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Nota I z De acordo com a pesquisa realizada pela Comissão Permanente de Benefícios e Serviços Assistenciais

4.2 PLANO DE BENEFÍCIOS

üm primeiro e importante aspecto observado ê o fato de não haver um plano único para todos os segura - dos. Uma diferenciação significativa e determinada pela e xistência dos regimes urbano e rural da Previdência Social. Para o segmento dos segurados atendidos em cada um desses - regimes ê definido ura elenco distinto de benefícios, bea co mo critérios de concessão e forma de cálculo de seus valo - res bastante variados. Também existem diferenças no prô - prio regime urbano entre as várias categorias de contribuin tes.

0 plano de benefícios em sua configuração- atual carece, também, de maior clareza e consistência na de

finição dos princípios que o norteiam. De um lado, percebe -se que os riscos sociais básicos, internacionalmente reco nhecidos como prioritários - doença, invalidez, velhice,mor te e desemprego - dão origem a benefícios cujos valores são a própria negação da cobertura a que se propõem. Por outro

riscos apon-tados, e que são mais relacionados â questão do bem-estar do que a seguridade social propriamente dita. Es tes benefícios - auxilio-natalidade e salãrio-familia, en tre outros - por consistirem, na realidade, numa complemen- tação salarial face a situações determinadas, e dado o seu valor limitado, têm importância maior para a população segu rada de baixa renda,

Um outro ponto que deve ser explicitado - diz respeito aos critérios adotados para estabelecer a rela ção entre o valor do beneficio e o salãrio. Atualmente, há grande discrepância entre o salãrio-de-contribuição de uma pessoa em atividade e o valor do benefício que ela pode vir a perceber, fruto do tratamento casulstico dado no período- recente âs muitas variáveis que influem no cálculo deste va lor, na ausência de regras claramente determinadas e divul­ gadas , A distorção das regras de calculo contra os segura­ dos da Previdência resultou da tentativa de conter o défi^ cit da Previdência gerado pela recessão, pelo desemprego e por uma política salarial adversa, sem esquecer os desvios- de recursos e do patrimônio dos contribuintes,

Muitas dessas variáveis tendem a restrin - gir o valor do benefício, Ainda com referência ao valor dos benefícios, cabe mencionar que se constatou uma deterio ração desses valores em relação â política salarial, devi^ do â sistemática de cálculo e reajuste adotada pelo INPS en tre 1,979 e 1,984,

Verifica-se, também, a ausência de isono - mia no tratamento dispensado âs diversas categorias de segu rados e dependentes, acrescentcuido-se as distorções dela de rivadas âs desigualdades observadas entre os vários regimes da Previdência,

Face a este diagnostico, e dentro de um - contexto de redefinição do próprio conceito de seguridade - social, destacam-se como prioridades a criação de previdên­ cia única, indiscriminada quanto a urbanos e rurais, a am pliação de direitos básicos de cidadania associados ao segu ro social, e a universalização da assistência médica e da assistência social.

Nesta perspectiva, não se reconhece um di reito exclusivamente individual pela vinculação formal ao sistema previdenciãrio, mas um direito coletivo decorrente- da incidincia direta ou indireta dos encargos previdenciãr^ os sobre toda a sociedade. A universalização do sistema e a correção de distorções derivarão da aplicação de um prin cípio bãsico de justiça.

Por fim, a obediência a tais definições o rienta as propostas de aperfeiçoamento do plano de benefíci os, com destaque para os seguintes aspectos:

1 - Estabelecimento de um Plano Básico Contributivo, abran­ gendo todos os trabalhadores em igualdade de condições. 2 - Introdução do princípio de seletividade era função da -

renda na concessão de benefícios como salârio-familia , auxilio-natalidade e auxilio-funeral, de forma a prio­ rizar os beneficiários de menores rendimentos.

3 - Estcüaelecimento de critérios mais adequados para a con cessão, forma de cálculo, tetos e pisos de todos os be neficios, com ênfase maior para os de riscos não progra máveis (invalidez, doença e morte), objetivando maior

justiça social.

4 - Manutenção do atual PRORÜRAL para os trabalhadores ru

rais sem condições de ingresso no Plano Básico Contribu tivo.

5 - Concessão de amparo pecuniário nos riscos de velhice e invalidez, independentemente de contribuição individual a todos os cidadãos sem capacidade contributiva (custea dos com recursos da União).

4.2.1 - UNIVERSALIZAÇÃO DA PREVIDfiNCIA SOCIAL

PREVIDfiNCIA SOCIAL RURAL

A primeira e mais importante conseqüência- das propostas quanto â universalização poderá ser a integra ção da Previdência Social Rural, hojé tratada em regime pro prio ao geral. Atualmente ê vedado ao trabalhador rural o acesso ao plano urbano, o que significa grande discrimina - ção ao campo em termos de proteção social. 0 regime de Pre

vidência Social Rural baseia-se em regras próprias de finan ciamento indireto, e dã origem, com seus parcos recursos a uma proteção extremamente precãria ao trabalhador, não sõ - pelo limitado aspecto dos riscos envolvidos era sua cobertu­ ra como tambira pelos baixos valores de seus benefícios.

Admitida a existência de treibalhadores ru rais com capacidade contributiva, seria criado para estes - um regime facultativo, mais próximo do regime urbano, Não obstante o fato de receberem salários apenas durante sete meses por ano, o salário médio mensal dos assalariados ru rais já se aproxima de algumas categorias urbanas, mesmo no caso de algumas categorias de bóias frias, que, apesar de não assalariados, têm uma condição de empregado configurada pelos contratos coletivos de trabalho. Os pisos salariais- constantes destes contratos já superam o salário mínimo ur bano,

É cada vez mais freqüente no meio rural a presença de agroindústrias, que levam ao limite as relações capitalistas de produção e que sinalizam para o novo modo de ocupação da fronteira agrícola no centro-oeste. Nelas prevalece, em que pese a natureza capitalista de sua produ ção, a duplicidade do regime previdenciário, ficando ao li vre arbítrio da empresa o registro de seus empregados no re gime urbano ou no regime rural, com óbvias conseqüências não só sobre a natureza da proteção social ã qual se inte - gram, como também sobre a estrutura de financiamento da Pre vidência, Esta se vê privada da contribuição sobre a folha devida pelas empresas, caso integrem a um regime geral par te expressiva dos assalariados e empregados rurais.

Tal é a falta de proteção no meio rural, - que na intenção de proteger os trabalhadores rurais, tem-se procedido à classificação de um trabalhador rural como tra balhador urbano, com a finalidade de propiciar sua inseri - ção no regime previdenciário urbano, Como o estatuto sindi cal integra a legislação do trabalho, este fato tem induzi­ do, em alguns casos, a sindicalização urbana do trabalhador rural. A alteração do estatuto previdenciário para inclu - são dos rurais ao regime geral permitirá raanter intocada a

caracterização trabalhista do rural, não afetando juridica­ mente nem o estatuto trabalhista, nem o estatuto sindical.

Em suma, hã de se criar um plano que deve seguir as linhas da Previdência Social Urbana e estar com ela integrado, mesmo porque, embora as atividades rurais se jam distintas das urbanas, o trabalhador não está obrigado- a permanecer na mesma atividade toda a sua vida. Seria,por tanto, um plano obrigatório para quem presta serviços a em pregadores rurais mediante remuneração, cabendo a esses em pregadores a maior parte do custeio.