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CAPÍTULO 2 POTENCIALIDADE DE UTILIZAR SENSO COMUM PARA APOIAR A

2.4. Possibilidades de Utilizar Conhecimento de Senso Comum para Apoiar o

2.4.2. Apoio à Utilização de Operadores Cognitivos

Levando em consideração o conceito dos operadores cognitivos, vê-se a possibilidade de utilizar o senso comum para auxiliar os professores a utilizar os operadores relacionados à, pelo menos, quatro estratégias cognitivas identificadas por West et al. (1990) e utilizadas por Liebman (1998). São elas: (i) metáforas e analogias, (ii) ensaios,

(iii) organizadores de avanço e (iv) mapas de conceitos.

Como abordado previamente, as metáforas e analogias são utilizadas por aprendizes freqüentemente como estratégia para guiar a sua aprendizagem e promover a retenção do conhecimento.

Gordon e Poze (1971) sugerem que o uso de analogias e metáforas estende a mente e força o aprendiz a pensar criticamente, ou seja, desencadeia um processo interno do aprendiz – estratégia cognitiva – que o auxiliará na aprendizagem.

Tendo isso em mente, os professores podem utilizar o senso comum para identificar metáforas utilizadas por seus aprendizes para referenciar-se a algo relacionado ao tema da AA. Também, poderiam ser identificados, exemplos do dia a dia do público alvo para compor analogias a serem utilizadas durante a exposição de um tema, os quais funcionariam como operadores cognitivos.

Lieberman e Kumar (2005) apresentam uma ferramenta, a SuggestDesk, proposta para auxiliar atendentes on-line com o seu trabalho. Um dos exemplos utilizados pelos autores é o de um atendente de um provedor de acesso à Internet, explicando para o usuário uma possível causa de seu navegador estar lento.

No cenário descrito pelos autores, o atendente fornece à ferramenta as informações “o navegador está devagar” e “download de arquivos”. A ferramenta diagnostica que o cache do navegador pode estar cheio e, em uma das analogias que ela faz, sugere que o atendente explique ao usuário que o cache está para o navegador assim como os carros estão para a pista e que, da mesma forma que o tráfego se torna lento quando há muitos carros na pista, o navegador perde desempenho se o cache estiver cheio. Finalizando, a ferramenta sugere que o atendente conclua a sua explicação mencionando que, para o navegador melhorar o seu desempenho, o usuário deve limpar o cache, pois assim como o tráfego flui melhor quando há menos carros na pista, o navegador funciona melhor quando há poucas coisas armazenadas no cache.

Na mesma linhagem, Anacleto et al. (2007b) apresentam um assistente on-line para apoiar o treinamento de operários a prevenir ou lidar com acidentes no ambiente de trabalho. O assistente pede para o usuário, no caso o próprio aprendiz, fornecer uma entrada falando sobre o que eles desejam saber e apresenta (i) termos relacionados à informação buscada, (ii) qual a relação que há entre a informação buscada e os termos apresentados, e (iii) analogias que se encaixam no contexto.

Em um dos exemplos explorados pelos autores, o usuário do sistema fornece a palavra “combustível” e o assistente retorna a definição “elemento que serve de campo de propagação de fogo”, conceitos relacionados e suas relações como, por exemplo, “São tipos de combustível sólido: madeira, papel, carvão” e a uma analogia

com o termo buscado (“Presença de combustível é um pré-requisito para ocorrer fogo, assim como ter gás é pré-requisito para acender o fogão”).

Sobre os organizadores de avanço, a utilização de informações de domínio do público alvo, para introduzir um novo assunto, permite a associação do novo assunto com conhecimento adquirido anteriormente, promovendo a aprendizagem significativa (West et al., 1990). Esse operador é proposto com base na Teoria de Ensino e Aprendizagem de Ausubel (1976).

Os ensaios consistem em apresentar informações para manter a informação sendo processada na memória de trabalho dos aprendizes. Eles incluem repetição, perguntas e respostas, predizer e esclarecer, redefinir ou parafrasear a informação, revisar e resumir, selecionar qual a informação importante, tomar notas e enfatizar (West et al., 1990; Liebman 1998). Nesse contexto, os professores poderiam utilizar conhecimento da base para questionar coisas relacionadas ao assunto da nova aprendizagem, para manter os aprendizes pensando sobre aquilo, enquanto estudam. Também é possível recuperar sentenças da base e pedir para que os aprendizes as parafraseiem.

Quanto aos mapas de conceitos, esse operador é baseado na técnica proposta por Novak (1977) para viabilizar a aprendizagem significativa da Teoria de Ausubel (1976). A técnica sugere a identificação e hierarquização dos conceitos a serem abordados em uma AA. Como já apresentado anteriormente, pode-se utilizar o senso comum para identificar os conceitos relevantes para a AA e então organizá-los, de acordo com o que sugere a técnica para construir mapas de conceitos.

Ainda relacionado ao auxílio para os professores utilizarem operadores cognitivos, também se pode pensar em procurar, no senso comum, os procedimentos que as pessoas comumente realizam quando envolvidos em um processo de aprendizagem, acreditando-se que, através da descrição desses procedimentos, possam ser identificadas as estratégias cognitivas mais comumente usadas pela população durante a aprendizagem. Dessa forma, podem-se identificar outros elementos que operem no cérebro do indivíduo como as metáforas e analogias mencionadas anteriormente, isso é, operadores cognitivos baseados em senso comum.

Por exemplo, Beckman (2002) considera o ato de grifar como uma estratégia cognitiva. Considerando que nenhum pesquisador tivesse identificado essa

estratégia, um professor poderia, pela análise de conhecimento de senso comum, descobrir que grifar é uma forma do aprendiz dar ênfase a algo que ele considera importante. Assim, o professor poderia passar a grifar as coisas que ele deseja que seja notado por seus aprendizes, no material de aprendizagem que ele disponibilizar. Grifando as coisas que ele considera importante, o professor está na verdade pretendendo ativar a estratégia cognitiva dos aprendizes relacionada ao ato de grifar e, portanto, está utilizando um operador cognitivo.

Pode-se perceber, dessa maneira, que o senso comum pode auxiliar o professor na utilização de operadores cognitivos.

2.4.3. Apoio à Preparação de Ações de Aprendizagem que Permitam a