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5 RESULTADOS

5.2 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS NA VOZ DA ESCOLA

Com o intuito de refletir a perspectiva da própria escola, os resultados encontrados na entrevista com o diretor da escola da unidade da Urca são a seguir apresentados.

O diretor é inglês, tem formação em filosofia e pós-graduação em educação, ambos os cursos em universidades do Reino Unido. Está há três anos no Brasil e sua experiência anterior foi de oito anos como diretor adjunto de uma escola no Reino Unido e, antes disso, dois anos como diretor de departamento em uma escola na Ásia.

Sobre sua definição sobre a escola, ele diz que é bicultural, uma versão brasileira da educação internacional. O elemento brasileiro é, para ele, bastante refreshing. Diz que cada escola internacional leva em conta o aspecto cultural local. Assim, sendo a maior parte dos alunos de brasileiros, a cultura é brasileira, mas o programa da escola é britânico e internacional.

No que tange ao direcionamento da escola, ele conta que há um grande investimento para passar os princípios internos para todos os stakeholders, seja o staff, o corpo docente, os alunos, os pais e a diretoria. Desta forma, entende que todos estão em uma jornada, no que exemplifica: os alunos estão em suas jornadas de aprendizado e crescimento; o pessoal interno, em uma jornada de desenvolvimento profissional com um acordo preestabelecido de alcance de objetivos. Em sua visão, o importante é compreender os princípios e persegui-los.

Os valores da escola – compaixão, integridade e determinação – são, para ele, a forma como a escola entende que precisa agir como instituição. A preocupação com a comunidade (em sentido amplo ou restrito) está ligada ao valor compaixão. A compaixão é definida na visão como caring community, e destaca a comunidade interna da escola, alunos e professores. Exemplifica essa preocupação com o sistema de pastoral care, a presença de psicólogos e o programa de learning support. Para ele, a escola valoriza cada aluno, pois o cuidado com a comunidade (interna) visa ao desenvolvimento do indivíduo.

Para ele, o valor integridade está relacionado com a honestidade, pois é preciso ser consistente no agir. E o valor da determinação tem dois ângulos: um, que determina o caminho, o objetivo; e o outro, que ataca esse objetivo com determinação.

Em seu entender, a escola é inclusiva, não seletiva em muitas formas. De forma diminuta, é seletiva, principalmente no que se refere às mensalidades da escola. Mas explica

que o recorte através da situação socioeconômica é para definir os clientes da escola. Não ter domínio da língua inglesa também é uma forma seletiva porque impede a capacidade acadêmica do aluno.

Ele acredita que é uma escola de sucesso, tendo em vista seu tamanho e anos de existência, e pelo fato de as pessoas continuarem com alto interesse pela escola. Diz que é um modelo de escola muito comum internacionalmente. A despeito da presença do elemento cultural brasileiro, é um modelo muito similar de escolas que existem no Reino Unido.

Sobre concorrência, a visão é muito simples: ele diz que essa escola deve ser a melhor! Nesse sentido, se for a melhor em tudo que faz, então não há que se preocupar com os competidores. Para isso, alerta que não é só importante que os alunos sejam bem-sucedidos, mas também o corpo de docente. A escola, portanto, tem uma preocupação no desenvolvimento dos professores, inclusive da liderança. Entretanto, se houver algo interessante sendo realizado por outras escolas, a escola procurará saber e, se for adequado aos seus princípios, fará também. Afirma que a escola é melhor que as demais, e, que, no Rio de Janeiro, não há outra escola igual à Escola Britânica.

Afirma que há seis pontos que os fazem únicos como escola e preenchem as demandas dos pais por uma instituição de ensino. O primeiro é a proficiência na língua inglesa, seja pelo corpo docente nativo ou de professores com alto conhecimento da língua inglesa, permitindo que todos os estudantes saiam da escola integralmente oradores bilíngues. O segundo é o currículo internacional, o IPC, o IGCSE e o IB. O terceiro é a possibilidade de acesso às universidades internacionais. A média é de 1/3 de alunos que, anualmente, ingressam em universidades fora do Brasil. Em alguns anos, mais de 50%, e mesmo os que ficam no Brasil durante a graduação acabam por fazer uma pós-graduação ou máster, fora do Brasil posteriormente. Outra fonte de constatação é o Annual Report da escola que apresenta o destino dos formandos de 2016 ao concluírem o ensino médio: 42% escolheram permanecer no Brasil – especificamente cursando o ensino superior na PUC-RJ ou no IBMEC, em sua maioria –, 32% em universidades na América do Norte, 14% em universidades na Europa e 12% estão indecisos ou foram para outros países.

O quarto seria proteção e segurança. O quinto é exatamente a forma como cuidam dos estudantes de forma individualizada e, por último, o sexto está relacionado às famílias estrangeiras. Todos esses atributos permitem que a escola alcance a atual reputação que possui, o que faz com que os pais se submetam a uma lista de espera.

Fatores de sucesso Descrição Primeiro Proficiência da língua inglesa

Segundo Currículo internacional

Terceiro Acesso às universidades internacionais

Quarto Proteção e segurança

Quinto Cuidado com o indivíduo

Sexto Famílias estrangeiras

Quadro 14 - Fatores de sucesso da Escola Britânica segundo seu diretor Fonte: A pesquisadora

Quanto à seleção de famílias, afirma que não há escolha, mas admite que elas precisam ter compromisso com os valores da escola. E, por fim, também afirma que a admissão na escola acontece nos primeiros anos da vida escolar.

Neste contexto de compreensão sobre a entrada na escola, realizou-se a entrevista da gerente de admissão da escola que apresenta os resultados adiante relatados. Ex-aluna, ela fez a universidade nos Estados Unidos e especializou-se, no Brasil, na área de educação. Trabalha na escola desde 2005 e afirma que sua função é vender a escola para os pais, uma vez que é a responsável pela área de comunicação e marketing da escola.

Ao responder sobre a escola, ela assim a definiu: “to put into a shell, it´s all about curriculum”, pois a escola persegue dois currículos por todo seu percurso acadêmico, o currículo brasileiro e o currículo britânico/internacional. Explicou, portanto, o currículo da escola em suas diversas fases, apresentado graficamente abaixo:

Currículo Estágio escolar Idade escolar Série

Pre Nursery Early Years (2 - 5 anos) Nursery

IPC & NCE Primary Reception

Milepost 1 (5-7 anos) Infant 1 e 2 Milepost 2 (7-9 anos) Classes 1 e 2 Milepost 3 (9-11 anos) Classes 3 e 4 Quadro 15 - Grade curricular do primário.

Fonte: A pesquisadora

No caso do primário, o IPC (International Primary Curriculum) dá o formato das aulas e o NCE (National Curriculum for England) regula o conteúdo.

No caso do ensino secundário, o currículo é regulado com o seguinte formato:

Currículo Estágio escolar Idade escolar Série

NCE Seniors (11-14 anos) Classes 5, 6 e 7

IGCSE Secundário Seniors IGCSE (14-16 anos) Classes 8 e 9

Fonte: pesquisadora

Ela explica que o IGCSE (International General Certificate of Secondary Education) é administrado por Cambridge e é bem aderente ao currículo do MEC por ser conteudista, aqui entendido como o ensino tradicional centrado no professor que procura aferir a quantidade de informação absorvida pelo aluno. Um ensino conteudista nesse sentido seria o que valoriza uma quantidade enorme de informações aos alunos, sem que haja preocupação com o desenvolvimento do raciocínio nem com a cultura geral. O IB (International Baccalaureate) é um currículo comercializado pela Organização IBO e é também aplicado por muitas escolas no Reino Unido por valorizar a escola, a despeito de não ser obrigatório. Para ter o diploma IB, ela explica que é obrigatório ter a composição, a saber: CAS - Creativity Action Service (1 ponto), mais o TOK – Theory of Knowledge (1 ponto), mais o Extended Essay (1 ponto) e, mais o somatório de pontos do currículo IB que pode alcançar a nota máxima de 42 pontos (6 matérias multiplicado por 7, que é a nota máxima). O total dos pontos somam 45 pontos e compõe o diploma IB. Ela alerta que as universidades no exterior consideram bons candidatos os alunos que possuem acima de 38 pontos no diploma de IB.

A gerente foi categórica ao afirmar que a entrada dos alunos na escola acontece no pre-nursery (2-3 anos) e no nursery (3-4 anos), quando eles oferecem 90 vagas anuais. A média de alunos que se formam é 70 alunos anuais. Nas unidades da Zona Sul, ela conta que são 16 séries, quatro turmas por série, com 20 alunos por sala em média, o que dá 1.200 alunos. Ela diz que há, em média, uma saída de 100 alunos por ano, o que demonstra uma taxa de rotatividade de 8%. Segundo ela, essas vagas surgem e são novamente preenchidas pelos expatriados que entram e saem anualmente da escola. Neste caso, ela diz que os alunos precisam fazer prova de proficiência na língua inglesa e teste de matemática, o que não é o caso dos alunos que ingressam nos primeiros anos de escola.

No pre-nursery (2-3 anos) e no nursery (3-4 anos), o acesso acontece com o preenchimento do formulário de solicitação de vaga, entrevista, visita às dependências da escola e o pagamento da Development Fund Donation, mais conhecido como luva. Ela adverte, entretanto, que há uma ordem de prioridade: primeiro, as famílias inglesas e dos países da Commomwealth; depois, os irmãos de alunos da escola; na sequência, os filhos de ex-alunos; e, por fim, as novas famílias interessadas. Não há sorteios e nem provas. Quanto à composição de alunos, ela diz que os alunos são 65% de brasileiros, 15% de mistos (um dos

pais é estrangeiro) e 20% é de estrangeiros que permanecem no Brasil, em média, de 2 a 4 anos.

Ao responder sobre a razão dos pais ao escolher a escola, disse que muitos procuram a proficiência na língua inglesa, mas acredita que a escola é muito mais do que isso. Para ela, saber inglês é uma mera consequência. No seu entender, a escola prepara o aluno de uma forma completa e para qualquer lugar do mundo. Afirma que é uma escola totalmente diferente de uma escola brasileira.

Quanto ao status social das famílias que frequentam a escola, ela disse que já foi mais aristocrática. Acredita que a geração atual de pais é mais segura e menos voltada às questões de pertencimento social.

Com relação aos concorrentes, a gerente cita as escolas Suíça, Americana, OLM, Corcovado, Liceu Molière e Real International School. Diz que a escola americana não tem o IB como obrigatório, mas opcional, pois não funciona como diploma, e sim como certificado.

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