• Nenhum resultado encontrado

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

No documento CAPÍTULO I INTRODUÇÃO (páginas 151-156)

MÁXIMO DE OXIGÉNIO EM ATLETAS ADOLESCENTES

VENTRÍCULO ESQUERDO E O CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÉNIO EM ATLETAS ADOLESCENTES

8.3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

As variáveis de dimensão da estrutura do VE, VEd, VEs e MVE, relacionam-se significativamente com as variáveis de desempenho da prova de esforço máximo (tabela 52), o SId apenas com o VO2 no LV (P<0,05). As correlações com a FCmax são negativas, ou seja, indivíduos com FCmax superiores têm dimensão do VE em diástole (r= -0.420, p<0.05) e sístole (r= -0.516, p<0.05) inferiores.

De todas as variáveis de estrutura do VE (tabela 52) a que apresenta relação mais forte com o VO2max absoluto (r = 0.650, p<0.01), relativo à %MG (r = 0.726, p<0.01), à MG (r = 0.566, p<0.01), à Mc0,821 (r = 0.458, p<0.05) e à Mc0,67 (r = 0.509, p<0.05) é o VEd, o que significa que ventrículos mais dilatados promovem capacidade máxima de consumo de oxigénio superior. O grupo N assim o indica, com valores superiores de VEd (estudo 1) e de VO2max (estudo 4).

ESTUDO 5

Tabela 52. Coeficientes de correlação entre as variáveis determinadas na prova de esforço máximo

e as variáveis de dimensão da estrutura cardíaca no grupo de atletas. VO2max – consumo máximo de

oxigénio; R max– quociente respiratório máximo; FC max- frequência cardíaca máxima; Ve max – ventilação pulmonar máxima; VEd - diâmetro telediastólico do Ventrículo esquerdo; VEs - diâmetro telesistólico do ventrículo esquerdo; SId - espessura do septo interventricular em diástole; PPVEd - espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo (diástole); MVE – massa do ventrículo esquerdo; %MG – percentagem de massa gorda; MIG – massa isenta de gordura; MG – massa gorda.

VEd VEs SId PPVEd MVE

VO2max 0.650** 0.453* n.s. n.s. 0.474* VO2max/Mc n.s. n.s. n.s. n.s. n.s. VO2max/%MG 0.726** 0.598** n.s. n.s. 0.517** VO2max/MIG n.s. n.s. n.s. n.s. n.s. VO2max/MG 0.566** 0.484* n.s. n.s. n.s. VO2max/Mc0,821 0.458* n.s. n.s. n.s. n.s. VO2max/Mc 0,67 0.509* n.s. n.s. n.s. n.s. FCmax -0.420* -0.516** n.s. n.s. n.s. R max n.s. n.s. n.s. n.s. n.s. Ve max 0.476* n.s. n.s. n.s. n.s. Nota: *p < 0,05; **p< 0,01

Podemos também verificar (tabela 52) que VEd superiores condicionam ventilações máximas também superiores (r = 0.476, p<0.05). A MVE relaciona-se de forma positiva com o VO2max absoluto (r = 0.474, p<0.05) e relativo à %MG (r = 0.517, p<0.01).

Da análise da tabela 53 podemos verificar que a função sistólica do VE se relaciona positivamente com o desempenho em prova de esforço máximo. O consumo máximo de oxigénio, absoluto e relativo à %MG, à MG e ao Mc0,67 correlacionam-se positivamente (p<0,05) com o VS, Q, VTDVE e VTSVE, quando relacionado com a Mc, MIG e Mc0,821 com o VS e VTDVE (p<0,05). A ventilação máxima também apresenta correlação significativa com o VS, VTDVE e VTSVE (p<0,05).

A F Enc correlaciona-se de forma negativa (p<0,05) com a FC no limiar anaeróbio. No momento em que a predominância do metabolismo aeróbio termina, indivíduos com maior FC têm F Enc menores.

ESTUDO 5

A função diastólica não apresenta qualquer relação, estatisticamente significativa, com as variáveis de desempenho em prova de esforço.

Tabela 53. Coeficientes de correlação entre as variáveis determinadas na prova de esforço máximo e as variáveis de função sistólica no grupo de atletas. VO2max – consumo máximo de oxigénio; R – quociente respiratório; FC - frequência cardíaca; Ve – ventilação pulmonar; Q - débito cardíaco; VS – volume sistólico; FE – fracção de ejecção; VTSVE – volume telesistólico; VTDVE – volume telediastólico; F Enc – fracção de encurtamento do VE.

FE F Enc VS Q VTDVE VTSVE

VO2max (l/min) n.s. n.s. 0.731** 0.561** 0.710** 0.570** VO2max /Mc n.s. n.s. 0.417* n.s. 0.411* n.s. VO2max /%MG n.s. n.s. 0.742* 0.579** 0.755** 0.672** VO2max /MIG n.s. n.s. 0.433* n.s. 0.409* n.s. VO2max /MG n.s. n.s. 0.564** 0.417* 0.580** 0,.27** VO2max /Mc0,821 n.s. n.s. 0.540** n.s. 0.518** n.s. VO2max /Mc0,67 n.s. n.s. 0.593** 0.429* 0.570** 0.447* FCmax n.s. n.s. n.s. 0.060* 0.415* 0.461* R max n.s. n.s. n.s. n.s. n.s. n.s. Ve max n.s. n.s. 0.447* n.s. 0.478* 0.467* Nota: * p<0,05; ** p<0,01

A relação entre o tamanho do coração, nomeadamente do VE e a capacidade aeróbia tem sido reconhecida desde há muitos anos (Vanorschelde et al., 1993).

Encontramos relações positivas entre várias dimensões e peso do ventrículo esquerdo (VEd, VEs e MVE) e o VO2máx absoluto e relativo à %MG apresentando-se consistente com estudos anteriores onde valores elevados do VO2max estão relacionados com dimensões ecocardiográficas de repouso do VE superiores em adultos (Vanovesschelde et al., 1993; Osborne et al., 1992; George et al., 1999; Yamazaki et al., 2000; Osborne et al., 2002; Wernshedt et al., 2002; Akova, 2005), bem como em crianças e adolescentes atletas (Cubero et al., 2000; Eisenman et al., 2000; Al-Hazzaa et al., 2001, Saito et al., 2004; Obert et al., 2005). Os adolescentes por nós estudados com maiores dimensões do VE apresentam melhor funcionamento do sistema cardiovascular

ESTUDO 5

e melhor desempenho na prova de esforço realizada, o que corrobora com os resultados alcançados por Petridis et al., (2003).

Segundo a equação de Fick o VO2 pode ser expresso como resultado do produto entre o Q, ou seja o produto entre o VS e a FC, e a diferença artério–venosa de oxigénio. O treino desportivo diminui a FC de repouso bem como em qualquer carga submáxima (Adams et al., 1981; Guyton, 1991; Fox, 1993) com o aumento do tónus parasimpático e diminuição da actividade simpática das catecolaminas circulantes. No nosso estudo podemos verificar uma forte relação entre o Q e o VS com o VO2max absoluto e relativo não se verificando relação entre o VO2max, absoluto e relativo, e a FC máxima. Desta forma a FC máxima não será a responsável pelo aumento do VO2max em adolescentes treinados mas sim a capacidade de aumentar o VS, e logo o VS máximo, corroborando com estudos anteriores (Adams et al., 1981; Di Bello et al., 1995; Rowland et al., 1999; Rowland et al., 1999). Os factores que influenciam o VS em repouso são muito importantes na definição do VO2max.

O VS em resposta ao exercício depende da sensibilidade cardíaca, contractibilidade intrínseca do miocárdio e “pós carga esquerda”. (Rowland et al., 2000) . Valores elevados de VSmax, obtidos em crianças, dependem de factores que influenciam o VS em repouso, como a hipertrofia cardíaca e o aumento da propriedade de relaxamento do miocardio (Nottin et al., 2002).

A relação existente entre o volume de sangue que preenche o VE no final da diástole, VTDVE, pode avaliar a função diastólica do mesmo, e o VO2max sugere que a capacidade máxima de bombear do coração durante o exercício (representado pelo VO2max) é influenciado pela pré-carga do VE (VTDVE), já que, das variáveis analisadas, é a que apresenta um maior coeficiente de correlação (r = 0,710, p<0,01).

O volume de sangue que preenche o VE no final da sístole, VTSVE, pode avaliar a função sistólica do VE, é normalmente olhado como o índice de prestação de ejecção do VE, que é sabido ter pouca , ou nenhuma, influencia no VO2max em sujeitos normais.

ESTUDO 5

existência de correlação estatisticamente significativa ente a fracção de sangue ejectada e o VO2max, no nosso estudo, sugere que a função sistólica, em repouso, não tem influência maior no VO2max e que a correlação estatisticamente significativa do VTSVE tem a ver com o tamanho do VE e não com a prestação de ejecção, tal como verificado por Harris et al., (2003).

Não foram verificadas relações entre a função diastólica do VE e as variáveis de desempenho avaliadas, o que corrobora com os resultados alcançados por Saito et al., (2004).

8.4. CONCLUSÃO

Do estudo realizado podemos verificar que nos adolescentes atletas estudados existe relação entre o VO2max, absoluto e relativo, a frequência cardíaca máxima e a ventilação máxima, e algumas variáveis de morfologia e função sístólica do ventrículo esquerdo.

Nos adolescentes atletas estudados as relações encontradas sugerem que o diâmetro do ventrículo esquerdo, em diástole e sístole, bem como a massa do mesmo são factores limitativos do consumo máximo de oxigénio, e logo da capacidade máxima de realização de esforço em aerobiose, bem como o diâmetro do VE condiciona, de forma inversa, a sobrecarga cardiovascular avaliada pelo trabalho cardíaco máximo (FCmáx), logo uma morfologia do VE superior condiciona VO2max superiores e logo desempenho de potência aeróbia máxima superiores.

A não existência de correlação estatisticamente significativa ente a fracção de sangue ejectada e o VO2max, no nosso estudo, sugere que a função sistólica, em repouso, não tem influência maior no VO2max e que a correlação estatisticamente significativa do VTSVE tem a ver com o tamanho do VE e não com a prestação de ejecção.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

CAPÍTULO IX

No documento CAPÍTULO I INTRODUÇÃO (páginas 151-156)