• Nenhum resultado encontrado

3 5 APLICAÇÃO DEFINITIVA DOS INSTRUMENTOS 3.5.1 Descrição da aplicação

A aplicação definitiva transcorreu na mesma escola já caracterizada, entre os meses de junho e agosto de 2011. Os instrumentos foram aplicados em três momentos distintos em uma turma do primeiro ano (com 25 sujeitos); uma turma do segundo (com 28 sujeitos) e uma do terceiro ano do ensino médio (com 21 sujeitos). Foram excluídos os alunos que não realizaram todos os testes, aplicados pela presente pesquisadora.

Primeiramente, os sujeitos foram orientados a redigir um artigo de opinião para posicionar-se sobre o bullying. Tendo em vista que, em abril do corrente ano, ocorreu o episódio que ficou conhecido como O massacre de Realengo, reacendendo a discussão em torno do assunto, adaptou-se a proposta de produção textual (anexo G) no intuito de contemplá-lo. Na ocasião, um jovem de 23 anos invadiu uma escola municipal de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro; a seguir, atirou contra crianças e adolescentes dentro de uma sala de aula, ocasionando doze mortes e vários ferimentos. Ex-estudante do estabelecimento de ensino, o jovem deixou vídeos em que afirmava ter sofrido bullying. Iniciou-se, assim, uma série de discussões em torno das possíveis causas do massacre. O Teste de Escritura foi realizado em sala de aula, num período de 90 minutos.

Num outro momento, os sujeitos fizeram o Teste de Compreensão Leitora (anexo C), que não sofreu alteração em relação ao utilizado na aplicação-piloto. O procedimento também foi similar ao da aplicação anterior: as instruções foram lidas a fim de se esclarecer possíveis dúvidas. O tempo disponível para o teste consistiu em 90 minutos, mas a maioria dos alunos o concluiu em 45.

Finalmente, aplicou-se o Teste de Consciência Textual (anexo E), que continha também o texto original de Moacyr Scliar. Assim como na aplicação-piloto, o aplicador esclareceu eventuais dúvidas quanto aos enunciados, especialmente em relação às questões II e III, que poderiam oferecer um grau de dificuldade maior aos sujeitos. O tempo para a sua execução também foi 90 minutos, mas a maior parte dos educandos o respondeu em torno de 60.

Os dados obtidos são especificados nas planilhas contidas nos anexos L, M, N, O, P, Q, R, S e T.

3.5.2 Correção dos testes

Para avaliar o Teste de Compreensão Leitora, o critério estipulado foi o método de qualquer resposta contextualmente aceitável. Como já mencionado, o texto em análise apresentava alguns termos técnicos de difícil recuperação ou mesmo palavras de cunho subjetivo, sendo necessário estabelecer essa flexibilização. No entanto, para garantir que tal procedimento não desse margem a uma avaliação menos criteriosa, considerou-se como correta a recuperação de palavras exatas ou sinônimas que pertencessem à mesma classe gramatical do termo original. Dessa forma, na lacuna 27, por exemplo, cuja palavra a ser resgatada era inventor, foram aceitos também os termos precursor e criador. De modo similar, na lacuna 28, as palavras regiões e zonas foram consideradas sinônimas de áreas. Relacionou-se, assim, uma lista de palavras para cada lacuna que se enquadrasse no critério estabelecido.

O Teste de Consciência Textual, por sua vez, sofreu pequenas alterações em relação a sua primeira versão, mas os critérios de correção se mantiveram uma vez que se baseavam no quadro de análise especificado no item 3.3.2. Como o instrumento apresentava questionamentos que requeriam tanto respostas objetivas quanto subjetivas, foram adotados procedimentos diferentes para avaliá-las. No item A da questão II, por exemplo, os dados deveriam ser relacionados objetivamente às respectivas conclusões; sendo assim, as respostas eram categoricamente consideradas certas ou erradas. No item B da mesma questão, os sujeitos deveriam explicitar a forma como as conclusões se apresentavam (explícita ou implicitamente). As respostas referentes a esse item, no entanto, eram condicionadas às anteriores; então, se os alunos não relacionassem adequadamente os dados às conclusões, não adiantava especificar, mesmo que acertadamente, se a conclusão estava explícita ou subentendida. Já o item B da questão III e as questões IV, V e VI exigiam respostas essencialmente subjetivas. Sendo assim, era preciso avaliá-las de forma que se tornasse possível discriminar os níveis de conhecimento acerca da estrutura textual bem como o grau de consciência sobre o procedimento adotado. Tratava-se, pois, de uma análise bastante criteriosa que exigia uma correção mais atenta.

Por fim, no intuito de avaliar o Teste de Escritura Argumentativa, considerou-se primeiramente a correção realizada no piloto, que demonstrou a necessidade de se imprimir pequenos ajustes no quadro de análise instituído, concebendo-se assim as categorias especificadas no anexo H. Tendo em vista que o objetivo era averiguar a capacidade dos sujeitos em redigir um artigo de opinião, pautado na estruturação

argumentativa, tomou-se como base o modelo de sequência argumentativa proposto por Adam (2008), que privilegia o uso da contra-argumentação. Sendo assim, era necessário discernir as produções que utilizavam esse artifício e as que o ignoraram, verificando a eficácia desse emprego. Procurou-se ainda analisar a forma como os elementos da sequência argumentativa se apresentavam na composição textual; para tanto, estipularam-se os níveis não-satisfatório, intermediário(s) e satisfatório. Como se tratava de uma avaliação de caráter subjetivo, procedeu-se à sua realização em dois momentos distintos. Logo após, as duas análises foram confrontadas a fim de se averiguar possíveis discrepâncias e de se estabelecer a avaliação mais pertinente.

Todos os testes foram avaliados pela presente pesquisadora como forma de garantir o mesmo padrão de análise e, paralelamente, possibilitar que se estabelecesse um panorama geral do comportamento dos sujeitos. Ao mesmo tempo que as análises se baseavam em conhecimento técnico de diferentes campos teóricos, apresentavam caráter subjetivo, especialmente no que tange ao Teste de Consciência Textual e ao de Escritura Argumentativa, sendo necessário que o avaliador procurasse monitorar os possíveis equívocos de interpretação, inerentes a qualquer processo dessa natureza, por meio da manutenção de um mesmo parâmetro de correção. Ressalta-se ainda que as avaliações foram revisadas várias vezes no intuito de minimizar o impacto de possíveis desvios dos critérios empregados.