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JORDANI, MARCO AURÉLIO BARRETO PEREIRA LEITE, MARCO AURÉLIO VIANNA PEREIRA LEITE de todos os crimes imputados nesta ação

3) LUIZ SOARES

a. Crime de corrupção passiva - art. 317, do Código Penal, por ter aceitado promessa de vantagem indevida em razão do exercício de cargo que ocupava na Eletronuclear, oferecida na forma de contribuição continuada em reunião com o então Presidente da estatal, que culminou no depósito, em conta da pessoa jurídica FLEXSYSTEM ENGENHARIA, confessadamente disponível ao réu, no valor de, pelo menos, R$ 1.306.249,80 (um milhão, trezentos e seis mil, duzentos e quarenta e nove reais e oitenta centavos (Fato 01).

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Consideradas as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal, passo à primeira fase de aplicação da pena.

Entendo ser elevada a sua culpabilidade, como diretor técnico da Eletronuclear, diante do nível de formação intelectual e profissional do réu, bem colocado no mercado de trabalho, por meio de cargo público em conceituada sociedade de economia mista, tendo se corrompido, diante da facilidade da oferta.

Não verifico circunstâncias em seu desfavor, no tocante à conduta social e à personalidade do agente.

Quanto aos motivos que levaram à prática criminosa, se se pensar que a corrupção é crime formal, a obtenção de dinheiro ilícito, em grande escala, pode não ser elementar do crime. De qualquer forma, nada mais repugnante do que a ambição desmedida de um agente público que, opta por aceitar vantagens ilícitas oferecidas por empresas. Ressalto que as circunstâncias em que se deram as práticas corruptas, são perturbadoras e revelam desprezo pelas instituições públicas, devendo ser consideradas em seu desfavor, as consequências do crime, em razão dos altos valores envolvidos.

Sobre o comportamento da vítima, nada há nos autos que possa interferir nesta dosimetria.

Assim, considerando a ocorrência das circunstâncias judiciais desfavoráveis acima identificadas, fixo a pena-base acima do mínimo legal em 5 (cinco) anos e de reclusão e 130 (cento e trinta) dias-multa.

Na segunda fase do cálculo da pena, faço incidir a circunstância atenuante da confissão, já que a confissão parcial do réu contribuiu com a formação da convicção deste julgador, nos termos do art. 65, III, “d” do Código Penal. Destarte, diminuo a

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pena-base em 6 (seis) meses, alcançando a pena intermediária de 4 (quatro) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 100 (cem) dias-multa.

Na terceira fase, não vislumbro causas de aumento ou diminuição.

Cristalizada a pena no patamar de 4 (quatro) anos e 6 (seis) meses de

reclusão e 100 (cem) dias-multa, no valor unitário de ½ (meio) salário mínimo vigente à época dos fatos, considerada a situação econômica do réu.

b. Pelo crime de lavagem de dinheiro (artigo 1º, § 4º, Lei nº 9.613/1998): atos de dissimulação dos valores indevidamente arregimentados por meio do crime antecedente (corrupção), por indicar, em seu próprio favor, como forma de recebimento de valores a título de “propina”, a celebração de contrato fictício, assinado por JOSÉ ANTUNES (pela ENGEVIX) e por Ney Gebran (pela FLEXSYSTEM ENGENHARIA), sendo realizados pagamentos no período de fevereiro de 2012 a outubro de 2014, que, no total, alcançaram o montante de R$ 1.306.249,80 (um milhão, trezentos e seis mil, duzentos e quarenta e nove reais e oitenta centavos), valor esse confirmado no interrogatório de JOSE ANTUNES SOBRINHO (Fato 09).

Consideradas as circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do Código Penal, passo à primeira fase de aplicação da pena.

Entendo ser elevada a sua culpabilidade, diretor técnico da Eletronuclear, diante do nível de formação intelectual e profissional do réu, bem colocado no mercado de trabalho, por meio de cargo público em conceituada sociedade de economia mista, tendo se corrompido, diante da facilidade da oferta.

Não verifico circunstâncias em seu desfavor, no tocante à conduta social e à personalidade do agente.

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Quanto aos motivos que levaram à prática criminosa, se se pensar que o crime antecedente de corrupção é crime formal, a facilitação da obtenção de dinheiro ilícito, em grande escala, não pode ser considerada elementar do crime. No caso, os valores movimentados de forma dissimulada, chegam ao montante elevadíssimo de, pelo menos, R$ 1.306.249,80 (um milhão, trezentos e seis mil, duzentos e quarenta e nove reais e oitenta centavos). De qualquer forma, nada mais repugnante do que a ambição desmedida de um agente público que, opta por aceitar receber vantagens ilícitas por meio de contrato fictício, conferindo-lhe aparência de movimentação lícita de elevadíssimo valor, a ser considerado em desfavor do réu, sob o vetor consequências do crime.

Sobre o comportamento da vítima, nada há nos autos que possa interferir nesta dosimetria.

Assim, considerando a ocorrência das circunstâncias judiciais desfavoráveis acima identificadas, fixo a pena-base acima do mínimo legal em 4 (quatro) anos de reclusão e 130 (cento e trinta) dias-multa.

Na segunda fase do cálculo da pena, faço incidir a circunstância atenuante da confissão, já que a confissão parcial do réu contribuiu com a formação da convicção deste julgador, nos termos do art. 65, III, “d” do Código Penal. Destarte, diminuo a pena-base em 6 (seis) meses, alcançando a pena intermediária de 3 (três) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 100 (cem) dias-multa.

Na terceira fase, aplico a causa de diminuição prevista no § 5º do art. 1º da Lei 9.613, já que confirmou a elaboração de contrato fictício, indicando os empresários contratantes, contribuindo com a elucidação dos fatos referentes a esse crime diminuindo a pena em 1/3 (um terço) não vislumbro causas de aumento ou diminuição, resultando em valor inferior ao mínimo legal. Vedada a aplicação da pena abaixo do patamar mínimo previsto pelo legislador, fixo-a no grau mínimo de 3 (três) anos de

reclusão e 70 (setenta) dias-multa, no valor unitário de 1/2 (meio) salário mínimo

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vigente à época dos fatos, considerada a situação econômica do réu, ficando assim cristalizada.

Aplicado o concurso material entre os dois crimes, nos termos do art. 69 do Código Penal, a pena total fica em 7 (sete) anos e 6 (seis) meses e 170 (cento e setenta)

dias-multa, no valor unitário de 1/2 (meio) salário mínimo vigente à época dos fatos, considerada a situação econômica do réu,

Regime de cumprimento da pena:

Diante do disposto no parágrafo 2º, alínea “b” e § 3º, ambos do artigo 33 do Código Penal, o regime inicial de cumprimento da pena será o semiaberto.

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