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4. Enquadramento legislativo

5.2 Funcionamento de uma ETAR

5.2.1 Tratamento da Fase Líquida

5.2.1.4 Tratamento terciário ou avançado

O tratamento terciário ou avançado, tem por objetivo a afinação do efluente, nos casos em que os tratamentos anteriores não tenham sido eficientes, para atingir os parâmetros estipulados pela lei para descarga em meio hídrico, ou para reter um poluente específico. É, por conseguinte, um tratamento muito específico e usado para remover microrganismos, nutrientes, como o fósforo ou azoto e ainda compostos tóxicos que não tenham sido removidos nas etapas anteriores (Ferreira, et al., 2012).

Tabela III: Tratamentos biológicos mais utilizados e respetivas vantagens e desvantagens. Adaptado de (Alves, 2010)

Tratamento Descrição Vantagens Desvantagens

Lamas ativadas Tratamento em que os microrganismos se encontram suspensos num meio líquido, no interior de um tanque devidamente arejado. Os microrganismos vão degradar os compostos orgânicos existentes no efluente e originar lamas. No final do processo é necessário realizar uma decantação para separar as lamas do efluente tratado, e algumas destas voltam a ser recirculadas para o tanque.

Elevada eficiência de remoção Compacto

Permite tratar grandes volumes de efluente

Consumo elevado de energia Elevada necessidade de manutenção

Difícil operação

Elevada produção de lamas

Lagunagem Consiste num sistema com uma série adequada de lagoas anaeróbias, facultativas e de maturação com caraterísticas diferentes entre si que permitem tratar o efluente. Em Portugal são pouco utilizadas, e na sua maioria no tratamento de efluentes provenientes da produção animal.

Baixo custo de construção, operação e manutenção Toleram concentrações de metais elevadas

Consegue reduzir os níveis de patogénicos até níveis reduzidos

Absorvem choques hidráulicos e mecânicos

Ocupação de grande área. Proliferação de odores e mosquitos

Elevados sólidos suspensos (algas) no efluente final.

Leitos Perculadores

O efluente é regado uniformemente sobre um suporte, contendo um biofilme constituído por bactérias, protozoários e fungos, levando a que os compostos orgânicos sejam transportados através deste biofilme e consequentemente degradados. Com a degradação vai aumentando a espessura do biofilme até ocorrer limitações de oxigénio e nutrientes levando á desagregação deste, o qual tem que ser removido do efluente final por um clarificador.

Resistente à corrosão Custos energéticos de operação reduzidos quando comparado com as LA.

Capacidade para acomodar grandes variações de caudal. Sistema simples

Pouco resistente a efluentes tóxicos ou ácidos Ocorrência de Odores Suscetível ocorrer o entupimento do sistema de distribuição Necessita de elevada manutenção Arranque deficiente.

Biodiscos Consiste numa série de discos rotativos, na superfície dos quais se forma um biofilme. Estes discos encontram-se dispostos num veio rotativo, e a rotação permite que a biomassa contacte alternadamente com a matéria orgânica do efluente e com o oxigénio do ar. A rotação também cria uma força de corte que permite a remoção do excesso de sólidos no disco e os quais têm que ser removidos por um clarificador.

Elevada eficiência, comparativamente a outros sistemas de leito fixo. Sistema compacto

Manutenção e operação simples

Sensível á sobrecargas orgânicas.

Suscetível a avarias (veio de rotação)

Afetado pela temperatura ambiente

Aconselhado apenas para o tratamento de efluentes de pequenas populações

Os processos a usar irão depender dos objetivos que se pretendem alcançar (Rasquilha, 2010). Seguidamente será apresentada uma tabela com os tratamentos terciários

utilizados.

Tabela IV: tratamentos terciários. Adaptado de (Ferreira, et al., 2012)

Tratamentos terciários Descrição Tratamentos Fisico- Quimicos Adsorção

A adsorção consiste num processo de acumulação de uma substância numa interface sólido-liquido. Este processo permite remover contaminantes orgânicos como os Benzenos, Clorobenzenos, Cloetanos, Fenóis, Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (PAHs), entre outros, considerados poluentes prioritários. O adsorvente mais comum, é o carvão ativado.

Permuta Iónica

No tratamento de efluentes, a permuta iónica pode ser usada para remoção de metais tóxicos, recuperação de metais preciosos e na remoção de nutrientes. Este processo consiste na troca entre iões que se encontram em numa solução, com os iões de outro meio. No tratamento de efluentes, o permutador iónico utilizado, é um simples recipiente com um leito composto por uma resina que pode ser lavada e regenerada.

Desinfeção

A desinfeção é o processo que remove os microrganismos patogénicos que possam existir no efluente, para que estes não afetem o meio hídrico onde sejam descarregados. A desinfeção pode ser feita por radiação UV, ozono, ou ainda radiação química, sendo a primeira a mais utilizada.

Filtração em areia e carvão

Este processo como o nome indica consiste na filtração do efluente para garantir a remoção das partículas que não tenham sido removidas em processos anteriores. A grande eficiência deste filtro deve-se ao carvão, o qual apresenta uma porosidade muito elevada

Osmose Inversa

A osmose inversa, é um processo terciário muito eficaz na remoção de matéria orgânica residual, metais pesados, sais em solução e ainda microrganismos. O funcionamento deste método baseia-se no gradiente de concentração, onde ocorre a passagem de água de soluções mais concentradas para soluções menos concentradas.

Oxidação avançada

O tratamento por oxidação, envolve a conversão de poluentes orgânicos em CO2 e água por recurso a agentes oxidantes. Um desses agentes, é o regente de FENTON o qual consegue oxidar um grande número de compostos, tais como ácidos, álcoois, aromáticos, aminas, éteres, cetonas, corantes, e vários compostos inorgânicos.

Tratamentos Biológicos

Lagoas de maturação

As lagoas de maturação são utilizadas nos sistemas de tratamento por lagonagem. São utilizadas principalmente para a remoção de microrganismos patogénicos, recorrendo aos raios ultravioleta da radiação solar. Por conseguinte, este tipo de lagoas têm uma profundidade reduzida. (Henriques, 2006)

Sistemas biológicos de nitrificação /desnitrificação

Este processo é utilizado para a remoção de azoto que se encontre em excesso no efluente, reduzindo-o a N2.

Depois de tratadas as águas residuais, resulta um resíduo alvo de preocupação porque,no que se refere à gestão da própria ETAR, o mesmo é classificado pela Lista Europeia de Resíduos – LER com o código 19 08 05 – Lamas de ETAR. Mediante as características físico-químicas destas lamas, a ETAR deverá dar o devido encaminhamento de acordo com os destinos finais legalmente autorizados.