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APÓSTOLO AGENOR DUQUE

No documento MOYSES NAFTALI LEAL QUITÉRIO (páginas 60-97)

Este capítulo apresenta a peregrinação e formação religiosa do Apóstolo Agenor Duque de maneira organizada e sistemática. Sabe-se que até o momento da escrita desta dissertação, não existe nenhuma autobiografia ou biografia de Duque publicada. Além disso, matérias e reportagens disponíveis na internet não cobrem toda a sua trajetória ministerial. A pretensão deste capítulo surgiu exatamente para suprir o vácuo deixado nos escritos até o momento. Não se pretende romantizar a sua história, mas descrever o que foi dito por ele mesmo. É bem verdade que há o risco da manipulação da história contada por ele mesmo.

Para este capítulo, nos apoiaremos nos aportes sociólogios de Max Weber e Pierre Bourdieu, pois seus escritos nos permitem elucidar a leitura de Agenor Duque pelas lentes da liderança carismática e os tipos-ideias de sacerdote, profeta e mago proposto por Weber (2004) e de capital abordado por Bourdieu (2007).

Compreender a liderança carismática proposta por Weber é importante para a compreensão de Duque e sua igreja. Igrejas pentecostais sempre estiveram em algum momento sob os holofotes por meio da habilidade carismática de seus líderes, que a todo instante se beneficiam, promovendo formas de “dominação tradicional e carismática”. Weber (2000, p. 159) afirma que o carisma é um elemento individual e qualitativamente singular. Logo, sua missão é reconhecida, exercendo assim dominação.

Para Weber (1991, p. 141) a dominação carismática é “baseada na veneração extracotidiana da santidade, do poder heróico ou do caráter exemplar de uma pessoa e das ordens por esta reveladas ou criadas”. Nas palavras de Weber o carisma é:

Uma qualidade pessoal considerada extracotidiana (na origem, magicamente condicionada, no caso tanto dos profetas quanto dos sábios curandeiros ou jurídicos, chefes de caçadores e heróis de guerra) e em virtude da qual se atribuem a uma pessoa poderes ou qualidades sobrenaturais, sobre-humanas ou, pelo menos, extracotidianas específicas ou então se a toma como enviada por Deus, como exemplar e, portanto, como “líder”. (WEBER, 1991, p. 159).

Os discursos nos cultos de Agenor Duque são vibrantes e inflamados, diretamente dirigidos aos fiéis, estimulando manifestações individuais na igreja. Em visitas realizadas à sua igreja e em dezenas de horas de programas assistidos lá televisionados, notou-se manifestações verbais (orações, choros, risos, louvações, glossolalia), e gestuais (aplausos, braços erguidos etc.). Esses rituais vivenciados com tamanha efervescência lembram aqueles realizados nas tribos australianas, que foram descritos por Durkheim:

Só o fato da aglomeração já age como excitante excepcionalmente poderoso. Uma vez que os indivíduos estão reunidos, emana da sua aproximação uma espécie de eletricidade que os conduz rapidamente a um grau extraordinário de exaltação. (...) O impulso inicial (...) se ampliando à medida que repercute, como avalanche aumenta à medida que avança. E como paixões tão vivas e liberadas de qualquer controle não podem deixar de se expandir, há por todos os lados gestos violentos, gritos, verdadeiros urros, ruídos ensurdecedores de toda espécie que contribuem para intensificar o estado que manifestam”. (DURKHEIM, 1989, p. 270-1).

UMA LEITURA DE AGENOR DUQUE A PARTIR DE WEBER E BOURDIEU

Weber fundamenta a sua análise da sociologia da religião como essência do poder religioso. É preciso lembrar que a sua obra não contempla apenas a análise da dominação religiosa, mas que a dominação pode assumir três formas específicas. São elas:

1) Dominação Tradicional: entende-se por aquelas situações em que a obediência se dá por motivos de hábito, pois tal comportamento já faz parte dos costumes daquela sociedade/estado; os dominados não fazem parte de uma associação, mas são súditos ou companheiros do senhor. Esse sistema nem sempre possui quadros administrativos. Além disso, os costumes não são determinados pela ordem estatuída e sim pelo relacionamento/fidelidade pessoal. Nesse caso, não se obedece à ordem estatuída, mas à pessoa delegada.

2) Dominação Legal: É feita através das leis. Essa situação é clara para um grupo de indivíduos, que se submetem a um conjunto de regras previamente definidas e que são aceitas por todos os integrantes. Neste tipo de dominação, existe uma administração que determina que a Lei tem que ser obedecida por todos, inclusive pelo soberano; havendo a Lei, a administração racional supõe cuidar dos interesses da associação. Na dominação legal existe um quadro administrativo hierarquizado e profissional. Ademais, a administração racional se caracteriza tipicamente por uma burocracia de estrutura complexa.

3) Dominação Carismática: é sustentada pela crença dos subordinados nas qualidades superiores do líder. As qualidades aqui referidas podem ser tanto dons supostamente sobrenaturais quanto a coragem e a inteligência inigualáveis. A dominação carismática encontra legitimidade no fato de que a obediência dos dominados ao líder ocorre porque este é o portador do carisma. A administração aqui se dá em qualquer quadro racional, sem regras, hierarquia ou competências; nesse caso, o chefe carismático possui o poder de anunciar novas regras e/ou mandamentos, fazendo isso pela “revelação” ou por sua vontade de organização. Weber define esta última dominação da seguinte forma:

O carisma pode ser – só nesse caso merece tal nome com pleno sentido – um Dom que o objeto ou a pessoa possui por natureza e que não se pode alcançar com nada. Ou que pode e deve criar-se artificialmente na pessoa ou no objeto, recorrendo a um meio extraordinário qualquer”. (WEBER, 2004, p. 238). Seguindo na mesma direção, Fajardo (2015, p. 59) afirma que o detentor do carisma faz uma atuação extraordinária, pois “consegue legitimar o seu poder e ser reconhecido. O líder carismático não depende das regras instituídas”, uma vez que tem a capacidade de propor “uma nova ordem revolucionária”.

Em seu aporte, Weber aponta três agentes fundamentais presentes na disputa pelo poder religioso. O primeiro agente é o sacerdote, que detém o tal poder que foi burocraticamente estabelecido. Se aplicarmos o conceito às igrejas pentecostais, trata-se do pastor/apóstolo responsável pela administração da igreja, doutrinas e regras. Weber acrescenta que o profeta e o mago (ou feiticeiro) utilizam do poder carismático para estabelecer e legimitar seu poder. No entanto, eles possuem características diversas. Enquanto o profeta é o elemento que contesta a ordem estabelecida, o mago manipula as forças do sagrado de forma sobrenatural.

Seguindo por outro prisma, Bourdieu (2004) desenvolve a teoria dos campos. Sua proposta é explicar como um grupo social, indíviduos ou instituições concorrem entre si em torno de interesses específicos. É possível aplicarmos a sua teoria a inúmeras situações, como nos campos acadêmico, médico, esportivo, corporativo, político, entre outros.

Bourdieu descreve que o campo pode ser considerado um mercado e que os agentes se comportam como jogadores. Esses agentes possuem objetivos específicos que dependem do lugar que ocupam na estrutura social, pois possuem qualidade ou propriedade singular. A essa qualidade ele atribui o nome de “capital”, atributo que o favorece e coloca em posição de destaque entre os demais, numa posição de poder e reconhecimento social (FAJARDO, 2007,

p. 57). Em suma, Bourdieu define “capital” como um trabalho que ao longo do tempo foi acumuladoe que foi desenvolvido a partir de uma disposição social:

as lutas pelo reconhecimento são uma dimensão fundamental da vida social e [...] nelas está em jogo a acumulação de uma forma particular de capital, a honra no sentido de reputação, de prestígio, havendo, portanto, uma lógica específica da acumulação do capital simbólico, como capital fundado no conhecimento e no reconhecimento. (BOURDIEU, 2004, 35-36).

Fajardo (2007, p. 57) esclarece que o capital social diz respeito ao conjunto de relações produzidas ao longo de uma trajetória e que se configura como prestígio ou reconhecimento. Também explica que o capital cultural é representado por acumulações de títulos acadêmicos e saberes ao longo da vida e que, portanto, não pode ser transferido. Ademais, Bitun (2007) acrescenta as estratégias da teoria do capital proposta por Bourdieu:

[...] os jogadores variam de acordo com seu capital assim como da estrutura do mesmo, onde o objetivo final do jogo é a conservação ou acúmulo máximo de capital, em que os indivíduos que se localizam nas esferas da dominação farão opções de conservação. Podem ainda ocorrer transformações nas regras do jogo, dentro do qual a estratégia de um dos jogadores será, por exemplo, desacreditar na espécie de capital sobre a qual descansa a força de seu adversário. (BITUN, 2007, p. 147).

Contudo, ao tentar interpretar a teoria religiosa de Max Weber, Bourdieu se depara com uma dificuldade para estabelecer a interpretação a partir de um conceito de “tipo-ideal”, pois é difícil encontrar um exemplo, já que sempre existe uma excessão. De todo modo, em suma, Bourdieu entende que o campo religioso existe para satisfazer as necessidades de seus agentes. O leigo espera resultados tangíveis em sua vida prática, e os agentes se concorrem entre si a fim de estabelecer uma força e exercer influência sobre os leigos (FAJARDO, 2015, p. 58-62).

Tal ideia do campo religioso proposta por Bourdieu e o conceito de tipo-ideal sugerido por Weber nos permite compreender o Apóstolo Agenor Duque, que trabalha em seu campo religioso para estabelecer sua legitimação e poder. Observaremos mais adiante que Duque, em cada momento de sua trajetória, passa por um tipo-ideal da teoria de Weber, iniciando como leigo, passando por mago, profeta e atualmente sendo sacerdote, de modo que a todo instante, é questionado pelo leigo.

ORIGEM E HISTÓRIA DO APÓSTOLO AGENOR DUQUE

Agenor Duque Baracho de Medeiros, nascido em 20 de outubro de 1978, atualmente tem 39 anos de idade. Possui formação superior de bacharel e mestre em Teologia pela FATECAMP, com co-validação pela PUC. Também é bacharel em Jornalismo. É filho de

Arnaud Baracho de Medeiros, que foi um mecânico que trabalhou na Ford do Brasil. Arnauld Nasceu em Touros, no Estado do Rio Grande do Norte, casou-se com Maria Ivanise Duque da Silva, nascida em Fazenda Nova, no Estado do Pernambuco. Ambos migraram para o Estado de São Paulo quando recém-casados.

O Apóstolo Agenor Duque afirma ter origem judaica, o que pode ser muito questionado. Perguntado em entrevista sobre a sua origem judaíca, ele afirmou que seu avô por parte de pai era um judeu que migrou para a Itália e, anos mais tarde, veio para o Brasil. Duque se legitima como um judeu mesmo sabendo que a verdadeira legitimação judaica é sempre de origem materna, o que, portanto, não o caracteriza como um legitimo judeu.

DA PERÍFERIA DA ZONA LESTE AOS DEMÔNIOS DA LAPA

Quando criança, sua mãe Maria Ivanise era de origem religiosa católica, praticante e devota aos santos, e seu pai, Arnaud Baracho, um católico não praticante que segundo ele, conhecia profudamente a Bíblia, mas não fazia questão de frequentar as missas da Igreja Católica.

Ele lembra que ainda criança, na casa onde morava na periferia de São Paulo, houve uma enchente e seus pais perderam tudo. Para salvar a sua vida, tiveram que colocá-lo em cima de uma geladeira. Logo após essa catástrofe, apareceu uma senhora piedosa da AD, que bateu à porta de sua humilde casa levando comida. Essa senhora chamou a sua mãe Maria Ivanise e disse: “Deus mandava trazer comida para o profeta”. A sua mãe afirmou que não havia profeta naquela casa, mas a senhora insistiu e disse: “Dentro desta casa existe um profeta”. O profeta ainda era uma criança, era o menino Agenor.

Contudo, foi ainda na infância que seus pais se converteram ao pentecostalismo na AD ministério de São Mateus. Naquela época a criança “aceitava a Jesus” (expressão popular dos assembleianos) juntamente com os pais. Nesta época o menino Agenor Duque tinha nove anos de idade quando se converteu ao pentecostalismo. Duque revela que o que mais incomodava eram os “usos e costumes” da instituição, um traço bem forte do pentecostalismo clássico da época.

Aos doze anos, se mudou para o bairro Vila Califórnia na cidade de São Caetano do Sul, e, naquele período, o adolescente Agenor Duque viu sua tia sofrer de uma doença que não soube precisar, mas relatou que era praticamente incurável. A situação de sua tia era tão lastimável que pesava pouco mais de quarenta quilos. Foi naquele momento que os pais do menino Duque já convertido ao pentecostalismo, por meio das ondas sonoras, escutaram a voz do Missionário Manoel de Mello, chamando os enfermos para irem até a sua igreja no bairro da Lapa para

serem curados. Os pais de Duque não pensaram duas vezes. Foram atrás da cura para a sua tia e ele os acompanhou.

Naquele dia, o adolescente Agenor Duque viu pela primeira vez Manoel de Mello da igreja OBPC adentrando o estacionamento da igreja da Lapa em São Paulo. Foi quando avistou a manifestação de pessoas possessas por demônios do lado de fora dizendo: “Ele chegou! Ele chegou!”, referindo-se ao Manoel de Mello. Puderam ver sua tia possuída por demônios e, após a oração do missionário, ela começou a expelir uma bola de cabelo. Segundo Duque, era um trabalho de macumba que foi feito pela amante do seu marido. Naquele momento, ele diz que sua tia foi curada instantaneamente, um milagre sobrenatural que não tem explicação. Duque viu tudo aquilo e ficou atônito, não tinha palavras para descrever o que ocorreu naquele instante. Naquela hora ele viu a manifestação de demônios e a cura instantânea de sua tia que parecia agora ser outra mulher.

Podemos observar que Duque, destacou dois fatos que deixaram sem palavras, o primeiro foi segundo ele demônios caindo somente ao perceber que Mello havia chegado no estacionamento da igreja. E durante o culto, viu o milagre de sua tia sendo curada na hora. Ele disse que aquela imagem marcou muito sua vida e que um dia, seria igual ao Missionário Manoel de Mello.

DA UNIVERSAL A ISRAEL, DA ASCENÇÃO AO DESÂNIMO

Duque começou a ganhar destaque quando mudou para a IURD aos quartoze anos de idade. Foi quando seu ministério eclesiástico começou a ganhar notoriedade. Naquela época já gostava de pregar e foi ali que encontrou espaço para trabalhar e fazer o que realmente gostava. Naquela idade ele não se importava em jogar bola na rua. O que realmente dava sentido para aquele adolescente era estar na igreja e participando de gincana.

Na escola bíblica, se destacava entre os demais adolescentes pois tinha facilidade na memorização de versículos bíblicos. Duque atribui a isso as fortes recomendações de sua mãe, que o fazia estudar e memorizar. Também credita tal aptidão aos instintos paternos, por ser uma habilidade que herdou do seu pai, que era um católico não praticante, mas que tinha conhecimentos bíblicos, habilidade em guardar versículos e histórias de heróis bíblicos.

Aos dezessete anos, foi convidado a ser um pastor da IURD, com uma condição que é regra básica e clara para todo o pastor iurdiano: ser casado – ele aceitou o desafio e, logo, e foi ungido. A igreja vivia o seu momento de ascensão no cenário religioso brasileiro e sabiam do potencial

daquele jovem, embora ainda não possuísse maioridade ele se destacava dos demais jovens da igreja. Houve então a necessidade de aprovação e assinatura no cartório por parte de seus pais.

Após o casamento, a IURD se encarregou de encaminhar o jovem recém-casado à missão no Sul do Brasil, na cidade de Campo Mourão no Estado do Paraná. Não sabe ao certo por quanto tempo ele ficou por lá, mas ficou muito chateado por terem tirado ele do Estado do Paraná. Essa mudança machucou-o profundamente, tendo então que retornar para São Paulo.

Pouco tempo depois de ter retornado, recebeu um grande desafio do seu ministério pastoral – dirigir a igreja em São Paulo, no bairro da Lapa. Era uma grande oportunidade pois segundo ele, o Bispo Edir Macedo tinha grande carinho pela “igreja da Lapa”. Foi uma das primeiras igrejas próprias que a IURD adquiriu. Ele sabia que a tarefa não seria fácil, além de estar em uma grande metrópole seria observado de perto pelos bispos da igreja. Isso não intimidou Duque, era jovem e cheio de coragem.

Todavia, foi lá na IURD do bairo da Lapa, na cidade de São Paulo que ocorreu o grande divisor de águas do seu ministério. Duque afirma que naquela igreja cabiam no máximo quinhentas pessoas e que, em um certo mês, ele conseguiu arrecadar novecentos mil reais. O valor era muito alto para o porte da igreja. Seu nome subiu as escadas do Brás e ecoou no gabinete do Bispo Edir Macedo: “Quem é Agenor Duque, o pastor da Lapa?”. Nunca tinha acontecido tal proeza. A expressão utilizada por Duque foi: “Meu nome soprou no Brasil!” Não demorou muito tempo para o Bispo Edir Macedo chegar até Agenor e dizer: “Você vai para Israel. Você já tem passaporte?”.

Viajar para Israel era uma recompensa, como um prêmio dado pela IURD em agradecimento aos bispos de destaque da instituição. Havia um capital simbólico nessa viagem. Agenor Duque era um jovem recém-casado, na casa dos vinte e poucos anos, e foi ali que teve a primeira experiência de viagem ao exterior. Participar da caravana para Israel era um privéligio para poucos da IURD. Só participava quem o Bispo Edir Macedo decidisse. Não havia negociação para estar na cúpula. Duque, cresceu tão rapidamente que naquele momento, seu cargo eclesiástisco era de pastor, enquanto toda a caravana da IURD que viajava para Israel com Macedo era de bispos, ou seja, ele tinha um cargo eclesiástico inferior dentro da estrutura da IURD, porém, mesmo assim, foi escolhido pelo que aconteceu na igreja da Lapa. Agenor Duque também fazia programa de rádio e televisão para a IURD, tornou-se um pastor de confiança do Bispo.

Ainda na igreja da Lapa, em um dia com céu cinzento e chuvoso que o pastor Agenor Duque teve um encontro com Deus, segundo ele. Observou um senhor calvo de barba branca entrando na igreja todo molhado devido a uma forte chuva na região. Duque sabia que aquele senhor tinha dado o seu único carro na campanha que ele tinha organizado dias antes. Enquanto pregava, começou a observar aquele senhor com a roupa toda molhada em seu corpo, tentando disfarçar toda a água escorrendo em seu rosto e sua blusa molhada. Enquanto ele fitava aquele senhor calvo de barba branca, sentiu Deus falando com ele: “Você é hipócrita. Por que você fala para as pessoas darem seus carros se você não dá o seu!”.

Duque disse que naquele mesmo dia, sentiu-se um mercenário e entrou em forte crise emocional começando naquele culto. Alguns dias após o ocorrido, avisou a sua esposa que doaria o carro da família para a igreja, na tentativa de não ser um hipócrita. Ele afirmou que naquela época, sua esposa o advertiu de que ele não deveria doar o único carro que eles tinham. Duque não resistiu, e doou o primeiro carro para igreja como oferta, como um sinal de humilhação a Deus, segundo ele.

Ele vivia uma nova fase. Dirigia a igreja pela qual o Bispo tinha um enorme carinho. Fez sua primeira viagem o exterior, conheceu a cidade que Jesus nasceu, viveu e morreu. Os pentecostais de uma maneira geral dão muito valor a cultura judaica. Naquela época ele atuava na televisão e no rádio como âncora de programas. No entanto, sua outra decepção era a forma como as ofertas eram tratadas pelos bispos da igreja. Sua expectativa era de que a oração de agradecimento entre os bispos fosse de no mínimo uma hora, afinal ele tinha ofertado o seu carro e carros de outras pessoas. Porém, as orações eram muito rápidas, talvez de dez minutos, e isso o chateava muito. Na mesma época, a administração da IURD havia mudado. Valia uma regra que segundo ele era: “Valia o que você botava na mesa, não sei como é hoje” (...) “O caráter passou a não ter mais valor. Quem valia era quem trazia resultados”.

É também nesse período que ele teve grandes perdas e desgaste emocional. Pediu afastamento da igreja, deixando as atividades pastorais, e a saída do rol de pastores da IURD abalou o jovem pastor Agenor Duque. Foi uma decisão que provocou grandes desentendimentos e chateações, que culminaram em sua saída. Um pastor que chegou muito próximo e conviveu com lideranças da IURD. A sua trajetória se encerrou após longos onze

No documento MOYSES NAFTALI LEAL QUITÉRIO (páginas 60-97)

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