• Nenhum resultado encontrado

A partir dos objectivos e respectivas hipóteses que orientaram o nosso estudo, foram analisados os valores da coordenação motora (destreza manual, coordenação óculo-manual, velocidade e coordenação dos membros inferiores, capacidade de ritmo) em função do grau de deficiência.

Antes de procedermos à apresentação e discussão dos resultados, pretendendo facilitar a leitura do quadro, queremos referir que relativamente aos testes de Minnesota Manual Dexterity TC (Teste de Colocação) e TV (Teste de Volta) os valores superiores correspondem a um pior desempenho por parte dos indivíduos, ao contrário dos outros testes (Pursuit Rotor, Tapping Pedal, Mira Stambak), em que os valores superiores correspondem a um melhor desempenho dos indivíduos nos mesmos.

De seguida, apresentaremos os resultados de forma conjunta, permitindo uma leitura mais clara. O Quadro II, mostra a média, desvio padrão, valor z e nível de significância (p) dos valores alcançados nos dois grupos da amostra nos testes Minnesota Manual Dexterity TC (Teste de Colocação) e TV (Teste de Volta), Pursuit Rotor, Tapping Pedal, Mira Stambak.

Indivíduos com DM

Ligeira (L) Indivíduos com DM Moderada (M) z p

Minnesota TC 107,25±21,49 166,60±117,45 -1,51 0,143 Minnesota TV 152,15±29,73 193,40±125,10 -0,15 0,912 Pursuit Rotor (mão direita) 13,36±6,32 8,55±7,97 -1,29 0,218 Pursuit Rotor (mão esquerda) 13,32±6,01 8,20±7,90 -1,06 0,315 Tapping Pedal (pé direito) 10,35±3,99 8,55±4,04 -0,91 0,393 Tapping Pedal (pé esquerdo) 9,40±3,76 8,70±4,12 -0,38 0,739 Mira Stambak 7,70±4,30 2,50±2,07 -2,54 0,009

Quadro II – Resultados dos testes Minnesota Manual Dexterity TC (Teste de Colocação) e TV (Teste de Volta),

Perante os resultados do Quadro II, podemos constatar que no Teste Minnesota Manual Dexterity os Indivíduos com DM Ligeira apresentam uma média de tempo inferior aos Indivíduos com DM Moderada em ambos os testes (TC e TV). O mesmo se verifica relativamente ao desvio padrão. Deparamo- nos com valores mais elevados no TV, em ambos os grupos (Indivíduos com DM Ligeira e Indivíduos com DM Moderada), comparados com os valores alcançados no TC, o que demonstra que existiram maiores dificuldades na sua execução. A diferença das médias dos dois grupos observadas no TC é superior (59,35) à diferença encontrada no TV (41,25). O mesmo acontece na diferença encontrada no desvio padrão (TC: 95,96; e TV: 95,37), mostrando que existe uma maior variabilidade de valores no TC. No que diz respeito aos valores obtidos podemos estabelecer os seguintes intervalos de resultados para o TC: os Indivíduos com DM Ligeira apresentam um intervalo de [85,74; 128,74] e os Indivíduos com DM Moderada um intervalo de [49,15; 284,05]. Perante estes intervalos verificamos que o dos Indivíduos com DM Moderada é maior, o que demonstra uma maior variabilidade nos tempos obtidos. Apesar de, no geral, os Indivíduos com DM Moderada apresentarem tempos piores, ou seja, superiores aos Indivíduos com DM Ligeira, constatamos analisando estes intervalos, que alguns alcançaram melhores resultados. O mesmo verificamos no TV, onde o intervalo de resultados obtidos pelos Indivíduos com DM Moderada [68,30; 318,50] apresenta também maior variabilidade comparado com o intervalo dos Indivíduos com DM Ligeira [122,42; 181,88]. Em suma, podemos constatar que no Teste Minnesota Manual Dexterity (TC e TV) os Indivíduos com DM Ligeira apresentam níveis superiores de destreza manual comparados com os Indivíduos com DM Moderada. Contudo, esta diferença não é estatisticamente significativa (TC: p=0,143; TV: p=0,912).

Observando o Quadro II, verificamos que no Teste Pursuit Rotor (para cada mão) a média de tempos alcançada pelos Indivíduos com DM Ligeira é superior à média obtida pelos Indivíduos com DM Moderada. Porém, constatamos o contrário em relação ao desvio padrão. Nos dois grupos observamos valores superiores (média e desvio padrão) na mão direita

comparada com a mão esquerda. A diferença das médias dos dois grupos na mão direita é inferior (4,81) relativamente à mão esquerda (5,12). O mesmo se verifica com o desvio padrão (mão direita: 1,65 e mão esquerda: 1,89). Perante estes resultados concluimos que existe uma maior variabilidade na mão esquerda comparada com a mão direita, o qual se pode comprovar com os intervalos dos valores obtidos. Analisando estes intervalos para a mão direita: Indivíduos com DM Ligeira [7,04; 19,68] e Indivíduos com DM Moderada [0,58; 16,52]; e para a mão esquerda: Indivíduos com DM Ligeira [7,31; 19,33] e Indivíduos com DM Moderada [0,30; 16,10], constatamos que os Indivíduos com DM Moderada possuem um intervalo maior em ambas as mãos em relação aos Indivíduos com DM Ligeira, demonstrando assim maior variabilidade. Por fim, referindo-nos ao teste Pursuit Rotor podemos afirmar que os Indivíduos com DM Ligeira apresentam valores superiores de coordenação óculo-manual comparados com os Indivíduos com DM Moderada, embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas (mão direita: p=0,218; mão esquerda: p=0,315).

Guiando-nos pelo Quadro II, no Tapping Pedal, também conhecido como o teste de Sapateado, verificamos, em cada pé, que os valores da média de batimentos dos Indivíduos com DM Ligeira é superior aos valores dos Indivíduos com DM Moderada. O contrário acontece em relação ao desvio padrão. Observamos que os Indivíduos com DM Ligeira apresentam valores (média e desvio padrão) superiores no pé direito. No entanto, é no pé esquerdo que os Indivíduos com DM Moderada demonstram melhores resultados. A diferença das médias dos dois grupos no pé direito é superior (1,8) à do pé esquerdo (0,7). Porém, relativamente à diferença do desvio padrão, encontramos valores superiores no pé esquerdo (0,36), onde se verifica maior variabilidade, do que no pé direito (0,05). Confrontando os intervalos dos valores alcançados no pé direito: Indivíduos com DM Ligeira [6,36; 14,34] e Indivíduos com DM Moderada [4,51; 12,59]; e no pé esquerdo: Indivíduos com DM Ligeira [5,64; 13,16] e Indivíduos com DM Moderada [4,58; 12,82], constatamos que os Indivíduos com DM Moderada possuem um intervalo maior

em ambos os pés em relação aos Indivíduos com DM Ligeira, demonstrando assim maior variabilidade. Interpretando o que já foi referido acima, podemos constatar que, no teste Tapping Pedal, os Indivíduos com DM Ligeira apresentam melhores resultados de velocidade e coordenação dos membros inferiores relativamente aos Indivíduos com DM Moderada, embora as diferenças não sejam estatisticamente significativas (pé direito: p=0,393; pé esquerdo: p=0,739).

No teste das Estruturas Rítmicas de Mira Stambak, reportando-nos ao Quadro II, verificamos que os valores (média e desvio padrão) são superiores nos Indivíduos com DM Ligeira em relação aos Indivíduos com DM Moderada. Analisando os intervalos dos resultados alcançados: Indivíduos com DM Ligeira [3,40; 12] e Indivíduos com DM Moderada [0,43; 4,57], constatamos que existe maior variabilidade nos Indivíduos com DM Ligeira. Neste teste, podemos afirmar que os Indivíduos com DM Ligeira apresentam melhor capacidade de ritmo comparados com os Indivíduos com DM Moderada, sendo o único que apresenta diferenças estatisticamente significativas (p=0,009).

De todos os testes realizados, o teste Minnesota Manual Dexterity apresenta uma grande variabilidade de resultados, o que se justifica pelo facto de ser o único teste sem limite de tempo para a sua realização. Observando os resultados obtidos, os dois grupos apresentam melhores prestações, ou seja, tempos inferiores, no TC do que no TV. Contudo, estes resultados já eram de esperar pois, o TV apresenta um maior nível de exigência. Denotou-se que os Indivíduos com DM Ligeira obtiveram um incremento no tempo médio de execução do TC para o TV superior ao encontrado nos Indivíduos com DM Moderada. Em ambos os testes (TC e TV) encontramos Indivíduos com DM Moderada que apresentam resultados inferiores aos Indivíduos com DM Ligeira. Este facto torna-se bastante relevante neste estudo, pois contraria o ponto de partida estipulado de que os Indivíduos com DM Ligeira apresentam níveis de coordenação motora superiores aos Indivíduos com DM Moderada, demonstrando assim a importância da avaliação individualizada, por forma a

criar grupos de trabalho homogéneos. Porém, no geral, e no âmbito desta amostra, os Indivíduos com DM Ligeira, neste teste, apresentam níveis de destreza manual superiores aos Indivíduos com DM Moderada.

Dos testes que apresentam um tempo limite de execução (Pursuit Rotor e Tapping Pedal) é no teste de avaliação da coordenação óculo-manual que existe uma maior diferença a nível de valores alcançados. Na nossa opinião, estes resultados talvez se devam aos baixos índices de capacidade de atenção que estes indivíduos apresentam. Segundo Fonseca (1995), o indivíduo com DM apresenta como uma das suas principais características dificuldades em termos da capacidade de atenção, concentração e memorização, bem como um fraco limiar de resistência à frustração, associado a um baixo nível motivacional, atrasos no desenvolvimento da linguagem, inadequação do seu repertório social e dificuldades no processo de ensino-aprendizagem. Fazendo ainda referência ao teste de coordenação óculo-manual, constatamos que, apesar de ambos os grupos apresentarem valores superiores na mão direita, sendo esta a mão preferida de todos os elementos da amostra, a diferença entre os valores alcançados em cada uma das mãos é bastante próximo. Uma vez mais referimos a capacidade de atenção, como factor interveniente nestes resultados.

No teste Tapping Pedal a diferença encontrada entre cada pé nos Indivíduos com DM Moderada é quase inexistente comparada com a diferença existente nos Indivíduos com DM Ligeira. Denotou-se durante a aplicação deste teste uma determinada dificuldade dos Indivíduos com DM Moderada em definirem qual o seu pé preferido o que se transparece nos valores obtidos. Já no grupo dos Indivíduos com DM Ligeira se nota a diferença existente entre o pé preferido e o outro pé (neste caso o pé esquerdo).

Gomes (1992) conclui, numa amostra de indivíduos com DM ligeira, que os indivíduos que praticam dança folclórica possuem uma noção rítmica superior aos que não praticam. No nosso estudo, verificamos que os Indivíduos com DM Ligeira apresentam uma capacidade de ritmo superior aos Indivíduos com DM Moderada, sendo esta diferença estatisticamente significativa.

No estudo elaborado por Teles (2004) constatamos que, em ambas as avaliações realizadas (inicial e final), os indivíduos com DM Ligeira apresentam valores de coordenação motora superiores aos indivíduos com DM grave. O que vem suportar os resultados alcançados no nosso trabalho. Estes, contudo, não foram estatisticamente significativos, quando comparados os dois grupos em análise.

Documentos relacionados