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CAPÍTULO 4 – DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA INTERVENÇÃO

4.1. Apresentação do projeto de intervenção aos alunos

O primeiro momento de intervenção deste projeto constituiu-se na apresentação do projeto aos alunos. Esta apresentação materializou-se numa sequência de situações potenciadoras da motivação dos alunos para a participação no projeto, pelo que teve como objetivo orientador, colocar os alunos numa situação de autoquestionamento face ao tema a explorar – as profissões –, para que neles emergisse a necessidade de construir saber e de reconhecimento de modos ativos e colaborativos de construção de conhecimento. Então, nesta parte relatarei e analisarei estas situações que desencadearam a motivação para o restante projeto de intervenção, de forma a tornar visível que este foi o momento embrionário de todo o seu desenvolvimento. De igual forma, será importante esclarecer que este texto será escrito na primeira pessoa do plural, dado que – em concordância com aquilo que foi descrito no plano de intervenção – este primeiro momento foi pensado e implementado em conjunto com a minha colega de estágio Margarida, uma vez que ambos os projetos se iniciaram e se ancoraram nesta sessão.

Primeiramente, torna-se importante realçar a ideia de que um projeto desta natureza deve estar devidamente contextualizado de forma a justificar a pertinência das aprendizagens visadas, de forma a tornar-se significativo e com potencial para gerar impacto no desenvolvimento das crianças. Ora, perceber qual o momento indicado para iniciar e ancorar o projeto com este caráter significativo e contextualizado foi uma tarefa bastante complexa, dado que tentámos manter o cuidado de procurar uma situação que não quebrasse a prática

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educativa da professora titular e, a par disso, uma situação que apresentasse potencialidades para materializar ambos planos de intervenção traçados.

O projeto nasceu da exploração ocasional de um texto do manual de Língua Portuguesa (figura 1) que, na altura, estava a ser trabalhado no âmbito da rotina educativa. À medida que ia seguindo a leitura do poema, foi notório um ambiente de questionamento por parte dos alunos face à informação que estava implícita em cada uma das quadras. Com efeito, cada quadra do poema aludia a inúmeras profissões do quotidiano das crianças, concedendo, assim, o contexto idóneo para poder orientar, a partir dali, uma exploração situada da temática, já que perante o surgimento de uma postura indagatória do grupo sobre esta temática e sobre as possibilidades de construção de saber, evidenciaram a predisposição necessária para iniciar o projeto.

A leitura de cada uma das quadras proporcionou a reflexão do grupo face às profissões subentendidas: estavam apenas descritas as ações e o material usado por cada uma, mas não explicitadas. A indução à identificação da designação das profissões descritas em cada quadra (nomeadamente: lavrador, madeireiro, pastor, agricultor, aguadeiro e padeiro) permitiu a canalização da atenção do grupo para o conceito de “profissões”, como o hiperónimo de todas as subentendidas no poema. Foi neste âmbito que surgiu a primeira profissão desconhecida pelo grupo, nomeadamente a profissão de ‘aguadeiro’, contrariamente às restantes, cuja designação todos conheciam. Desta forma, impôs-se a necessidade de registar esta informação, de forma a criar uma listagem de profissões conhecidas e outras desconhecidas. Para isso, foi construída uma tabela (tabela 1) de organização da informação, tendo em conta os critérios reconhecidos e

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estabelecidos pelas crianças: “profissões que conhecemos” e “profissões que não conhecemos”.

Tarefa Que profissões conhecemos? Que profissões não conhecemos? Leitura do poema Lavrador – arado

Madeireiro – serra Pastor – vara Agricultor – enxada Padeiro – farinha

Aguadeiro

Tabela 1 - Tabela de organização das profissões aprendidas

A construção desta tabela foi progressivamente feita no decurso da aula, com o objetivo de permitir a seriação das profissões que foram sendo identificadas ao longo desta e das restantes tarefas realizadas. Particularmente, nesta fase inicial, a tabela constituiu-se como um recurso potencial para que as crianças tomassem consciência dos limites dos conhecimentos que tinham sobre a temática, elucidando-os, também, acima de tudo, para a pertinência da realização do projeto. Esta tabela foi alvo de atualizações ao longo do percurso da intervenção, desempenhando o objetivo de as crianças identificarem, de forma consciente, as profissões que iam aprendendo ao longo da realização de todas as atividades estruturadoras do projeto, para além deste momento inicial.

Assim, partindo desta situação em que o clima de questionamento estava criado, e de forma a incitar a disposição do grupo para a construção de conhecimento sobre as profissões, organizámos um conjunto de tarefas que tiveram em vista o contacto das crianças com várias profissões distintas, conhecidas ou desconhecidas. Estas situações foram “propostas e dirigidas com a intenção de favorecer a ação do aprendiz sobre um determinado objeto de conhecimento, já que essa ação está na origem de toda e qualquer aprendizagem” (Weisz, 2002, p.65). Da mesma forma, foi a partir daqui que começaram a ser criadas as condições para situar devidamente o projeto de investigação, tanto para nós como para as crianças, permitindo uma vasta recolha de dados sobre os conhecimentos que detinham sobre este assunto e as suas conceções relativas à forma de construção e consolidação de conhecimento.

Assim, no seguimento da exploração do poema e de forma a seguir a linha do que normalmente era realizado na exploração de qualquer temática curricular, propusemos ao grupo a realização da ficha de trabalho sugerida no livro de Estudo do Meio, referente à temática das profissões. Esta ficha de trabalho foi realizada em conjunto, em grande grupo, e estava limitada

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a uma tarefa de correspondência entre a imagem de profissões e a imagem de materiais/utensílios utilizados pelas mesmas, tendo as crianças que identificar o nome da profissão e a imagem do utensílio com a qual estava relacionada. Das dezasseis profissões presentes nessa ficha, todas elas eram conhecidas do grupo, à exceção de uma, que apenas desconheciam a denominação (oleiro), apesar de os alunos terem tentado chegar à sua denominação através de tentativas como “barrista” e “barreiro”. Concluída a tarefa, foi tempo de atualizar a tabela de organização de informação sobre as profissões com a inclusão destas últimas. Contudo, dado o surgimento de uma profissão sobre a qual apenas era desconhecida a denominação, estabeleceu-se o seguinte diálogo com vista a uma atualização da própria tabela de registo, demonstrando também alguma apropriação por parte das crianças das funcionalidades da tabela no âmbito das tarefas que estávamos a realizar:

Prof: “Então esta profissão que trabalha com o barro, para que coluna vai? Pensem lá, será que pode ir para as que conhecemos ou para as que não conhecemos?

A15: Eu acho que não pode ser nas conhecidas porque não sabemos como se chama. A7: Se calhar temos de descobrir primeiro o nome da profissão.

Prof: Pronto, não podemos por esta profissão na coluna das profissões que conhecemos mas também não a podemos por nas que não conhecemos, porque sabemos o que ela faz, então o que podemos fazer?

A22: Pomos noutra coluna, das profissões que conhecemos mais ou menos. Prof: Muito bem, eu concordo.”

Surgiu, portanto, de forma natural, uma nova coluna para a organização dos conhecimentos prévios, resultante da necessidade de seriação da informação recolhida. À semelhança da profissão de oleiro, perante a profissão de telefonista, o A15 referiu: “o meu avô era telefonista, porque ele arranjava telefones”. O restante grupo de crianças, não concordando com a explicação do A15, contra-argumentou, sendo que, por exemplo, o A7 disse: “olha, o telefonista atende telefones, não arranja telefones”. Neste momento ficou decidido que seria pertinente registar na nova coluna a “pessoa que arranja telefones”, para que pudéssemos, mais tarde, explorar melhor esta profissão.

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Tarefa Que profissões conhecemos? Que profissões não

conhecemos? Profissões que conhecemos mais ou menos? Realização da ficha proposta pelo Manual de Estudo do Meio Médica – estetoscópio Oftalmologista – óculo Carpinteiro – serra

Costureira – tesoura e linha Violinista – violino

Pescador – rede Peixeira – vende o peixe Construtor civil – pá e colher de cimento

Professora – livros

Fotógrafo – máquina fotográfica Calceteiro – martelo

Mecânico – chave inglesa Telefonista – telefone Pintor – tinta, pinceis, paleta Pintor de casas

Eletricista – desandador Sapateiro – arranja os sapatos

Pessoa que trabalha com o barro

Pessoa que arranja telefones

Tabela 2 – Atualização da tabela 1 com a exploração da tarefa do manual de Estudo do Meio

A realização deste exercício sugerido pelo manual de Estudo do Meio permitiu-nos perceber a limitação deste recurso para a aprendizagem das crianças relativamente a esta temática. O caráter pouco desafiante e monótono da tarefa, aliado à restrição do número de profissões desconhecidas permitiu-nos compreender e confirmar, desde logo, como seria redutor e desinteressante seguir as dinâmicas habituais e previstas para a exploração desta temática – a mera exploração das tarefas existentes nos manuais.

De forma a proporcionar ao grupo uma rentabilização dos recursos disponíveis na sala referentes a esta temática, também entrou na linha das tarefas planificadas para esta sessão a realização de um puzzle – um dos materiais didáticos disponíveis na biblioteca – que, depois de montado unia vinte e quatro profissões aos utensílios implicados no trabalho de cada uma. A dinâmica da realização do puzzle era bastante simples: cada criança possuía uma peça do puzzle, correspondente a um utensílio de alguma profissão, tendo cada um de descobrir a profissão que lhe correspondia. Apesar de, em alguns casos se ter verificado alguma dificuldade na correspondência utensílio-profissão, o facto de ter sido uma tarefa realizada em grande grupo facilitou o colmatar das dificuldades surgidas e todas as crianças conseguiram chegar às profissões corretas. Novamente, as profissões identificadas durante a exploração do puzzle

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foram registadas na tabela, à exceção daquelas que anteriormente tinham sido mencionadas. À semelhança da tarefa anterior, todas as profissões eram conhecidas pelo grupo, pelo que a atualização da tabela (Tabela 3) incidiu apenas na coluna das profissões conhecidas.

Tarefa Que profissões conhecemos? Que profissões não

conhecemos? Profissões que conhecemos mais ou menos? Exploração do

material didático Cientista – experiências Ferreiro – ferro Ferrador – ferraduras Polícia - apito

Músico - instrumentos musicais Estudante – porta-lápis

Astronauta – foguetão Futebolista – bola

Cabeleireira – secador de cabelo Esquiador – esqui

Empregada doméstica – arrumar e limpar casas

Ilusionista Bailarina

Bombeiro – boca de incêndio Carteiro – cartas

Cozinheiro – panelas Picheleiro

Jornalista

Tabela 3 – Atualização da tabela 1 com a exploração do material didático

Aquando do registo da profissão de pintor, perguntámos, intencionalmente, às crianças se sabiam o resultado da utilização das ferramentas usadas por essa profissão (pincéis e tela) e, seguidamente, mostrou-se uma maquete de um projeto de uma casa, questionando as crianças sobre se seria aquele o resultado do trabalho desta profissão. O nosso objetivo com esta questão era levá-las a refletirem sobre o contributo das profissões no nosso quotidiano. Assim, havendo consenso na turma sobre o facto de a maquete não ser fruto do trabalho do pintor, questionou- se qual seria a profissão que construíra aquele objeto. Rapidamente o A15 disse que era “uma casa”, e o A2 completou dizendo que não era uma casa onde fosse possível viver, mas sim “um projeto”. Nesse momento, conduzimos o diálogo para a indagação acerca da profissão que poderia ser responsável pela construção daquele tipo de projetos, tendo o A15 referido serem os arquitetos.

Canalizando as considerações para a profissão de arquiteto e a partir deste diálogo em torno da maquete, criámos as condições para iniciar a última tarefa estruturadora deste

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momento de apresentação do projeto. Esta tarefa consistiu na apresentação de um anúncio publicitário (figura 3) de uma empresa de construções, designada “Coelho Projetos”. Antes da apresentação do referido anúncio, foi dedicado um momento de mobilização das conceções prévias dos alunos a partir do nome da empresa. Segundo Weisz (2002) é importante, numa situação de aprendizagem e perante um novo conteúdo, “conhecer o que as crianças já sabem e o que podem produzir com e sobre estes saberes” (p. 45), para que seja favorecida a integração de aprendizagens e seja proporcionado o espaço suficiente para que o conhecimento avance. Na verdade, esta foi uma preocupação alargada a todos os momentos da atividade, sempre que se pretendia mobilizar as conceções prévias dos alunos face a algum novo conteúdo. A maioria das crianças referiu que seria alguma empresa relacionada com a construção de habitações, prevendo, por isso, que o anúncio da empresa estaria, de alguma forma, relacionado com isso. Assim, estabelecida a ponte com a maquete apresentada anteriormente, tínhamos o objetivo de que as crianças, ao fazerem a leitura do anúncio, se pronunciassem sobre eventuais profissões existentes nesta empresa.

A conclusão de que na empresa existiam profissões como arquitetos e engenheiros foi rapidamente construída, o que foi facilitado pela utilização das palavras engenharia e arquitetura no texto. A profissão de decorador necessitou da nossa intervenção explícita para que o grupo pudesse compreender a relação com a palavra design.

Concluída a exploração oral do anúncio e de forma a aproveitar as potencialidades deste recurso para o objetivo de as crianças se questionarem sobre as profissões, preparámos uma

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ficha de trabalho, realizada a pares, que tinha como objetivo trabalhar a compreensão do anúncio. Assim, as duas primeiras questões da ficha (Figura 4) – que remetiam para a leitura visual do anúncio – foram respondidas sem dificuldade, muito provavelmente por causa da discussão dos conhecimentos prévios. O excerto que se segue, retirado de uma dessas fichas de trabalho, representa as respostas genéricas dadas pelos grupos.

As duas questões seguintes, contrariamente às duas primeiras, colocaram bastante dificuldade a todos os grupos, sendo que nenhum dos grupos respondeu acertadamente. Os excertos seguintes representam algumas das respostas dadas pelo grupo.

Figura 3 – Respostas dadas pelo A9 e A22 às questões 1 e 2 da ficha de trabalho

Figura 2 - Respostas dadas pelo A9 e A22 às questões 3 e 4 da ficha de trabalho

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O primeiro exemplo – a figura 5 – mostra o total desconhecimento das profissões de engenheiro, arquiteto e decorador, mesmo tendo o apoio da imagem, na qual era possível inferir eventuais ou potenciais funções destas profissões. A figura 6 demonstra conceções erradas acerca dessas mesmas profissões, sendo que a resposta à questão 3 em nada se relaciona com a mobilização feita anteriormente, e a da questão 4 indica máquinas, tratores e carinhas como outras profissões relacionadas.

Estes dados permitiram-nos compreender, por um lado, a importância da mobilização dos conhecimentos prévios na fase inicial da realização da tarefa, dado que facilitou a leitura do anúncio e a compreensão das questões 1 e 2. Por outro lado, as respostas às duas primeiras questões foram, muito provavelmente, induzidas pela leitura da imagem, existindo um total desconhecimento sobre as funções de cada uma das profissões em particular.

Por ter proporcionado um trabalho colaborativo entre o grupo, a realização desta ficha de trabalho também permitiu a recolha de dados sobre o desempenho do grupo nestas situações de trabalho. Desta forma, foi possível concluir que nesta fase o trabalho colaborativo funcionou de modo bastante embrionário, pois a maioria dos pares teve dificuldade em relacionar-se mutuamente entre os dois elementos do par, nomeadamente, apresentaram dificuldades em chegar a um acordo e na divisão de tarefas. O seguinte excerto do diálogo estabelecido no seio do trabalho de um grupo de alunos retrata isso mesmo:

A20 – “Oh professora, só quer escrever ela!

Prof – Vocês estão a trabalhar em grupo, têm de arranjar uma forma de se entenderem. Por exemplo, são quatro perguntas: tu podes escrever a resposta de duas e a tua colega de outras duas.

A20 – Professora, ela não escreve o que eu digo!”

Perante esta situação-problema, originada pelo primeiro trabalho realizado colaborativamente, pudemos concluir que as atividades pensadas para o desenvolvimento dos nossos projetos teriam de contribuir para colmatar eventuais desentendimentos entre o grupo e, a par disso, potenciar os contributos destas situações colaborativas para o desenvolvimento das aprendizagens.

A fase conclusiva da atividade destinou-se à reflexão final sobre a ficha de trabalho, de forma a atualizar a tabela de organização das profissões aprendidas. Desta forma, e a partir da constatação partilhada de que nenhum dos alunos tinha conhecimento das funções exatas das três profissões presentes no anúncio, essas profissões ficaram incluídas no grupo das “profissões que conhecemos mais ou menos”.

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Tarefa Que profissões

conhecemos? Que profissões não conhecemos? conhecemos mais Profissões que ou menos? Anúncio

publicitário Arquiteto Engenheiro

Decorador Tabela 4 - Atualização da tabela 1 com a realização da tarefa sobre o anúncio publicitário

Concluída a realização do conjunto de tarefas que tínhamos pensado para desencadear o questionamento sobre a temática das profissões por parte das crianças, recorremos à análise da tabela completa para estabelecer um diálogo com o grupo, através do qual procurámos que elas mesmass tomassem a consciência de que ainda teriam muito para aprender sobre o tema das profissões. A seguinte transcrição mostra isso mesmo:

Prof: “A nossa tabela já tem muitas profissões!

A15: Pois, as profissões que nós conhecemos são muitas e as que não conhecemos são poucas. Prof: Pois são, mas ainda temos muitas por descobrir e outras para conhecer melhor. O livro de estudo do meio tinha muitas profissões, mas havia muitas desconhecidas?

A15: Não, nós sabíamos quase todas menos uma. Prof: E com o puzzle que vocês tinham aqui na sala? A14: Essas é que conhecíamos mesmo todas.

Prof: É verdade, depois vimos o anúncio e descobrimos que não conhecemos muito bem três profissões.

A9: Pois, o engenheiro, o arquiteto e o decorador.”

Foi no seguimento deste diálogo, em clima de reflexão sobre as profissões que ainda não conheciam, que se colocou ao grupo a seguinte questão – “como poderemos aprender mais sobre as profissões?”. A resposta do grupo limitou-se à referência ao uso do “dicionário”, revelando, desta forma, o reduzido conhecimento dos recursos e ferramentas de construção de aprendizagens. Na verdade, esta resposta denota fortes limitações dos alunos e, então, também consagrou a pertinência dos projetos a serem desenvolvidos.

Procurámos que os alunos tomassem a consciência da iniciação de um projeto no qual iriam estar implicados durante um determinado período de tempo, através do qual, certamente, iriam construir muitas aprendizagens. Como são os alunos a conduzir o processo de ensino- aprendizagem (Weisz, 2002) foi fundamental esclarecer de forma explícita a integração do grupo nesta “viagem de aprendizagens”, para que se pudessem comprometer e participar de forma consciente, ativa e intencional em toda essa viagem. O seguinte excerto foi retirado da última interação que mantivemos com esse mesmo propósito:

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Prof: “Sabem, hoje começámos um projeto no qual iremos aprender muito sobre as profissões que existem e que nós não conhecemos, mas vamos ter que pesquisar para ficarmos a conhecer.

A23: Mas na tabela do meio só temos uma profissão…

Prof: Na tabela registámos uma profissão que não conhecemos e quatro que conhecemos mal, mas durante o trabalho vamos descobrir outras. E como vamos trabalhar muito e vamos ficar a saber muitas coisas… Gostariam de fazer alguma coisa com o que aprendermos? O que gostariam de fazer?

A15: Podemos afixar aqui na sala.

Prof: E vocês não gostavam de mostrar o trabalho a outras pessoas, para que também possam aprender?

A22: Podemos afixar cartazes na porta da escola.

Prof: Muito bem, mas assim as pessoas que não vêm à escola não podem ver, o que fizeram os senhores da empresa Coelho projetos?

A9: Eles tinham um anúncio num jornal.

A7: Podemos por no jornal. O meu avô trabalha no jornal”

Foi com este horizonte que ficou estabelecida a ideia de que o conhecimento construído através do projeto iria ser alvo de divulgação num jornal. De destacar que, tendo em conta os objetivos da intervenção, a utilização desta estratégia como recurso da divulgação foi uma mais- valia, já que era nossa intenção incentivar e alimentar uma ligação estreita do grupo de alunos com o seu meio natural e com a comunidade a que pertencem. A par disso, pretendíamos intencionalmente consciencializar os alunos para o facto de que o contacto com o meio onde