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Do ponto de vista da natureza, conforme Severino (2007) trata-se de uma pesquisa de campo de caráter exploratório que pretende investigar de que maneira os usuários utilizam e como percebem espacialmente suas moradias, ou seja, o modo como os usuários habitam, se apropriam e transformam os espaços arquitetônicos. No tocante à abordagem da pesquisa, Minayo; Deslandes; Gomes (2009), observam que pesquisas de cunho social, as quais objetivam um aprofundamento da realidade, não devem se restringir a referências quantitativas.

Goldenberg (2009) coloca que enquanto os métodos quantitativos consistem em objetos comparáveis, os qualitativos enfatizam as particularidades de determinado fenômeno em termos de seu significado, bem como para o grupo em que está inserido. Para tanto, mesmo que alguns dados quantitativos sejam considerados, descartou-se uma determinação mista, ou seja, qualiquantitativa, e optou-se pela abordagem qualitativa.

Dalfovo; Lana; Silveira (2008) afirmam os estudos de campo qualitativos não têm um significado preciso e identificam-se com a observação participante, ou seja, baseiam-se na informação coletada pelo pesquisador e normalmente não são expressos em números.

A pesquisa caracteriza-se ainda como descritiva, pois além de levantar dados dos objetos de estudo, vai analisá-los e interpretá-los, por intermédio das opiniões dos informantes, as quais são apresentadas na maneira mais fiel possível (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2009).

Como forma de reiterar o problema da temática, a pesquisa, ao enfatizar a característica qualitativa, evidencia a observação direta do pesquisador, a partir da qual é melhor compreendida a abordagem estudada; consiste em obter interpretações a partir da associação do levantamento de dados às análises instigadas pelo pesquisador. Minayo (2004) apud Dalfovo; Lana; Silveira (2008) esclarece que a investigação qualitativa é a que melhor se concilia à formulação de grupos específicos, tal como a proposta de estudo das habitações do PROMORE.

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Creswell (2010) explana que a ideia fundamental da pesquisa qualitativa é a de aprender sobre o problema ou questão com os participantes e lidar com a pesquisa de modo a obter essas informações. Assim, sobre as características básicas de uma pesquisa qualitativa, o autor descreve, entre outros, os seguintes pontos:

- Ambiente natural: coleta de dados no campo e no local em que os participantes (usuários) vivenciam a questão ou problema que está sendo estudado;

- Pesquisador como um instrumento fundamental e/ou de múltiplas fontes de dados: o pesquisador coleta pessoalmente os dados por meio de documentos, de observação do comportamento ou de entrevistas com os participantes, etc.;

- Projeto emergente: o plano inicial para a pesquisa não pode ser rigidamente prescrito, ou seja, as fases do processo podem mudar ou se deslocar conforme o andamento da coleta de dados em campo;

- Modo interpretativo: as interpretações não podem ser separadas de suas origens, história, contextos e entendimentos anteriores, etc.

O método survey é aplicado nesta pesquisa: os dados são coletados diretamente dos profissionais participantes da pesquisa, por intermédio do questionário, o qual, por conter questões fechadas, conduzem a uma determinada quantificação de alguns dados. Estes foram discutidos juntamente com a abordagem qualitativa da pesquisa como um todo.

Já no caso dos usuários participantes, em razão da aplicação do formulário pela própria pesquisadora, algumas perguntas sofreram alteração da entonação, sem prejuízo do conteúdo, o que também condiciona à aplicação do método survey, uma vez que adquire certo teor de uma entrevista. Além do que, o formulário também possui questões fechadas e que, por exemplo, possibilitam a quantificação de algumas variáveis de conforto ambiental.

Além da consulta aos referidos profissionais baseou-se em uma pesquisa do tipo

survey, com o intuito de obter informações, sobretudo em relação às características

das habitações. Mediante FREITAS et. al (2000), o método survey mostra-se adequado em razão de que os profissionais muitas vezes mantêm contato com os proprietários das habitações e podem, portanto, fornecer dados atuais sobre as

condições dos imóveis, além de opinarem se são passíveis de enquadramento ao estudo.

O autor ainda menciona que o método survey nesta pesquisa fundamentou-se na abordagem descritiva, ou seja, aquela que caracteriza determinado grupo e/ou fenômeno, cuja hipótese não é causal, mas examina a compatibilidade dos fatos, dos dados obtidos com a realidade, isto é, com aquilo que se julga aceitável aos padrões exigidos. Como pesquisa survey, esta concentrou-se nos objetivos da proposta do estudo e assim revelou o tipo de amostra mais adequado.

A amostra desta pesquisa é do tipo não probabilística, ou seja, tem como premissa a seleção de participantes ser restrita e neste caso, por conveniência – os participantes são escolhidos por estarem disponíveis. Já a amostra das habitações foi definida a partir de critérios estabelecidos. Dentre outros, o principal foi estarem concluídas há pelo menos um ano.

Gil (2008) diz que a amostragem por conveniência ou por acessibilidade é compatível em estudos exploratórios ou qualitativos, em que não é requerido elevado nível de precisão. Também menciona que constitui o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem, uma vez que é destituída de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo.

Segundo Babbie (1999), a escolha da amostragem não-probabilística é validada em virtude de não ser necessária a representatividade exata da população estudada e neste sentido, são pertinentes os estudos de caso propostos.

Pelo enquadramento da pesquisa em estudos de caso, Goldenberg (2009) expõe que este é um método qualitativo que visa não somente aprofundar uma unidade, mas sim integrar todos os fenômenos da temática em estudo e observá-los holisticamente.

Ao ser comparado com estudos que aplicam o sistema qualitativo, a autora também menciona que nos estudos de caso as diferenças entre os elementos estudados são mais evidenciados; em contrapartida na pesquisa quantitativa, devido à questão da

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homogeneidade das respostas, os elementos ficam obscuros, podendo inclusive distorcer alguns resultados.

No entanto, além de frisar que o pesquisador deve se esforçar para controlar a subjetividade, a autora salienta que para se evitar os vieses na pesquisa, é preciso explicitar todos os passos da mesma, assim como relatar de modo completo todos os fatos observados ao longo do processo da pesquisa.

Com base no exposto, na sequência, será apresentado o detalhamento das etapas da pesquisa, a fim de compreendê-la como um todo e evitar possíveis distorções e/ou interferências.