• Nenhum resultado encontrado

3.5 Apresentação Clínica

3.8.2.22 Anti-hipertensores

Os inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECAs) e os antagonistas dos recetores da angiotensina (ARAs) são importantes moduladores do eixo renina- angiotensina-aldosterona e são utilizados no tratamento da HTA e da proteinúria.(19) Estes fármacos para além das ações referidas anteriormente, também melhoram a SAI em indivíduos diabéticos e previnem o aparecimento de DM em indivíduos não- diabéticos, através de uma ação vasodilatadora que melhora o fluxo sanguíneo para o pâncreas, promovendo a secreção de insulina e a sua distribuição para os vários tecidos.(19)

Estas classes de anti-hipertensores demonstraram diminuir a inflamação e a FH em vários estudos animais.(19) No caso dos ARAs, o telmisartan demonstrou em estudos humanos melhorar de maneira mais eficaz os níveis das transaminases hepáticas e a SAI relativamente ao valsartan, sendo que o telmisartan apresentou ainda uma ação antifibrótica.(19)

Na Figura 7 encontra-se esquematizado o tratamento da DFGNA.

Figura 7 Tratamento da Doença de Fígado Gordo Não Alcoólico Tratamento da Doença de Fígado Gordo Não Alcoólico Medidas não- farmacológicas Alteração do estilo de vida: Perda de peso gradual Adoção de uma dieta saudável Prática regular de atividade física Cirurgia bariátrica Transplante hepático Terapêutica farmacológica Dirigida aos vários componentes da síndrome metabólica que possam estar presentes Dirigida aos diferentes mecanismos fisiopatológicos da doença: Homeostase hepática metabólica Stress Oxidativo Inflamação Fibrose Apoptose

4 Discussão e Conclusões

A DFGNA define-se como a acumulação excessiva de lípidos no fígado (presença de esteatose em mais de 5% dos hepatócitos). Outras possíveis causas de esteatose, tais como o consumo excessivo de álcool, as hepatites virais ou outras, têm de ser previamente excluídas para que o diagnóstico da DFGNA possa ser feito.

Esta doença engloba um espetro de patologias que vão desde a esteatose hepática isolada até à EHNA, onde para além da esteatose existem também inflamação, BHC, dano e morte celular, podendo ser ou não acompanhadas de fibrose. Cerca de 30-40% dos casos de esteatose simples progridem para EHNA, a qual está associada a um pior prognóstico, evoluindo frequentemente para FH, cirrose, falência hepática, CHC e/ou morte. Estima-se que a EHNA se torne a principal causa de TH nos próximos anos. A DFGNA atinge cerca de 20-30% da população mundial, sendo atualmente a principal etiologia de DCHs em países desenvolvidos, tendo vindo a aumentar de forma exponencial a sua prevalência em todo o mundo nos últimos anos. Este aumento da prevalência tem acompanhado de forma similar o aumento da prevalência da SM, da adoção de um EV sedentário e de dietas hipercalóricas. A obesidade, a RAI, a DM2, a HTA e a dislipidemia são CSM que se encontram frequentemente associados à DFGNA, sendo esta considerada tradicionalmente a manifestação hepática da SM. Esta monografia pretendeu dar resposta à pergunta “Quais as novas abordagens terapêuticas no tratamento da DFGNA?”. O objetivo final deste documento era o de realizar uma revisão bibliográfica que permitisse a sistematização da informação existente acerca do tratamento da DFGNA.

O tratamento da DFGNA passa por combinar medidas não-farmacológicas com terapêutica farmacológica. Considerando que a maioria dos indivíduos com DFGNA tem excesso de peso, são obesos e/ou apresentam SM, a primeira opção de tratamento passa por uma alteração no EV acompanhada de perda de peso gradual, através da adoção de uma dieta saudável e da prática regular de AF. A CB é uma opção no caso de indivíduos com OM. O TH é o último recurso em caso de DHT.

Contudo, a adoção de medidas não-farmacológicas, como a dieta e o exercício físico, acabam por não ter sucesso na grande maioria dos casos, daí que seja essencial conjugar estas estratégias de alteração de comportamentos com uma abordagem farmacológica.

Tendo em conta que a SM está presente na maioria dos indivíduos com DFGNA, o tratamento desta doença passa em parte por tratar os vários CSM que possam estar presentes, nomeadamente a obesidade, a RAI, a DM2, a HTA e a dislipidemia. Outros fármacos utilizados no tratamento da DFGNA são dirigidos aos diferentes mecanismos fisiopatológicos da doença, atuando na homeostase hepática metabólica, no SO, na inflamação, na fibrose e/ou na apoptose.

Apesar do elevado número de fármacos estudados e de ensaios clínicos realizados, até ao momento ainda nenhum fármaco demonstrou possuir um benefício terapêutico suficientemente significativo para ser aprovado como terapêutica específica da DFGNA.

Tendo em conta a elevada prevalência da DFGNA e considerando a previsão de que esta continuará a aumentar nos próximos anos, o vazio terapêutico associado a esta doença torna-se um assunto problemático que necessita de resolução urgente.

Como tal, é importante melhorar a qualidade dos dados obtidos a partir dos MDNIs, de modo a ser possível fazer um screening mais eficaz, barato e abrangente da população, sem ser necessário recorrer tão frequentemente à BH. É também imperativo que se aprofunde ainda mais o conhecimento existente acerca da fisiopatologia da DFGNA, de modo a ser possível dirigir mais eficazmente a terapêutica, assim como descobrir novos alvos, sendo uma opção a considerar, a combinação sinérgica de várias terapêuticas. É ainda essencial que se identifique claramente quais os fatores de risco associados a esta patologia e os que conduzem a um pior prognóstico, de modo a ser possível adequar de uma maneira mais eficaz o tratamento a cada indivíduo, com o objetivo de impedir a progressão da doença ou mesmo proporcionar a regressão da mesma.

Acima de tudo, é imprescindível que a investigação em busca de novas abordagens no tratamento da DFGNA continue.

Referências Bibliográficas

1. Jump DB, Depner CM, Tripathy S, Lytle K A. Potential For Dietary N-3 Fatty Acids To Prevent Nonalcoholic Fatty Liver Disease And Reduce The Risk Of Primary Liver Cancer. Advances In Nutrition. 2015;6:694–702.

2. Lau JKC, Zhang X, Yu J. Animal Models Of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease: Current Perspectives And Recent Advances. The Journal Of Pathology. 2017;241:36–44.

3. Tijera FH La. Pathophysiological Mechanisms Involved In Non-Alcoholic Steatohepatitis And Novel Potential Therapeutic Targets. World Journal Of Hepatology. 2015;7:1297-1301.

4. Mann JP, Semple RK, Armstrong MJ. How Useful Are Monogenic Rodent Models For The Study Of Human Non-Alcoholic Fatty Liver Disease? Frontiers In Endocrinology. 2016;7:1–11.

5. Petaja EM, Yki-Jarvinen H. Definitions Of Normal Liver Fat And The Association Of Insulin Sensitivity With Acquired And Genetic NAFLD-A Systematic Review. International Journal Of Molecular Sciences. 2016;17:1-16. 6. Noureddin M, Mato JM, Lu SC. Nonalcoholic Fatty Liver Disease: Update On

Pathogenesis, Diagnosis, Treatment And The Role Of S-Adenosylmethionine. Experimental Biology And Medicine. 2015;240:809–820.

7. Magee N, Zou A, Zhang Y. Pathogenesis Of Nonalcoholic Steatohepatitis: Interactions Between Liver Parenchymal And Nonparenchymal Cells. Biomed Research International. 2016;2016:1-11.

8. Zhang T, Qin H, Wang T, Li H, Li H, Xia S, Et Al. Global Publication Trends And Research Hotspots Of Nonalcoholic Fatty Liver Disease: A Bibliometric Analysis And Systematic Review. Springerplus. 2015;4:1-9.

9. Zhan Y-T. Glycosyltransferases And Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. World Journal Of Gastroenterology. 2016;22:2483-2493.

10. Neuschwander-Tetri BA. Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. BMC Medicine. 2017;15:1-16.

Hepatology. 2015;7:1450–1459.

12. Noureddin M, Anstee QM, Loomba R. Review Article: Emerging Anti-Fibrotic Therapies In The Treatment Of Non-Alcoholic Steatohepatitis. Alimentary Pharmacology And Therapeutics. 2016;43:1109–1123.

13. Popov VB, Lim JK. Treatment Of Nonalcoholic Fatty Liver Disease: The Role Of Medical, Surgical, And Endoscopic Weight Loss. Journal Of Clinical And Translational Hepatology. 2015;3:230–238.

14. Rowell RJ, Anstee QM. An Overview Of The Genetics, Mechanisms And Management Of NAFLD And ALD. Clinical Medicine. 2015;15:77–82.

15. Sirbu O. Non-Alcoholic Fatty Liver Disease–From The Cardiologist Perspective. The Anatolian Journal Of Cardiology. 2016;16:534–541.

16. Wainwright P, Byrne CD. Bidirectional Relationships And Disconnects Between NAFLD And Features Of The Metabolic Syndrome. International Journal Of Molecular Sciences. 2016;17:1-17.

17. Perazzo H, Dufour JF. The Therapeutic Landscape Of Non-Alcoholic Steatohepatitis. Liver International. 2016;1–14.

18. Oseini AM, Sanyal AJ. Therapies In Non-Alcoholic Steatohepatitis (NASH). Liver International. 2017;37:97–103.

19. Malhotra N, Beaton MD. Management Of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease In 2015. World Journal Of Hepatology. 2015;7:2962–2967.

20. Haga Y, Kanda T, Sasaki R, Nakamura M, Nakamoto S, Yokosuka O. Nonalcoholic Fatty Liver Disease And Hepatic Cirrhosis: Comparison With Viral Hepatitis-Associated Steatosis. World Journal Of Gastroenterology. 2015;21:12989–12995.

21. Pais R, Barritt AS, Calmus Y, Scatton O, Runge T, Lebray P, Et Al. NAFLD And Liver Transplantation: Current Burden And Expected Challenges. Journal Of Hepatology. 2016;65:1245–1257.

Liver Disease - Where Do We Stand? World Journal Of Gastroenterology. 2016;22:7236–7251.

23. Povero D, Feldstein AE. Novel Molecular Mechanisms In The Development Of Non-Alcoholic Steatohepatitis. Diabetes & Metabolism Journal. 2016;40:1–11. 24. Bang KB, Cho YK. Comorbidities And Metabolic Derangement Of NAFLD.

Journal Of Lifestyle Medicine. 2015;5:7–13.

25. Marino L, Jornayvaz FR. Endocrine Causes Of Nonalcoholic Fatty Liver Disease. World Journal Of Gastroenterology. 2015;21:11053–11076.

26. Oliveira CP, De Lima Sanches P, De Abreu-Silva EO, Marcadenti A. Nutrition And Physical Activity In Nonalcoholic Fatty Liver Disease. Journal Of Diabetes Research. 2016;2016:1-12.

27. Bellentani S. The Epidemiology Of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. Liver International. 2017;37:81–84.

28. Salameh H, Hanayneh M Al, Masadeh M, Naseemuddin M, Matin T, Erwin A, Et Al. PNPLA3 As A Genetic Determinant Of Risk For And Severity Of Non- Alcoholic Fatty Liver Disease Spectrum. Journal Of Clinical And Translational Hepatology. 2016;4:175–191.

29. Spengler EK, Loomba R. Recommendations For Diagnosis, Referral For Liver Biopsy, And Treatment Of NAFLD And NASH. Mayo Clinic Proceedings. 2015;90:1233–1246.

30. Kahali B, Halligan B, Speliotes EK. Insights From Genome-Wide Association Analyses Of Nonalcoholic Fatty Liver Disease. Seminars in Liver Disease. 2015;35:375–391.

31. Sinha-Hikim AP, Sinha-Hikim I, Friedman TC. Connection Of Nicotine To Diet- Induced Obesity And Non-Alcoholic Fatty Liver Disease: Cellular And Mechanistic Insights. Frontiers In Endocrinology. 2017;8:1–7.

32. Hazlehurst JM, Woods C, Marjot T, Cobbold JF, Tomlinson JW. Non-Alcoholic Fatty Liver Disease And Diabetes. Metabolism: Clinical And Experimental. 2016;65:1096–1108.

“Systems Medicine” Approach To The Study Of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. Digestive And Liver Disease. 2016;48:333–342.

34. Paglialunga S, Dehn CA. Clinical Assessment Of Hepatic De Novo Lipogenesis In Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. Lipids In Health And Disease. 2016;15:1- 10.

35. Lebensztejn DM, Flisiak-Jackiewicz M, Bialokoz-Kalinowska I, Bobrus- Chociej A, Kowalska I. Hepatokines And Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. Acta Biochimica Polonica. 2016;63:459–467.

36. He X, Ji G, Jia W, Li H. Gut Microbiota And Nonalcoholic Fatty Liver Disease: Insights On Mechanism And Application Of Metabolomics. International Journal Of Molecular Sciences. 2016;17:1-16.

37. Stål P. Liver Fibrosis In Non-Alcoholic Fatty Liver Disease-Diagnostic Challenge With Prognostic Significance. World Journal Of Gastroenterology. 2015;21:11077–11087.

38. Margini C, Dufour JF. The Story Of HCC In NAFLD: From Epidemiology, Across Pathogenesis, To Prevention And Treatment. Liver International. 2016;36:317–324.

39. Wong CR, Nguyen MH, Lim JK. Hepatocellular Carcinoma In Patients With Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. World Journal Of Gastroenterology. 2016;22:8294–8303.

40. Bertot LC, Adams LA. The Natural Course Of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. International Journal Of Molecular Sciences. 2016;17:1-12.

41. Canbay A, Sowa JP, Syn WK, Treckmann J. NASH Cirrhosis - The New Burden In Liver Transplantation: How Should It Be Managed? Visceral Medicine. 2016;32:234–238.

42. Bedossa P. Pathology Of Non-Alcoholic Fatty Liver Disease. Liver International. 2017;37:85–89.

44. Ballestri S, Nascimbeni F, Romagnoli D, Baldelli E, Targher G, Lonardo A. Type 2 Diabetes In Non-Alcoholic Fatty Liver Disease And Hepatitis C Virus Infection—Liver: The “Musketeer” In The Spotlight. International Journal Of Molecular Sciences. 2016;17:1–25.

45. Sanna C, Rosso C, Marietti M, Bugianesi E. Non-Alcoholic Fatty Liver Disease And Extra-Hepatic Cancers. International Journal Of Molecular Sciences. 2016;17:1-13.

46. Ratziu V, Goodman Z, Sanyal A. Current Efforts And Trends In The Treatment Of NASH. Journal Of Hepatology. 2015;62:65–75.

Documentos relacionados