• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 3: POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES DOS DIFERENTES

3.1. Apresentação da base empírica

A necessidade de construir um perfil de gestão escolar a partir da visão dos

gestores dos sistemas de ensino e diretores de escola surgiu do projeto de pesquisa

“Gestão da escola pública no Brasil: as relações do perfil dos dirigentes e dos

processos de gestão com os resultados do trabalho escolar”, a qual além de analisar

os distintos modelos de gestão, busca evidenciar os possíveis resultados que tais

modelos geram na organização e gestão das escolas públicas do país. Este trabalho

busca evidenciar os aspectos que se destacam nas diferentes modalidades de

provimento de acordo com a percepção dos envolvidos em cada processo.

Para tanto, este capítulo apresenta a análise dos dados obtidos através da

coleta de entrevistas, onde foram enfatizadas as formas de provimento da direção

escolar, o papel do diretor escolar, avaliação da forma de provimento e outros

aspectos de gestão escolar adotados pelas secretarias estaduais e municipais.

Os estados e municípios foram selecionados devido a modalidade de

provimento adotada, bem como se definiu um estado/município por região do país.

A entrevista realizada com os gestores dos sistemas foi elaborada no grupo

de pesquisa e contemplou aspectos relacionados à gestão escolar que pudessem

evidenciar o perfil da gestão conforme modalidade de provimento e contemplasse a

avaliação dos diretores e gestores dos sistemas de ensino envolvidos no processo

de gestão da educação.

A seleção dos estados e municípios ocorreu em virtude do modelo de

provimento ao cargo/função de diretor escolar adotado considerando as cinco

regiões do país.

Região Norte

Estado/Capital Modalidade de provimento adotada

Estado: Tocantins Indicação

Capital: Palmas Processo misto: seleção e eleição

Região Nordeste

Estado: Ceará Seleção e eleição (universal)

Capital: Fortaleza Indicação

Região Sul

Estado: Paraná Eleição

Capital: Curitiba Eleição

Região Sudeste

Estado: São Paulo Concurso Público (externo)

Capital: São Paulo Concurso de Acesso (interno)

Região Centro-oeste

Estado: Mato Grosso do Sul

Esquema misto: Seleção e eleição (interna)

Capital: Campo Grande Esquema misto: Seleção e eleição

QUADRO 1 - RELAÇÃO ESTADO/CAPITAL – MODALIDADE PROVIMENTO. Fonte: Elaborado pela autora.

Na região Norte, no estado de Tocantins, o modelo apresentado atualmente

é a indicação técnica, embora ainda existam algumas de cunho político, em que

pese que toda a indicação mesmo que técnica é política (SOUZA, 2007). A partir do

ano de 2000, o estado realizava o esquema misto, que era composto de seleção

através de lista tríplice em que os interessados que cumpriam os requisitos

solicitados, sendo entrega do plano de ação, prova de títulos, entrevista individual e

formação em nível superior, podiam ser selecionados. Depois houve a sugestão do

credenciamento para formação de um banco de dados onde os interessados que

cumprissem os requisitos e apresentassem o conhecimento técnico poderiam passar

para a nova fase de certificação. Esse processo ainda está em construção e o

estado está sendo assessorado pela professora Heloisa Lück. Foi encaminhada pela

secretaria de educação do estado uma proposta que contempla a apresentação de

plano de ação, conhecimento técnico e entrevista para escolha em lista tríplice, mas

que ainda não foi regulamentada, então até que seja aprovada uma nova

regulamentação o estado adota a escolha por indicação técnica.

A capital Palmas realiza o esquema misto, iniciando com a avaliação de

requisitos como graduação em nível superior – licenciatura e atingir no mínimo 70%

na avaliação de desempenho, os candidatos que corresponderem aos critérios

realizam uma prova de competência técnica. Aprovados nessas fases, a próxima

etapa que é o curso de gestão de 60h; após o curso, realizam uma avaliação escrita

e devem apresentar para uma banca examinadora um projeto de gestão para a

unidade escolar com base em diagnóstico realizado pelos mesmos. Sendo bem

avaliados nessas etapas, podem então passar ao processo eleitoral na comunidade.

O mandato dura até quatro anos, e após esse período o professor pode participar de

outro processo, mas não é permitido na mesma escola, dessa maneira a secretaria

força o rodízio, evitando a cristalização de ações.

Na região Nordeste, nesta pesquisa representada pelo município de

Fortaleza, a forma de escolha do diretor ocorre pela indicação política. São exigidos

ainda alguns critérios, como formação em Pedagogia ou em outra habilitação, desde

que com especialização em Gestão Escolar, além de ter cinco anos de efetivo

exercício na rede de ensino.

Na rede estadual, o provimento ocorre por seleção, em que os candidatos

inicialmente devem participar de uma prova que compreende conhecimentos gerais

sobre gestão escolar, língua portuguesa e raciocínio lógico. Após esta fase, podem

participar do processo eleitoral na unidade escolar que optarem (não é preciso

limitar a escolha apenas a escola em que trabalham). A eleição se dá com toda a

comunidade escolar, professores, pais de alunos, funcionários, e os votos têm o

mesmo peso. É permitida uma reeleição, sendo que caso o candidato queira se

candidatar pela terceira vez consecutiva, deverá fazê-lo em outra escola.

No Paraná, representante aqui da região Sul, o provimento na rede estadual

ocorre por eleição da comunidade escolar, onde participam pais, alunos maiores de

dezesseis anos, professores e funcionários. Podem se candidatar professores,

pedagogos e funcionários administrativos, nesse caso, agente educacional 1, que

corresponde ao secretário escolar. Todo candidato deve ter curso superior,

licenciatura ou no mínimo complementação pedagógica. A eleição acontece a cada

três anos e é permitida a reeleição por até três mandatos.

Em Curitiba, o processo de provimento para o Ensino Fundamental ocorre

por meio de eleição para diretor e vice-diretor, com mandato de três anos, sendo

possível uma reeleição; após o terceiro mandato o candidato a diretor só poderá se

candidatar a vice-diretor. A eleição conta com a participação de professores,

funcionários, pais de alunos e alunos maiores de 16 anos. É necessário ter passado

pelo estágio probatório e ter vaga fixa na escola onde pretende se candidatar. Para

a educação infantil, o provimento se dá pela indicação.

São Paulo, estado e capital, foram selecionadas por apresentarem modelo

de provimento singular em relação às demais localidades do país. Na rede estadual,

é utilizada a modalidade de concurso público onde existe uma nota de corte para a

aprovação. O candidato também deve ter habilitação em pedagogia e comprovar

dez anos de trabalho docente, sendo que não é necessário docência no ensino

público na rede estadual. O concurso é aberto para qualquer cidadão que atenda

aos requisitos.

Já na capital São Paulo, o provimento também ocorre por concurso público

aberto a qualquer candidato, porém houve algumas modificações a partir de

avaliações da rede em que percebeu a necessidade do diretor conhecer

previamente a rede em que vai trabalhar. Atualmente é necessário que o candidato

seja da rede municipal há pelo menos três anos, com comprovação de efetivo

exercício no magistério, e ter habilitação em Pedagogia. Os candidatos que atendem

esses requisitos prestam então concurso de acesso interno na rede, onde os

aprovados por classificação escolhem a escola. As modalidades adotadas tanto pelo

estado quanto pela capital referem-se ao Ensino Fundamental e Educação Infantil.

Em ambos os casos, no estado e capital São Paulo, o concurso é somente

para diretor, e este escolhe o seu vice-diretor.

Na região Centro-Oeste, representada aqui pelo estado de Mato Grosso do

Sul, a modalidade de provimento adotada na rede estadual é o esquema misto em

que se faz uma seleção com posterior eleição; o candidato não pode ter restrições

em seu CPF (Cadastro de Pessoa Física), e deve passar por cinco passos: ser

efetivo na rede, ter nível superior completo na área da educação, participar de um

curso de capacitação de 40h em horário de trabalho, realizar uma prova escrita,

onde a nota de corte é sessenta para ser apto e o conteúdo é retirado da

capacitação ofertada, legislação e a partir de referências bibliográficas sugeridas

pela secretaria, então vai para um banco de dados para depois ocorrer a eleição na

unidade escolar. Para o candidato participar dessa capacitação, há uma seletiva

interna na própria escola onde a comunidade escolar indica os candidatos. O

mandato é de três anos, a eleição acontece geralmente em março/abril. Após

eleitos, todos os diretores realizam capacitação de 360h como especialização, à

distância e com momentos presenciais, em parceria com universidade estadual.

Essa forma de provimento é adotada para o Ensino Fundamental e Médio. Votam

nessa eleição o colegiado escolar. A Educação Infantil pertence a outra secretaria e

o provimento se dá por indicação.

Na rede municipal em Campo Grande o provimento ocorre também por

esquema misto, em que os candidatos são selecionados na escola conforme o

número de alunos da mesma, para fazer curso de 60h e depois realizam uma prova,

onde a média mínima é setenta; então recebem uma carteirinha/certificação. Após

esse procedimento, o diretor vai para um banco de dados, e primeiramente assume

como diretor adjunto e depois passa a ser diretor por tempo indeterminado.

Participam da votação o conselho de escola, professores, funcionários e APM. O

diretor é quem escolhe o seu diretor adjunto conforme a disponibilidade no banco de

dados.

3.2. Potencialidades e fragilidades dos modelos de provimento sob a ótica dos