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Capítulo 2. As TIC no processo educativo

2.2 Aprendizagem versus ensino versus educação

O conceito de aprendizagem tem vindo a ser alterado ao longo dos tempos. Podemos dizer que a aprendizagem é um conceito psicológico e, por isso, pode ser objecto de estudo de várias teorias.

Segundo Fleury (2002), a aprendizagem pode ser definida como um processo de mudança provocado por vários estímulos e mediado por emoções que podem ou não originar alterações no comportamento do indivíduo.

ocorrer dentro do organismo do aprendizado e as respostas emitidas por este, podendo estas ser observáveis e mesuráveis. A teoria do comportamentalismo ou behaviorismo e a teoria do desenvolvimento cognitivo demonstram isso mesmo.

A teoria do comportamentalismo ou behaviorismo tem como principal objecto de estudo o comportamento, o que implica tal como o comportamento, o processo de aprendizagem seja desenvolvido de forma a poder ser observável e mensurável, para que possa ser provado cientificamente. Enquanto a teoria do desenvolvimento cognitivo focaliza os aspectos objectivos, como os comportamentais e subjectivos, tendo em consideração as crenças e as percepções do indivíduo. Estas influenciam o seu próprio processo de percepção da realidade.

As discussões sobre aprendizagem na educação enraízam-se mais fortemente na perspectiva construtivista.

Segundo o dicionário online da Porto Editora podemos definir processo como o ―modo de fazer uma coisa; norma; método; sistema‖ e aprendizagem como a ―aquisição de conhecimentos através da experiência ou do ensino‖. Tendo presente estas duas definições chegamos à conclusão de que o processo de aprendizagem consiste na forma como se adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e se alteram comportamentos.

Actualmente, quando falamos de aprendizagem na educação, obrigatoriamente, temos que falar também em ensino, sendo os actores do processo de ensino- aprendizagem o aluno e o professor.

Ao longo do tempo, o papel destes tem vindo a sofrer alterações, passando o professor de mero transmissor de conhecimentos a facilitador da aprendizagem e o aluno a ter um papel mais activo, dinâmico e autónomo na sua aprendizagem. O conceito de educação tem-se modificado, também, tendo os papéis dos seus principais intervenientes (professores e alunos) vindo a ser modificados (Paris & Newman, 1990).

Gregorio Luri define educação como "as pessoas que têm uma vocação especial de entrega para oferecer seu conhecimento aos demais, são aquelas que podem ensinar a pensar, a reflectir, a ser críticos. A ser criativo. Porque esta é a essência da educação: fazer crescer nossas crianças no pensamento, na reflexão, no espírito crítico e na criatividade. Estas são as principais ferramentas para que uma pessoa seja independente, integrada socialmente e livre" (Luri, 2008, p. 8).

Para Durkheim ―a educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não alcançaram o grau de maturidade necessário para a vida social. Tem por objectivo suscitar e desenvolver na criança um certo número de condições físicas, intelectuais e morais exigidas tanto pela sociedade política em seu conjunto como

pelo meio específico ao qual ela se destina‖ (1984, p. 41).

Assim, através das duas definições podemos concluir que no termo educação estão implícitas as acções de ensinar e de aprender, sendo a educação um veículo de desenvolvimento e de transmissão de saberes, cultura e de formas de estar em sociedade às gerações futuras.

A educação formal acontece quando existe um espaço temporal, situações específicas, aplicam-se métodos e estratégias, estabelece-se regras e tempos, assim como se formam profissionais especializados para desenvolver o processo de ensino- aprendizagem. Como exemplo, podemos referir o ensino presencial, posteriormente, as Universidades Abertas e actualmente o ensino a distância. Todos eles podem ser considerados modelos de ensino e todos podem ser considerados instrumentos para educar (Gomes, et al., 2008).

Pode-se ainda referir que a educação não se adquire apenas na escola, mas também em qualquer rede e/ou estrutura social onde haja transmissão de saberes sem que aconteça num ensino formal, bastando existir interacções entre pessoa e vontade de ensinar e aprender.

Assim, os processos de interacção comportamentais entre o professor e o aluno, denominam-se por ―ensinar‖ e ―aprender‖. Por sua vez, estes processos originam o conceito de processo de ensino-aprendizagem.

Historicamente, o processo de ensino-aprendizagem tem sido caracterizado pela ênfase no papel do professor como o detentor e transmissor do conhecimento até às concepções contemporâneas que destacam o papel do educando no seu processo de ensino-aprendizagem.

As constantes mudanças na sociedade exigem que a educação acompanhe essas mesmas mudanças, como por exemplo a introdução das TIC na educação, uma vez que fazem parte do dia-a-dia dos alunos.

A integração das TIC no processo de ensino-aprendizagem, para além de possibilitar um sistema mais interactivo e atractivo, altera o papel do professor e do próprio aluno no processo. Esta influência reflecte-se na utilização das comunicações virtuais (chats, fóruns, etc.) para falar com os pares e professores, para além dos conteúdos abordados na aula, os professores disponibilizam mais materiais nos seus blogs, websites ou outro tipo de plataformas para que os alunos possam aprofundar os seus conhecimentos. Tudo isto implica que o papel do professor sofra alterações para deixar de ser um mero transmissor de conhecimento para ser um guia, um orientador, um facilitador. Contudo, não foi apenas o papel do professor que sofreu alterações. O papel do aluno também as sofreu, sendo esperado que o aluno tenha um papel activo,

interactivo e construtor do seu próprio conhecimento no seu processo de aprendizagem.

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