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JORDANI, MARCO AURÉLIO BARRETO PEREIRA LEITE, MARCO AURÉLIO VIANNA PEREIRA LEITE de todos os crimes imputados nesta ação

4) ANTUNES SOBRINHO

a. Crime de corrupção ativa - previsto no Art. 333, parágrafo único, do CP (FATO 08), por ter prometido pagar vantagem indevida para beneficiar o corréu LUIZ SOARES, por intermédio de contrato fictício assinado pelo réu e Ney Gebran, na forma de contribuição continuada, que culminou no depósito, em conta bancária da pessoa jurídica FLEXSYSTEM ENGENHARIA, no valor de, pelo menos, R$ 1.306.249,80 (um milhão, trezentos e seis mil, duzentos e quarenta e nove reais e oitenta centavos (Fato 08).

Consideradas as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal, passo à primeira fase de aplicação da pena.

Entendo ser elevada a sua culpabilidade, por se tratar de empresário, atuante em grande empresa, ao ponto de lhe possibilitar ganhar um contrato em torno de 110 milhões com a Eletronuclear, conforme explicitado em seu próprio interrogatório.

JFRJ Fls 10078

127

Não verifico circunstâncias em seu desfavor, no tocante à conduta social e à personalidade do agente.

Em relação aos os motivos do crime, ficou evidenciado que os delitos foram praticados pela ambição de manter contratos em altos valores que beneficiassem a empresa ENGEVIX, ou seja, por mais lucro. As circunstâncias devem ser valoradas negativamente, pois a prática do delito se deu para viabilizar a corrupção de funcionário público com o pagamento de elevadas quantias a título de vantagem indevida, conforme comprovado nos autos, em pelo menos, R$ 1.306.249,80 (um milhão, trezentos e seis mil, duzentos e quarenta e nove reais e oitenta centavos). As consequências do crime para a ELETRONUCLEAR vão além do prejuízo monetário (possivelmente muito superior ao valor recebido em propina, até para que a negociação da corrupção seja lucrativa para as empreiteiras corruptoras), a imagem da empresa restou extremamente abalada entre investidores e contratantes em geral, fato que pude identificar no julgamento da ação penal n. 0510926-86.2015.4.02.5101, verificando naqueles autos que a ELETROBRÁS, empresa controladora da ELETRONUCLEAR, foi impedida de negociar suas ações no mercado financeiro norte-americano, por dificuldades na contabilização dos prejuízos advindos com os casos de corrupção que vêm sendo descobertos e investigados no escândalo nacional chamado eletrolão, dentre os quais se inserem os fatos tratados nesta ação penal, como dá conta o comunicado recebido da New York Stock Exchange em fl. 10034 daqueles autos.

Não verifico circunstâncias em seu desfavor, no tocante à conduta social, à personalidade do agente e aos motivos.

Sobre o comportamento da vítima, nada há nos autos que possa interferir nesta dosimetria.

Assim, considerando a ocorrência das circunstâncias judiciais desfavoráveis acima identificadas, fixo a pena-base acima do mínimo legal em 5 (cinco) anos e de reclusão e 130 (cento e trinta) dias-multa.

JFRJ Fls 10079

128

Na segunda fase do cálculo da pena, faço incidir a circunstância atenuante da confissão, já que a confissão parcial do réu contribuiu com a formação da convicção deste julgador, nos termos do art. 65, III, “d” do Código Penal. Destarte, diminuo a pena-base em 6 (seis) meses, alcançando a pena intermediária de 4 (quatro) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 100 (cem) dias-multa.

Na terceira fase, não vislumbro causas de aumento ou diminuição.

Cristalizada a pena no patamar de 4 (quatro) anos e 6 (seis) meses de

reclusão e 100 (cem) dias-multa, no valor unitário de ½ (meio) salário mínimo vigente à época dos fatos, considerada a situação econômica do réu.

b. Pelo crime de lavagem de dinheiro (artigo 1º, § 4º, Lei nº 9.613/1998): atos de dissimulação dos valores indevidamente arregimentados por meio do crime antecedente (corrupção), por anuir, como forma de pagamento de valores a título de “propina” com a celebração de contrato fictício, que assinou, como representante da ENGEVIX, juntamente com Ney Gebran, pela FLEXSYSTEM ENGENHARIA, sendo realizados pagamentos no período de fevereiro de 2012 a outubro de 2014, que, no total, alcançaram o montante de R$ 1.306.249,80 (um milhão, trezentos e seis mil, duzentos e quarenta e nove reais e oitenta centavos), valor esse confirmado no interrogatório do réu (Fato 09).

Consideradas as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal, passo à primeira fase de aplicação da pena.

Entendo ser elevada a sua culpabilidade, por se tratar de empresário, atuante em grande empresa, ao ponto de lhe possibilitar ganhar um contrato em torno de 110 milhões com a Eletronuclear, conforme explicitado em seu próprio interrogatório.

JFRJ Fls 10080

129

Não verifico circunstâncias em seu desfavor, no tocante à conduta social e à personalidade do agente.

Quanto aos motivos que levaram à prática criminosa, se se pensar que o crime antecedente de corrupção é crime formal, a facilitação da obtenção de dinheiro ilícito, em grande escala, não pode ser considerada elementar do crime. No caso, os valores movimentados de forma dissimulada, chegam ao montante elevadíssimo de, pelo menos, R$ 1.306.249,80 (um milhão, trezentos e seis mil, duzentos e quarenta e nove reais e oitenta centavos). De qualquer forma, nada mais repugnante do que a optar por corromper um agente público, por meio de contrato fictício, conferindo aparência de movimentação lícita ao depósito de elevado valor a título de propina, como circunstância a ser considerada em desfavor do réu, sob o vetor consequências do crime. Sobre o comportamento da vítima, nada há nos autos que possa interferir nesta dosimetria.

Assim, considerando a ocorrência das circunstâncias judiciais desfavoráveis acima identificadas, fixo a pena-base acima do mínimo legal em 4 (quatro) anos de reclusão e 130 (cento e trinta) dias-multa.

Na segunda fase do cálculo da pena, faço incidir a circunstância atenuante da confissão, já que a confissão parcial do réu contribuiu com a formação da convicção deste julgador, nos termos do art. 65, III, “d” do Código Penal. Destarte, diminuo a pena-base em 6 (seis) meses, alcançando a pena intermediária de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 100 (cem) dias-multa.

Na terceira fase, aplico a causa de diminuição prevista no § 5º do art. 1º da Lei 9.613, já que confirmou a elaboração de contrato fictício em valor superior ao inicialmente apontado pela acusação, contribuindo com a elucidação dos fatos referentes a esse crime, diminuindo a pena em 1/3 (um terço) não vislumbro causas de aumento ou diminuição, resultando em valor inferior ao mínimo legal. Vedada a

JFRJ Fls 10081

130

aplicação da pena abaixo do patamar mínimo previsto pelo legislador, fixo-a no grau mínimo de 3 (três) anos de reclusão e 70 (setenta) dias-multa, no valor unitário de 1/2 (meio) salário mínimo vigente à época dos fatos, considerada a situação econômica do réu, ficando assim cristalizada.

Aplicado o concurso material entre os dois crimes, nos termos do art. 69 do Código Penal, a pena total fica em 7 (sete) anos e 6 (seis) meses e 170 (cento e setenta)

dias-multa, no valor unitário de 1/2 (meio) salário mínimo vigente à época dos fatos, considerada a situação econômica do réu,

Regime de cumprimento da pena:

Diante do disposto no parágrafo 2º, alínea “b” e § 3º, ambos do artigo 33 do Código Penal, o regime inicial de cumprimento da pena será o semiaberto.

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