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6 APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO E ABONO DE PERMANSN CIA EM SERVIÇO

Nota I z De acordo com a pesquisa realizada pela Comissão Permanente de Benefícios e Serviços Assistenciais

6 APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO E ABONO DE PERMANSN CIA EM SERVIÇO

Na nova concepção de seguridade social, a aposentadoria por tempo de serviço, que corresponâe ao maior gasto com benefícios (28% da despesa total cora bene fícios em geral e 50% da despesa total com aposentadorias)

, tal como regulamentada no Brasil, ê o benefício de me nor prioridade relativa no elenco da Previdência Social,

Ao que tudo indica, este benefício privile gia, indevidamente, segurados de renda media e alta, fi bas tante provável que os trabalhadores de rendas mais baixas- tenham sua oportunidade de acesso aos benefícios da aposen tadoria por tempo de serviço dificultada por diversas ra zões. Entre elas, falta de documentos que comprovem o tem po de serviço, ou por não conseguirem guardar por tanto - tempo os comprovantes ou, mais habitual, por não terem du rante diversos períodos de sua vida ativa, formalização de seus contratos de trabalho.

Por outro lado, ê comum encontrar aposenta dos por tempo de serviço que continuam trabalhando, com - plena capacidade laborativa, recebendo, neste caso, um adi cional aos seus salários, acumulando os rendimentos do tra balho e da aposentadoria.

No debate sobre aposentadoria por tempo de serviço ê freqüente ouvir-se a seguinte afirmativa; "A ex pectativa de vida do brasileiro ê muito baixa. Se for es tabelecido um limite de idade, praticamente ninguém usufru iria deste benefício".

De fato, a expectativa de vida ao nascer -

1 - Vide Quadro I do Apêndice, ano de 1.9 86,

do brasileiro, embora crescente, é ainda bastante baixa. Se gundo dados do IBGE, situa-se em torno de 61 anos para os homens e 65 para as mulheres.

- Ocorre, no entanto, que a expectativa de v^ da ao nascer ê pouco relevante para a análise do problema -

da aposentadoria por tempo de serviço. Vencida a barreira­ da mortalidade infantil, a expectativa de vida cresce signi

ficativamente. Por exemplo, um indivíduo do sexo masculino que, em 1.970, tivesse 50 anos de idade, viveria em media - mais 20,67 êinos, atingindo a idade de cerca de 70 anos.

Isto significa que, alguém que tenha começa do a trabalhar aos 14 anos de idade, poderia estar aposenta do aos 50 anos, com beneficio integral, ou aos 45 anos, com aposentadoria proporcional. Neste caso, sendo do sexo mas culino, receberia benefícios, respectivamente, por 20 ou 25 anos. Se houver dependentes (esposa, filhos menores ou in válidos), ainda existirá uma pensão apôs o falecimento do a posentado.

Sob o aspecto de eqflidade, é importante que se tenha em mente o diferencial de expectativa de vida se gundo o nível de renda, Este diferencial é máximo quando - se trata da expectativa de vida ao nascer, dada a forte in fluência da renda sobre os níveis de mortalidade infantil , Embora cada vez menores, estes diferenciais existem também- no que toca à esperança de vida em cada idade.

Este fato introduz uma nova consideração na análise do aspecto de justiça social da aposentadoria por tempo de serviço. Aqueles indivíduos de baixa renda, sobre viventes á mortalidade infantil e que porventura tenham ti do a precaução de coletar e guardar toda a documentação com probatória do tempo de serviço, são exatamente os que, era média, usufruirão menos do beneficio. Estranhamente, quan do se fala em alterar a regra da aposentadoria por tempo de serviço, são justamente os trabalhadores de baixa renda os que mais se mobilizam contra a idéia.

a possibilidade de melhoria dos valores de benefícios mais essenciais,

A exigência de um limite mínimo de idade pa ra concessão de aposentadorias a segurados validos, suaviza as distorções do atual sistema, Esse limite, inclusive,não deveria ser estático, devendo ser redefinido na medida era que a sociedade evoluir no sentido de propiciar â sua popu lação uma maior expectativa de vida, A aposentadoria não de veria ser prêmio por tempo de serviço, baseando-se, ao con trãrio, na presunção de incapacidade para o trabalho, wão ê correto exigir-se dos trabalhadores ativos, inclusive os de baixa renda, contribuir para que outros tenham um beneficio de aposentadoria acumulado com salãrio, como vem ocorrendo, que, no fundo, significa um subsidio de renda pago por toda a sociedade. Vale lembrar, adicionalmente, que os trabalha dores de baixa renda dificilmente gozam desse privilegio,em virtude da sua perda gradual de capacidade laborativa.

Outro aspecto que merece ser salientado ê o da aposentadoria dos trabalhadores de baixa renda, A sim­ ples introdução do limite mínimo de idade poderia ser preju dicial a estes. Em primeiro lugar, porque sua expectativa- de vida (tanto ao nascer quanto a cada idade) ê inferior â dos trabalhadores de renda mais alta, o que tornaria a apo sentadoria por tempo de serviço quase inõcua, para aquela - faixa, se o único critério a ser considerado fosse a idade, Era segundo lugar, mesmo no caso de sobrevivência, o traba - lhador dessa faixa de renda, em geral ocupado em tarefas ma nuais e mais penosas, tem a sua capacidade laborativa dimi­ nuída muito antes dos demais, o que torna mais difícil man ter o emprego em idades avançadas. Dessa forma, acredita - se que a não obrigatoriedade de limite de idade, para apo - sentadorias de valor até 3 SMR, atenderia a estes segurados.

Não se pode admitir no entanto, pelas ra­ zões jã expostas, o direito de acúmulo de benefícios e ren dimento de atividade, razão principal da extinção do abono- de permanência em serviço. Por outro lado, a exigência do limite de idade, para fazer jus ã aposentadoria por tempo - de serviço, jã deve retardar os requerimentos deste benefl-

cio, o que, por sua vez, coincidiria com a justificativa pa ra criação do próprio abono de permanência em serviço, tor nando-o, assim, mais sem sentido do que o que teria hoje.