelas, foi necessário recorrer a cartas de Reserva Ecológica Nacional (REN), nas quais constam as zonas de infiltração máxima, zonas de erosão, faixas de proteção a albufeiras, leitos e cursos de água entre outras condicionantes, que não eram observadas aquando da visita da parcela.

Após análise dos vários limitantes ao processo de VAL, das 312 parcelas angariadas, foram sumariamente eliminadas 252 parcelas, reduzindo a 13 o número de agricultores e a 57 o número de parcelas disponíveis para aplicação de lamas.

Contudo, dentro das parcelas aptas para VAL, ainda se observaram alguns limitantes, que não levaram á eliminação das parcelas, mas reduziram o espaço disponível para a aplicação de lamas.

Com a definição das parcelas agrícolas, procedeu-se à caraterização dos solos, pois só após análise aos metais, é que se poderia determinar a sua viabilidade para receber lamas. Para tal, foi recolhida uma amostra por cada 5 hectares, recorrendo método de recolha definido na ISO 10381-1: “Qualidade do Solo – Amostragem. Estas amostras foram seguidamente enviadas para análise num laboratório credenciado e analisadas pela metodologia definida no quadro 9, do ponto 3.2 do anexo II do Decreto-lei 276/2009. Os resultados obtidos para cada parcela, encontram-se em anexo.

Tendo em conta a concentração de metais no solo de cada parcela, que podem ser observados na Tabela XXXVI em anexo, e relacionando estes com o quadro I do anexo I do decreto-lei supracitado, que define os limites de concentração dos metais pesados no solo em função do pH, as 57 parcelas foram dadas como aptas para a aplicação de lamas.