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CAPITULO II A APRENDIZAGEM E ESTUDO SUPERVISIONADO ENQUANTO

2. APRENDIZAGEM E O ESTUDO SUPERVISIONADO

2.2 Aprendizagem Autônoma

Considerando que a presente pesquisa objetivava analisar a importância do Estudo Supervisionado no processo de aprendizagem na Escola de Referência em Ensino Médio de Timbaúba, analisamos nesse tópico a importância da presença da autonomia no processo educacional, por esta ser uma das principais características presentes nesta prática educativa. Barbot e Camatarri (2001, p 28) definem autonomia como o “comportamento de um sistema

que tem, em si, ou estabelece, por si mesmo, a sua própria validade ou as regras da sua própria acção.” Num âmbito geral a autonomia está relacionada a um autogerenciamento, liberdade de escolhas, independência, autossuficiência. No campo educacional a autonomia encontra-se relacionada a capacidade dos alunos em administrar sozinhos e responsavelmente seus estudos, buscando eficazes estratégias de organização da aprendizagem para o desenvolvimento de seus conhecimentos.

Sousa e Fino (2008, p 10) nos alerta sobre a importância de “insistir na autonomia e no

reforço da autonomia dos jovens, permitindo-lhes que se treinem a serem autónomos. Tirando das escolas a carga de passividade que está subjacente à palavra aluno”.

Acrescentando ainda que “Não tanto fornecer o peixe, mas proporcionar a aquisição de

estratégias flexíveis de pescar”. É preciso incentivar o aluno a assumir responsabilidade por

seu processo de aprendizagem oferecendo-lhe condições para que este possa desenvolver o conhecimento de forma autônoma, tornando-o de fato o ator principal desse processo.

Nesse contexto, percebemos que o aprendizado requer autonomia. O indivíduo autônomo desenvolve habilidades como: organizar ideias, coordenar regras, tomar decisões e agir de forma harmônica dentro de seu grupo social, tendo assim a capacidade de regular suas atitudes e desejos para que o aprendizado não tenha limites.

O desenvolvimento da habilidade de autonomia nos estudos pode levar o aprendiz a plena interação com o processo de aprendizagem. A educação deve, portanto, proporcionar o desenvolvimento da autonomia, através da utilização de práticas educativas inovadoras. Para Hunew apud Campbell (1994, p.6), “para que os alunos se tornem autônomos, é

necessário que eles tenham a oportunidade de se exporem e de arriscar, pois mesmo se o resultado for falho, ao menos os alunos podem aprender com a experiência, e com isso, descobrir novos meios de se tornarem autônomos”.

Nessa mesma perspectiva, Santos (2009), nos revela que, utilizar práticas didáticas que leve o aluno ao desenvolvimento da autonomia no seu processo de aprendizagem requer do professor a função de ‘desafiar’ as estruturas conceituais dos alunos provocar instabilidade cognitiva, causar sede. É necessário que os educadores busquem formas estimuladoras e criativas de desafios que gerem conflitos cognitivos nos alunos.

Para que ocorresse o domínio de diversas técnicas importantes e necessárias ao funcionamento das atuais sociedades, o ser humano necessitou aprendê-las. A aprendizagem necessária ao domínio de tais técnicas, possivelmente ocorreu a partir de uma motivação.

Como expõe Pozo ( 1999)

“[...] aprender implica mudar e a maior parte das mudanças em nossa memória precisa de uma certa quantidade de prática, aprender, principalmente de modo

explícito ou deliberado, supõe um esforço que requer altas doses de motivação, no sentido mais literal ou etimológico, de “mover-se para” a aprendizagem”.(POZO 1999, p 138).

É, portanto papel do professor proporcionar as práticas pedagógicas que irão promover o desenvolvimento da autonomia dos alunos por meio de contextos de aprendizagens prazerosas focados em mudanças de comportamentos, podendo utilizar como ferramenta para esse fim as novas tecnologias da informação e comunicação, para se chegar a novos produtos, ou seja, novos conhecimentos.

Sobre este aspecto Papert (1988) nos afirma que:

“Aceitar a idéia da educação orientada para o futuro é ingressar nas fileiras dos que crêem que a educação deva ser um agente da mudança cultural. É deste ponto de vista de ação que exploramos possíveis aperfeiçoamentos educacionais que prometem melhor escola para as nossas crianças através do ensino do futuro”. (PAPERT 1988, p 211)

Tornar a escola e o processo de aprendizagem em um ambiente e instrumento que gere a sensação de satisfação, proporcionado pelo contato com as novas tecnologias da informação, é encarada com um dos maiores obstáculos atual para a educação. Uma vez que o momento atual requer modelos educacionais em que os professores mantenham a responsabilidade na condução do processo ensino, mas que partilhe com os estudantes as decisões sobre percursos e critérios adotados nesse processo, o professor deve estar apto a acolher sugestões sobre os rumos do trabalho desenvolvido, tornando o aluno “sujeito que participa desconstruindo e

reconstruindo conhecimento” Demo (2004, p 60), e que é parte fundamental nesse processo

dinâmico e complexo, que é a educação.

Fazer o aluno protagonista do seu processo de aprendizagem por meio da autonomia, assume importante condição na nossa sociedade ‘futurista’. A valorização da autonomia na aprendizagem do aluno, nos faz lembrar o que Seymour Papert expõe, em seu livro A Máquina das Crianças, sobre o construcionismo, “obter o máximo de aprendizagem com o mínimo de ensino”.

Um estudante com características e comportamento de aprendiz autônomo, apresenta grande interesse pessoal por seu aprendizado. Demonstrando muitas vezes escolher e administrar seu estudo a um nível muito melhor e maior do que ocorre quando é exclusivamente motivado por razões externas.

Para Freire (2006):

“[...] o educando precisa de se assumir como tal, mas, assumir-se como educando significa reconhecer-se como sujeito que é capaz de conhecer e que quer conhecer em relação com outro sujeito igualmente capaz de conhecer, o educador e, entre os dois, possibilitando a tarefa de ambos, o objeto de conhecimento.” (FREIRE, 2006, p 47).

No contexto da aprendizagem autônoma, os alunos devem atuar como sujeito ativo de sua aprendizagem, participando inclusive das decisões pedagógicas. Essa valorização da produção pessoal é um exercício do “assumir-se como educando”, proposto por Freire, podendo inclusive, estimular também processos intelectuais mais complexos, a partir da experiência particular e da estrutura cultural, cognitiva e afetiva de cada aluno, proporcionando o crescimento do aluno por meio da oportunidade de escolha.

Através do desenvolvimento da autonomia o indivíduo pode desenvolver também a capacidade de compreensão das contradições, estabelecer critérios de igualdade e justiça que o levarão a decidir entre o certo ou o errado de acordo com as tradições culturais e sociais presentes no seu meio.

Para Castro, (2008 p 2);

“Aprendizagem autónoma é caracterizada com base nos seguintes princípios: visão dinâmica do conhecimento; reconhecimento de um papel activo por parte do aluno; relevância da motivação intrínseca; promoção do desenvolvimento das capacidades de organização da aprendizagem; diversificação dos recursos na aprendizagem; criação de uma relação directa entre estes e o aluno e envolvimento dos alunos na avaliação”.(CASTRO, 2008 p 2)

Sendo sujeito ativo da sua aprendizagem, agindo e problematizando suas ações, os alunos podem construir novos conhecimentos a partir das ações embasadas nas estruturas que este já possui sobre o meio em que se encontra inserido.

Como aborda Barbot e Camatarri (2001 p 29) “A responsabilidade que provém da autonomia

[...] é a capacidade do sujeito responder pelas suas próprias acções, assumir a possibilidade de se enganar, aceitando as consequências dos seus erros, tal como dos seus êxitos”

Em educação as mudanças dependem também dos alunos. Alunos motivados e curiosos, facilitam todo o processo educacional, estimulando o professor a desenvolver suas qualidades, e tornam-se parceiros ativos desse processo.