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Apresentação dos dados e análise dos resultados

Lideranças sociais

Optou-se por começar a análise pela rede social por considerá-la a menos formal das três, reveladora das relações mais espontâneas que, de certa forma, implicam a estruturação das outras duas (política e intelectual).

Figura 3 – Grafo das lideranças sociais

Fica evidente no grafo (Figura 3) a existência de duas polaridades, uma mais numerosa e esparsa à esquerda e outra, menos numerosa, mais concen- trada à direita. Esta configuração reflete que a turma em estudo resulta da junção de duas, que realizaram separadamente o primeiro e o segundo anos do curso, unidas para a realização do terceiro. Uma delas, originalmente turma A, cujos nós representativos dos seus alunos aparecem no grafo mais concen- trados à direita, era menor que a B, visível mais dispersa à esquerda. Mesmo com esta bipolaridade aqui evidente, há número significativo de elos ligando as duas partes, o que denota coesão, embora não muito forte, do grupo como um todo. Esta coesão, aqui fraca, aumenta significativamente nas redes in- telectual e política, tornando-se insignificante naquele que denominamos rede geral, o que justifica terse optado por não considerar esta separação como um dos pressupostos básicos da pesquisa.

Bases para a criação de um jornal laboratório on-line 159 Figura 4 – Grafo das lideranças sociais evidenciando as centralidades

No grafo da rede social evidenciando as centralidades (Figura 4), que a- presenta o tamanho dos nós proporcional ao número de vetores a eles ligados (soma dos emitidos com os recebidos, sendo o número máximo de emitidos igual a três, fica bem evidente a bipolarização. Como a origem dos alunos, se das antigas turmas A ou B, é conhecida dos pesquisadores, nota-se que à esquerda estão os atores oriundos da B, e à direita da turma A. Olhando- se o grafo como um todo, percebe-se a existência de muitas lideranças, sem, entretanto, que alguma se sobressaia demasiadamente.

Figura 5 – Grafo das lideranças sociais evidenciando as reciprocidades

aparecem mais grossos e em vermelho (Figura 5), alguns nós foram desloca- dos poucos milímetros de seus lugares originais para evitar linhas sobrepostas e assim evidenciar bem as linhas da reciprocidade. Mais uma vez está clara a polarização e pouca coesão social. Percebe-se que há mais reciprocidades entre os atores mais fortes do lado esquerdo (ex-turma B) do que do direito (ex-turma A).

Lideranças intelectuais

Figura 6 – Grafo das lideranças intelectuais

O grafo das lideranças intelectuais (Figura 6) ameniza a bipolarização vi- sível no grafo das lideranças sociais, misturando mais atores oriundos das duas ex-turmas, e coloca as quatro principais lideranças alinhadas em um eixo cen- tral. Neste grafo nota-se também que as lideranças da antiga turma B são mais concentradas (40, 20, 13 e 32) que as oriundas da antiga turma A.

Bases para a criação de um jornal laboratório on-line 161 Figura 7 – Grafo das lideranças intelectuais

evidenciando as centralidades da rede

Este grafo, das lideranças intelectuais evidenciando as centralidades da rede (Figura 7), mostra a forte concentração das lideranças intelectuais em quatro atores, sendo 13 e 20 os mais fortes. Os atores 40 e 32, também fortes, mas um pouco mais fracos que os dois principais, formam um eixo central ao redor do qual gravitam lideranças terciárias oriundas das duas turmas antigas. O núcleo centralizado pelas lideranças 41, 54 e 31 aparece coeso, porém mais afastado das lideranças principais.

Na Figura 8, relativa às lideranças intelectuais tendo em conta a recipro- cidade (alguns nós foram levemente deslocados para facilitar a visualização), percebe-se que as quatro principais lideranças têm elos recíprocos em pares (40-13 e 32-20), o que configura a existência de três grupos intelectuais impor- tantes na turma, e um terceiro núcleo marcado por forte coesão centralizado pelo nó 41.

Figura 8 – Grafo das lideranças intelectuais evidenciando a centralidade e a reciprocidade

Lideranças políticas

Bases para a criação de um jornal laboratório on-line 163 O grafo da rede de relacionamentos políticos (Figura 9) mostra-se equili- brado e coeso, com bom número de líderes significativos equidistantes, porém deixando transparecer que os sete atores principais polarizam-se em quatro núcleos importantes, o que fica mais evidente no próximo grafo (Figura 10), que destaca as centralidades.

Figura 10 – Grafo das lideranças políticas evidenciando as centralidades e reciprocidades

O grafo das lideranças políticas evidenciando as centralidades e reciproci- dades (Figura 10) apresenta três grandes lideranças (13, 60 e 32) com frequên- cia equilibrada. Este equilíbrio cai, porém, quando se nota que uma destas lideranças está bem próxima de outra liderança forte (60-20) e que a terceira está próxima de outras duas significativas (32-31-49), o que torna estes nú- cleos políticos mais fortes que o liderado pelo ator 13. Outra peculiaridade é a existência de um quarto núcleo com bom grau de independência, centralizado pelos atores 1 e 21.

Figura 11 – Grafo das lideranças políticas evidenciando as centralidades e reciprocidades

Este grafo das lideranças políticas evidenciando as centralidades e reci- procidades (Figura 11) é bastante elucidativo sobre a configuração política da rede. Mostra que o ator 13 tem elos de reciprocidade com os atores 21 e 1, o que pode significar apoio político mútuo entre estes dois grupos. Ou- tro aspecto interessante é a reciprocidade entre os atores 21 e 49, o que torna o grupo mais forte politicamente, e, consequentemente, torna também mais forte a liderança 32, próxima a eles. A liderança 20 tem elos de reciprocidade com a 60 e com a 32, formando um núcleo poderoso politicamente. Como os atores 13 e 60, ambos lideranças fortes e ligados a grupos fortes, estão pró- ximos, pode-se auferir que a rede como um todo é equilibrada politicamente, sem divisão marcante, ao contrário do que se percebe na rede social.

Lideranças gerais

O grafo da rede de lideranças gerais (Figura 12) mostra que há dois grupos de lideranças ocupando posições centrais na rede geral, sendo um (20-13-60) mais forte. Porém estes grupos estão próximos, o que pode significar certa harmonia entre todos os grupos.

Bases para a criação de um jornal laboratório on-line 165 Figura 12 – Grafo das lideranças gerais (intelecto-sociopolíticas)

Evidencia também uma rede coesa de uma forma geral, embora haja ato- res periféricos com poucos relacionamentos, alguns poucos isolados e até os que embora estivessem na lista de escolha não aparecem na rede por não te- rem sido escolhidos por ninguém. Os que não aparecem ou têm poucos elos são, em maioria, alunos que vieram transferidos recentemente do período no- turno ou de outras faculdades, estão com matrícula trancada ou matriculados, mas sem comparecimento às aulas, ou ainda aqueles que comparecem regu- larmente, mas não têm bom relacionamento com a turma.

Figura 13 – Grafo das lideranças gerais (intelecto-sociopolíticas) evidenciando as centralidades

Neste grafo, representativo da rede de lideranças gerais evidenciando as centralidades (Figura 13), percebe-se equilíbrio e coesão da rede como um todo. As várias lideranças ocupam as posições centrais. Embora divididas em dois grandes grupos, as lideranças não se separam por grande distância. Este grafo mostra que, como um todo, a formação da turma pela junção de duas turmas não é tão relevante no geral.

Figura 14 – Grafo das lideranças gerais (intelecto-sociopolíticas) evidenciando as reciprocidades

No grafo das lideranças gerais evidenciando as reciprocidades (Figura 14), os nós foram deslocados do seu posicionamento para facilitar a visualização. Ele reforça o que aparece nos dois grafos anteriores em termos de boa coesão e equilíbrio da turma, uma vez que praticamente todos os subgrupos estão interligados por vetores de reciprocidade, mesmo os que aparecem distantes.

Bases para a criação de um jornal laboratório on-line 167 Figura 15 – Grafo das lideranças gerais (intelecto-sociopolíticas) evidenciando as reciprocidades, isolando somente as cinco lideranças

mais significativas

Especificamente em relação às seis lideranças gerais mais significativas, destacou-se deste grafo outro, o grafo das lideranças gerais (intelecto-sociopo- líticas) evidenciando as reciprocidades, isolando somente as seis lideranças mais significativas (Figura 15). Neste percebe-se coesão e reciprocidade mú- tuas entre os atores 13, 20 e 31, reciprocidades entre os 20 e 60, e entre os atores 13 e 40. Com relação ao 31, embora não haja reciprocidades, há elos ligando-o a quatro das cinco outras lideranças. Isto denota um núcleo central geral forte, equilibrado e coeso.

Análise consolidada

Utilizando-se os dados fornecidos pelo programa Netdraw, montou-se a se- guinte tabela que apresenta os cinco alunos em cada rede que obtiveram as maiores centralidades. Na tabela aparece o número referente ao aluno e a frequência obtida. Com referência às frequências da rede geral, obtida pela sobreposição das redes social, política e intelectual, é necessário esclarecer que a contagem realizada pelos programas Unicet 6 e Netdraw considera como se fosse vetor único os coincidentes, ou seja, se um ator escolheu o mesmo

líder em categorias diferentes, o que poderia significar dois ou até três vetores originários de um mesmo ator para outro, o sistema considera como sendo apenas um.

Tabela 1 – Frequência obtida pelas cinco principais lideranças em cada rede pesquisada

Fonte: Zanei Ramos Barcellos e Sibele Ganz

A Tabela 1, que apresenta as cinco principais lideranças de cada rede e suas respectivas frequências, serviu de base para uma análise consolidada so- bre as lideranças. Esta análise apresentou as seguintes peculiaridades, não apresentadas na análise de cada um dos grafos:

– Entre os cinco atores líderes da rede intelectual e os cinco da rede po- lítica, somente um (40) aparece entre os líderes da rede social, e ocu- pando apenas quinta posição;

– três atores (13, 20 e 32) aparecem simultaneamente entre os cinco líde- res das redes intelectual e política, e ocupam as duas primeiras posições na rede geral (empate do 13 com o 20 na primeira posição e 32 na segunda), porém nenhum aparece nas cinco primeiras posições da rede social;

– as menores frequências obtidas pelos cinco principais líderes das redes social, intelectual e política foram registradas na rede social.

Analisando-se estas observações, pode-se auferir que embora a rede so- cial influencie no resultado das demais por medir o relacionamento (simpatia)

Bases para a criação de um jornal laboratório on-line 169 entre os atores, não foi determinante no resultado das demais redes, o que faz supor que os demais líderes (políticos e intelectuais) gozem de bom grau de sociabilidade, mesmo que não apareçam nestas redes como líderes. Pode-se também perceber que há coerência na listagem das lideranças da rede geral com a política e com a rede intelectual.

E, finalmente, analisando-se os grafos, de uma forma geral, destaca-se, além do que já foi observado em cada um dos respectivos comentários, o fato do ator 32 exercer o papel de integrar um subgrupo na rede intelectual e de ser um dos principais elos integradores da antiga turma A a turma como um todo.