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Aplicação dos índices HHI e T de Theil para os mercados bancário e de crédito

Primeiramente, o índice HHI será aplicado para o mercado bancário, ou seja, considerando as rendas totais de cada instituição. Posteriormente, o mesmo será aplicado quando

as rendas estiverem alocadas em seus mercados correspondentes, por exemplo, Crédito, Leasing, Câmbio, etc. Assim, fazendo-se o mesmo para mercado de crédito e suas respectivas contas (Adiantamentos, Tesouraria, Rural e Agroindustrial, etc).

Como foi citado na seção 2.5.1 do capítulo revisão bibliográfica, o índice HHI possui um critério de classificação para seus valores intermediários definidos pelo Departamento de Justiça (DOJ) e Comissão Federal de Comércio dos EUA, e que será também utilizado no presente trabalho. Para valores menores que 0,1 o mercado será caracterizado como desconcentrado, entre 0,1 e 0,18 o mercado será tido como moderadamente concentrado, e acima de 0,18, será um mercado concentrado.

Para Lima (2001) indicadores de concentração, de uma forma geral, sinalizam como é a estrutura de mercado vigente em uma determinada indústria e o ambiente em que é determinada a conduta e o desempenho das firmas pertencentes à mesma. Já a evolução da concentração ao longo de um período mostrará se a tendência é favorável ou contrária ao bem estar social. Contudo, de qualquer indicador de concentração não se deriva de forma direta análises qualitativas do ambiente concorrencial e da estrutura de mercado, devendo ser complementado com análises de contestabilidade e de abertura, dos graus de eficiência e da qualidade da regulação prudencial (ROCHA, 2001).

Com relação aos cálculos do índice de desigualdade T de Theil, este será aplicado para o mercado bancário dividido através das contas já mencionadas e também para as subdivisões do mercado de crédito. Contudo, os valores de nh e consequentemente N, variam de ano para ano e

de conta para conta, existindo um valor máximo possível do índice a cada ano. Assim, se utilizará de log nh para se mensurar o T de Theil máximo de cada conta em cada ano, já o T de Theil

máximo de cada mercado (bancário e de crédito) será obtido através de log N. Como forma de padronização e para permitir comparações entre anos ou contas, serão consideradas as diferenças (ou proporções) entre o valor máximo do índice de um ano e o valor calculado do índice para o mesmo ano. Além do mais, nas mensurações do índice serão utilizados logaritmos naturais, assim, a unidade dos valores obtidos do índice T de Theil estarão em nits (natural units).

Acrescentando, será mensurada a participação das desigualdades intergrupos e intragrupos na composição da desigualdade total, tanto para o mercado bancário quanto de crédito, assim verificando se as desigualdades existentes nos dois mercados estão majoritariamente entre grupos ou dentro deles. Apesar dessa abordagem por grupos ou mercados, as conseqüências das

prováveis economias de escopo38 do setor não serão tratadas neste trabalho, pois o sigilo quanto aos nomes das instituições financeiras inviabilizou o agrupamento das instituições em seus respectivos conglomerados financeiros, não permitindo tal análise, além do que, impossibilitou a delimitação das mesmas em suas regiões de atuação, subavaliando os valores obtidos dos índices de concentração e desigualdade.

Com isso, a utilização do índice T de Theil em complementação ao HHI, além de captar as mudanças descritas no exemplo do Quadro 17, visa orientar em que sentido deve ser conduzido estudos mais detalhados sobre o mercado bancário e de crédito, ou seja, evidenciar se as análises devem se concentrar dentro de um específico mercado ou entre mercados distintos.

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Uma situação de economia de escopo é caracterizada quando o custo para se produzir conjuntamente dois ou mais produtos ou serviços é menor do que quando os mesmos são produzidos separadamente.

4 RESULTADOS

Primeiramente, segue na Figura 7, o número de instituições financeiras que tiveram suas rendas informadas pelo Banco Central do Brasil, e que foram estudadas no presente trabalho.

156 156 158 158 163 170 186 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 190 No de instituições financeiras 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Ano

Figura 7 – Brasil: número de instituições financeiras que tiveram suas rendas de 2001 a 2007 informadas pelo Banco Central do Brasil

Fonte: Elaborado com dados de Pimenta (2008)39 (informação pessoal)

Conforme a Figura 7, observa-se que o número de instituições estudadas decresceu 16,13% no período, isto devido à continuidade do processo de fusões, aquisições e incorporações (iniciado na década anterior com o Proer)40. Por outro lado, houve crescimento nas receitas operacionais auferidas, como se observa na Figura 8.

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PIMENTA, C.T. Auxílio pesquisa ESALQ. Mensagem recebida por: <tadeu.pimenta@bcb.gov.br> em 9 abr. 2008.

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Exemplos de fusões, aquisições e incorporações no mercado bancário brasileiro, de 2001 a 2007: Itaú (adquiridos: Banco do estado de Goiás, BankBoston, Citicard, Banco Fiat), Bradesco (Mercantil de São Paulo - Finasa, Banco do estado do Amazonas, Banco Cidade, Banco Bilbao Vizcaya), Unibanco (Investcred, BNL/AS), etc. Vale ressaltar que estas aquisições citadas não foram assistidas pelo Proer, já que a última negociação amparada pelo programa foi em 1997, com a compra do Bamerindus pelo HSBC.

R$ 281.107.733.992,91 R$ 232.253.428.933,59 R$ 212.129.301.691,10 R$ 202.932.919.492,98 R$ 328.712.242.277,15 R$ 597.744.506.285,29 R$ 242.658.322.211,12 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Figura 8 – Brasil: receita operacional total do mercado bancário entre 2001 e 2007 (valores constantes em R$ 2007)

Fonte: Elaborado com dados de Pimenta (2008) e do IPEA (2007) Nota: IGP-DI índice médio anual.

Através da Figura 8 observa-se que a receita operacional total do mercado bancário atingiu seu valor máximo em 2002 (R$ 597.744.506.285,29)41 e mínimo em 2006 (R$ 202.932.919.492,98), sendo que no agregado do período (2001-2007) cresceu aproximadamente 16,93%42.

Comparando as Figuras 7 e 8, nota-se que apesar da redução contínua do número de instituições entre 2001 a 2007, as receitas auferidas pelas mesmas – apesar das oscilações – cresceram no agregado do período. Assim, a hipotética relação positiva (número de instituições do mercado e receita obtida) não foi observada neste período para o setor financeiro, sendo necessários estudos mais detalhados para se compreender melhor as oscilações das receitas das instituições financeiras no Brasil.

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A influência da taxa de câmbio para tal resultado será visto com mais detalhes na análise do mercado de crédito.

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