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3. ANÁLISES E RESULTADOS

3.6 Aplicação do Modelo Probito

A variável dependente mostra que se V15 = 0 então o respondente mostra característica de um agente econômico ricardiano. Por outro lado, se V15 = 1 então o respondente mostra característica de um agente econômico não-ricardiano. O modelo apresentado a seguir mostra os efeitos marginais da regressão probito.

Tabela XY – Resultados do modelo probito: Efeitos marginais Variáveis Coeficiente estimado (dF/dx) Desvio Padrão Estatística z Prob. 1° Fator -0.0025163 0.0154523 -0.16 0.871 2° Fator -0.0373683 0.0154266 -2.42 0.016 3° Fator 0.0485921 0.015025 3.24 0.001 4° Fator 0.0547099 0.0151097 3.62 <0.001 5° Fator 0.028465 0.0158551 1.79 0.073

Nota: Variável dependente: V15 = 0 (agente Ricardiano), V15 = 1, (agente não-Ricardiano).

Probit regression, reporting marginal effects Number of obs = 890 Wald chi2(5) = 31.69

Prob > chi2 = 0.0000

Log pseudolikelihood = -520.06007 Pseudo R2 = 0.0294(*)

Fonte: Elaborada pelo autor

Os resultados do modelo probito mostram que o coeficiente estimado do primeiro fator não é estatisticamente significante. O coeficiente estimado do segundo componente ou fator mostra-se negativo e estatisticamente significante ao nível de 5%. Nesse sentido, uma unidade adicional dos escores do segundo componente aumentam a probabilidade em aproximadamente 3,74%, de que os respondentes com maiores níveis de renda, com mais facilidade para obtenção de crédito, e mais bem informados se comportem como agentes ricardianos.

O coeficiente estimado do terceiro componente mostra-se positivo e estatisticamente significante ao nível de 1%. Nesse contexto, uma unidade adicional dos escores do terceiro componente, aumenta a probabilidade em aproximadamente 4,86%, de que os respondentes que não acreditam nas instituições do seu país (acreditam que seu país é corrupto, que possui uma justiça morosa que facilita o sentimento de impunidade, e também que seus governantes não defendem seus interesses), se comportem como agentes não Ricardianos. Se o agente não confia nas instituições do seu país é razoável supor que sua taxa de desconto intertemporal seja muito alta, ou seja, ele torna-se racionalmente impaciente. Em

outras palavras, ele não acredita num governo capaz de implementar uma política fiscal responsável.

O coeficiente estimado do quarto componente também se mostra positivo e estatisticamente significante ao nível de 1%. Nesse contexto, uma unidade adicional dos escores do quarto componente aumenta a probabilidade em aproximadamente 5,47% de que os respondentes que não são altruístas se comportem como agentes não-ricardianos.

Por fim, o coeficiente estimado do quinto componente é positivo e marginalmente significante ao nível de 10%. Colocado dessa maneira, uma unidade adicional dos escores do quinto componente aumenta a probabilidade em aproximadamente 2,85% de que os respondentes que possuem menor padrão de vida presente (menor renda per capita familiar) e, consequentemente, pouca esperança de melhora de qualidade de vida para os filhos no futuro, também se comportem como agentes não-ricardianos.

CONCLUSÕES

O Brasil vem atravessando um ciclo econômico positivo nos últimos anos. Pesquisas recentes apontam para um aumento significativo da classe média, principalmente, das classes B e C, o que vem aquecendo o consumo interno e, ao mesmo tempo, contribuindo para uma forte expansão do crédito.

Esse estudo demonstrou que os micro agentes da economia que fazem parte das classes mais favorecidas, com maior nível de escolaridade, com maior renda e mais acesso às linhas de crédito, tendem a comportar-se como típicos agentes ricardianos. Isto é, são altruístas, se preocupam com o futuro dos seus filhos e acreditam na política econômica do governo do seu pais. Em contrapartida, os micro agentes menos favorecidos são os mais desconfiados em relação à política econômica governamental , não confia nas instituições do seu pais,não são altruístas, também, no tocante à lisura dos governantes, posicionam-se de forma contrária. Em outras palavras, são agentes não ricardiano.

O estudo, portanto, mostra que a teoria da equivalência ricardiana é sustentável em parte ( 29,69% ) entre micro agentes da economia e outra parte (70,31%) não são agentes ricardianos, confirmando assim a divergência acerca da teoria entre os economistas.

Quando micro agente econômicos demonstra desconfiança no quadro institucional de seu país, é possível inferir-se que sua taxa de desconto intertemporal seja elevada, tornando-os mais propensos à intranquilidade e à irritação. Normalmente, a conjugação de tais fenômenos prejudica a racionalidade na tomada de decisões. Diante desse nível de estresse, dificilmente, tais agentes demonstrariam confiança de que o governo e as instituições, poderiam, de alguma forma, planejar e implementar uma boa política fiscal, capaz de equilibrar as contas nacionais e, consequentemente, garantir uma estabilidade macroeconômica, prosperidade e bem-estar para as gerações futuras. Essa interação de fatores demonstra contribuir para que tais micro agentes se comportem de uma maneira não-ricardiana.

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APÊNDICE 1 : Questionário Aplicado na Pesquisa

1) Qual o seu sexo?

a)( ) masculino; b)( ) feminino 2) Qual a sua idade?

a) ( ) até 18 anos b) ( )19 a 24 anos c) ( ) 25 a 34 anos d) ( ) 35 a 44 anos e) ( ) 45 a 54 anos f) ( ) 55 a 64 anos g) ( ) 65 ou mais.

3) Qual seu estado civil? a)( ) Solteiro(a).

b)( ) Casado(a).

c)( ) Separado(a) / desquitado(a)/ divorciado(a) d)( ) Viúvo(a).

e)( ) Outro.

4) Qual seu nível de instrução? a)( ) Sem escolaridade

b)( ) Ensino Fundamental incompleto c)( ) Ensino Fundamental completo d)( ) Ensino médio incompleto e)( ) Ensino médio completo f)( ) Ensino superior incompleto g)( ) Ensino superior completo h)( ) Especialização

i)( ) Mestrado j)( ) Doutorado

5) Quais os assuntos dos jornais que você mais lê? a)( ) Todos os assuntos.

b)( ) Política e(ou) economia. c)( ) Cultura e arte.

d)( ) Esportes. e)( ) Outros.

6) Você possui casa própria? a)( ) Sim; b)( ) Não

7) Tem quantos filhos?

a)( ) nenhum, b)( )um, c( )dois, d)( )três, e)( )quatro ou mais;

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