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CAPÍTULO V – RESULTADOS E CONCLUSÕES

5.1. Apresentação dos resultados

5.1.1. O uso didático das partituras não convencionais

No que diz respeito ao uso didático das partituras não convencionais, a partir da análise dos questionários aplicados, conclui-se que a partitura não convencional é pouco abordada pelos professores do EB. Não deixa de ser preocupante o fato de a maior parte dos professores que não abordam as partituras não convencionais como um uso didático, sejam professores com formação na área artística.

Questiona-se se os professores com formação na área artística têm dedicado à formação contínua, uma necessidade premente para quem leciona esta área. Nesta matéria a entrevista E1, feita a formadora de professores do IUE, é perentória na sua afirmação onde indica a necessidade de formação contínua e investigação permanente do professor de EA, no sentido de inovar de modo a poder pôr em prática os conhecimentos teóricos adquiridos na formação.

Em relação ao uso didático da notação não convencional, os professores indicam que os alunos têm encontrado algumas dificuldades na aprendizagem. Analisando a questão anterior pode-se dizer que a dificuldade encontrada nos alunos é uma resposta que advém das próprias dificuldades dos

91 professores que afirmam que raramente aprenderam e colocaram em prática as notações não convencionais. Afirmações essas que aparentam contraditórias às respostas dadas pela E1 (Formadora de Professores do IUE), quando afirma na sua entrevista que durante a formação dos professores, foi abordada e praticada os conteúdos referentes às notações não convencionais. Ainda sobre esta matéria, importa dizer que o E2 (Coordenador de Professores do EB, da EA), na sua entrevista deixa bem claro, que explorar as partituras não convencionais, como um recurso didático em sala de aula, é da responsabilidade dos próprios professores. Do ponto de vista da investigadora, apesar de ser uma responsabilidade do professor, o coordenador pedagógico tem um papel importante no seguimento e no cumprimento dessas práticas pedagógicas.

Em jeito de apreciação final, de uma forma geral e, particularmente ao uso didático das partituras não convencionais, encontra-se algumas dificuldades quer por parte dos professores, quer por parte dos alunos. As dificuldades constatadas neste estudo, do ponto de vista da investigadora, relacionam-se com algum desinteresse dos professores em explorar as partituras não convencionais, apesar dessas constituírem conteúdos de fácil compreensão e prática.

Relembra-se que de entre os inquiridos, os que apresentaram essas dificuldades, são formados em EA. É de suma importância que o interesse, a formação contínua e a atitude investigadora esteja patente durante a vida profissional de todos os professores, do EB, mormente os da área artística cuja prática exige constante atualização.

5.1.2. O uso didático do instrumental Orff

O instrumental Orff como um recurso didático foi analisado nesta investigação, do ponto de vista da sua existência e utilização no contexto educativo escolar. Nesta análise, ressalta à primeira vista a questão sobre a existência dos instrumentos musicais na sala de aula, é nula. Uma situação preocupante tendo em conta que é uma constatação, também, do coordenador pedagógico do EB, este que é considerado um promotor de EA nas escolas. Justifica-se assim, o baixo nível de abordagem de conhecimentos sobre os instrumentos musicais Orff em sala de aula. Da mesma forma, no que diz respeito à prática pedagógica com recurso aos referidos instrumentos musicais, quase todos os professores, de vez em quanto, recorreram deste material didático.

Carl Orff, promotor do instrumental Orff, é quase desconhecido pelos professores do EB, tendo em conta as respostas dadas pelos inquiridos. Isso não quer dizer que os alunos não conheçam os instrumentos em si, pois estes foram trabalhados algumas vezes pelos professores na sala de aula.

92 Ainda assim o estudo indica que alguns professores nunca transmitiram conhecimentos sobre os instrumentos musicais Orff, uma situação não menos preocupante.

Em relação a construção de instrumentos musicais como um conteúdo programado, nota-se que a maioria dos inquiridos já os construiram. Contudo, essas construções, segundo o E2 (coordenador pedagógico), nas suas visitas de supervisão pedagógica, são instrumentos meramente decorativos, sem nenhuma função musical, onde se explora apenas a parte plástica da construção.

Entende-se que existe já uma pré-disposição dos professores em construir instrumentos musicais. Entretanto, aparenta não haver um incentivo ou orientação por parte da coordenação pedagógica. Isto torna-se mais evidente quando afirma o entrevistado (E2) que a construção dos instrumentos musicais Orff, devem partir da iniciativa dos próprios professores do EB, e nunca da coordenação. O presente estudo apresenta, ainda, elementos que questionam a exploração de partituras não convencionais com recurso a instrumentos musicais. Os resultados são preocupantes quando se encontra, na maioria das respostas, a negação de que isto não acontece. Ainda segundo o E2, sempre houve mais preocupação em trabalhar outros conteúdos musicais, acabando por não se dar prioridade às partituras não convencionais através do instrumental Orff.

Vê-se claramente que as escolas estão desprovidas de instrumentos musicais, e da pouca utilização dos mesmos, bem como da pouca orientação na construção dos referidos instrumentos com funções didático-pedagógica. Deduz-se que o instrumental Orff, bem como a sua utilização como um recurso didático em sala de aula, são realidades pouca exploradas no contexto educativo da população inquirida.

Concui-se que a EM, com recurso a exploração de partituras não convencionais e ao uso do instrumental Orff, não tem sido uma prática efetiva no contexto escolar da cidade do Mindelo. De todo o modo, entende-se que esta situação pode ser superável, caso o professor e a própria orientação pedagógica entenderem que o ensino da exploração das partiuras não convencionais, podem ser uma prática da sala de aula, mesmo sem a presença do instrumental Orff. Prática essa que pode ser complementada com outros recursos disponibilizados na sala de aula, ou através da percussão corporal, desde que seja da iniciativa e interesse do professor e dos responsáveis da coordenação pedagógica.

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