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1 O ALICERCE TEÓRICO: BASE DE UMA CONSTRUÇÃO

1.2 Aprendizagem sob a concepção vigotskiana

Vigotski (2007) na construção de sua teoria abordou uma visão sócio- construtivista do desenvolvimento cognitivo, enfatizando o papel do ambiente social tanto no desenvolvimento quanto no processo de aprendizagem, mostrando como resultado algumas transformações comportamentais surgidas da internalização de sistemas de signos produzidos culturalmente.

Baseado nessa teoria tem-se como pressuposto que o sujeito é construtor dos seus próprios conhecimentos e a base dessa construção é a interação entre o sujeito e o objeto, ou seja, os conhecimentos não estão nem no objeto, nem no sujeito, e sim na interação, dada a importância da ação do sujeito no seu próprio processo de aprendizagem. Na medida em que o sujeito interage ele vai construindo seus conhecimentos.

O conceito de aprendizagem presente no problema de pesquisa deste estudo será considerado no desenvolvimento pessoal do professor-aluno operado em dois níveis: o do desenvolvimento real ou efetivo e o desenvolvimento potencial.

O nível de desenvolvimento real ou efetivo apresenta-se nas conquistas que já estão consolidadas no aprendiz, aquelas funções ou capacidades que ele já aprendeu e domina, pois já consegue realizar sozinho, sem a assistência de alguém mais experiente. Este nível indica, assim, os processos mentais que já se estabeleceram.

O nível de desenvolvimento potencial também se refere aquilo que o aprendiz é capaz de fazer, só que mediante a ajuda de outra pessoa. Segundo Vigotski (2007) quando o sujeito precisa de ajuda de alguém mais experiente para realizar alguma atividade ele se encontra na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Essa é a distância entre aquilo que ele é capaz de fazer de forma autônoma (nível de desenvolvimento real ou efetivo) e aquilo que ele realiza em colaboração com outros elementos de seu grupo social (nível de desenvolvimento potencial). Caracteriza Vigotski (ibidem, p. 97) como

a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto, ou em colaboração com companheiros mais capazes.

Identificar a ZDP do estudante torna-se importante para que as estratégias e a mediação estejam próximas dela e assim aumente a possibilidade de ocorrer a aprendizagem, na medida em que, em interação com outras pessoas, o sujeito aprendente seja capaz de colocar em movimento vários processos de desenvolvimento que, sem a ajuda externa, seriam mais difíceis de ocorrer. Esses processos se internalizam e passam a fazer parte das aquisições do seu desenvolvimento individual, por isso que Vigotski (ibidem, p. 98) afirma que “aquilo que é a ZDP hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã”, ou seja, aquilo que o estudante pode fazer com assistência hoje, ele será capaz de fazer sozinho amanhã. Para melhor entender esse conceito, ilustra-se na figura a seguir:

Figura 1: Zona de Desenvolvimento Proximal Fonte: Valentini e Soares (2005) com adaptações

Segundo Rego (1995), através do conceito de ZDP, é possível identificar não somente os ciclos já completados, como também os que estão em via de formação, o que permite o delineamento da competência do estudante e de suas futuras conquistas, assim como a elaboração de estratégias didático-pedagógicas que auxiliem nesse processo.

A construção de conhecimentos é mediada, ou seja, segundo Vigotski (2007), a relação entre o homem e o mundo é uma relação mediada por signos ou instrumentos. Segundo Behrens (2000) a mediação pedagógica é a atitude, o comportamento do professor que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e sua aprendizagem. A mediação pedagógica coloca em evidência o papel do sujeito e do aprendiz e o fortalece como ator de atividades que lhe permitirão aprender e conseguir atingir seus objetivos.

A concepção de Moran (2000) quanto à aprendizagem remete a concepção de Vigotski (2007) cujas ideias apontam para a confirmação de que se aprende

quando interagimos com os outros e o mundo e depois, quando interiorizamos, quando nos voltamos para dentro, fazendo nossa própria síntese, nosso reencontro do mundo exterior com a nossa reelaboração pessoal (p. 23). Nível de desenvolvimento real ou efetivo Nível de desenvolvimento potencial Zona de Desenvolvimento Proximal Representação da ZDP Capacidade de realizar atividades de maneira independente Capacidade de realizar atividades com ajuda de outros

Para os autores Moran (2007)12 e Vigotski (2007) a mediação é importante para que o estudante construa conhecimentos, ou seja, as TIC’s podem possibilitar que a informação seja acessada pelo aprendiz de qualquer hora e lugar, mas a aprendizagem contextualizada, ao menos no começo, depende da mediação do professor. No ambiente de aprendizagem, nas atividades pedagógicas, o fundamental não será a transmissão da informação, mas proporcionar momentos em que estudantes, individual ou coletivamente, busquem a informação, mediados pelo professor, e a contextualizem, a reelaborem, a comuniquem para todos, e a apliquem à sua realidade. Por isso o papel do professor como alguém que conhece mais, é importante, não tanto como falante, mas como mediador, para orientar e mostrar caminhos dentro da ZDP. Pela mediação pode ocorrer a internalização (reconstrução interna de uma operação externa) de atividades e comportamentos sócio-históricos e culturais e isso é típico do domínio humano. Assim, é possível através da internalização, via interação social, o aprendiz desenvolver a aprendizagem. O professor tem papel importante na mediação entre o computador e o aluno para que esse desenvolva suas habilidades, supere os desafios e assim construa o conhecimento. Oportunizar aos estudantes uma situação–problema desafiadora para resolverem, que desperte a atenção, é dessa forma que o professor contribui para uma aprendizagem significativa.

O papel do professor é de fundamental importância frente às TIC’s, sobretudo a forma pela qual ele as define para realizar um trabalho efetivo com o uso desses recursos. Ultrapassar as barreiras de dificuldade, da complicação, do não saber para o conhecer as TIC’s e as propostas que podem auxiliar no processo de ensino e de aprendizagem, são características que identificam o professor que atua na sociedade da informação.