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3 CULTURAS ESCOLARES E PRÁTICAS SOCIAIS DA COMUNIDADE

3.3.3 Aplicação de provas finais e prêmios

Na estrutura escolar, o conjunto de atividades era coordenado conforme o calendário escolar. Os professores diariamente desenvolviam os conteúdos distribuídos nas diversas disciplinas curriculares. Em regra, chegando às proximidades do encerramento do ano letivo, os alunos prestavam provas ou exames finais, que seguiam as orientações do departamento de educação do estado de Santa Catarina. Tinham como objetivo verificar e avaliar a aprendizagem e conhecimentos adquiridos pelos alunos durante a sua passagem escolar do transcorrer do ano.

Os exames finais era um dos momentos mais esperados e cheios de expectativas das crianças, professores e pais. Segundo Luchese (2007, p. 283), “estes se constituíam no momento ápice da avaliação escolar”. Eram celebrados e em torno de sua realização havia um ritual de relações de poder evidente. Como se tratava de uma ocasião especial, “[...] tínhamos que ir para a escola com o uniforme, bem arrumados, e vinham professores de outros lugares para cuidar dos nossos exames (A4)”.

Da mesma forma como A4, este momento exclusivo também foi narrado por A2: “como um dia de muita tensão e nervosismo, até ficava com dor de barriga”. Estas e outras recordações despertam lembranças de aflição, mas também de alegrias, como as de A1: “eu nunca reprovei tirava notas muito boas, acho que eu era uma das melhores alunas, mas mesmo assim, na noite anterior dos exames eu quase não dormia de tanto pensar nas provas do dia seguinte”.

Conseguir responder ou não as perguntas resultava na passagem para a próxima série ou na reprovação que implicava na permanência por mais um ano na mesma série. Já para os professores, os resultados dos exames finais expressariam a qualidade ou não de sua instrução, pois os dias de prova significavam também a aprovação ou desaprovação pública de sua atividade junto aos alunos durante o ano, e por isso eram dias cercados de muita expectativa (KREUTZ, 2004, p. 234).

As práticas educativas adotadas nas escolas precisam ser analisadas na sua temporalidade e intencionalidade, tendo em vista o contexto e as propostas de avaliação das instituições de ensino. Vale lembrar que a aplicação das provas finais, segundo Kreutz (2004), foi uma forma de estimular e controlar a qualidade do ensino nas escolas paroquiais e de estimular o professor a um aperfeiçoamento constante. “[...] Nós professores tentávamos preparar os alunos para estes exames, e se comparados a hoje, era um dia de vestibular, e a maioria recebia a aprovação, porém outros infelizmente reprovavam (P2)”.

A pluralidade de memórias da escola narrada pelos professores e alunos põe em relevo, a seu modo e estilo, sua história escolar, sublinhando êxitos e fracassos. Nos registros dos exames finais foi possível verificar que o número de aprovações fora sempre superior ao de reprovações.

A banca examinadora abaixo assinada declara que procedeu aos exames regulamentares aos alunos matriculados nesta escola, conforme o quadro expresso acima e que observou criteriosamente as instruções do departamento de educação e cultura. Compareceram 19 alunos do 2º ano, faltando zero, cujo resultado foi o seguinte: 11meninos e 6 meninas aprovados e 2 meninos reprovados. No 3º ano compareceram 14 alunos dos quais 4 meninos e 6 meninas foram aprovados, e 4 meninas reprovadas. No 4º ano compareceram 4 alunos sendo aprovados todos eles. A banca examinadora declara mais que as notas médias e médias do quadro acima, foram registradas de pleno acordo com os resultados das provas.67

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Resultados dos exames finais, datado de 9 de dezembro de 1959. Fonte: Quadro Geral dos Exames Finais, acervo da Escola de Educação Básica Pe. Balduíno Rambo

Nesse relatório, o professor designado pelo Inspetor Escolar para a aplicação das provas, Sr. José Fridolino Wink, seguia a normativa de descrever o número de alunos matriculados na escola e o de presentes no dia dos exames, a quantidade de aprovados e reprovados, bem como a veracidade dos dados. Também era acompanhado de um quadro geral dos resultados dos exames em cada disciplina, seja ela realizada de forma oral ou escrita pelos alunos.

Encontrados na secretaria da Escola de Educação Básica Pe. Balduíno Rambo, os relatórios dos exames finais, que na sua maioria seguiam a mesma sequência de informações, continham ainda a classificação dos alunos com as melhores médias finais. Assim, chegando ao final do ano letivo, havia premiações para os alunos com maior frequência, bem como, aos que demonstrassem maior aproveitamento escolar nas médias dos exames finais.

Todo o final de ano, os três melhores alunos de cada série recebiam um prêmio, que era um chocolate, doce, caderno, lápis ou outra lembrancinha. Recebia conforme as notas do exame. Quem dava o presente era o professor da turma. Eu era uma ótima aluna, me dedicava bastante, gostava muito de estudar e ir para a escola. No período eu estudei na escola de Tunas, de 1955 até 1959, eu sempre fiquei entre os três melhores alunos de cada ano (narrativa de A1).

A variedade de propostas inseridas em cada instituição, como por exemplo, os prêmios oferecidos aos melhores alunos, eram vistos como uma tentativa de motivar os alunos para a importância da educação, de serem os melhores ou os mais dedicados. Era uma honra para a família ter um filho com notas boas e ser destacado como um dos melhores da escola. Aspecto importante em torno dessa situação refere-se aos incentivos dos pais bem como da comunidade no desenvolvimento de uma boa educação aos filhos, com professores capazes e uma estrutura coerente para a aprendizagem das crianças.

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