• Nenhum resultado encontrado

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM PROVENTOS INTEGRAIS

A Constituição Federal de 1988 e as sucessivas emendas n.os 20/1998, 41/2003 e 47/2005 constitucionalizaram as regras previdenciárias dos servidores públicos.

Todas as mudanças tiveram profundas repercussões na vida funcional dos servidores públicos, especialmente o estabelecimento de idade mínima para aposentar-se, critérios de cálculos e correção dos proventos.

Para este ponto do trabalho, destaca-se as regras no tocante à aposentadoria por invalidez por ter sido objeto de algumas ações judiciais.

O inciso I, do parágrafo 1.o, do artigo 40, da Constituição Federal, estabelece que as aposentadorias por invalidez dos servidores públicos serão proporcionais ao tempo de contribuição, como regra e, excepcionalmente, integrais se decorrentes de acidentes de trabalho, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável.

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.

§ 1.o Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos parágrafos 3.o e 17:

I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;

A polêmica surge no momento de proceder ao enquadramento da doença causadora da aposentadoria, principalmente quando se trata de verificar se decorre ou não do trabalho, tendo sido adquirida ou agravada em razão dele, pois são diferentes as interpretações para o conteúdo da norma regulamentadora.

Os gestores dos institutos de previdência, em regra, procuraram descaracterizar a doença ou acidente de trabalho, pois assim as aposentadorias serão proporcionais ao tempo de contribuição e não integrais e, dessa forma, os valores dos proventos serão menores.

Destaque-se que, tanto na hipótese de aposentadoria integral como proporcional, esta será calculada com base na média aritmética das 80% maiores contribuições a da partir de julho de 1994, e os proventos não serão corrigidos com base na regra da paridade em relação aos servidores ativos.

Quando surge a divergência, resta ao Poder Judiciário, se provocado por uma das partes, decidir com quem está o direito.

No presente estudo foi analisado um caso de professora assistida pelo departamento jurídico do SISMMAC para defender a tese de que, em seu caso, se tratava de moléstia relacionada ao trabalho e que fazia jus à aposentadoria integral.

A profissional do magistério era portadora de Síndrome do Desfiladeiro Torácico e o Município sustentava que as causas de suas dores e dificuldades pra o trabalho e consequente inaptidão para o mesmo decorriam de Fibromialgia. A primeira está relacionada ao trabalho e a segunda não, portanto, a primeira gera aposentadoria integral e a segunda, aposentadoria proporcional ao tempo de contribuição.

Na forma da Instrução Normativa do INSS n.o 98/2003, a referida síndrome decorre de compressão sobre o ombro, flexão lateral do pescoço e elevação dos membros superiores e, no caso concreto, teria como causa originária ou agravamento os repetidos levantamento dos braços para escrever no quadro e apagá-lo.

A professora foi aposentada por invalidez com proventos proporcionais, recebendo aproximadamente 40% da sua última remuneração, pois contava com apenas 11 anos de contribuição.

Recorreu ao Judiciário que lhe assegurou o direito de aposentadoria integral, determinando a retificação do ato de aposentadoria e o pagamento de todas as verbas que lhe foram suprimidas desde o momento da concessão aposentadoria.

O impacto de tal decisão foi grande na vida da professora, pois teve restabelecida a integralidade da aposentadoria com repercussão entre muitos professores que passaram a ter mais cautelas com seus registros funcionais, em especial a realização da CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho. Em que pese o ganho econômico ter sido apenas da autora, a repercussão foi para toda a categoria e serviu como referência para outros profissionais.

No caso específico deve-se registrar que houve um impacto direto para autora e um impacto indireto para os demais professores que a tomaram como parâmetro para outros cuidados funcionais, pois o sindicato deu ampla publicidade da decisão. Não fosse a intervenção judicial, a profissional teria sofrido todas as consequências econômicas e sociais de um aposentadoria que correspondia a um terço da remuneração recebida antes de se aposentar.

AUTOS OBJETO INTERESSADOS RESULTADO IMPACTO 41087/2003

4.a VFP Assegurar a aposentadoria com proventos integrais em razão de síndrome relacionada ao trabalho. Profissional do Magistério com problemas de saúde decorrentes de moléstia profissional, aposentada com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, quando deveria ser por período integral.

Ação julgada

procedente em primeiro grau, declarando o direito de aposentadoria integral à autora, bem como restituição dos valores descontados. Decisão mantida perante o Tribunal de Justiça do Paraná. Reconhecimento de que a profissional não se encontrava em condições de permanecer em suas funções, bem como o reconhecimento do direito de aposentar com proventos integrais pelo fato de a moléstia decorrente de um repetitivo esforço causado pelo exercício de sua profissão. Teve importante repercussão junto aos demais servidores pois houve um aumento da preocupação com o registro de acidentes de trabalho ou outros doenças.

QUADRO 11 - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM PROVENTOS INTEGRAIS FONTE: Poder Judiciário do Estado do Paraná (o autor)

Documentos relacionados