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Deficiências mental e coordenação motora : estudo comparativo dos níveis de coordenação motora entre indivíduos com deficiência mental ligeira e moderada

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. Deficiência Mental e Coordenação Motora Estudo Comparativo dos Níveis de Coordenação Motora entre Indivíduos com Deficiência Mental Ligeira e Moderada. Marta Sofia Silva Freitas Porto, Dezembro, 2005.

(2) UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física. Deficiência Mental e Coordenação Motora Estudo Comparativo dos Níveis de Coordenação Motora entre Indivíduos com Deficiência Mental Ligeira e Moderada. Monografia apresentada no âmbito da disciplina de Seminário da opção de Desporto de Reeducação e Reabilitação.. Orientadora: Prof. Dra. Maria Olga Vasconcelos Co – Orientadora: Prof. Dra. Maria Adília Silva. Marta Sofia Silva Freitas Porto, Dezembro, 2005.

(3) Agradecimentos. Agradecimentos Com o colmatar desta longa caminhada que foi a minha formação académica, chega também a hora de agradecer a todos aqueles que caminharam a meu lado, me orientaram e me deram forças para chegar ao fim. Torna-se difícil transmitir por palavras a gratidão que sinto por todos aqueles que fazem parte da minha vida e que, de modo directo ou indirecto, me ajudaram e apoiaram nesta caminhada. Sem menosprezar ninguém, e tendo sempre em mente o valor de todos aqueles que me rodeiam, deixo aqui um especial obrigado: À Professora Doutora Maria Olga Vasconcelos e à Professora Doutora Maria Adília Silva, por terem aceite o desafio de orientar este trabalho, pela disponibilidade, paciência e estímulo sempre evidenciados e pela ajuda prestada a ultrapassar dificuldades. Ao Professor Abel e ao Professor António pelas horas dispendidas e a constante disponibilidade e amabilidade. Sem eles este trabalho não teria sido possível. A todos os meus amigos e amigas, aos presentes e aos ausentes mas sempre presentes, pelo carinho e amizade incondiconal que me proporcionam. À Desportuna, pelos momentos únicos passados, pelas aventuras e desventuras, pela força que me deram quando tudo parecia correr mal, mas acima de tudo por darem um significado verdadeiro às palavras amizade e união. Por fim, quero deixar aqui o mais precioso e importante sentimento que se pode ter perante as pessoas que tudo fizeram para me educar e formar. Eles que sempre me apoiaram e acreditaram em mim, dando-me todo o amor e compreensão, os meus pais. Nunca é demais Muito Obrigada. II.

(4) Indice Geral. Índice Geral Pág.. Agradecimentos. II. Índice Geral. III. Índice de Quadros. IV. Índice de Anexos. V. Resumo. VI. 1. Introdução. 1. 2. Revisão da Literatura. 5. 2.1. Deficiência Mental. 5. 2.1.1. Definição e Classificação. 5. 2.1.2. Etiologia. 12. 2.1.3. Caracterização. 15. 2.2. Capacidades Motoras. 17. 2.2.1. Coordenação Motora e Capacidades Coordenativas 2.3. Coordenação Motora e Deficiência Mental. 19 25. 3. Objectivos e Hipóteses. 33. 4. Material e Métodos. 34. 4.1. Amostra. 34. 4.2. Procedimentos Metodológicos. 35. 4.2.1. Instrumentos. 35. 4.3. Procedimentos Estatísticos. 40. 5. Apresentação e Discussão dos Resultados. 42. 6. Conclusões e Sugestões. 48. 7. Referências Bibliográficas. 49. 8. Anexos. VII. III.

(5) Indice de Quadros. Índice de Quadros Pág.. Quadro I – Distribuição da amostra por classificação e sexo.. 34. Quadro II – Resultados dos testes Minnesota Manual Dexterity TC 42 (Teste de Colocação) e TV (Teste de Volta), Pursuit Rotor, Tapping Pedal e Mira Stambak.Média, desvio padrão, valores de z e p.. IV.

(6) Indice de Anexos. Índice de Anexos Pág.. Anexo I – Ficha de Caracterização. VIII. Anexo II – Teste Minnesota Manual Dexterity. X. Anexo III – Teste Pursuit Rotor. XII. Anexo IV – Teste Tapping Pedal. XIV. Anexo V – Teste das Estruturas Rítmicas. XVI. V.

(7) Resumo. Resumo Entender e analisar as características de cada um dos indivíduos com deficiência mental (DM) é um ponto fulcral para o seu desenvolvimento. O facto de conhecer as suas capacidades motoras, permite que os profissionais do Desporto e Educação Física consigam realizar um planeamento ajustado da sua actividade corporal, proporcionando-lhes os alicerces sensório-perceptivosmotores que vão estar na base dos comportamentos exigidos pelo meio. Este trabalho teve como objectivo comparar os níveis de coordenação motora entre um grupo de Indivíduos com DM Ligeira e um grupo de Indivíduos com DM Moderada, nomeadamente a capacidade de destreza manual, coordenação óculo-manual, velocidade e coordenação dos membros inferiores e capacidade de ritmo. A amostra é constituída por um total de vinte indivíduos, dos quais dez apresentam Deficiência Mental Ligeira e os outros dez Deficiência Mental Moderada, segundo a classificação adoptada por Silva (1991), sendo todos utentes de duas instituições que pertencem aos concelhos de Vila de Conde e da Póvoa de Varzim, apresentando idades na faixa etária compreendida entre os dezoito e os vinte e dois anos. Os testes aplicados neste estudo foram o Minnesota Manual Dexterity (Desrosiers et al. 1997), Pursuit Rotor (Godinho et al. 2000), Tapping Pedal (cit. Melo, 1998) e Teste das Estruturas Rítmicas de Mira Stambak (Stambak, 1972). Como principais conclusões, após a análise pormenorizada dos resultados, constatamos que os Indivíduos com DM Ligeira evidenciam melhores resultados em todas as capacidades avaliadas (destreza manual, coordenação óculo-manual, velocidade e coordenação dos membros inferiores e capacidade de ritmo) relativamente aos Indivíduos com DM Moderada. Porém, as diferenças entre os grupos não são estatisticamente significativas, à excepção da capacidade de ritmo (p=0,009). PALAVRAS CHAVE: DEFICIÊNCIA MENTAL, CAPACIDADES MOTORAS, COORDENAÇÃO MOTORA.. VI.

(8) Introdução. 1. Introdução O corpo e o movimento são as fontes mais básicas e essenciais que nos proporcionam a diferenciação de experiências em vários âmbitos: espacial, temporal, de desempenho, social, etc.. Assim, o nosso corpo e o movimento dão-nos a possibilidade de, através da sua contracção, descontracção, imobilidade, mobilidade, comunicação, silêncio, entre outras, expressar e regular o nosso comportamento, o nosso ser (Rodrigues, 2002). Deste modo, encaramos a expressão humana como relação recíproca e indissociável entre o organismo e o meio envolvente. Daí a importância de o meio proporcionar ao indivíduo as melhores experiências e oportunidades para o seu bom desenvolvimento. Actualmente, considera-se que os indivíduos com Deficiência Mental (DM), para além do défice intelectual, apresentam perturbações que os envolvem na sua totalidade, aceitando-se que, talvez, estas sejam tão importantes quanto a deficiência em si mesma (Costa, 1995). Esta autora refere ainda, que é necessário ter em conta tais perturbações, uma vez que a sua compreensão é fundamental para (re)educar estas pessoas de modo a torná-las capazes de desempenhar, pelo menos, minimamente, as actividades quotidianas e, principalmente, dar-lhes uma maior satisfação pessoal, ou seja, melhorar a sua qualidade de vida. Dahms et al. (1989, cit. Maia, 2002) defendem que a participação em actividades físicas pode influenciar os seus meios reabilitativos. Na perspectiva de Sherrill (1998), aproximadamente 90% destes indivíduos apresentam ligeiras debilitações e necessitarão de alguma adaptação e de algum apoio nas várias áreas educacionais, em particular na área da Educação Física e Desporto. Esta, contribui para o desenvolvimento de todas as áreas da personalidade, e o seu objectivo não deve resumir-se ao desenvolvimento físico, mas contribuir igualmente para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social do indivíduo (Lucea, 1999). Portanto, torna-se determinante que os profissionais desta área tentem entender e analisar as características de cada um dos indivíduos com DM para poderem desenvolver. Marta Freitas. 1.

(9) Introdução. cuidadosamente prescrições de exercícios adequadas às suas necessidades individuais. Quanto maiores forem os seus níveis de conhecimento no que concerne a este âmbito mais rica poderá ser a actividade proporcionada. A classificação dos indivíduos com DM foi sofrendo alterações ao longo dos tempos, acompanhando a evolução da definição de DM. Este facto reflecte a preocupação em implementar sistemas de apoio mais precisos e mais facilmente aplicáveis, passando de uma classificação onde apenas se tinha em conta o quociente de inteligência (QI) avaliado através de testes psicométricos (Grossman, 1983) para outra classificação. Esta, realizada por Luckasson et al. (1992),. defende. uma. classificação. com. critérios. mais. abrangentes,. considerando as relações que o indivíduo com DM estabelece com o envolvimento e não apenas baseada numa característica (QI) expressa pelo indivíduo. Dez anos depois, em 2002, surge uma nova actualização do conceito de DM – a décima noção adoptada pela Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR)-, definida como “uma incapacidade caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e comportamento adaptativo, expressa nas capacidades conceptuais, sociais e práticas adaptativas, e tem origem antes dos 18 anos de idade” (AAMR, 2002, p.3). A mudança fundamental reside no esforço que se tem verificado nesta área para que se incremente o conhecimento e a compreensão acerca da Deficiência Mental, permitindo implementar uma terminologia, classificação e sistemas de apoio mais precisos e adequados. De acordo com Morato et al. (1996) acredita-se que, através dos apoios necessários a cada um dos indivíduos com DM, se possa efectivamente melhorar as suas capacidades funcionais. A actual revisão da AAMR (2002) sublinha a importância de avaliar o indivíduo com vista à planificação de estratégias, serviços e apoios, no sentido de optimizar as suas competências. Além disso, tem em conta que as necessidades individuais e as circunstâncias podem mudar com o tempo.. Marta Freitas. 2.

(10) Introdução. É neste sentido que se dá maior relevância ao aperfeiçoamento das capacidades coordenativas, uma vez que são parte vital na formação corporal de base. Estas surgem como imprescindíveis para os indivíduos com DM, porque contribuem para o desenvolvimento perceptivo-motor, facilitando desta maneira o seu relacionamento com o meio ambiente. Também permitem que o indivíduo adquira, através da actividade corporal, os alicerces sensórioperceptivos-motores que vão estar na base dos comportamentos exigidos pelo meio, abrindo-lhes novos horizontes (Pires, 1992). Todos os profissionais que trabalham em Educação e Reeducação numa perspectiva adequada, isto é, que procuram conhecer e atingir objectivos significantes e pertinentes para os seus alunos, sabem que a caracterização e avaliação dos casos com que trabalham é um passo indispensável e uma etapa que não pode ser menosprezada. Surge então o porquê de realizarmos avaliações. Esta questão deve ficar estabelecida à partida, pois, sem avaliarmos, pensamos não ser possível conhecer objectivamente o ponto de partida e o ponto de chegada dos nossos alunos. Isto é, todo o nosso trabalho ficaria à mercê de condicionalismos mais ou menos espontâneos, sem que a nossa acção de mediatizadores tivesse o significado que de facto procuramos. É com base no exposto anteriormente, que surge este estudo. O nosso objectivo é comparar os níveis de coordenação motora entre dois grupos de indivíduos com DM Ligeira e Moderada, na faixa etária compreendida entre os 18 e os 22 anos. Todos frequentam duas instituições que pertencem aos concelhos de Vila de Conde e da Póvoa de Varzim. Guiando-nos pela classificação da DM proposta por Silva (1991), que distingue os indivíduos em deficientes mentais Ligeiros, Moderados, Severos e Profundos, que se encontra em vigor em ambas as instituições, pretendemos ter uma avaliação concreta das capacidades coordenativas destes indivíduos, nomeadamente a capacidade de destreza manual, coordenação óculo-manual, velocidade e coordenação dos membros inferiores e capacidade de ritmo, podendo ter uma base de informações fidedigna e individualizada. Esta base, dá-nos uma descrição detalhada de todas as dificuldades e de todas as possibilidades que. Marta Freitas. 3.

(11) Introdução. estes indivíduos apresentam a nível coordenativo, o que nos possibilita, de futuro, a criação de grupos de trabalho o mais homogéneos possível permitindo, deste modo, a aplicação de metodologias objectivas e apropriadas. Este trabalho encontra-se estruturado em oito capítulos organizados da seguinte forma: Capítulo I (Introdução) – Apresenta o enquadramento teórico que levou à realização deste trabalho, referindo a pertinência deste estudo, os objectivos e ainda a sua estruturação. Capítulo II (Revisão da Literatura) – Neste capítulo é realizada a caracterização da Deficiência Mental e das Capacidades Motoras, em especial destaque, a coordenação motora. É também feita uma breve incursão aos trabalhos já realizados no âmbito deste tema. Capítulo III (Objectivos e Hipóteses) – Enuncia os objectivos que nortearam a nossa investigação, assim como, as hipóteses que nos propomos averiguar. Capítulo IV (Material e Métodos) – Demonstra a caracterização da amostra, indicando os procedimentos metodológicos e estatísticos utilizados, bem como os respectivos instrumentos de avaliação. Capítulo V (Apresentação e Discussão dos Resultados) – Apresentam-se os resultados obtidos em cada um dos instrumentos aplicados e realiza-se uma breve discussão dos mesmos. Capítulo VI (Conclusões e Sugestões) – Descrevem-se as principais conclusões do estudo como resultado final da discussão desenvolvida no capítulo anterior que se limitam ao âmbito da amostra utilizada não devendo, por isso, ser generalizadas. Também se propõem algumas sugestões para a concretização de novos trabalhos dentro desta temática. Capítulo VII (Bibliografia) – Neste capítulo encontram-se as referências bibliográficas correspondentes à pesquisa efectuada para a realização deste trabalho. Capítulo VIII (Anexos) – Aqui, serão disponibilizados os instrumentos utilizados para consulta.. Marta Freitas. 4.

(12) Revisão da Literatura. 2. Revisão da Literatura 2. 1. Deficiência Mental 2.1.1. Definição e Classificação A. Deficiência. Mental. é. uma. condição. humana. que. tem. sido. historicamente susceptível de desacordos e de uma série de mal entendidos. Uma variedade de incertezas tem vindo a dominar o conceito de DM devido às suas características, às suas necessidades e às capacidades das pessoas com DM (Maia, 2002). Em termos históricos, Santos e Morato (2002) referem que é possível observar três períodos ao longo do estudo da DM. No primeiro, que se estende até cerca de 1800, a DM não é considerada como um problema científico, verificando-se algumas experiências pedagógico-terapêuticas que se revelaram como referências objectivas à reabilitação da DM, chamando a nossa atenção para a área da actividade sensorial. Nesta fase, criaram-se propostas de identificação e classificação da DM, que lhe permitiram a distinção em relação a outras deficiências, em particular, da doença mental (Rynders, 1987, cit. Morato, 1993). Seguidamente, e no período compreendido entre o fim do século XIX e a Segunda Guerra Mundial, verifica-se uma preocupação na definição e classificação (operacional) de DM relacionando-a com critérios académicos. O apoio das primeiras perspectivas de definição e classificação da DM foram então desenvolvidas em função da correlação, geralmente encontrada entre uma medida baixa de capacidade, revelada pelo teste de inteligência, com a dificuldade de aprender (Binet, 1908, cit. Morato et al., 1996). Surge então a preocupação de criar melhores condições de vida para os indivíduos com DM (Santa Clara, 1991). Finalmente, no pós-guerra tenta-se uma alteração das atitudes face à deficiência, incluindo o meio ecológico como sendo uma parte importante do. Marta Freitas. 5.

(13) Revisão da Literatura. desenvolvimento. Esta fase é caracterizada por uma mudança na evolução científica e pelo reforço do movimento humanitário em prol da defesa dos grupos minoritários na sociedade, dos deficientes de guerra, e dos movimentos associativos de pais, crianças e jovens com deficiência (Morato, 1993; Morato et al., 1996). Todavia, subsistem as dificuldades na sua definição funcional e operacional. As mudanças na sociedade e, também, a necessidade de existência de um consenso geral no tocante a esta problemática, levaram a uma multiplicidade terminológica relativamente àqueles que se desviam do que se. determina. como. “normais”. (deficientes,. inadaptados,. diferentes,. excepcionais) (Maia, 2002). O I Congresso Mundial sobre o Futuro da Educação Especial, em 1978, aprovou a seguinte definição proposta pelo Comité para a Deficiência Mental: “A Deficiência Mental refere-se a um funcionamento cognitivo geral inferior à média, independentemente da etiologia, manifestando-se durante um período de desenvolvimento, o qual é de uma severidade tal que marcadamente limita a capacidade do indivíduo para aprender e, consequentemente, para tomar decisões lógicas, fazer escolhas e julgamentos e limita também a sua capacidade de auto-controle e de relação com o envolvimento” (cit. Vieira e Pereira, 1996, p. 41). Segundo Grossman (1983) o indivíduo com DM apresenta, durante o período de desenvolvimento, dificuldades de aprendizagem na classe regular, revelando nos testes psicométricos valores de QI inferiores à média. Bagatini (1987) completa esta definição caracterizando-a pela inadequação do comportamento adaptativo (aprendizagem e socialização), sendo necessário criar métodos e recursos didácticos especiais para a sua educação. Como anteriormente referimos, o suporte das primeiras perspectivas de definição e classificação da DM desenvolveram-se recorrendo à psicometria, onde o conceito de inteligência seria o ponto de partida para definir e classificar o indivíduo com DM. Assim, para calcular o grau de DM seria utilizada a avaliação psicométrica, a qual contempla o rendimento intelectual (quociente. Marta Freitas. 6.

(14) Revisão da Literatura. de inteligência – QI), segundo as escalas de avaliação da idade mental vulgarmente utilizadas e a idade cronológica. A formulação para o cálculo da DM seria então a seguinte: idade mental/idade cronológica x 100 = QI (Silva, 1991; Morato, 1995). A definição de DM realizada por Luckasson et al. (1992) e adoptada pela AAMR, no mesmo ano, apresenta como mudança fundamental a alteração ao quadro de referência, ou seja, de uma classificação baseada somente numa característica expressa pelo indivíduo, passa para uma nova concepção, que considera primordial as relações que o indivíduo com DM estabelece com o envolvimento, passando de uma perspectiva singular para uma perspectiva plural. Deste modo, a definição de DM passou a depender de três critérios: funcionamento intelectual, obtido através de avaliações realizadas com um ou mais testes de inteligência, cujos valores se encontram abaixo da média, definindo-se como um QI de 70–75 ou inferior; limitações significativas em duas ou. mais. áreas. do. comportamento. adaptativo. e. verificação. destas. características desde a infância, manifestando-se antes dos 18 anos (Luckasson et al., 1992). Com esta definição surge o conceito de comportamento adaptativo, que se pode entender como uma mistura de um conjunto de capacidades adaptativas que interagem entre si (comunicação, autonomia pessoal, autonomia em casa, competências sociais, etc.) permitindo ao indivíduo uma plena integração na comunidade (Nihira et al., 1993). Para a AAMR (1992) existem quatro premissas essenciais à aplicação da definição de DM: a avaliação pertinente que considere a diversidade linguísticocultural (e as diferenças comportamentais e da comunicação), a existência de limitações nas habilidades adaptativas em relação aos seus pares, a coexistência de áreas fortes e fracas e as melhorias no funcionamento dos indivíduos decorrentes de um apoio adequado, pelo que se intentará na elaboração de um modelo funcional. Em 2002, a AAMR adopta a décima definição de Deficiência Mental. Esta última definição, uma actualização da definição de 1992, preconiza que a DM é. Marta Freitas. 7.

(15) Revisão da Literatura. caracterizada por limitações significativas ao nível do funcionamento intelectual e comportamento adaptativo, expressando-se nas capacidades conceptuais, sociais e práticas adaptativas e que tem a sua expressão antes dos 18 anos (AAMR, 2002), apontando cinco assunções para a aplicação da definição: 1. As limitações do funcionamento têm que ser consideradas no contexto da comunidade em que o indivíduo se insere (idade, pares e cultura). 2. No processo de avaliação deve ser considerada a diversidade cultural e linguística, assim como as diferenças ao nível dos factores de comunicação, sensoriais, motores e comportamentais. 3. No indivíduo coexistem limitações com aspectos fortes. 4. A descrição das limitações têm o propósito de desenvolver o perfil dos apoios necessários. 5. Com os apoios personalizados e apropriados, a funcionalidade dos indivíduos com D.M. pode geralmente melhorar. Apesar das definições de 1992 e de 2002 da AAMR colocarem ênfase nos apoios e na sociedade, com vista à inclusão e bem-estar da pessoa com deficiência mental, esta última não refere o QI do indivíduo e o número mínimo de áreas do comportamento adaptativo em que tem que apresentar incapacidade, para que possa ser considerado deficiente mental. Dito de outra forma, as definições de 1992 e de 2002 da AAMR, distinguem-se pelo seguinte: - Enquanto na definição de 1992 a D.M. é apresentada como um funcionamento. intelectual. significativamente. abaixo. da. média. (o. que. corresponde a um QI igual ou inferior a 70-75), na definição actual a D.M. é descrita como uma incapacidade caracterizada por significantes limitações no funcionamento intelectual. O valor do QI, quando igual ou inferior a 70-75, passa a ser utilizado apenas como “um aspecto na determinação das pessoas que têm deficiência mental” (AAMR, 2002 p.3), a par das significantes limitações no comportamento adaptativo e da evidência de que a deficiência tenha ocorrido até aos 18 anos de idade.. Marta Freitas. 8.

(16) Revisão da Literatura. - Relativamente ao comportamento adaptativo, na definição de 1992 é referido que devem. existir limitações. em duas. ou mais. áreas. do. comportamento adaptativo, e na definição de 2002 consta apenas que deve haver limitações significativas no comportamento adaptativo expressas nas capacidades sociais e práticas adaptativas. A classificação da DM conheceu vários contornos ao longo dos tempos, tendo sido utilizados vários sistemas de avaliação. Vários autores (Grossman, 1983; Fonseca, 1989) referem que a classificação dos diferentes níveis de deficiência consideravam o comportamento adaptativo, apesar dos valores de QI se manterem o critério dominante. Sendo assim, os mesmos autores estabeleceram a seguinte classificação: - Deficiência mental ligeira............................... QI entre 55 e 70; - Deficiência mental moderada........................ QI entre 40 e 54; - Deficiência mental grave................................ QI entre 25 e 39;. - Deficiência mental profunda........................... QI inferior a 25.. Porém, na opinião de Morato (1995), uma definição de Deficiência Mental baseada no QI (teoria psicométrica) revela falta de rigor com tendência para homogeneizar o perfil cognitivo dos indivíduos, ocorrendo uma subvalorização das diferenças qualitativas existentes. No entanto, apesar da evolução positiva que se tem vindo a acentuar sobre o conceito de Deficiência Mental, os critérios da sua definição permanecem. discutíveis. pelas. implicações. determinantes. do. carácter. estigmatizante das classificações por níveis de dificuldade (Morato et al., 1996). Apesar de a AAMR já não utilizar a classificação que em seguida apresentamos, julgamos pertinente expô-la, pois, no caso concreto deste estudo, ainda é esta a classificação utilizada. Sendo assim, segundo Silva (1991), existem três graus de Deficiência Mental: Deficiência Mental Ligeira: o indivíduo não apresenta capacidade para acompanhar os programas de ensino regular mas é susceptível de aprender conceitos ligados a algumas disciplinas académicas. Mediante um. Marta Freitas. 9.

(17) Revisão da Literatura. acompanhamento especial pode vir a ser integrado, parcialmente, na escola regular; Deficiência Mental Média ou Moderada: o indivíduo é capaz de adquirir noções simples de comunicação, hábitos elementares de higiene e segurança, regras de comportamento mas não é educável no sentido vulgar da palavra; Deficiência Mental Severa e Profunda: o indivíduo é capaz apenas de uma certa aprendizagem no que respeita à aquisição de alguns hábitos (Deficiência Mental Severa) e utilização dos membros superiores e inferiores e mastigação (Deficiência Mental Profunda); é dependente na sua vida pessoal e social. Para além da limitação intelectual, apresenta frequentemente outros problemas tais como a Paralisia Cerebral, Epilepsia ou uma desordem similar, ou ainda problemas de visão ou de audição. Em função das alterações na definição de DM, a avaliação deixou cair a tradicional classificação de acordo com a capacidade intelectual, para incluir o conceito de apoios, que considera o indivíduo e o meio ambiente (Nielson, 1999). Atribuir a um indivíduo um nível determinado segundo uma escala rígida deixou de fazer sentido uma vez que a importância é dada à forma como cada um se adapta às condições de vida e exigências do seu meio social. Mais do que classificar pessoas, pretende-se identificar os apoios necessários ao desenvolvimento consistente e duradouro dos comportamentos adaptativos (Vieira e Pereira, 1996). A implementação da classificação desta deficiência passa a ter então como base o nível de apoios necessários a uma vida o mais independente possível, visando assim a promoção do indivíduo com DM e não simplesmente a classificação para hierarquizar dificuldades (Morato et al., 1996). No entanto, os mesmos autores, alertam para a série de dúvidas que a mudança deste paradigma levanta, o que torna necessária a clarificação das formas de classificação e diagnóstico, assim como a projecção das dificuldades de implementação. do. modelo. de. diagnóstico. e. atendimento.. Uma vez. determinados os diagnósticos e a elegibilidade para os apoios, cada indivíduo. Marta Freitas. 10.

(18) Revisão da Literatura. poderá necessitar de suporte em diferentes áreas, com níveis de intensidade diferentes, que evoluem ao longo da vida de cada um, estando sempre em constante evolução na sua relação com os envolvimentos. Nesta perspectiva o indivíduo com DM difere na natureza, extensão e severidade das suas limitações funcionais, dependendo das exigências e constrangimentos do seu envolvimento e da presença ou ausência de ajudas. Tendo em vista o modelo de atendimento mais eficaz, existe a necessidade imperiosa de classificar e identificar de forma clara e precisa os níveis de intensidade de apoio (Morato et al., 1996; AAMR, 2002): Intermitente – é um apoio descontínuo. O indivíduo é autosuficiente,. necessitando. de. apoio,. pontualmente,. em. períodos. específicos de transição (por exemplo, perda de emprego ou crise de doença aguda, mas transitória). Este tipo de apoio também varia em termos de intensidade. Limitado – é um apoio contínuo embora limitado no tempo. O indivíduo necessita de apoio só em determinadas áreas como, gestão, emprego, saúde, autonomia em casa. Exige um menor número de pessoal de apoio, assim como um menor custo financeiro, do que os níveis mais intensos. Extensivo – é um apoio regular (ex.: diário) em mais de uma área (ex.: trabalho e casa) e sem limite temporal. O indivíduo necessita de instruções, assistência ou supervisão em áreas específicas. Permanente – é um apoio constante ao longo das 24 horas podendo assumir um caracter vital, daí se caracterizar por um elevado nível de intensidade fornecido em todos os tipos de envolvimento. O indivíduo necessita de apoio nos cuidados básicos como a alimentação. Este tipo de apoio implica a existência de um maior nível de pessoal interveniente e de um maior nível de intrusividade em relação aos restantes níveis de apoio. A descrição das limitações do indivíduo permite desenvolver estratégias com o intuito de delinear o perfil de apoios e serviços necessários. Sublinha-se,. Marta Freitas. 11.

(19) Revisão da Literatura. desta forma, a utilidade de avaliar o indivíduo no sentido de efectuar uma planificação ajustada em termos de intervenção. Para Santos e Morato (2002) são necessárias três fases para uma completa avaliação da DM: • Diagnóstico baseado no nível de funcionamento intelectual, das habilidades adaptativas e na idade cronológica do aparecimento das perturbações. • Classificação mediante as perturbações apresentadas pelos indivíduos com DM, identificando áreas fortes e fracas e a necessidade de apoios. • Identificação de sistemas de apoio em que se determina um perfil, as intensidades e as frequências de apoio necessários. Este processo tripartido procura proporcionar uma avaliação detalhada do indivíduo e dos apoios que necessita. Permite assim analisar separadamente todas as áreas em que podem existir dificuldades e delinear uma intervenção, uma vez reconhecida da sua interdependência (Verdugo, 1994). A definição das necessidades e a opção por apoios personalizados e apropriados contribui para a optimização das competências dos indivíduos com DM, permitindo a sua integração na comunidade. Os recursos e as estratégias individuais para promover o desenvolvimento, educação, interesses e bemestar pessoal do deficiente mental podem ser prestados por familiares, amigos e técnicos, assim como professores, psicólogos e médicos (AAMR, 2002).. 2.1.2. Etiologia O estudo da etiologia da DM torna-se indispensável para uma melhor compreensão desta deficiência. Através do conhecimento das suas causas, poderemos perceber os seus efeitos, alcançando, assim, algum significado para a sua definição. Através da aplicação de novos métodos de avaliação, de diagnóstico e de elaboração de instrumentos para a população com DM, tentase potencializar meios de prevenção e intervenção para estes indivíduos. São. Marta Freitas. 12.

(20) Revisão da Literatura. muitas as causas e os factores de risco que podem provocar DM, por isso torna-se fundamental uma avaliação correcta e pormenorizada dos aspectos do desenvolvimento. Nos finais do século XX (década de oitenta) a etiologia da DM incluía os factores genéticos, factores estes que actuam antes da gestação; a origem da deficiência está já determinada pelos genes ou herança genética; factores progenéticos; estudo do fundo genético do património hereditário duma população, das causas da sua evolução e das influências mutagénicas a que está sujeito; e por fim, os factores extrínsecos, que compreendem todos os acidentes que se produzem desde o momento da concepção, ao longo dos vários estádios da vida intra-uterina, no parto e até ao final da primeira infância (Sánchez e Alonso, 1986). Estes factores extrínsecos, e seguindo a ideia dos mesmos autores, são constítuidos por: factores pré-natais (compreendem todas as patologias da gravidez), factores peri-natais (incluem os incidentes que preconizem o sofrimento do feto no momento do parto), factores pós-natais (considerados todas as lesões do Sistema Nervoso, infecciosos, tóxicas, traumáticas, directas ou indirectas que, apesar dos recursos terapêuticos, conservem a sua importância quanto à precocidade, gravidade e localização das lesões que provocam) e os factores psico-afectivos (que poderão aparecer no desenrolar dos factores anteriormente descritos). Outros autores baseados na AAMR em 1992 (Luckasson et al., 1992; Santos e Morato, 2002) mencionam o facto da DM reflectir a acumulação de factores múltiplos e interactivos. De acordo com a AAMR (1992), não existe uma etiologia específica para a DM, sendo esta ideia partilhada por Ribeiro (1996), que afirma que a abordagem pluridisciplinar não permite ainda ter uma visão clara das causas da deficiência, verificando-se uma acção conjugada e ou acumulada de diversos factores (causas pré, peri e pós-natais) sem que se possa diagnosticar com precisão uma lesão principal.. Marta Freitas. 13.

(21) Revisão da Literatura. Quando nos encontramos perante um indivíduo que aparenta ter DM é necessário recorrer a uma avaliação correcta no contexto familiar, realizada por uma equipa. interdisciplinar, sócio-médico-psicopedagógica ou terapêutica,. com finalidade de detectar as causas possíveis, permitindo chegar a um correcto diagnóstico, para o estabelecimento de um programa de estimulação precoce e um programa de apoio familiar (Maia, 2002). A abordagem multifactorial, utilizada actualmente, reporta-se à distinção de quatro grupos de etiologias distintas. Eles são constituídos pelos factores biomédicos, sociais, comportamentais e educacionais (Luckasson et al., 1992; AAMR, 2002). Relativamente aos factores biomédicos os autores consideram que estão relacionados com os processos biológicos como a nutrição e as desordens genéticas. As causas sociais advertem para a interacção social e familiar (responsabilidade e estimulação por parte dos adultos). Os factores comportamentais dizem respeito a comportamentos assumidos pela mãe, como o abuso de substâncias tóxicas durante a maternidade. O quarto factor, factores educacionais, está relacionado com a viabilidade dos apoios educativos. que. promovam. o. desenvolvimento. dos. comportamentos. adaptativos. Reportando-nos à incidência e frequência da DM, tendo em consideração a escassez de sistemas de definição rigorosos e práticos e o desenvolvimento da sua etiologia, verificamos dificuldades na sua quantificação (Pelica, 1994, cit. Santos e Morato, 2002). Segundo o mesmo autor, denota-se uma maior incidência (cerca do dobro) no sexo masculino e um maior índice de ocorrência em grupos com um baixo nível sócioeconómico. Em suma, o conhecimento claro das causas múltiplas existentes e os apoios necessários e apropriados podem contribuir para prevenir e até mesmo reverter os efeitos dos factores referidos.. Marta Freitas. 14.

(22) Revisão da Literatura. 2.1.3. Caracterização Nos indivíduos com DM, tal como nos restantes indivíduos, o comportamento pessoal e social é muito variável, não se podendo falar de características iguais nesta população (Pacheco e Valencia, 1997). Todos os indivíduos com DM reúnem em si diferentes características, o que os torna únicos e às quais é necessário dar atenção. Quiroga (1989) destaca algumas das características mais significativas desta população. Em termos pessoais refere a ansiedade, falta de autocontrolo, tendência para evitar situações de fracassos mais do que para procurar os êxitos, possível existência de perturbações de personalidade, fraco controlo interior, falta de motivação. A nível social salienta as dificuldades em realizar funções sociais, em estabelecer vínculos afectivos, atraso evolutivo em situações de jogo, lazer e actividade sexual. Estas limitações repercutem-se no comportamento do indivíduo, provocando alterações, tais como, instabilidade emocional, comportamento de grupo perturbado, falta de atenção, apatia e medo da novidade. Apresentam também imaturidade do ponto de vista de gostos e interesses, falta de imaginação e de iniciativa e dificuldades de integração.Por fim, a nível motor enuncia a falta de equilíbrio e as dificuldades de locomoção, coordenação e manipulação. Podem apresentar também alterações morfológicas, como pés rasos e desvios na coluna, lesões neurológicas associadas, alteração do tónus muscular que provocam um atraso no desenvolvimento psicomotor (Silva, 1991). Vaughn et al. (1989, cit. Santos e Morato, 2002) acrescentam ainda que as principais dificuldades ao nível desta população se verificam em termos da adequação da interacção com os outros. Este facto contribui, decisivamente, e de modo menos positivo, para o critério de êxito e o sentimento de competência noutras situações diárias. Fonseca (1995) considera que os principais comportamentos observados e generalizáveis para o indivíduo com DM consistem nas dificuldades em termos da capacidade de atenção, concentração e memorização, bem como um fraco limiar de resistência à frustração, associado a um baixo nível. Marta Freitas. 15.

(23) Revisão da Literatura. motivacional, atrasos no desenvolvimento da linguagem, inadequação do seu repertório social e dificuldades no processo de ensino-aprendizagem. De acordo com Pacheco e Valencia (1997), o desenvolvimento de um indivíduo com DM processa-se segundo as mesmas etapas consideradas normais. no. desenvolvimento. e. evolução. de. qualquer. outra. pessoa. (sensoriomotora, operações concretas, operações formais). Porém, estes autores referem que este desenvolvimento não se enquadra em períodos concretos. de. aprendizagem,. tendo. em. conta. apenas. as. correntes. psicométricas. É necessário fazer uma avaliação, complexa e exaustiva, para o podermos situar então no processo geral de desenvolvimento, assinalando os aspectos positivos, ou seja, aquilo que, apesar de tudo, o indivíduo com DM é capaz de fazer. Segundo Fonseca (1989), é importante manipular variáveis, conhecer as potencialidades dos sujeitos, fazendo-os passar por situações com significação e intencionalidade onde se sintam competentes e ou sucedidos. Refere ainda que é necessário elaborar programas de ensino-aprendizagem individualizados e motivantes através de um conjunto de actividades de carácter lúdico e que impliquem a vivência de experiências pelo corpo, para que se tente minimizar as dificuldades e maximizar as potencialidades. O desenvolvimento não deverá ser travado pelas actividades do mundo que rodeia as pessoas com deficiência.. Marta Freitas. 16.

(24) Revisão da Literatura. 2.2. Capacidades motoras O movimento é uma das características fundamentais do ser humano e está presente desde as primeiras semanas de vida intrauterina (Rodrigues, 1997). É este que possibilita que o indivíduo estabeleça um conjunto de relações com o meio envolvente, que lhe são necessárias para o seu desenvolvimento motor, ao aprender a perceber e a interagir com as suas vivências (Matos, 1991). No dizer de Lucea (1999), o indivíduo interage com o exterior através das suas sensações e percepções, adquirindo deste modo, entre outras aprendizagens, novas capacidades de movimento. Assim, através do movimento voluntário originam-se processos cognitivos que contribuem para a aprendizagem significativa da motricidade. Neste sentido, é necessário desenvolver um trabalho de capacidades sensitivas e perceptivas para construir uma base cultural e motora que permita edificar a motricidade do indivíduo. De acordo com Rodrigues (2000), as capacidades motoras encontram-se na base da realização e da aprendizagem das acções motoras, apresentandose, não como qualidades do movimento, mas antes como pressupostos para que ele exista. Sendo assim, o grau de desenvolvimento das capacidades motoras influencia o êxito de qualquer actividade motora. Estas capacidades dividem-se em dois domínios: o domínio condicional (âmbito quantitativo) e o domínio coordenativo (âmbito qualitativo) (Carvalho, 1987). Para Marques (1995), o nível motor do indivíduo é determinado pela relação entre estes dois domínios das capacidades motoras, que se desenvolvem através da interacção existente entre eles. O mesmo autor refere que o desenvolvimento das capacidades coordenativas influencia o grau de utilização dos potenciais funcionais energéticos em solicitações de resistência, de velocidade, de flexibilidade ou de força, permitindo uma maior economia, duração e eficácia na actividade. Pelo facto, de tanto a velocidade como a. Marta Freitas. 17.

(25) Revisão da Literatura. flexibilidade e a destreza, serem tanto quantitativo energéticas como qualitativas e dependentes dos processos de condução do Sistema Nervoso Central (SNC), foram consideradas por Grosser (1981) um grupo à parte nas capacidades. motoras,. classificando-as. de. capacidades. coordenativo-. condicionais. As capacidades motoras estão presentes, em maior ou menor grau, em toda a actividade motora e a conjunção das mesmas propicia e permite a realização de qualquer movimento. Através. do. desenvolvimento. das. capacidades. condicionais. (essencialmente determinadas pelas componentes energéticas do acto motor) e coordenativas (determinadas pelos processos de condução nervosa) atingese um estádio elevado no processo de desenvolvimento motor. Assim, torna-se importante incrementar as funções e estruturas psicofísicas que garantam o desenvolvimento da motricidade humana no sentido de proporcionar uma boa capacidade para o rendimento e para a vida (Hirtz e Holtz, 1987). Dentro desta perspectiva, a Educação Física assume um papel fundamental, pois pretende que a criança conheça de uma forma global e específica o seu próprio corpo, as suas possibilidades perceptivas e motoras e identifique as sensações que experimenta servindo-se das possibilidades expressivas do corpo para as transmitir (Hernandez, 2003). Na opinião de Lucea (1999), a Educação Física não se deve resumir ao desenvolvimento físico, mas deve contribuir igualmente para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social do indivíduo, proporcionando assim o desenvolvimento de todas as áreas da personalidade. De acordo com esta autora, para a aprendizagem das habilidades motoras é necessário realizar um trabalho prévio no âmbito das coordenações motoras e do desenvolvimento das habilidades motoras básicas, de modo que o indivíduo tenha oportunidade de explorar o seu corpo e as suas possibilidades de movimento. Poderemos falar então, de repercussões do movimento sobre a cognição e a afectividade, ou. Marta Freitas. 18.

(26) Revisão da Literatura. domínio sócio-afectivo, assim como do papel de diversas tarefas motoras no sentido de garantir o desenvolvimento das habilidades motoras básicas.. 2.2.1. Coordenação Motora e Capacidades Coordenativas A formação corporal de base contribui para o desenvolvimento global e harmónico da personalidade. A coordenação motora apresenta-se como aspecto significativo e determinante para esta formação corporal, tal como para uma boa disponibilidade para o movimento (Holz, 1977 e Hirtz, 1981, ambos cit. Vasconcelos, 1994b). Perante o exposto, seguindo ainda a linha de pensamento destes autores, apercebemo-nos da importância pedagógica e social que reveste o desenvolvimento das funções e estruturas orgânicas e psico-físicas dos jovens, garantindo uma base motora adequada para o rendimento desportivo e profissional, assim como para um eficaz desempenho nas actividades de lazer e de vida diária. Por esta razão, cada vez se dá maior relevância ao aperfeiçoamento das capacidades coordenativas, sendo estas as componentes da coordenação motora, como parte imprescindível para a formação corporal, apresentando um papel preponderante nas crescentes exigências impostas pela actualidade. Sendo assim, esta temática tem levado à realização de vários estudos neste âmbito. Porém, não existe ainda unidade e coerência entre os autores acerca do conceito e da natureza da coordenação motora. Newell (1985) afirma que já várias terminologias foram utilizadas, confundindo-se, por vezes, o termo “coordenação” com “agilidade”, “destreza”, “controlo motor” e mesmo “habilidade”, terminologias estas resultantes da diversidade de âmbitos de investigação (biomecânico, fisiológico e pedagógico), do posicionamento epistemológico dos autores (neurofisiologistas, psicometristas, clínicos) e ainda dos modelos de suporte à investigação (biomecânicos e psicanalíticos).. Marta Freitas. 19.

(27) Revisão da Literatura. Verificam-se, portanto,. algumas. dificuldades. em. definir. o termo. coordenação motora, mas tentaremos mostrar o significado deste conceito segundo a perspectiva de vários autores que apresentam estudos realizados nesta área. Kiphard (1976), que realizou diversos trabalhos de coordenação motora segundo uma perspectiva pedagógica e reabilitadora, refere que o conceito de coordenação é uma interacção harmoniosa e, na medida do possível, económica, dos músculos, nervos e orgãos dos sentidos, com o fim de produzir acções cinéticas precisas e equilibradas (motricidade voluntária) e reacções rápidas e adaptadas à situação (motricidade reflexa). Este autor assinala algumas características que satisfazem uma boa coordenação motora: i) adequada medida de força que estabelece a amplitude e a velocidade do movimento; ii) adequada selecção dos músculos que influenciam a condução e a orientação do movimento; iii) capacidade de intercalar rapidamente entre tensão e relaxação musculares, premissas de toda a forma de adaptação motora. Por sua vez, Grosser (1981) defende que a coordenação é a capacidade que permite executar movimentos de forma correcta e económica. Assim, o indivíduo apresenta uma capacidade de reagir o mais rapidamente possível a diversas situações ou manter-se em equilíbrio, ou ainda executar gestos de acordo com ritmos pré-determinados. Na perspectiva de Pimentel e Oliveira (1997) a coordenação motora é o domínio seguro e económico das acções motoras nas situações previsíveis e imprevisíveis, possibilitando aprender relativamente depressa as habilidades motoras. Para Gallahue e Ozmun (2001) o conceito de coordenação é a habilidade de integrar, em padrões eficazes de movimento, sistemas motores distintos com modalidades sensoriais diversas. A coordenação motora requer, com maior precisão, a capacidade de controlar os grupos musculares, com o objectivo de realizar com êxito determinada tarefa. Sendo assim, e no sentido lato da definição, a coordenação, é o processo pelo qual é assegurada, nos centros nervosos, a combinação de ordens a serem enviadas aos aparelhos efectores, que por. Marta Freitas. 20.

(28) Revisão da Literatura. exercitação ou inibição fazem com que os diversos grupos musculares operem com vista a um objectivo definido (Martinho, 2003). Quanto mais complicadas as tarefas motoras, maior o nível de coordenação necessário para o desempenho eficiente. Dentro deste contexto, e reportando-nos às definições anteriores, verificamos que a coordenação motora desempenha um papel de grande importância na formação e desenvolvimento do indivíduo. Esta, ganha primordial valor pela influência que tem sobre a aquisição e refinamento de novas habilidades, permitindo assim que o indivíduo adquira a percepção dos padrões do movimento, facilitando-lhe o acesso a novas aprendizagens. As capacidades coordenativas surgem assim como componentes da coordenação motora, apresentando-se como os pressupostos das acções motoras e do rendimento para determinados tipos de actividade prática, tendo um papel fundamental na condução e regulação da actividade motora (Hirtz, 1986). O facto do número de estudos nesta área ser reduzido, na maioria com carácter exploratório, centrados essencialmente em dados e sem enunciados prévios, dificultam a conclusão dos trabalhos (Gomes, 1996), o que faz com que até aos dias de hoje não seja possível conhecer, com exactidão, a estrutura multidimensional das diversas componentes da coordenação motora (Weineck, 1986). No dizer de Carvalho (1987), a natureza qualitativa destas capacidades e o facto de serem fundamentalmente determinadas por processos de condução nervosa, torna ainda mais complexa a sua investigação. Porém, ressalta a noção de que a coordenação motora é um traço ou atributo complexo, impossível de se definir por uma única componente e ou avaliada por um só teste. Verificamos que qualquer tarefa motora, simples ou complexa, solicitará sempre uma combinação particular de capacidades, que será variável em função da tarefa (Hirtz, 1986). Não existem estudos capazes de precisar o número, a exacta estrutura e as. correlações. Marta Freitas. das. diversas. componentes. básicas. das. capacidades. 21.

(29) Revisão da Literatura. coordenativas. No entanto, deveremos considerar a sua divisão, servindo-nos desta, não como uma compreensão científica definitiva destas qualidades complexas, mas sim como uma simples orientação para efeitos didácticos. Sendo assim, de seguida apresentaremos a divisão ou a catalogação das diferentes componentes da coordenação exposta por alguns autores. Segundo Hirtz (1972) e Frey (1977) (ambos cit. Weineck, 1986) as componentes das capacidades de coordenação são as seguintes: faculdades de adaptação, de reacção, de controlo, de combinação, de orientação, de equilíbrio, de agilidade e de destreza. De acordo com Fleishman (1972) verificamos a existência de onze capacidades perceptivo-motoras, tais como, a coordenação multimembros, a precisão de controlo, a orientação de resposta, o tempo de reacção, a velocidade do movimento do braço, o controlo de graduação, a destreza manual, a destreza dos dedos, a estabilidade braço-mão, a velocidade punhodedos e, por fim, a pontaria. Schmidt (1991) e Vogel (1986) subdividem a coordenação motora em coordenação óculo-manual, óculo-pedal e coordenação motora geral ou corporal total. Schnabel (1974, cit. Vasconcelos, 1994a) distingue três capacidades básicas do processo de coordenação, encontrando-se entre elas uma relação estreita de reciprocidade. Assim, temos: - Capacidade de Condução Motora: que se baseia nas componentes de coordenação da capacidade de diferenciação cinestésica, da capacidade de orientação espacial e da capacidade de equilíbrio; - Capacidade de Aprendizagem Motora: depende da capacidade de aprendizagem motora e ainda mais da capacidade do controlo motor; - Capacidade de Adaptação e Readaptação Motoras: assenta nos mecanismos da apreensão, do tratamento e da retenção da informação.. Marta Freitas. 22.

(30) Revisão da Literatura. Porém, Hirtz (1986) subordina às três capacidades básicas cinco capacidades fundamentais de coordenação, que se apresentam de seguida hierarquicamente: - Capacidade de orientação espacial: corresponde às qualidades necessárias para a determinação e modificação da posição do corpo como um todo no espaço, as quais precedem a condução de orientação espacial de acções motoras; - Capacidade de diferenciação cinestésica: corresponde às qualidades de comportamento relativamente estáveis e generalizáveis para a realização de acções motoras e económicas com base numa recepção e assimilação bem diferenciadas e precisas de informações cinestésicas; - Capacidade de reacção: corresponde às qualidades necessárias a uma rápida e oportuna preparação e execução, no mais curto espaço de tempo, de acções desencadeadas por sinais mais ou menos complicados ou por acções ou estímulos anteriores; - Capacidade de ritmo: corresponde às qualidades necessárias à compreensão, acumulação e interpretação de estruturas temporais e dinâmicas pretendidas ou contidas na evolução do movimento; - Capacidade de equilíbrio: corresponde às qualidades necessárias à conservação ou recuperação do equilíbrio, pela modificação das condições ambientais e para a convincente solução de tarefas motoras que exijam pequenas alterações de plano ou situações de equilíbrio muito instáveis. Esta é a classificação mais utilizada, mas não deve ser encarada nem como única, nem como uma representação multidimensional definitiva destas capacidades, pois apresentam uma grande complexidade, como já deu para perceber. O nível de desempenho motor que o indivíduo adquire quando alcança a idade adulta apresenta uma relação directa com a exercitação, em tempo oportuno, das capacidades coordenativas (Weineck, 1986). O mesmo autor foca a importância da adaptação desta exercitação em relação ao perfil de. Marta Freitas. 23.

(31) Revisão da Literatura. desenvolvimento, aproveitando as fases de desenvolvimento intensivo, na qual cada capacidade coordenativa é trabalhada em cada um dos diferentes níveis de idade. Segundo Hirtz (1986), o desenvolvimento das capacidades coordenativas depende dos processos de maturação biológica, da quantidade e da qualidade da actividade motora, das acções realizadas para a formação e educação, tendo em conta ainda, os factores da actividade social. Vasconcelos. (1994a),. constatou. a. existência. de. fases. de. desenvolvimento dinâmico das capacidades coordenativas, que se verificam nos primeiros anos da escolaridade básica, seguindo-se, posteriormente, um período de desenvolvimento lento ou até mesmo de estagnação. A mesma autora, citando Hirtz (1979), refere que, apesar das componentes das capacidades. coordenativas. apresentarem. o. seu. ponto. óptimo. de. desenvolvimento em momentos diferentes, geralmente, elas possuem o seu impulso máximo de crescimento dos sete anos até ao começo da puberdade. Paralelamente, regista-se, neste mesmo período, uma maturação mais rápida do Sistema Nervoso Central e um aumento da função dos analisadores óptico e acústico, assim como um aperfeiçoamento no tratamento da informação que facilita a aprendizagem de habilidades mais complexas (Bringmann, 1973 cit. Vasconcelos, 1994a). Contudo, Vasconcelos (1994b) chama a atenção para o facto desta ser a fase sensível do ser humano para o desenvolvimento coordenativo-motor, o que não significa porém que essas capacidades não sejam susceptíveis de aperfeiçoamento noutros escalões etários. Na fase em que se dá o término do desenvolvimento do SNC e dos analisadores, após os onze ou doze anos, que implica a necessidade de uma reorganização coordenativa, deparamo-nos com um abrandamento, e por vezes até mesmo uma estagnação, no desenvolvimento das capacidades coordenativas. Na idade compreendida entre os dezassete e os vinte e um anos é atingido o ponto mais elevado do desenvolvimento em termos coordenativos. Apesar do desenvolvimento das capacidades coordenativas ser um processo unitário, este decorre de forma diferenciada de capacidade para capacidade. A que apresenta um desenvolvimento mais precoce é a de diferenciação cinestésica, seguindo-se as capacidades de reacção, ritmo e de. Marta Freitas. 24.

(32) Revisão da Literatura. equilíbrio, enquanto a capacidade de orientação espacial só termina o seu desenvolvimento no adulto jovem (Vasconcelos, 1994a). Em termos muito gerais, as capacidades coordenativas são necessárias para o domínio de situações que exigem uma acção rápida e racional (Weineck, 1986), constituindo, também, a base de uma boa capacidade de aprendizagem sensório-motora. Quanto mais elevado for o seu nível, mais rápida e consolidadamente poderão ser aprendidos movimentos novos e ou difíceis.. 2.3. Coordenação Motora e Deficiência Mental As desordens que encontramos no indivíduo com DM podem ser consequência de atrasos de maturação, fixações ou regressões evolutivas, lesionais ou funcionais que vão levar à desorganização da motricidade a vários níveis,. alternando. a. relação. e. a. evolução. de. várias. estruturas. comportamentais. Ou por deficiência da actividade, ou por desordem do comportamento, a conduta motora encontra-se alterada, originando reacções de imaturidade, de instabilidade e até mesmo de debilidade, que são responsáveis pelo desajustamento motor ao nível das vivências corporais (Fonseca, 1988). Para Conceição (1984), o desenvolvimento motor da criança com Deficiência Mental obedece à mesma sequência evolutiva das fases de desenvolvimento da criança dita normal, porém de forma mais lenta. Na opinião de Fonseca (1988), os diversos graus de DM correspondem, no campo motor, a graduações que vão desde a debilidade motora leve, que se traduz em torpor do comportamento geral, até aos transtornos importantes ocasionados por lesões do sistema nervoso. Estas alterações profundas não podem ser recuperadas totalmente por nenhum tratamento, seja médico ou correctivo. Todavia, podem ser atenuadas com uma reeducação apropriada. Marta Freitas. 25.

(33) Revisão da Literatura. que eduque os movimentos úteis ou desenvolva compensações que ajudem a equilibrar o défice motor. Contudo, verificamos através da pesquisa bibliográfica que a produção científica neste domínio é escassa. Porém, podemos afirmar que tem vindo a aumentar o interesse em investigar o desempenho motor desta população especial nas últimas décadas. Deste modo, apresentamos de seguida alguns exemplos de trabalhos práticos realizados neste âmbito e suas principais conclusões. Gomes (1992) realizou um estudo com o objectivo de verificar a influência do treino de folclore na melhoria do ritmo dos Deficientes Mentais. Sendo assim, recolheu uma amostra de 30 indivíduos portadores de Deficiência Mental Ligeira, praticantes e não praticantes de Dança Folclórica, que dividiu em dois grupos, o experimental (praticantes) e o de controlo (não praticantes). O teste seleccionado para estudar a capacidade de ritmo nesta população foi o Teste de Reprodução das Estruturas Rítmicas de Mira Stamback, de 1972, do qual fazem parte vinte e uma percussões rítmicas com um grau crescente de dificuldade. Este teste foi aplicado em ambos os grupos. Através dos resultados obtidos o autor concluiu que os indivíduos que praticam dança folclórica possuem uma noção rítmica superior aos que não praticam. Pires (1992) propôs um programa de ensino para o desenvolvimento da coordenação geral no âmbito da Deficiência Mental Profunda. O programa proposto foi aplicado em quatro alunos deficientes mentais profundos com uma média de idades de 23 anos durante três meses, tendo sido efectuada uma avaliação inicial e uma final, para a validação do respectivo programa. Como metodologia, foi aplicado o teste de Proficiência Motora de Bruininks-Oseretsky para avaliar o nível de coordenação geral e óculo-manual dos respectivos indivíduos. Após a comparação dos resultados da aplicação inicial e da aplicação final do teste, Pires conclui que a coordenação geral apresentou percentagens estatisticamente significativas, que a coordenação óculo – manual. apresentou. um. aumento,. apesar. de. não. se. ter. mostrado. estatisticamente significativo, e que houve uma evolução significativa da. Marta Freitas. 26.

(34) Revisão da Literatura. avaliação inicial para a avaliação final no desenvolvimento da coordenação geral, revelando assim que o programa estava adequado às necessidades dos alunos. Teles (2004) elaborou um estudo sobre a influência de um programa de actividades motoras orientadas na expressão da coordenação motora numa população com deficiência mental. Assim sendo, o seu estudo apresentou como objectivos: i) comparar os valores de coordenação motora antes e depois do programa de intervenção, em função do sexo, do grau de deficiência, da idade e da presença de síndrome de Down; ii) e em cada momento de observação, comparar os níveis de coordenação motora em função do sexo, do grau de deficiência, da idade e da presença de síndrome de Down. A sua amostra é constituída por 30 indivíduos com idades compreendidas entre os 17 e os 39 anos de idade, dos quais 13 com deficiência mental ligeira (7 do sexo masculino, 6 do sexo feminino), e 17 com deficiência mental grave (5 do sexo feminino, 6 do sexo masculino sem síndrome de Down, 6 do sexo masculino com síndrome de Down). Os instrumentos utilizados por Teles foram os seguintes: Minnesota Manual Dexterity, Bassin Antecipation Timing, Pursuit Rotor, Tapping Pedal, Mira Stambak, e Teste de Equilíbrio à Rectaguarda (KTK). Estes testes foram aplicados antes e após o programa de actividade física. Os elementos da amostra participaram num programa de actividade física que decorreu ao longo de 12 semanas, num total de 24 sessões de frequência bissemanal, com a duração de 60 minutos cada. As conclusões obtidas por Teles neste estudo relativamente à coordenação motora evidenciaram que em ambos os momentos de avaliação ocorreram diferenças estatisticamente significativas em todas as variáveis independentes, à excepção do sexo; quanto à avaliação entre os dois momentos, inicial e final, os testes de Sapateado e de Equilíbrio revelaram, para todas as variáveis independentes, diferenças estatísticas quanto à coordenação. Em suma, o programa de actividade física realizado pela amostra melhorou o desempenho ao nível da coordenação motora, sugerindo, deste modo, que a prática regular de actividade física por indivíduos com DM pode contribuir para a melhoria dos níveis da coordenação motora.. Marta Freitas. 27.

(35) Revisão da Literatura. Lopes e Santos (s/d, cit. Correia, 2005) ao analisar o nível de desenvolvimento de indivíduos com DM ligeira, moderada e severa de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 10 e os 14 anos, nas habilidades motoras básicas, concluíram que as crianças portadoras de DM, apresentam. um. nível. de. desenvolvimento. das. habilidades. motoras. fundamentais atrasado para a idade cronológica e que quanto mais elevado é o grau de deficiência, maior é o atraso no desenvolvimento das habilidades. Vários autores (Cratty, 1974; Rarick et al., 1976; Drew et al., 1990, todos cit.. em. Maia,. 2002). observaram. que. os. indivíduos. com. DM. são. significativamente inferiores a seus pares “normais” no que diz respeito aos desempenhos na actividade física, isto é, o primeiro grupo tende a obter resultados inferiores nas habilidades motoras, como o equilíbrio, a locomoção e a destreza manual. No que respeita a estes estudos, podemos referir que existe uma tendência para os indivíduos com DM, apresentarem valores inferiores para as componentes da aptidão física (equilíbrio, locomoção, coordenação e manipulação), quando comparados com indivíduos ditos “normais”. De acordo com Winnick (1995), as crianças com DM começam a andar e a falar mais tarde, apresentam uma estatura mais pequena e, usualmente, são mais susceptíveis a problemas físicos e a doenças do que as crianças ditas “normais”. Apesar de, em estudos comparativos, as crianças com DM apresentarem desempenhos inferiores às ditas “normais” nas seguintes capacidades: força endurance, agilidade, corrida de velocidade e tempo de reacção, o autor refere que, no entanto, alguns jovens com DM moderada podem apresentar desempenhos semelhantes aos seus pares ditos “normais”. Relativamente a testes de fitness e performance motora, o autor refere que os jovens com deficiência severa tendem a apresentar desempenhos inferiores aos seus pares ditos “normais” numa média inferior a quatro anos. Sugere ainda que a performance do sexo masculino geralmente é superior ao do sexo feminino, nesta população especial, à excepção da flexibilidade e do equilíbrio.. Marta Freitas. 28.

Referências

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