• Nenhum resultado encontrado

5.2 Os aplicativos desenvolvidos na pesquisa

5.2.4 Aplicativo “Calculadora do 2° Grau”

O quarto e último aplicativo é denominado de “Calculadora do 2° Grau”. Como os estudantes da atualidade sabem utilizar calculadoras simples, idealizamos este aplicativo para que eles realizassem o cálculo das raízes de equações quadráticas. O propósito era de estimular o trabalho com a resolução de situações problema. Ele foi programado com apenas duas telas (ver Figura 28).

Figura 28 – Telas do aplicativo Calculadora do 2° Grau

Fonte: Elaborada pela autora, 2018.

Na tela de número 2 é possível realizar cálculos para encontrar as raízes de uma Equação do 2° Grau, ela indica as respostas dentro do conjunto dos números reais. No layout bastava que o usuário inserisse, nos espaços indicados, os coeficientes de uma equação quadrática e selecionasse o botão “calcular”.

A primeira tela do aplicativo trazia um pequeno texto de introdução ao usuário e para ela desenvolvemos a programação de um único botão, o “iniciar”, que, quando selecionado, direciona o usuário para a tela seguinte. Na tela 2 do “Calculadora do 2° Grau”, o usuário tem a indicação de inserir os valores dos coeficientes a, b e c para, em seguida, clicar no botão “calcular” e verificar quais são as raízes da equação. Caso seja necessário desenvolver outros cálculos, o usuário tem a opção de selecionar o botão “zerar”.

A Figura 29 apresenta a programação da segunda tela do aplicativo “Calculadora do 2° Grau”. Para sua programação foi necessário utilizar os blocos de “matemática”, “procedimentos”, “controle”, “texto” e “lógica”, inseridos com frequência nos demais aplicativos apresentados.

Figura 29 – Programação do aplicativo “Calculadora do 2° Grau”

Fonte: Elaborada pela autora, 2018.

O intuito de desenvolver este aplicativo é de tirar o foco do usuário em relação aos cálculos que devem ser realizados para encontrar as raízes de uma Equação do 2° Grau, quando o mesmo se depara com situações problema que abordam este conteúdo. Com isto, pontuamos que a interpretação de situações problema é importante para a construção do conhecimento e entendimento da função e da resolução de uma equação quadrática, especialmente para estudantes que estão se deparando com este conteúdo no contexto escolar.

Com o que apresentamos aqui, é possível perceber que buscamos desenvolver aplicativos, que proporcionassem experiências diferentes aos estudantes em relação ao conteúdo de Equações do 2° Grau.

No próximo capítulo, apresentamos as análises dos principais resultados desta pesquisa, destacando como se deu a interatividade dos estudantes com os aplicativos e as contribuições do uso de smartphones ao desenvolvimento cognitivo.

6 ANÁLISE DOS DADOS

Foi possível observar, durante a realização desta pesquisa, que existem algumas possibilidades de atividades promovidas pelo uso de smartphones nas aulas de Matemática, pois identificamos, assim como Ferreira e Mattos (2015) comentam, que os estudantes da Educação Básica utilizam este recurso com frequência em suas práticas diárias. Destarte, aplicamos algumas Sequências Didáticas em uma turma de nono ano do Ensino Fundamental II, conforme pontuamos anteriormente, a partir do uso de aparelhos smartphones e, com elas, buscamos responder à questão norteadora desta pesquisa, que transcrevemos novamente: A utilização de

smartphones nas aulas de Matemática, com aplicativos programados para o conteúdo

de Equações do 2° Grau, auxilia os estudantes a ressignificar suas aprendizagens? Salientamos que os aparelhos smartphones são considerados TD, neste viés a teoria Construcionista foi um aporte para nossa pesquisa, pois, conforme cita Romanello (2016, p. 14), “o Construcionismo evidencia as tecnologias digitais e as características de um ambiente permeado desses recursos”.

Foram utilizados diferentes instrumentos metodológicos para cada aplicativo programado, conforme foi citado no capítulo 4. Contudo, antes de explorar os aplicativos, analisamos um questionário que foi respondido pelos estudantes no início desta investigação com o intuito de identificar a relação dos mesmos com os aparelhos

smartphones, bem como verificar a relação que eles tinham com a disciplina de

Matemática. Este questionário está disponível no Apêndice C. No Quadro 5, apresentamos uma síntese das respostas obtidas.

Quadro 5 – Síntese das respostas obtidas no questionário inicial

Questões Respostas

1. Qual sua idade? 15 anos ou mais. Menos de 15 anos.

9 25

2. Você gosta da disciplina de Sim Não

Matemática? 20 14

3. Em relação ao seu aprendizado Facilidade Dificuldade

4. Você possui smartphone? Sim Não

26 8

5. Qual o sistema operacional de seu smartphone?

Android IOS- Phone Windows

Phone Outros

22 0 4 0

6. Quais são os aplicativos que

WhatsApp Facebook Câmera

Fotográfica GPS

25 20 11 0

você mais utiliza? Gravador de

voz Calculadora

Bloco de

notas Outros

0 10 3 0

7. Você já utilizou smartphone Sim Não Não responderam

em alguma aula na escola? 10 17 7

8. Gostaria de utilizar o

smartphone nas aulas de Sim Não

Matemática? 27 7

9. Acredita que o uso de smartphone Sim Não

pode auxiliar em seu aprendizado? 29 5

Fonte: Elaborado pela autora, 2018.

No quadro é possível perceber que 20 alunos disseram gostar de Matemática e 20 apontaram ter facilidade para aprender os conteúdos estudados. Apesar de o número ser o mesmo, alguns dos estudantes, que gostam da disciplina, pontuaram que possuem dificuldades no aprendizado de certos conteúdos, em contrapartida, outros que afirmaram não gostar da disciplina, indicaram que tem facilidade no seu aprendizado, perfazendo 41% dos alunos da turma.

Consideramos um número expressivo e acreditamos que isto se dá porque, ainda hoje, como destaca D’Ambrosio (1989), os alunos não desempenham um papel ativo nas aulas de Matemática e isto leva eles a verem a disciplina como desinteressante.

Dos 34 alunos, cerca de 76%, apontaram que possuem um smartphone pessoal, deste percentual, cerca de 85% indicaram que o sistema operacional de seu aparelho é o Android. Os demais possuem smartphones com o sistema operacional Windows Phone. Nenhum aluno afirmou utilizar o sistema operacional IOS da Apple. Diante do número de discentes que indicaram possuir um smartphone, esta pesquisa

se justifica, pois concordamos com Ferreira e Mattos (2015) ao afirmarem que o sistema educacional precisa ter um olhar mais atento às possibilidades destas ferramentas, de forma a intensificar o uso delas também dentro dos ambientes educacionais.

Ainda no questionário, é perceptível que os aplicativos Blocos de Notas, Calculadora e Câmera Fotográfica foram indicados como utilizados pelos estudantes que, nesta pergunta, podiam assinalar mais de uma opção. Mas, fica evidente que eles têm preferência por aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais, tais como o WhatsApp e o Facebook. Alguns deles justificaram esta escolha pela interação que elas possibilitam com os seus pares, independentemente do local físico em que eles se encontram. A necessidade de comunicação e de participação em diferentes espaços, e ao mesmo tempo, é apontada por Ferreira e Mattos (2015, p. 279), pois

[...] se informar imediatamente e de ter a possibilidade de se comunicar e de estar simultaneamente participando de diversas redes (de amigos e de acontecimentos) constituem-se hoje como formas de estar no mundo que não admitem mais as separações de tempo e de espaço dos tempos pré-digitais.

Independentemente de possuir um aparelho smartphone ou não, estas necessidades são perceptíveis aos alunos da atualidade. Os estudantes que indicaram no questionário não ter smartphones pessoais, cerca de 34%, também apontaram utilizar-se destas redes sociais nos aparelhos de seus pais ou em outros computadores que eles possuem acesso. Outros aplicativos indicados pelos alunos, que também são considerados redes sociais, foram o Instagram, Snapchat e Twiter.

Dentre aqueles que responderam à questão sobre a utilização de smartphones no contexto de sala de aula, 10 indicaram que os professores de Artes ou Inglês já utilizaram estes aparelhos para realizar pesquisa na Internet.

Ao todo, 27 alunos escreveram que gostariam de fazer uso de smartphones nas aulas de Matemática, 29 acreditam que a utilização desta ferramenta pode auxiliar no processo de aprendizagem. Contudo, eles indicam que a forma de auxílio promovida pelos aparelhos seria através do uso do aplicativo de calculadora ou do acesso à web para a realização e pesquisas. Na Figura 30 apresentamos esta visão por meio da resposta de dois alunos.

Figura 30 – Resposta de um dos estudantes quanto ao uso da calculadora do celular

“Quando as contas forem muito complicadas podemos usar a calculadora.”

“Com tutoriais que ensinam a resolver as operações mais complicadas.”

Fonte: Dados da pesquisa, 2018.

Cinco alunos demonstraram não considerar que o uso de smartphones pode auxiliar em seu aprendizado. Porém apenas um deles se justificou, mostrando-se preocupado quanto à falta de concentração que o aparelho pode proporcionar durante a aula.

Em relação a esta questão, a Lei Estadual nº 18.118/2014-PR permite o uso de

smartphones no contexto de sala de aula de forma pedagógica, porém o que é previsto

nesta lei não é suficiente para que esses aparelhos sejam efetivamente utilizados na Educação.

A utilização de smartphones somente para atividades de pesquisa e o uso da Calculadora, ou do Bloco de Notas, indica uma visão reducionista frente às possibilidades desta TD no contexto educacional. Isto nos faz perceber que é preciso promover a usabilidade de forma significativa das tecnologias móveis nas instituições escolares, apresentar diferentes alternativas pedagógicas que esta ferramenta possui pode ser um caminho para a sua inserção de forma efetiva em sala de aula.

Em relação à questão aberta presente no questionário, que visava apontar os conteúdos estudados na disciplina de Matemática, para os quais os estudantes perceberam ter mais dificuldades, somente 20 alunos responderam. Doze alunos apontaram o conteúdo de Equações do 2° Grau e aplicação da Fórmula de Bhaskara

e oito citaram a aplicação do Teorema de Tales. Corroborando com a ideia inicial deste estudo e com as informações repassadas pela professora regente da turma, durante o planejamento das ações da pesquisa, optou-se por proporcionar aos alunos uma maior interatividade com aplicativos de Equações de 2° Grau.

Diante do panorama que o questionário inicial nos proporcionou, principalmente em relação ao uso de smartphones no contexto de sala de aula, evidenciamos que esta pesquisa atende a expectativa estabelecida no objetivo geral definido por este estudo, que é investigar as contribuições de utilização de smartphone por meio da criação e validação de aplicativos matemáticos educativos para o ensino de Equações do 2° Grau.