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CAPÍTULO 2: O PROVIMENTO DO DIRETOR ESCOLAR NAS ESCOLAS

2.1. Panorama das modalidades de provimento do diretor escolar no Brasil

2.1.2. Concurso Público

15% 50% 3% Sul Sudeste Norte Nordeste Centroeste

GRÁFICO 4 – PROVIMENTO NA MODALIDADE: INDICAÇÃO.

FONTE: Brasil/MEC. Microdados Prova Brasil 2011. Elaborado pela autora.

A modalidade de indicação se concentra na região nordeste e conforme a

tabela seguinte (TABELA 18) é possível observar que a incidência é muito grande

comparada com as outras modalidades.

TABELA 18 – FORMAS DE PROVIMENTO - REGIÃO NORDESTE REGIÃO UNIDADE DA FEDERAÇÃO NÚMERO DE DIRETORES SELEÇÃO ELEIÇÃO APENAS SELEÇÃO E ELEIÇÃO INDICAÇÃO DE TÉCNICOS INDICAÇÃO DE POLÍTICOS OUTRAS INDICAÇÕES OUTRA FORMA ALAGOAS 1.090 3,7% 33,9% 4,3% 19,5% 25,3% 10,7% 2,6% BAHIA 4.839 2,3% 13,3% 13,3% 9,6% 43,0% 15,0% 3,4% CEARÁ 2.705 13,0% 1,7% 10,2% 23,4% 35,0% 13,2% 3,5% MARANHÃO 2.629 5,9% 3,4% 2,9% 22,6% 38,3% 21,5% 5,4% PARAÍBA 1.312 1,7% 23,9% 8,0% 12,5% 39,7% 12,3% 1,8% PERNAMBUCO 2.478 3,6% 9,1% 25,6% 12,8% 26,6% 16,8% 5,6% PIAUÍ 1.249 4,2% 25,1% 6,5% 12,7% 38,4% 10,6% 2,4%

RIO GRANDE DO NORTE 1.127 2,2% 39,1% 4,3% 7,3% 36,0% 8,7% 2,4%

SERGIPE 701 0,4% 6,6% 0,9% 15,8% 57,5% 16,1% 2,7%

NORDESTE

FONTE: Brasil/MEC. Microdados Prova Brasil 2011.

Também merecem destaque o estado do Amapá, na região norte, com

48,5%, e Santa Catarina, na região sul, com 64,8% nesta modalidade.

Nesta forma de provimento, os candidatos são avaliados através de prova

e/ou títulos para a escolha e nomeação, por ordem de classificação, evitando assim

o clientelismo ou influências políticas. É realizada a aplicação de prova formulada

por especialistas, com base em uma lista de temas e no perfil de desempenho

esperado.

O conhecimento especializado passa a ser definidor de poder. Há a garantia

de seleção dos melhores candidatos, de acordo com os objetivos e perfil

estabelecido no concurso, com possibilidade de continuidade no cargo independente

de mudanças no governo.

Conforme relato de diretor escolar concursado

E não aceitaria, não aceitava no passado e não aceito em hipótese alguma, assumir à frente de uma gestão de uma escola, se não fosse por concurso público. Porque é fundamental você ter a segurança e a garantia de continuidade de um trabalho. (Diretor estadual, SP).

Nesta modalidade, o diretor escolhe a escola na qual irá atuar, de acordo

com a sua nota de classificação e interesses próprios, contudo pode haver o risco de

não ter o perfil adequado àquela função e comunidade, além de não ser aceito pelo

grupo.

No Brasil, particularmente no estado de São Paulo, essa forma é vista como

a mais adequada para moralizar o serviço público, uma vez que leva em conta a

adoção de critérios técnicos. Em São Paulo, de acordo com histórico apresentado

pela Secretaria Estadual de Educação, esta modalidade teve início em 1933, mas

somente em 1946 é que foi criado o cargo de diretor escolar em caráter efetivo.

De acordo com Paro,

as principais virtudes apontadas para o concurso são, pois, a objetividade, a coibição do clientelismo e a possibilidade de aferição do conhecimento técnico do candidato. A objetividade é importante na medida em que possibilita tratamento igualitário a todos os candidatos e concorre, assim, para a eliminação da subjetividade. (PARO, 1996, p. 20).

Segundo Dourado (1990) esta forma é a mais objetiva, pois leva em

consideração méritos intelectuais. Todavia, uma das principais fragilidades nessa

forma de provimento é a dificuldade de aferir a liderança dos candidatos, pois

segundo Marés (1983)

há um conjunto de qualidades que devem ser apuradas e que, via de regra, escapam à capacidade de examinadores distantes. Se os critérios forem suficientemente abrangentes a ponto de comportar inclusive a liderança que tem o professor na comunidade, estaremos fazendo nada mais nada menos que uma eleição indireta, com o colégio eleitoral escolhido pelo público. A tipicidade de concurso público serve, e bem, para uma objetiva escolha de méritos intelectuais, porém é difícil avaliar desempenho e liderança através dele (p. 50).

É preciso considerar que no concurso o candidato aprovado escolhe o local

em que vai atuar de acordo com o que lhe convém como, por exemplo, localização

da escola, tempo de percurso, entre outros, o que faz com que a comunidade seja

escolhida pelo diretor de acordo com seus interesses. O diretor fica na escola o

tempo que desejar, somente saindo da escola na sua aposentadoria ou por

interesse particular, e às vezes não estabelecendo vínculo ou compromisso com a

comunidade na qual está inserido. Nessa forma de provimento, quem legitima a

atuação do diretor é o Estado, o que faz com que seu vínculo seja maior com o

mesmo.

Segundo Paro

Na verdade, o sistema de escolha do diretor por concurso público é democrático apenas do lado do candidato ao cargo. Este, quando aprovado e convocado pela Secretaria de Educação, escolhe, dentre as várias unidades escolares disponíveis, aquela que lhe mais interessa. Nesse processo, “o diretor escolhe a escola, mas nem a escola nem a comunidade podem escolher o diretor”. (1996, p. 44).

Relacionando a gestão democrática e a forma de provimento por concurso

com regras estabelecidas, Gracindo (1995) ressalta que o concurso fortalece a

concepção de meritocracia com suposta neutralidade política e supremacia da

técnica na gestão escolar.

Por fim, em artigo sobre os problemas de maior incidência no espaço

escolar, Russo aponta que

A manutenção do cargo de diretor de escola como de natureza permanente, efetiva, de provimento por concurso público e com competências legais que permitem que ele se sobreponha ao colegiado, do qual é também seu presidente nato, pelo que facilmente transforma esse colegiado em instância homologatória e legitimadora das suas decisões. (RUSSO, 2009, p. 460).

E na visão de um diretor escolar, que assumiu a direção por concurso

público, a modalidade se justifica por que,

O concurso, eu particularmente penso que ele ainda não dá conta de selecionar os melhores, mas de uma certa forma, assim como o vestibular se você olhar pro vestibular você não consegue, às vezes o aluno entra e desiste, mas pelos menos você vai selecionar aquele que estudou mais, que investiu na formação. Eu particularmente penso assim. Após o provimento do cargo, eu particularmente penso que um dos melhores caminhos é, eu acredito, que não seja simplesmente dar um bom salário, é necessário você agregar um bom plano de carreira, acessível e que estimule a formação permanente, porque estudar é pra toda a vida. Tá certo? (Diretor estadual, SP).

A partir dos microdados da Prova Brasil 2011, observa-se o seguinte

mapeamento em relação ao concurso público como modalidade de provimento do

diretor escolar nas regiões brasileiras, sendo que 38,8% concentra-se no estado de

São Paulo e sua capital (GRÁFICO 5).

Modalidade: Seleção/Concurso

3% 70% 8% 16% 3% Sul Sudeste Norte Nordeste Centroeste

GRÁFICO 5 – PROVIMENTO NA MODALIDADE: CONCURSO.

FONTE: Brasil/MEC. Microdados Prova Brasil 2011. Elaborado pela autora