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Hipótese IV: um dos grupos de falantes apresentará maior facilidade em proceder à divisão silábica de um vocabulário mais direcionado e específico de uma área do

2. Estudo empírico

2.4. Apresentação dos testes experimentais

2.4.1. Teste I: Divisão silábica explícita

O primeiro teste experimental, o teste de divisão silábica explícita, consistia na tarefa de divisão silábica de um conjunto de palavras alargado (cf. Anexo I) e que não corresponde

ao vocabulário de uma área do saber específica de nenhum dos grupos de informantes. O principal objetivo deste teste consistia em analisar os resultados relativos à forma como os sujeitos procediam à divisão de sílabas dentro das palavras que continham as sequências problemáticas, ou seja, verificar o formato silábico realizado com mais frequência para as sequências CC problemáticas no número total de informantes. E, através dessa tarefa, perceber se são respeitados os princípios silábicos, qual será o tipo de sequência que apresenta maior dificuldade e qual o padrão silábico mais representativo.

O que se pode analisar nestes dados são os quatro tipos de sequências CC problemáticas em posição inicial e em posição medial de palavra. As hipóteses de silabificação possíveis para estas sequências em análise foram apresentadas já no Quadro 11.

No início do Teste I, era explicado a cada informante o que se pretendia concretamente e era dado o exemplo de divisão silábica de duas palavras que continham os formatos silábicos CV e CVC (​pe​dal​) e CCV (​tro​ca​) através de palmas.

2.4.2. Teste II: “Língua dos pês”

Com o segundo teste experimental, a “língua dos pês”, pretendia-se entender a consciência silábica que cada um dos informantes detém e, com isso, proceder-se à manipulação da unidade linguística em análise nesta dissertação.

O recurso a este jogo linguístico serve o objetivo de analisar a forma como é representada e processada uma sequência consonântica problemática num conjunto mais restrito de palavras, isto é, o conjunto de palavras com sequências CC problemáticas que constituem o material linguístico deste estudo e que já foram alvo de análise no Teste I (cf. Anexo II).

O que se pode analisar nestes dados são exatamente as quatro sequências em análise em posição inicial e em posição medial de palavra.

O objetivo principal deste teste seria perceber a representação de um encontro consonântico marcado, através do formato silábico apresentado, e da forma como ele é manipulado num jogo linguístico.

No início do Teste II, foi explicado a cada informante o que se pretendia através da explicação da variedade da “língua dos pês” em análise recorrendo a três palavras que97 continham os formatos silábicos CV (​ja​nela​), CCV (​cró​nica​, ​pra​to ​e ​tri​go​) e V (​a​deus​) . 98 99

Secundariamente, também foi possível perceber a forma como sujeitos autênticos manipulam sílabas com sequências CC problemáticas, o que nos ajuda a definir, de certa forma, este jogo de linguagem quando estamos perante sequências que não são aquelas que se espera encontrar numa “língua” que previsivelmente apresenta apenas o formato silábico CV.

2.4.3. Teste III: Divisão silábica explícita de vocábulos de área do saber específica

A aplicação do último teste experimental, o teste de divisão silábica explícita de um conjunto de palavras da área do saber de um dos grupos de informantes, mais concretamente, a divisão silábica explícita de 17 elementos químicos (cf. Anexo III) por parte de informantes de Química e de Belas Artes, tinha como objetivo principal verificar se o facto de um dos grupos de informantes conhecer e/ou estar mais familiarizado com vocábulos específicos que contêm aquelas sequências CC problemáticas é determinante para esta tarefa se tornar mais simples.

O que se pode analisar neste caso são apenas resultados relativos a sequências de Obstruinte℘Obstruinte em posição medial, Obstruinte℘Nasal em posição medial e Obstruinte℘Lateral em posição inicial de palavra.

O objetivo principal da aplicação deste teste era perceber se a variável conhecimento é um aspeto que entre na compreensão e na tarefa de divisão silábica.

As indicações que foram dadas no Teste I foram repetidas na aplicação deste teste e as hipóteses de silabificação são aquelas que também constam do Quadro 11.

Acreditamos que a facilidade que se pudesse refletir nas divisões feitas pelos informantes de Química, com base no conhecimento das palavras pedidas para dividir

97 Variedade essa que considera Rimas ramificadas nas sílabas “p” (​f​is​ga → ​fis-pis-ga-pa; F​aus​to →

Faus-paus-to-po) ​e Núcleos ramificados (​p​ai → pai-pai e ​ch​ão → ​chão-pão) ​e, nesta dissertação, as sequências

CC naturais em Ataque ramificado (​troca​ → tro-pro-ca-pa).

98Note-se que, nestes exemplos, a forma como foi apresentada a palavra na “língua dos pês” aos informantes foi

considerando sempre o Ataque ramificado nesse jogo → cró-pró-ni-pi-ca-pa, pra-pra-to-po e tri-pri-go-po. Desta

forma, acreditamos que sempre que um informante, tendo por base exemplos com encontros consonânticos

naturais na língua, ao considerar como Ataque ramificado na sílaba original uma sequência CC problemática

mas não na “língua dos pês” (ex.: ri-pi- ​tm​o-​p​o), isso leva-nos a crer na possibilidade de que o falante não aceite

o grupo consonântico como um verdadeiro Ataque ramificado.

99 Ao apresentar sílabas com Ataque vazio, pretendemos também perceber a consciência silábica dos

silabicamente, se pudesse refletir no tempo de resposta e na hipótese de silabificação que equivalesse à divisão silábica dos grupos consonânticos que podem constituir Ataque ramificado de sílaba em português, mas não foi produtivo nem relevante fazer essa análise.