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4. RESULTADOS

4.2. Fase 2 Comparação dos grupos quanto ao resultado da IFI

4.2.5. Antecedentes pessoais

Foram avaliadas as frequências dos antecedentes pessoais de

prematuridade, cardiopatia congênita e Doença do Refluxo Gastroesofágico nos

grupos GhPIV+ e GVSR+, não sendo encontrada diferença estatisticamente significante.

As frequências, proporções, resultado do teste estatístico empregado e o Risco

Relativo, com Intervalo de Confiança de 95% são apresentados na Tabela 17.

Tabela 17- Número total e porcentagem dos antecedentes pessoais, resultado do teste estatístico empregado e Risco Relativo no IC de 95% (Santa Casa de São Paulo, 2011).

GhPIV+ (n=45) GVSR+ (n=155) P χ2 Risco Relativo Presente % Presente % Prematuridade 6 13,33 13 8,39 0,385 1,47 (0,71 - 3,0) Cardiopatia Congênita 4 8,89 8 5,16 0,473 1,53 (0,66 - 3,56) DRGE 5 11,11 11 7,10 0,362 1,44 (0,66 - 3,13)

GhPIV+ = Grupo Parainfluenza Positivo; GVSR+ = Grupo VSR Positivo; DRGE = Doença do Refluxo

Gastro-Esofágico

4.2.6. Antecedentes familiares

A frequência de antecedentes familiares de atopia e de tabagismo nos

pacientes dos GhPIV+ e GVSR+ foram comparadas, não sendo encontrada diferença

estatisticamente significante. As frequências, proporções, resultado do teste

estatístico empregado, e o Risco Relativo com Intervalo de Confiança de 95% são

Tabela 18- Número total e porcentagem dos antecedentes familiares de atopia e tabagismo, resultado do teste estatístico empregado e Risco Relativo no Intervalo de Confiança de 95% (Santa Casa de São Paulo, 2011).

GhPIV+ (n=45) GVSR+ (n=155)

P χ2 Risco Relativo Presente % Presente %

Atopia 20 44,44 56 36,13 0,402 0,92 (0,79 - 1,08)

Tabagismo 6 13,33 20 12,90 0,86 0,99 (0,79 - 1,24)

GhPIV+ = Grupo Parainfluenza Positivo; GVSR+ = Grupo VSR Positivo

4.2.7. Evolução

Na população estudada houve necessidade de internação e Unidade de

Terapia Intensiva (UTI) em 24 pacientes. No GhPIV+ sete pacientes foram internados

em UTI (15,55%), já no GVSR+ 17 (10,96%) pacientes necessitaram de cuidados

intensivos. Ao compararmos as frequências e proporções de internações em UTI nos dois grupos, não encontramos diferença estatisticamente significante (p=0,565 –

Teste do Qui-Quadrado). O Risco Relativo foi de 1,35 com Intervalo de Confiança

de 95% de 0,68 a 2,68.

Encontramos seis óbitos ocorridos nos grupos GhPIV+ e GVSR+. No GhPIV+

ocorreram quatro óbitos (8,89%), e no GVSR+ a frequência foi de dois óbitos (1,29%).

Houve diferença estatisticamente significante quando comparamos estas frequências nos dois grupos (p=0,024 – Teste Exato de Fisher). O Risco Relativo foi

de 3,15 com Intervalo de Confiança de 95%, de 1,68 a 5,91.

4.2.8. Sazonalidade

de junho em julho de 2005, abril e maio de 2006 e março de 2007. A maior

incidência de hPIV ocorreu em junho de 2005, em março de 2006 e no ano de 2007

a distribuição foi uniforme no período compreendido entre fevereiro e maio de 2007.

O Gráfico 3 apresenta a distribuição sazonal dos GPIV+ e GVSR+ ao longo da inclusão

de dados.

Gráfico 3- Distribuição do número de casos de pacientes com IFI positivas para hPIV e VSR em cada mês (Santa Casa de São Paulo, 2011).

O estudo de etiologia de infecção viral aguda em crianças hospitalizadas

menores de cinco anos de idade foi conduzido no Departamento de Pediatria e

Puericultura da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo entre fevereiro de 2005 e

maio de 2007, incluindo um total de 585 pacientes. Além da coleta de secreção de

nasofaringe para realização de Imunofluorescência Indireta, foram coletados dados

clínicos por meio do preenchimento de questionário e houve acompanhamento dos

pacientes durante o período de internação para avaliar o desfecho final (alta

hospitalar ou óbito), assim como diagnóstico clínico e outras características.

Definimos como critério de inclusão a presença de DATRI, caracterizada pela

presença de ao menos dois sinais/sintomas de acometimento de vias aéreas

inferiores (disfunção respiratória caracterizada por cansaço, e/ou taquipneia, e/ou

sibilos e/ou crepitação ao exame físico) e acometimento de vias aéreas superiores,

já que o hPIV inicia sua patogênese acometendo células epiteliais de nariz e

orofaringe, progredindo para as vias aéreas inferiores. Altas taxas de replicação viral

são observadas nas primeiras 24 horas após infecção, com pico em dois a cinco

dias[32,33], o que nos levou a limitar o tempo de doença em cinco dias.

Ao delimitarmos a população estudada àquela internada por DATRI, com

idade entre zero e cinco anos de idade, utilizamos critério empregado por diversos

autores que estudaram a etiologia de infecções respiratórias agudas na

infância[1,21,51,53,57,59,60,65-67]. Outros autores estudaram faixas etárias diferentes, como

Antunes et al, que ao investigar especificamente a etiologia de bronquiolite incluiu

somente pacientes com idade de até dois anos[68].

Alguns estudos que avaliaram a prevalência de hPIV incluíram populações de

faixas etárias maiores, como El Feghaly et al, 2010, que avaliaram crianças de dois

idade[48], ou Calvo et al, que incluíram pacientes de até 14 anos de idade[56].

Os dados clínicos e desfechos das populações GhPIV+ e GVSR+ foram

comparados entre si com o objetivo de detectar características específicas da

infecção pelo hPIV, pois este é apontado por vários autores como a segunda maior

causa de infecção respiratória aguda em crianças desta faixa etária, atrás do

VSR[26,70].

Utilizamos a Imunofluorescência Indireta (IFI) como método laboratorial de

detecção viral em secreção de nasofaringe (aspirado de nasofaringe associado à

swab coletados concomitantemente). A nasofaringe e a orofaringe são os locais primários de replicação do hPIV, com excreção viral ocorrendo em altos títulos no

início da infecção e declinando rapidamente. As crianças excretam o vírus três a

quatro dias antes do início da sintomatologia clínica e até 10 dias após. No entanto,

há descrições de excreção de hPIV3 de seis dias antes até seis semanas após o

início dos sintomas. Swab de orofaringe, lavado e aspirado nasal têm sido utilizado

com sucesso no isolamento do vírus[71]. A utilização de cultura para detectar este

vírus é o padrão ouro para o diagnóstico, mas requer tempo e consome recursos

altos, sendo reservado para fins de pesquisa[19]. A utilização de métodos de

fluorescência tem sido aplicada por mais de vinte anos na detecção do hPIV com

sensibilidade que varia de 50 a 75% para hPIV tipo 3 por exemplo, mas com

especificidade excelente[19,72]. Para o VSR, a IFI e IFD apresentam sensibilidade de

80% e especificidade de 90%[73].

Mais recentemente, métodos moleculares de reação de cadeia de polimerase

(PCR) e real-time PCR têm sido aplicados na prática clínica com melhora

significativa da sensibilidade e especificidade, mas limitado ainda pelo alto custo[17].

PCR melhora a identificação viral em até 50% quando comparado com a cultura[54].

Outros autores apontam um aumento da detecção de HPIV através do PCR em 10 a

20% quando comparado a métodos de fluorescência e cultura[74-76].

O método utilizado neste estudo, a IFI, nos parece bem aceitável para

detecção dos hPIV e a coleta de secreção de nasofaringe por aspirado, apesar de

incômoda é segura e inócua ao paciente.

Em nosso estudo, 38,63% dos pacientes apresentaram positividade para

algum vírus. Outros estudos com desenhos de investigação semelhantes

apresentaram positividade para algum vírus que variou de 27,4% até 80,8%[1,48,56-

58,77]

. A positividade de 80,8% para algum vírus foi observada em investigação

realizada por Calvo, et al, 2011 que inclui pacientes até 14 anos de idade e utilizou o

real-time PCR para 16 vírus[56].

O hPIV foi isolado em 7,69% de todos os casos incluídos no estudo (Tabela

9), e 19,91% de todos os casos positivos, sendo o segundo vírus isolado, atrás do

VSR com positividade de 26,5% em todos os incluídos e 68,50% dos casos. Na

literatura, a prevalência de hPIV como etiologia de DATRI varia de 3,1 a

29,09%[1,48,51,53,56-60,63,67,78,79].

As variações de prevalência encontradas na literatura ocorrem por diferenças

no desenho de cada investigação. Assim, estudos como o de Fé et al, 2008,

conduzido com população de crianças de zero a 16 anos de idade, com sintomas

respiratórios agudos, atendidos na emergência, em ambulatórios e enfermarias, em

um período de seis anos, incluiu 3070 pacientes e encontrou prevalência de hPIV de

3,81%, com isolamento viral por IFI[48]. No nosso estudo, a população estudada foi

somente de pacientes internados com DATRI e na faixa etária que compreendia

Estudo conduzido em cidade mexicana, por Noyola, Arteaga-Dominguez,

2005, incluindo crianças atendidas nos serviços de saúde, com diagnóstico de

pneumonia, com idade de zero a quatro anos de idade, mostrou prevalência de 5%

de hPIV, também utilizando IFI[1]. Nesta casuística, a população não correspondia a

pacientes internados por DATRI e sim pacientes atendidos nos serviços de saúde

pública e reportados ao Departamento de Epidemiologia dos Serviços de Saúde

naquela localidade. Nossa prevalência (7,69%) foi maior e somente incluiu pacientes

admitidos ao hospital.

Já prevalências maiores de hPIV foram encontradas em estudos que

utilizaram o PCR para isolamento viral, como o trabalho de Calvo et al, 2011, que

incluiu pacientes de zero a 14 anos de idade, com hPIV positivo em 8,9% da

população[56]. A sensibilidade do PCR para hPIV é maior que a da IFI, e neste

trabalho foi realizada a identificação também do hPIV tipo 4 que não foi pesquisado

em nossa casuística.

Outro estudo que encontrou prevalência maior de hPIV foi o conduzido por

Mathisen et al, 2010, que estudou a incidência deste vírus em trabalho caso-

controle, comparando pacientes com pneumonia e sem pneumonia, na faixa etária

compreendida entre 2 e 35 meses de idade. Neste trabalho, a prevalência de hPIV

foi de 11,17% em todos os incluídos (pacientes com pneumonia, sem pneumonia,

com e sem sintomas respiratórios) e 19,1% nos pacientes com pneumonia. A

pesquisa do vírus foi realizada com PCR[67]. Sabemos que o PCR aumenta a

sensibilidade para hPIV em relação à IFI.

Iwane et al, 2004, conduziram trabalho de vigilância em crianças até cinco

anos de idade, hospitalizadas por febre ou doença respiratória aguda em dois

à cultura viral e PCR, pesquisando VSR, FLU e hPIV. A prevalência de PIV nesta

população foi de 7%[53], semelhante à encontrada em nosso estudo.

No período compreendido entre outubro de 2003 e setembro de 2004,

Rihkanen et al, 2008, conduziram estudo caso-controle em crianças, buscando

identificar a frequência de vírus em pacientes com crupe e pacientes com sibilância,

através de PCR. A prevalência total de hPIV foi de 29,09%, sendo destas, 41,8% no

grupo com crupe e 5,26% no grupo com sibilância[63]. A prevalência de hPIV foi alta

neste estudo, talvez pela inclusão especificamente de pacientes com crupe, doença

muito relacionada ao hPIV. Em nosso trabalho incluímos pacientes com DATRI e

não houve diagnóstico de crupe ou laringite.

No Chile, Vega-Briceño et al, 2007, realizaram estudo com o objetivo de

avaliar as características clínicas e epidemiológicas de crianças internadas devido à

infecção por hPIV. Durante 48 meses foram incluídos neste estudo 3043 pacientes

com doença respiratória aguda, dos quais 1585 tiveram IFD coletada. A positividade

para hPIV foi de 4,03%[77]. Em nosso estudo, a população incluída foi mais bem

definida (crianças de zero a cinco anos) e a prevalência encontrada foi maior,

utilizando critérios semelhantes.

Outro estudo de prevalência, conduzido nos Estados Unidos, por Knott et al,

1994, incluiu crianças que foram atendidas por médicos pediatras sempre em um

mesmo dia da semana, ao longo de 16 anos (1976-1992), avaliou 5998 pacientes

com diagnósticos de crupe, pneumonia, traqueobronquite e doença febril sem sinal

localizatório. A frequência de positividade para hPIV na população estudada foi de

16,6%, sendo a cultura viral o método laboratorial utilizado e a população incluída

formada por pacientes não hospitalizados[78]. A prevalência de hPIV foi alta, mas não

estes autores foi a cultura, considerada o padrão ouro para diagnóstico de hPIV,

enquanto nosso grupo utilizou a IFI.

Ainda com relação às diferentes prevalências de hPIV encontradas na

literatura na dependência do desenho do estudo, cabe citar estudo prospectivo

conduzido nos Estados Unidos, por Fairchok et al, 2011, que acompanhou em dois

períodos diferentes (fevereiro de 2006 a abril de 2008, e outubro de 2008 a junho de

2009), crianças até dois anos de idade, que frequentavam creches, por pelo menos

20 horas semanais. Foram incluídas 225 crianças e detectados 523 episódios de

doença respiratória aguda, sendo que em cada episódio foi coletado aspirado de

nasofaringe e swab nasal, que foi submetido a PCR. Foi encontrado positividade

para HPIV em 17% dos episódios[79]. O desenho de investigação deste estudo é

bem diferente do conduzido em nosso trabalho de prevalência de infecção viral em

crianças internadas, sugerindo que talvez pacientes não internados tenham

prevalência maior de hPIV.

No presente estudo o hPIV correspondeu ao segundo agente mais

encontrado, ficando atrás somente do VSR (7,69 e 26,5%, respectivamente). A

literatura aponta o hPIV como a segunda causa mais frequente de infecções

respiratórias agudas na infância[22,26,65,66]. Na dependência do desenho do estudo,

encontramos diferentes resultados. A idade dos pacientes incluídos, o local de coleta

(se pacientes hospitalizados ou atendidos na emergência) e o tipo de exame

utilizado para identificação do vírus (IF ou PCR) parecem influenciar de maneira

direta na prevalência do agente viral estudado. Trabalho conduzido por Iwane et al,

2004, nos Estados Unidos, que coletou material de nasofaringe de 592 crianças

internadas por doença respiratória aguda e submeteu o material ao PCR, encontrou

pacientes menores de 14 anos de idade na Espanha, também hospitalizados e

utilizaram o PCR como método de investigação viral, sendo o hPIV o quarto vírus

mais prevalente, atrás do VSR, Rinovírus e Adenovírus[56]. Estudo conduzido no

nordeste do Brasil, por Moura et al, 2003, incluindo também crianças menores de

cinco anos de idade, mas tanto hospitalizadas, quanto internadas por doença

respiratória aguda, utilizando a IFI como método de detecção viral aponta o hPIV

como o terceiro vírus mais prevalente, atrás do VSR e do FLU A[59]. Já Nascimento-

Carvalho et al, 2008, em estudo para identificar etiologia de pneumonia adquirida na

comunidade conduzido também no Nordeste do Brasil, utilizando o PCR,

demonstram o Rinovírus como agente viral mais isolado, seguido de hPIV e VSR[66].

Rihkanen et al, 2008, realizaram no Hospital da Universidade de Helsinque

um estudo caso-controle, sendo caso os pacientes com crupe e controle os

pacientes com sibilância, utilizando o PCR e verificando o hPIV como principal

agente causador de crupe em crianças atendidas na emergência, mas no grupo

controle (sibilância), o VSR foi o vírus mais prevalente[63]. Na cidade de São Paulo,

Thomazelli et al, 2007, analisaram oito vírus respiratórios em crianças internadas por

doença respiratória aguda, por meio do PCR, e o hPIV foi o terceiro vírus mais

prevalente, atrás do VSR e do hMPV[60].

Em crianças internadas com doença respiratória aguda, o hPIV tipo 3 parece

ser o mais encontrado[48,56,59,60,80, 81]. Na dependência do tipo de doença respiratória

aguda estudada, há variações como o trabalho de Rihkanen et al, 2008, que

estudaram crupe e demonstraram ser o HPIV tipo 1 o tipo mais prevalente[63]. Já

Vega-Briceño et al, 2007, em estudo conduzido no Chile, apontaram o hPIV tipo 2

como o mais prevalente[77]. Nosso estudo avaliou doenças respiratórias agudas na

pacientes que foram hPIV positivos.

Em nosso estudo, comparamos as manifestações clínicas das crianças com

infecção pelo hPIV e com infecção pelo VSR. Os resultados obtidos das idades

médias dos grupos GPIV+ e GVSR+ não demonstraram diferença estatisticamente

significante, assim como quando foi comparado o tempo de internação em dias.

Calvo et al, 2011, realizaram comparação semelhante, com população incluída de

crianças até 14 anos de idade e foi demonstrado que o grupo de pacientes VSR

positivos era mais jovem que o grupo hPIV positivo (348 ± 447vs 626 ± 725 dias,

p = 0,05), mas o tempo de internação entre os grupos não foi diferente[56]. Este

resultado diferente entre os dois estudos deve-se provavelmente à inclusão de

crianças mais velhas, incluindo faixas etárias em que a incidência de VSR é mais

baixa, ou sua manifestação clínica é menor. Estudo conduzido no Brasil por Fé et al,

2008, comparando dados clínicos de infecção pelo hPIV e VSR, demonstrou que os

pacientes infectados por este último vírus eram mais jovens que os infectados pelo

hPIV (15 meses vs 20 meses, p=0,0215). Este trabalho incluiu pacientes de até 16

anos de idade, hospitalizados ou não[48].

Quanto aos sinais e sintomas de DATRI, quando comparamos nos grupos

GPIV+GVSR+, a presença de história clínica de tosse, febre, falta de ar, roncos e sibilos

na ausculta pulmonar e presença de dispneia e cianose no exame físico de entrada,

encontramos maior proporção de tosse e febre no GVSR+ (p=0,0037 e 0,0058,

respectivamente). Estes sintomas clínicos são inespecíficos e comuns a várias

infecções respiratórias virais e bacterianas. Vega-Briceño et al, 2007, descrevem

como sinais e sintomas mais comumente encontrados nos pacientes infectados por

hPIV, febre e dificuldade respiratória, seguidas de hipoxemia, taquicardia, retração

estes sinais e sintomas, embora descritos como associados à infecção por VSR, são

inespecíficos[77].

Os diagnósticos clínicos mais comumente associados à infecção por HPIV

foram pneumonia não alveolar + sibilância aguda (26,7%), sibilância aguda (28,9%)

e bronquiolite (22,2%). Já os diagnósticos clínicos encontrados mais frequentemente

nos pacientes com infecção por VSR foram bronquiolite (35,5%), pneumonia não

alveolar + sibilância aguda (27,1%) e sibilância aguda (14,5%). Comparamos as

frequências destes diagnósticos nos GhPIV+ e GVSR+ e não encontramos diferenças

estatisticamente significantes. A literatura disponível sobre infecções pelo hPIV

aponta diversos diagnósticos associados a este vírus. Em estudos com crianças

menores de quatro anos de idade, os diagnósticos de bronquiolite, crupe,

pneumonia alveolar e pneumonia não alveolar, são os mais frequentemente

encontrados[65].

A crupe ou laringite é apontada como sendo o diagnóstico mais

frequentemente associado às infecções pelo hPIV, sobretudo ao tipo 1[19]. Uma

observação importante é que em nosso estudo, nenhum caso de crupe foi

encontrado, talvez pelo número de casos positivos ser pequeno. Outro fator que

poderia explicar a não ocorrência de crupe ou laringite é que este estudo restringiu-

se a pacientes internados e talvez os casos atendidos fossem leves e não

necessitaram de internação. Outro dado relevante é que o hPIV tipo 1 é o mais

implicado em casos de laringite e no presente estudo, a prevalência deste subtipo do

vírus foi baixa[39]. Outros estudos, como o de Counihan et al, 2001, também

relacionam aumento de hospitalizações por crupe a hPIV tipos 1 e 2[65]. Rihkanen et

al, 2008, demonstram em estudo que 41,8% dos pacientes com crupe apresentavam

controle) incluía pacientes com este diagnóstico clínico, e não eram

necessariamente pacientes hospitalizados[63].

Como a prevalência de hPIV tipo 3 foi a mais alta neste estudo (84,4%),

quando comparada com a prevalência de outros tipos de hPIV, os diagnósticos de

pneumonia não alveolar, associados a sibilância aguda ou não, e bronquiolite foram

tão importantes. Sabe-se que o hPIV tipo 3 é o subtipo mais associado a estes

diagnósticos. Estudo conduzido no Brasil, por Fé et al, 2008, encontrou as infecções

de vias aéreas superiores, pneumonia e bronquiolite como os diagnósticos mais

frequentemente associados à infecção pelo hPIV, sendo a crupe encontrada

somente em 1,7% dos casos estudados[48]. Já Calvo et al, 2011, mostram que os

diagnósticos mais associados à infecção pelo hPIV foram chiado recorrente e asma,

bronquiolite e pneumonia, sendo a proporção de crupe de somente 4,2% dos

pacientes estudados[56]. Assim, os dados encontrados na literatura em outros

estudos com desenho de investigação semelhante a este, mostram resultados

semelhantes aos nossos.

Não houve no presente estudo frequência maior de antecedentes de

prematuridade, cardiopatia congênita ou DRGE nos dois grupos estudados, assim

como também não houve diferença quando a variável avaliada foi antecedente

familiar de atopia ou tabagismo. As crianças com antecedentes de prematuridade,

doença pulmonar crônica, e cardiopatia congênita com hiperfluxo pulmonar

constituem grupo de risco para ocorrência de doença mais grave por VSR[82]. Na

nossa investigação procuramos se existia incidência maior destes antecedentes nos

grupos VSR+ e hPIV+, o que não foi encontrado.

Quando avaliamos a necessidade de internação em UTI nos dois grupos

Calvo et al, 2011, avaliando todas as características clínicas estudadas, os autores

concluem que a infecção pelo hPIV é menos grave que a infecção pelo VSR, mas

discutem que a proporção de pacientes que necessitaram de internação em UTI foi

semelhante nos dois grupos[56]. Fé et al, 2008, reforçam que as infecções por hPIV

são mais leves que as causadas por VSR, havendo maior envolvimento do trato

respiratório inferior nas infecções por este último vírus, embora considerem que a

infecção pelo hPIV, sobretudo o tipo 3, ocorreu em pacientes mais velhos (este

estudo incluiu pacientes de até 16 anos de idade)[48].

Nos estudos sobre prevalência de infecção pelo hPIV não encontramos

mortes relacionadas a este agente. Nas infecções pelo VSR, a mortalidade é

relatada como sendo muito baixa, ocorrendo, sobretudo em pacientes com

antecedentes pessoais específicos (prematuridade, pneumopatia crônica,

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