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Capítulo 2: O uso da simulação “Build molecule” – Phet simulations no ensino das

2.2. Revisão da literatura

2.2.1. Aprender e ensinar com as TIC

De acordo com Sarmento (citado por Pinto, 2012): “Atualmente, vivemos numa sociedade onde o computador assume, cada vez mais, uma importância significativa no dia- a-dia de cada cidadão. Neste sentido, a escola como meio socializador da criança, não se pode alhear da utilização deste recurso educativo nas suas salas de aula, até porque utilizá- lo significa aproveitar o seu potencial fascinante e educativo como fator de motivação dos alunos e dos professores, tendo sempre em consideração a dinâmica da aprendizagem. Se o nosso sistema educativo quer assumir como principal preocupação a formação de pessoas capazes de uma inserção crítica e criativa no mundo atual, dominar as TIC torna-se primordial na educação dos nossos alunos”. É pertinente reverter situações de infoanalfabetização (Paiva, Morais & Paiva, 2008). Cada vez mais as nossas escolas estão apetrechadas e começa a ser inaceitável a desculpa de não haver condições nas escolas para explicar a não utilização do computador.

25 Na sociedade atual, onde a tecnologia impera, assiste-se a constantes mudanças o que exige, de cada professor, atualizações permanentes dos seus conhecimentos e a redefinição das suas práticas. O uso das TIC na educação não passa apenas pela sua exploração e domínio, pois estas tecnologias podem também influenciar o modo de ensinar e constituir recursos educativos (Morais & Paiva, 2006). Sendo assim, “as novas tecnologias poderão constituir ferramentas de trabalho, meios de descoberta e formação de conceitos, e instrumentos de resolução de problemas” (Ponte, 1997a).

O papel do professor continua a ser sempre de extrema importância. O professor deve proporcionar uma nova forma de ensinar mais motivadora e desafiante (Silva & Martins, 2000) e, para tal, é-lhe exigido novos métodos e novas competências.

Perante a sociedade atual, da informação e do conhecimento, “onde o conhecimento é um recurso flexível, fluido, sempre em expansão e em mudança” (de acordo com Hargreaves, citado por Coutinho & Lisbôa, 2011, p.5) a escola tem que se adaptar participando e interagindo num mundo cada vez mais global.

A comissão nacional da UNESCO, 2016 refere, acerca das TIC na educação:

“A qualidade dos professores e sua formação profissional e contínua permanece central para uma educação de qualidade.

Atualmente o número e a qualidade dos professores, e a sua formação enfrentam sérios desafios em todo o mundo.

A situação deve ser corrigida no momento em que o mundo precisa de 9,1 milhões de novos professores para atingir metas de educação internacionalmente acordados nos ODM para 2015.

A UNESCO acredita que esses desafios podem ser enfrentados através de uma abordagem holística e sistémica de desenvolvimento de sistemas educativos e numa formação de professores motivados e capacitados de forma a também serem envolvidos em competências TIC.

A divulgação e utilização de tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas passou a ser visto pelos formuladores de políticas de educação como uma oportunidade significativa. Eles são atraídos pela perspetiva de que as TIC podem melhorar o desempenho do aluno, ampliar o acesso à escolaridade, aumentar a eficiência e reduzir custos, preparar os alunos para a aprendizagem ao longo da vida, e formá-los para uma força de trabalho globalmente competitivo.”

26 Apresentam-se, de seguida, algumas das potencialidades das práticas pedagógicas que utilizam as TIC duma forma planeada e sistemática (Almeida, 2003):

1- Ajudam o aluno a descobrir o conhecimento por si: é uma forma de ensino ativo em que o professor ocupa um lugar intermédio entre a informação e os alunos, apontando caminhos e avivando a criatividade, a autonomia (pois é grande a variedade de fontes de informação e têm que escolher) e o pensamento crítico. Existe uma grande relação refletiva e interventiva entre o aluno e o mundo que o rodeia.

2- Promovem o pensamento sobre si mesmo (metacognição), a organização desse pensamento e o desenvolvimento cognitivo e intelectual, nomeadamente o raciocínio forma.

3- Impulsionam a utilização, por parte de professores e alunos, de diversas ferramentas intelectuais.

4- Enriquecem as próprias aulas pois diversifica as metodologias de ensino e de aprendizagem.

5- Aumentam a motivação de alunos e professores.

6- Ampliam o volume de informação acessível aos alunos, que está acessível de forma rápida e simples.

7- Proporcionam a interdisciplinaridade.

8- Permitem formular hipóteses, testá-las, analisar resultados e reformular conceitos, estando assim de acordo com a investigação científica.

9- Possibilitam o trabalho em simultâneo com outras pessoas geograficamente distantes. 10- Propiciam o recurso a medidas rigorosas de grandezas físicas e químicas e o controlo

de equipamento laboratorial (sensores e interfaces).

11- Criam micromundos de aprendizagens: é capaz de simular experiências que na realidade são rápidas ou lentas demais, que utilizam materiais perigosos e em condições impossíveis de conseguir.

12- A aprendizagem torna-se de facto significativa, dadas as inúmeras potencialidades gráficas.

13- Ajudam a detetar as dificuldades dos alunos. 14- Permitem ensinar através de jogos didáticos.

27 Deve, no entanto, existir um equilíbrio no uso das TIC na prática educativa. Segundo Ana Gonçalves (2012, p.12):

“As tecnologias não substituem as atuais pedagogias educativas, mas transformam o atual quotidiano do ensino. Os professores são novamente a chave para que esta adaptação seja um sucesso. Em Portugal foram lançados conjuntos de projetos e medidas legislativas que propiciaram a integração das TIC no ensino, com o intuito de incentivar as escolas ao uso das mesmas.”

Contudo existem ainda barreiras à implementação das TIC na sala de aula, segundo Peralta & Costa (2007, p.82):

“Das principais fontes de dificuldades consideradas nos quatro países, salientam- se o tempo e o equipamento, apoio técnico incluído. O tempo, como um dos maiores desafios referidos por todos os grupos de professores (tempo que não tiveram na sua formação, pressão do tempo para “dar” o programa, tempo de que precisam para adquirir novas competências, tempo para conhecer novo software, tempo para “seguir o programa”, etc.)”.

Há ainda outras barreiras ao uso das TIC em contexto educativo (de acordo com Wild, citado por Pais, 2007):

1- Falta de oportunidades para usar computadores regularmente, criando uma continui- dade pedagogicamente benéfica;

2- O facto de, muitos alunos, pertencentes a extratos socioeconómicos baixos, ainda não possuírem computador. Este dado é relevante, no interior de Portugal.

3- Recursos informáticos escassos na escola. Na realidade portuguesa verifica- se mais na rede pré‐escolar;

4- Stress do professor;

5- Falta de confiança e segurança para usar as TIC;

6- Falta de conhecimento sobre o verdadeiro impacto do uso das TIC em contexto edu- cativo;

7- Poucas experiências com TIC na formação de professores, quer inicial, quer durante a atividade.

28 Vinte anos passados, e ainda são atuais as limitações apontadas por Wild ao uso das TIC nas escolas. Apesar de o Plano Tecnológico Nacional, implementado em 2007, ter permitido um aumento significativo do número de computadores nas escolas ainda estamos longe da realidade dos restantes países europeus.

“No que toca aos principais indicadores de modernização tecnológica, Portugal apre- senta nos últimos 5 anos uma evolução muito significativa, observando-se, no en- tanto, ainda um atraso face à média europeia e aos objectivos traçados no âmbito do Programa Educação e Formação 2010:

 O número de alunos por computador regista uma melhoria na ordem dos 40%; porém, o rácio português é ainda aproximadamente o dobro do finlandês, um dos países de referência no que toca a modernização tecnológica do ensino;  Pese embora o rácio alunos por computador com acesso à Internet ter me-

lhorado cerca de 60%, é ainda 48% superior ao dos países da UE15 e mais do que duplica o finlandês.” (GEPE, 2008).

Verifica-se ainda que grande parte dos computadores existentes nas escolas estão a entrar em fim de vida útil e que, em muitas escolas, a atualidade do equipamento foi frequentemente apontada como uma barreira importante à utilização da tecnologia no ensino (GEPE, 2008):

Gráfico 1 – Idade dos computadores existentes

29 Segundo Coutinho (citado por Santos, 2010), em Portugal, a par do apetrechamento das escolas tem havido também investimento relevante na formação de professores, no entanto, “e à semelhança do verificado por Larry Cuban nos EU, o que se passa, na prática,

é que os computadores (e a Internet) são “sobre-vendidos” mas “subutilizados” pelas escolas e pelos professores “.

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