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Apresentação do setor e suas características próprias

No documento IFRS NO VALOR DE MERCADO DAS (páginas 52-55)

3. O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO

3.1. Apresentação do setor e suas características próprias

A energia elétrica foi introduzida no Brasil por empresas privadas estrangeiras, até que a sua produção, transmissão e distribuição passaram a ser atividades exercidas diretamente pelo Estado na década de 30. Com a criação da Eletrobrás em 1961, através da Lei 3.890-A, de 25 de abril de 1961, esta passou a ser a principal figura do setor, sendo responsável pelo seu financiamento, coordenação de operação e por sua expansão.

Na década de 80 o setor elétrico passou por uma grave crise e sua expansão se viu ameaçada, quando, seguindo uma tendência mundial de transferir para o setor privado serviços até então desempenhados pelo Estado, e aproveitando o ensejo da criação do Plano Nacional de Desestatização (PND) em 1990, o Governo decidiu incluir o setor na agenda das privatizações que se seguiriam. As primeiras privatizações do setor elétrico foram das distribuidoras do Sistema Eletrobrás, em 1992, seguidas pelas das geradoras desse mesmo sistema, ficando fora apenas a Usina de Itaipu e as Usinas Nucleares.

Concomitantemente com o processo de privatização, foi criada uma estrutura para expansão, operação, regulação e controle do setor. Foi instituída a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia federal criada com o objetivo de regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, através da Lei 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e foram também criados o Operador Nacional do Sistema (ONS) e o mercado atacadista de energia (MAE), o qual posteriormente foi substituído pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), cada um com uma função específica, de forma a garantir o sucesso do novo modelo. Some-se a todo esse cenário a

reformulação da Lei de Licitações (Lei 8.666, de 21 de junho de 1993) e a Lei de Concessões e Permissões de Serviços Públicos (Lei 8.987, de 13 de fevereiro de 1995), o que forneceu a estrutura legal para os novos processos licitatórios e contratos administrativos do setor.

Enquanto as privatizações prosseguiam, em 1999 a ANEEL licitou os primeiros projetos de geração e transmissão de energia para empresas privadas.

Por decisão governamental, o processo de privatização da geração foi interrompido e atualmente ainda grande parte das geradoras é estatal ou sociedade de economia mista. Dessa forma, o setor elétrico brasileiro é constituído por algumas empresas estatais e a grande maioria é de empresas privadas, que exploram suas atividades através de contratos de permissão, concessão ou autorização.

Em 2004, foram introduzidas novas mudanças, ficando desenhada a estrutura do atual modelo do setor elétrico brasileiro, que tem principais objetivos: garantir a segurança no suprimento; promover a modicidade tarifária e promover a inserção social.

Uma das principais alterações promovidas em 2004 foi a alteração do critério utilizado para concessão de novos empreendimentos de geração. Passou a vencer os leilões o investidor que oferecesse o menor preço para a venda da produção das futuras usinas. Além disso, foram criados os dois ambientes existentes para a celebração de contratos de compra e venda de energia: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR), exclusivo para geradoras e distribuidoras, e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual participam geradoras, comercializadoras, importadores, exportadores e consumidores livres. Outra importante alteração foi a “desverticalização” do setor, ou seja, a cisão das companhias em geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia, pois até então a maioria das entidades eram controladas pelo Estado (federal e estadual) e verticalizadas, ou seja, atuavam nas três atividades: produzindo, transmitindo e distribuindo a energia.

A seguir é apresentado um resumo dos diversos modelos do setor elétrico ao longo do tempo, no quadro 6:

1. Domínio estatal do setor elétrico no período de 1930-1990;

2. Abertura à iniciativa privada, em face do contexto político econômico mundial e da crise financeira do setor – meados da década de 1990;

3. Necessidade de reforma do setor e transição entre o modelo estatal e o que o sucedeu nos anos 1990;

4. Deficiências da reforma de 1990 que culminou com a crise de abastecimento em 2001 (“apagão”); 5. Novo Modelo do Setor Elétrico a partir de 2004.

Quadro 6 - Modelos do setor elétrico ao longo do tempo

No modelo vigente, denominado Novo Modelo do Setor Elétrico, as atividades de distribuição e transmissão continuaram totalmente reguladas, mas a produção das geradoras passou a ser negociada no mercado livre, ambiente no qual as partes compradora e vendedora acertam entre si as condições através de contratos bilaterais. Na figura 4 segue desenho do modelo atual do setor elétrico brasileiro:

Legenda:

CNPE: Conselho Nacional de Políticas Energéticas

CCEE: Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

MME: Ministério de Minas e Energia ONS: Operador Nacional do Sistema

G: geradoras CMSE: Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

T: transmissoras EPE: Empresa de pesquisa energética

D: distribuidoras BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

C: comercializadoras

Figura 4 - Participantes do Setor Elétrico Brasileiro

Fonte: Adaptado pela autora de Atlas do setor elétrico brasileiro - Brasil (2005)

Como se vê na figura do atual modelo do Setor Elétrico Brasileiro, abaixo dos entes políticos que traçam as normas a serem seguidas pelos participantes do mercado, situa-se o órgão regulador, a ANEEL.

Os participantes do mercado, por sua vez, atuam de forma “desverticalizada”, ou seja, cada atividade é desenvolvida por uma empresa diferente, sendo as principais atividades: geração, transmissão e distribuição de energia aos consumidores, bem como a sua comercialização. O ONS, órgão já existente no modelo anterior e a CCEE, criada a partir de 2004, atuam como órgãos de apoio ao regulador (ANEEL). O ONS é responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia

elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da ANEEL. A CCEE substituiu o MAE e tem a finalidade de viabilizar a negociação e comercialização da energia no mercado livre.

Um dos novos agentes criados em 2004, agregando-se aos demais existentes e à recém instituída CCEE, foi a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao MME e cuja função é realizar os estudos necessários ao planejamento da expansão do sistema elétrico.

No documento IFRS NO VALOR DE MERCADO DAS (páginas 52-55)