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Application form and boron doses in the yield of Phaseolus vulgaris grown in irrigated system in the tropical region

Rilner Alves Flores1*, Patrícia Pinheiro da Cunha1, Fernando Nascimento Olímpio Silva2, Luiz

Raimundo Garcias Neto2, Raissa Alves Rodrigues2, Everton Martins Arruda3, Mayara Cardoso

Donegá2

1 Professor Adjunto da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil.*rilner1@hotmail.com 2Graduando em Agronomia da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, GO, Brasil.

3 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás, GO, Brasil.

Resumo

O Brasil é o segundo maior produdor mundial de feijão, a seguir à Índia.A cultura é considerada exigente em nutrientes, em decorrência do sistema radicular superficial e de ciclo curto. Para a garantia de altos rendimentos produtivos da cultura em regiões de clima tropical, a aplicação de micronutrientes constitui uma prática cultural indispensável.Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do modo de aplicação e de doses de boro sobre o rendimento produtivo do feijoeiro cultivado em sistema irrigado em região de clima tropical. O estudo foi realizado na Universidade Federal de Goiás, Brasil, sob sistema de irrigação por aspersão em pivô central. O delineamento experimental foi um fatorial 2x5, sendo 2modos de aplicação de boro (via solo e via foliar) e 5 do-

ses de boro (0, 2, 4, 6 e 8 kg ha-1), com 3 repetições. Foram avaliados o teor de boro foliar e a produtividade. A

aplicação de boro na forma foliar promove a maior absorção do nutriente pela cultura em relação à aplicação via solo. A aplicação de doses excessivas de boro via solo pode reduzir a produtividade da cultura até 20%. Os resultados sugerem que as doses de boro recomendadas para a cultura do feijoeiro são consideradas adequa- das para as mesmas condições de solo e clima e sistema de manejo adotado.

Palavras-chave: feijoeiro-comum, adubação foliar, micronutrientes, Cerrado.

Abstract

Brazil is the second largest world producer of beans, behind India. This culture is considered very demanding in nutrients, due to their shallow root system and short cycle. For ensuring high bean yields in tropical regions, the application of micronutrients is an essential cultural practice. Thus, the aim of this study was to evaluate the effect of the application mode and doses of boron on bean yields grown in the tropical region. The study was conducted at the Federal University of Goiás, Brazil, under sprinkler irrigation by a center pivot. The experimental design was

a factorial 2x5, 2 boron application modes (via soil and foliar) and 5 boron doses (0, 2, 4, 6 and 8 kg ha-1), with 3

repetitions. The leaf boron content and grain yield were evaluated. The application of boron in leaf form promotes greater absorption of nutrients by the culture comparing to the application through soil. The application of exces- sive doses of boron in soil can reduce crop yield by 20%. The results suggest that boron doses recommended for bean crop are considered suitable for the same soil and climate conditions and soil management.

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Introdução

O Brasil é o segundo maior produtor de feijão em grãos, atrás apenas da Índia [1]. O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é a espécie mais cultivada dentre o gênero

Phaseoluse está presente na maioria dos

sistemas de produção brasileira, abrangen- do desde os pequenos e médios produto- res, assim como sistemas produtivos de alto rendimento e altamente tecnificados [2]. A adoção de práticas eficientes de manejo nos diferentes sistemas de produção, dentre elas a nutrição mineral, tem contribuído para o aumento do rendimento produtivo da cul- tura nos últimos anos [3]. Os micronutrien- tes, apesar de requeridos em menores quantidades, são muito importantes para a produção de feijão, e, segundo [4], esta prática é indispensável para a obtenção de altos rendimentos produtivos. No entanto, ainda há uma lacuna na recomendação de adubação de micronutrientes para a maioria das culturas, inclusive o feijoeiro [5].

Segundo [6]a recomendação de micronutri- entes para solos da região do Cerrado bra- sileiro, com base na análise química do so- lo, ainda é bastante limitada devido, prati- camente, à inexistência de estudos de cali- bração de métodos da análises de solos para esses nutrientes.

Portanto, o monitoramento do estado nutri- cional do feijoeiro é imprescindível, pois é frequente a ocorrência de desordens nutri- cionais, principalmente de boro e zinco em solos brasileiros [7]. Ainda, [8] verificou que o boro foi o nutriente mais limitante para a produção do feijoeiro, sendo tão drástica que, além da redução do crescimento da parte aérea e dos sintomas típicos de defi- ciência, não houve produção de grãos. Neste sentido, o estudo objetiva avaliar o efeito do modo de aplicação e de doses de boro sobre o rendimento produtivo do feijo- eiro cultivado em sistema irrigado em região de clima tropical.

Material e métodos

O experimento foi conduzido na área expe- rimental da Escola de Agronomia da Uni- versidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil. O solo da área era um Latos-

soloVermelho distroférrico, segundo o sis- tema brasileiro de classificação de solos (Soil Taxonomy: Oxisol) sob um sistema de irrigação por aspersão em pivô central. Antes da implantação do ensaio foram reali- zadas amostragens de solo para a determi- nação da fertilidade do solo segundo méto- dos descritos por [9]. Os resultados da aná- lise química foram: pH (CaCl2): 5,1; M.O.:

29,0 g dm-3; Ca: 1,7 cmol

c dm-3; Mg: 0,6

cmolc dm-3; Al: 0,0 cmolc dm-3; H+Al: 2,4

cmolc dm-3; K: 0,52 cmolc dm-3; P (melich 1):

6,7 mg dm-3; S: 1,2 mg dm-3; B: 0,19 mg dm- 3; V%: 54,15; Argila: 420 g kg-1; Areia: 470 g

kg-1. Com o resultado da análise foram apli-

cados 310 kg ha-1 de calcário com 92% de

PRNT para elevar a saturação por bases a 65%. No momento do plantio, foram aplica- dos20 kg ha-1 de N na forma de ureia, 120

kg ha-1 de P

2O5 na forma de superfosfato

simples, e 60 kg ha-1 de K

2O na forma de

cloreto de potássio, para uma espectativa de produção de 5 t ha-1 de grãos, segundo

[6]. A adubação de cobertura com nitrogênio foi realizada com 80 e 40 kg ha-1 aplicados

aos 20 e 40 dias após a germinação, res- pectivamente.

O delineamento experimental foi um fatorial 2x5, sendo 2modos de aplicação do boro (via solo e foliar), e 5 doses de boro (0 (con- trole), 2, 4, 6 e 8 kg ha-1), com 3 repetições.

A aplicação de boro no solo foi realizada no momento do plantio, enquanto que a aplica- ção foliar foi realizada aos 40 dias após a germinação da cultura.

Cada parcela foi composta por 5 linhas de 5 metros de comprimento, espaçadas em 0,45 m entre linhas. O plantio foi realizado em 23/06/2015 e a avaliação do estado nutricional foi realizado no início do flores- cimento com a coleta de 20 folhas diagnós- tico “+3”, ou seja, a primeira folha amadure- cida a partir da ponta do ramo, em cada parcela, segundo procedimentos proposto por [10]. Em seguida, foram determinados os teores de boro no tecido vegetal, empre- gando-se a metodologia descrita por [11]. A colheita foi realizada manualmente, conside- rando as duas linhas centrais e 2 metros em cada linha, desconsiderando 1 metro em cada extremidade de cada linha de cultivo para efeito de bordadura, totalizando 3,6 m2

obtidos foram tabulados e submetidos à análise de variância para avaliar os fatores modo e dose de aplicação de boro. pelo teste Tukey para os dados qualitativos e análise de regressão polinomial para os dados quantitativos.

Resultados e discussão

A aplicação de boro via foliar proporcionou a maior absorção do nutriente pela cultura em relação à aplicação via solo. No entanto, a maior absorção de boro pelo feijoeiro não refletiu o maior rendimento produtivo (Tabe- la 1).

Tabela 1 -Boro foliar e produção de grão do feijoeiro

comum (Phaseolus vulgaris L.) em função do modo de aplicação e doses de boro.

Tratamentos B foliar Produção

Fontes (F) mg kg-1 kg ha-1

Ácido Bórico 134,97a 3721a FTE BR 12 107,31b 3699a F 16.23** 0,07ns Doses (D) (kgha-1) 0 39,10 3645 2 69,05 3802 4 125,20 3868 6 163,07 3863 8 209,27 3375 F 80,53** 4,99** Interação FxD 2,74ns 11,65** R.L. 320,10** 2,65ns R.Q. 0,24ns 15,23** C.V.(%) 15,52 6,15

R.L.: regressão linear; R.Q.: regressão quadrática; C.V.: coeficiente de variação; Letras minúsculas iguais na mes- ma coluna não diferem entre si ao nível de 5% de probabi- lidade pelo teste Tukey. **, * e ns – significativo a 1 e 5%, e

não-significativo a 5% de probabilidade pelo teste F, res- pectivamente.

Em relação à aplicação de doses de boro, houve incremento na absorção do nutriente pela cultura, independente do modo de aplicação, e esse incremento refletiu na produtividade da cultura (Tabela 1). A aplicação de doses crescentes de boro promoveu um incremento de 460 e 570% nos teores de boro foliar com o uso da maior dose (8 kg ha-1) em relação ao

tratamento controle, ou seja, sem aplicação de boro, para o FTE BR 12 (via solo) e o Ácido Bórico (via foliar), respectivamente (Figura 1).

É importante ressaltar que os teores de boro nas folhas de feijoeiro comum estão acima

dos considerados adequados (30-50 mg kg-1)

para a cultura cultivada na região [12], com exceção do tratamento controle quando aplicado o ácido bórico (via foliar).

Figura 1 – Teor de boro foliar no feijoeiro comum

(Phaseolus vulgaris L.) em função do modo de aplicação e doses de boro.

Ao avaliar o modo de aplicação e as do- ses de boroaplicado na cultura do feijoei- ro, houve um comportamento diferente quanto ao rendimento produtivo. A aplica- ção de boro via solo na forma de FTE BR 12 reduziu o rendimento produtivo da cul- tura em 20% em relação ao tratamento controle (Figura 2). No entanto, quando aplicado o Ácido Bórico via foliar, houve um incremento na produtividade em 11% em relação ao tratamento controle (Figura 2).

Figura 2 – Produção de grão do feijoeiro comum

(Phaseolusvulgaris L.) em função do modo de aplicação e doses de boro.

Vale ressaltar que nos tratamentos com as maiores doses aplicadas via foliar, as folhas das culturas do feijoeiro ficaram encarquilhadas e com clorose generaliza- da em todas as folhas da planta. No en- tanto, os mesmos sintomas não foram observados nas folhas novas que surgi- ram após a aplicação do nutriente. Se- gundo [13], os sintomas visuais típicos de

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toxidez de B na maioria das espécies é a queima das folhas, ou seja, clorose e necrose, frequentemente nas bordas e pontas das folhas mais velhas.

Conclusões

A aplicação de boro na forma foliar pro- move a maior absorção do nutriente pela cultura em relação à aplicação via solo. A aplicação de doses excessivas de boro- via solo pode reduzir a produtividade da cultura até 20%.

Os resultados sugerem que as doses de boro recomendadas para a cultura do fei- joeiro são consideradas adequadas para as mesmas condições de solo e clima e sistema de manejo adotado.

Agradecimentos

Apoio financeiro: FAPEG e ao CNPq

Referênciasbibliográficas

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VII Congresso Ibérico das Ciências do Solo (CICS 2016) VI Congresso Nacional de Rega e Drenagem

Produção de Phaseolus vulgarisem função de doses e fontes de boro

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