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4.2 Indicador de direito à moradia adequada para o meio rural

4.2.2 Aplicação dos questionários

O pré-teste do questionário foi realizado no mesmo assentamento pesquisado, com aplicação em 10 famílias escolhidas aleatoriamente28 e com as lideranças locais, solicitando que os mesmos colocassem suas opiniões sobre as questões e o questionário como um todo. A partir da reestruturação do questionário após o pré-teste, foi realizada a aplicação do questionário final em todo o Assentamento Conquista, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2013, conseguindo abarcar 170 famílias (85% das casas habitadas no Assentamento), sendo 85 casas de titulares e 85 de agregados distribuídos em 90 lotes.

Para auxiliar o trabalho de campo, dados sobre os titulares dos lotes bem como a quantidade de casas existentes em cada lote foram obtidos através do Questionário SAN e um mapa do assentamento foi disponibilizado pelo técnico da Fundação Instituto de Terras do estado de São Paulo – Itesp de Taubaté que atua no local.

Algumas dificuldades foram encontradas devido ao período de chuvas na região e na realização das entrevistas com famílias que trabalhavam fora do lote, assim a maioria das casas que não foi pesquisada foi devido à ausência dos mesmos em suas casas em três tentativas. Para minimizar essa situação, foram utilizados fins de tarde e fins de semana.

A aplicação do questionário no bairro se deu após a avaliação dessa atividade no Assentamento. A partir de visitas realizadas aos técnicos da Casa de Agricultura de Tremembé e do Departamento de Agricultura da Prefeitura de Pindamonhangaba, além do próprio técnico do Itesp de Taubaté que possui conhecimento sobre a zona rural do Vale do Paraíba, foi decidido que a pesquisa seria desenvolvida na zona rural de Pindamonhangaba, cidade vizinha à Tremembé.

Os técnicos do Departamento de Agricultura da Prefeitura de Pindamonhangaba disponibilizaram as coordenadas geográficas das construções existentes em cada Unidade de Produção Agropecuária (UPA) dos bairros do entorno da Estrada dos Martins e dos bairros Ribeirão Grande e Piracuâma. A partir disso, optou-se por realizar um censo somente no bairro Ribeirão Grande, sendo o bairro com a maior quantidade de casas nesse banco de dados. Isso possibilitaria que outras questões pudessem ser refletidas sobre as casas no meio rural, questões históricas de formação do bairro e compreensões sobre as dinâmicas das

27 Essa atividade contou com a ajuda da aluna de graduação em Agronomia da Universidade Federal de São

Carlos (UFSCar/Sorocaba) Jaqueline Santafosta de Oliveira, sendo filha de assentado no Assentamento Conquista.

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Essa quantidade foi mantida em aberto tanto para o assentamento quanto para o bairro, observando o momento em que não se identificava outras necessidades de reformulação do questionário.

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famílias dentro de um espaço delimitado pelo mesmo, podendo alcançar aspectos importantes do processo de conquista da moradia para as famílias que ali vivem.

Essas coordenadas geográficas foram trabalhadas com o intuito de criar um banco de dados geoespacializados para auxiliar na identificação das casas. Através de um GPS Garmin modelo GPSMAP® 62s e com o software BaseCamp da Garmin, esse banco de dados foi transportado para um mapa e utilizado para orientar o trabalho de campo29, como pode ser observado na Figura 2, onde cada representa uma construção.

Além disso, o GPS foi utilizado para a aquisição dos pontos das casas onde foram aplicados os questionários, além da identificação de casas vazias, de casas em construção ou que servem para finais de semana, as “casas de veraneio”, possibilitando, assim, estudos futuros a partir desse novo banco de dados como, por exemplo, a realização de um estudo das condições habitacionais, da conquista da moradia, em uma visualização espacial, através da cartografia social, como propõe Santos (1988).

Figura 2 – Localização das casas nos bairros Ribeirão Grande, Piracuâma e Estrada dos Martins, Pindamonhangaba-SP.

Fonte: Departamento de Agricultura da Prefeitura de Pindamonhangaba e Fundo Estadual de Recursos Hídricos- Fehidro. Elaboração própria. Google Earth, 2013.

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Para tanto, contou-se com o apoio de Agmon Moreira Rocha, técnico do Laboratório de Geoprocessamento da Faculdade de Engenharia Agrícola, Unicamp.

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No caso do assentamento, algumas famílias entrevistadas não possuíam relação direta com a agricultura, porém estas foram consideradas essenciais para a pesquisa entendendo-se a casa como parte da comunidade constituída pelas famílias, entre aquelas que mantêm a sua relação com a terra e aquelas que se orientam a outras atividades vinculadas ou não aos centros urbanos, mas que se reconhecem como parte dessa comunidade. Assim, considera-se que a casa rural também se faz através do emaranhado de relações existentes em um dado bairro rural, na identificação da família com o espaço, como já foi explanado através de diversos autores no capítulo sobre o sujeito por trás do habitacional.

Portanto, o critério utilizado na aplicação dos questionários para o bairro foi entrevistar todos aqueles que moravam no bairro Ribeirão Grande, sendo que as famílias tinham que possuir uma relação com o mesmo, podendo ser: atividades relacionadas à agricultura, outras atividades realizadas no bairro, parentes no próprio bairro ou em bairros vizinhos ou que tivessem um histórico de família no bairro. Por fim, somente as casas de veraneio ou de segunda moradia não foram consideradas nessa pesquisa.

O pré-teste foi realizado no mesmo bairro pesquisado, em 15 famílias escolhidas aleatoriamente. A partir da reestruturação do questionário após o pré-teste, foi realizada a aplicação do questionário final, entre os meses de setembro a novembro de 2013, conseguindo abarcar 167 famílias, sendo 85 casas de proprietários, 28 de caseiros ou trabalhadores rurais, 18 casas cedidas e 36 alugadas ou em áreas arrendadas.

Para auxiliar o trabalho de campo, foram adquiridos mapas do município na Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Pindamonhangaba, foram feitas reuniões com o técnico do Departamento de Agricultura da Prefeitura, com visitas guiadas, e apresentação do projeto para a Associação de Produtores Ecológicos de Pindamonhangaba (APEP), com agendamento de entrevistas.

A maioria das casas que não foi pesquisada foi devido à ausência da família após três tentativas. Na maioria das vezes, os vizinhos informavam que essas famílias trabalhavam no centro da cidade de Pindamonhangaba e retornavam somente a noite. Para minimizar essa situação, foram utilizados fins de tarde e fins de semana, para retornar a essas casas.

As famílias receberam muito bem a proposta de serem entrevistadas, porém houve uma desconfiança com relação ao objetivo real da pesquisa e famílias que optaram por não participar por causa de questões centrais que remetem à presença marcante de insegurança de posse para os proprietários de terra dessa região, quais serão apresentadas em capítulo correspondente.

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