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Conforme explicado na seção3.1, vamos utilizar o conceito de vega-notional para decidir qual é o tamanho da nossa exposição à variância. Essa escolha foi feita por razões intuitivas, pois os investidores preferem e estão acostumados a pensar em termos de volatilidade.

O vega-notional de cada swap de variância será de R$ 10.000,00. Portanto, nossa exposição total à cada ponto de variação na volatilidade é dada por Nvega, onde:

Nvariance =

Nvega

2√Kvar

(4.2) A metodologia utilizada para replicação de um contrato logarítmico e o apreçamento de um swap de variância, conforme já mencionado neste trabalho, é a proposta por (DEMETERFI et al., 1999).

Para a composição do portfólio que replica o payoff de um contrato logarítmico, devem haver no mínimo duas opções de venda sobre o ativo-objeto com strikes diferentes e inferiores ou igual à Se duas opções de compra sobre o ativo-objeto com strikes diferentes

e superiores ou igual à S∗ . Isso é necessário dada a metodologia utilizada.

Capítulo 4. Aplicação Prática da Metodologia 46

• Uma posição vendida em NV ega 2√Kvar× 2 T× 1 S∗ 

contratos futuros de preço S= S0e(r−q)T.

Uma posição em contratos futuros para o ativo PETR4 é montada através de contratos a termo disponíveis na BM&FBOVESPA;

• Uma posição comprada em put com strike K, para cada strike até S∗ que teve

negociação no dia da concepção da operação. O peso de cada opção será igual a metodologia estabelecida por (DEMETERFI et al., 1999) e dada pelas Equações

3.39 e 3.41 ponderadas por  Nvega 2√Kvar



;

• Uma posição comprada em call com strike K, para cada strike superior à S∗ que

teve negociação no dia da concepção da operação. O peso de cada opção será igual a metodologia estabelecida por (DEMETERFI et al., 1999) e dada pelas Equações

3.38 e 3.40 ponderadas por  Nvega 2√Kvar



;

Para a escolha das opções, Spode ser interpretado como o primeiro strike disponível

com valor equiparável ao futuro do ativo-objeto na concepção da operação. Desta forma, para as puts escolhemos os strikes com valor menor ou igual à Se para as calls escolhemos

os strikes com valor maior ou igual à S. As puts com strikes superiores à Se as calls

com strikes inferiores à S∗ foram desconsideradas.

Notamos que a replicação descrita acima é para a venda de um contrato log, ou seja, estaríamos montando uma posição comprada (BuySell = 1) em variância implícita. Logo, se desejarmos uma posição vendida (BuySell = −1) em variância, devemos fazer exatamente o oposto do portfólio replicante descrito acima, ou seja, devemos comprar os contratos futuros e vender as opções.

O payoff desse portfólio é dado pela Equação 3.48 com BuySell = 1 para uma posição comprada em variância e BuySell = −1 para uma posição vendida em variância. No instante t = 0, montamos a posição em futuros do ativo-objeto e nas opções. O custo de montar esse portfólio é dado pela Equação 3.49 multiplicada pela quantidade

 N

vega 2√Kvar



.

A última etapa antes de tomarmos a decisão de iniciarmos ou não uma operação de arbitragem estatística da variância, é o calculo da variância implícita, também referida como o strike do swap ou o preço do swap.

Dado que temos o contrato log replicado, a variância implícita do swap é simples- mente calculada pela Equação 3.35.

O cálculo do preço (variância implícita) do swap de variância segue, basicamente, o portfólio replicante dado pela Equação 3.48, já que a maioria das informações necessárias vem do mesmo. Assim, as informações utilizadas no cálculo de Kvar são:

Capítulo 4. Aplicação Prática da Metodologia 47

• A variável T é calculada pela razão entre os dias úteis até o vencimento da operação e os dias úteis no ano, ou seja, DU/252;

• r é a taxa livre de risco e seu valor é dado pelo CDI do dia em que se inicia a operação. Essa taxa é mantida como constante até o final da operação;

• q é a taxa de pagamentos de dividendos (dividend yield). Calculamos a média dessa taxa durante todo o período analisado e assumimos que ela é constante;

• Sé preço futuro do ativo-objeto dado por S= S0e(r−q)T;

• S0 é o valor à vista de uma unidade do ativo-objeto em D+0;

• ΠCP é o valor em D+0 da posição em opções de compra e venda sob o ativo-objeto.

Esses preços são obtidos dos dados fornecidos pela (BM&FBOVESPA, 2016a). Com a variância implícita do swap calculada, o próximo passo é compará-la com os níveis superior e inferior da janela de volatilidade histórica correspondente, descritos na seção 4.1.1. Esses níveis são utilizados como base para entrarmos em uma operação de arbitragem estatística (comprar ou vender a variância implícita) ou ficarmos zerado.

Vamos supor que, utilizando a Equação 3.35, obtemos uma volatilidade implícita √

Kvar = 202 para os próximos 20 dias úteis do ativo-objeto PETR4, e temos que o nível

inferior da janela de volatilidade de um mês (20 dias úteis) é de 25. Neste exemplo, devemos comprar a variância implícita, esperando que a variância realizada no decorrer da operação seja maior do que a implícita. Portanto, temos que comprar um swap de variância, e para isso, vamos seguir a estratégia dinâmica auto-financiável descrita na seção 3.2.1:

• Primeiramente para ficarmos comprado na variância implícita, temos que vender o contrato logarítmico sob o ativo-objeto, dado pela Equação 3.49. Para isso, a variável

BuySell assume o valor 1;

• Temos que manter uma posição em ∆t (0 ≤ t < T e t é um número inteiro) ações do

ativo-objeto. O valor de ∆t do contrato logarítmico é dado por:

t= BuySell × 2 T ×  Nvega 2√Kvar  × e−r(T −t) 1 St !

Essa posição ocorre sobre o mercado à vista do ativo-objeto e o rebalanceamento é feito todo final do dia com o preço de fechamento, St, do ativo-objeto.

Essa dinâmica de delta-hedge faz com que seja gerado um excesso ou necessidade de caixa todo final de dia. Este caixa é acumulado diariamente e corrigido pela taxa

2 Por convenção, a volatilidade é multiplicada por um fator de 100, por exemplo, um strike de 20 para a

Capítulo 4. Aplicação Prática da Metodologia 48

livre de risco dada pelo CDI do início da operação, que é considerado constante até o vencimento da operação. A dividend-yield paga pelo ativo-objeto durante o período da operação também é acumulada no caixa.

• No vencimento, o P&L da operação é dado pela Equação 3.14, onde NT é o número

final de ações na carteira (ultimo delta calculado), βT é o valor final em caixa e

f (ST) é o payoff do contrato logarítmico replicado dado pela Equação 3.48.

O payoff de f (ST) possui dois termos: Posição vendida em  NV ega

2√Kvar × 2 T × 1 S∗ 

contratos futuros que tem payoff dado pela diferença entre a cotação no início da operação dada por S= S0e(r−q)T e

o preço final ST;

– Posição em opções que tem retorno dado pela diferença entre os prêmios em

t = 0 de cada opção remunerados pelo CDI até o vencimento da operação e o payoff das mesmas.

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5 Apresentação e Discussão dos Resultados

Neste capítulo serão apresentados os resultados gerados pela metodologia estabele- cida nos capítulos anteriores. Primeiramente, vamos apresentar como as ordens de compra e de venda da variância implícita são disparadas durante o backtesting. Logo em seguida, apresentaremos os retornos gerados por essas operações. Depois, apresentaremos uma estra- tégia otimizada com relação à inicial a fim de eliminar alguns resultados e comportamentos indesejáveis durante momentos de crise (picos de volatilidade). E, finalmente, faremos uma análise dos retornos acumulados, separando as compras das vendas de variância.

5.1

Análise da estratégia de arbitragem estatística entre a variância

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