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Capítulo 4 A Educação Física

4. Apresentação e discussão dos resultados

4 - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 - Apresentação e discussão de dados

Este estudo tem como objetivo analisar o papel desempenhado pelo professor de EF na integração dos alunos com PEA, nas turmas do ensino regular e em especial a preparação dos mesmos para realizar uma diferenciação pedagógica com os referidos alunos.

Assim procederemos à análise de conteúdo das respostas das 15 entrevistas semi- estruturadas, realizadas junto dos docentes de EF que lecionam turmas do ensino regular e que incluem alunos com PEA. Ao longo deste percurso a discussão será realizada de acordo com as categorias de análise definidas e pretendemos relacionar as opiniões dos docentes, a bibliografia existente sobre o tema e a nossa interpretação de forma coerente e pertinente.

Competências de lecionação a alunos com PEA

Em relação às competências de lecionação a alunos com PEA constatamos que há um equilíbrio de opinião entre «poucas» e «suficientes» e ainda que nenhum do professores revelou possuir muitas competências (Quadro 9).

Subcategorias Frequência Poucas Justificação: - Falta de formação - Falta de experiência - Pouco conhecimento 8 4 1 1 Suficientes Justificação - Experiência profissional - Pesquisa bibliográfica - Formação inicial - Formação contínua 7 2 1 3 1 Muitas 0

Quadro 9 - Competências de lecionação a alunos com PEA

A sub-categoria mais referenciada pelos docentes foi poucas, tendo a maioria justificado o fato com falta de formação.

´´Ora bem, as competências eu acho que são poucas é mais por intuição e por experiência porque como não tenho formação nenhuma nessa área é só por troca de experiências com outros colegas, conversas com os professores titulares de turma e garantindo que eles fazem o que sabem dentro das suas possibilidades.``

E1

´´A nível específico nunca tive nenhuma formação que me levasse a trabalhar com essas crianças em concreto, no entanto, bom, pela experiência que já vou tendo alguma, digo eu, poucas, vá, poucas. (...) Poucas competências mas as que possuo foram todas através da experiência direta com eles.`` E2

´´Poucas, porque na minha formação base havia pouca formação nessa área e também nas formações

que uma pessoa vai tendo ao longo da carreira docente também não são muito específicas para essas áreas.``

E6

As opiniões recolhidas vão ao encontro de Block & Rizzo (1995) que concluíram, no seu estudo, que as competências dos professores eram limitadas.

Houve também um número considerável de docentes (8) que respondeu possuir competências suficientes, baseado no fato de terem abordado estas temáticas durante a sua formação inicial e por possuírem experiência profissional com alunos Autistas. Surgem, por fim, a pesquisa bibliográfica e a formação contínua como forma de adquirir competências de lecionação a estes alunos.

´´ Considero suficientes porque... a experiência, uma vez que tenho um destes alunos, dos dois, há 4 anos e também a própria experiência nos vai ensinando coisas novas e como devemos reagir a determinadas situações e isso dá-nos alguma bagagem para trabalhar com eles e fazer planificações.`` E3

´´Suficientes, suficientes, algumas adquiridas durante a minha formação académica, não muito e as restantes ao longo destes anos que tenho lecionado também, vamos tendo contacto com algumas experiências, alguns métodos de trabalhar, vai nos dando alguma...`` E11

´´Acho que possuo suficientes competências porque durante o curso tive duas disciplinas que me permitiram abranger alguns casos específicos destas perturbações. `` E15

Os dados por nós recolhidos encontram-se em linha com resultados do estudo de Gorgatti (2004), em que 50% dos professores entrevistados no seu estudo referiram sentirem- se despreparados para lidar com alunos com NEE nas suas aulas.

O estudo de Lamaster et al (1998) obteve resultados similares ao atrás enunciado, uma vez que concluiu que os professores tinham uma preparação precária para receber alunos com NEE nas suas salas de ensino regular.

Por isto corroboramos com a opinião de Cidade & Freitas (1997) e Tomé (2007) que referem ser de extrema importância que o docente de EF possua conhecimentos básicos sobre os seus alunos com PEA, ao nível do tipo de deficiência; em que idade foi detetada; se é permanente ou se é transitória; quais as estruturas e funções afetadas; se esta foi gradativa ou repentina. Ainda de acordo com os mesmos autores, implica também que os professores possuam conhecimentos acerca dos diferentes aspetos do desenvolvimento humano: cognitivo, biólogico, motor afativo-emocional e interação social.

Com base no que anteriormente foi referido, somos da opinião que a melhoria das competências dos professores passará sempre por terem um maior conhecimento acerca dos alunos que integram as suas turmas do ensino regular, de forma a poderem desenvolver um trabalho que vá ao encontro das necessidades reais dos mesmos.

Competências em que sente mais lacunas

Ao analisarmos as competências onde os docentes sentem ter mais lacunas, podemos concluir que a maioria referiu ser nas competências do «saber-conhecer», em detrimento das competências do «saber-fazer» (Quadro 10).

Subcategorias Frequência

Saber-conhecer 13

Saber-fazer 9

Quadro 10 - Competências em que sente mais lacunas

Constatamos também que 5 docentes afirmaram sentirem lacunas em ambas as competências.

´´ É assim, acho que é dos dois níveis, saber o que é que hei-de fazer com um miúdo daqueles, muitas

vezes também saber como é que eu hei-de aplicar o pouco que sei, se são sempre miúdos especiais e como não tenho, nunca tive formação para trabalhar com estes miúdos tenho sempre alguma dificuldade em saber o que fazer e também em perceber o que é que deve ser feito.`` E4

´´ Eu acho que é em ambas porque o autismo tem diferentes… com diferentes tipologias e os miúdos são todos muito diferentes`` E6

´´ Talvez a ligação, a correspondência entre o conhecimento e o saber fazer, portanto, o conhecimento que tens e depois aplicar esses conhecimentos ao desenrolar da aula, às vivências dos miúdos, essa parte aí é mais difícil, mais específica. `` E7

A maioria dos docentes quando questionados sobre quais as competências em que tinha mais lacunas, responderam o «saber-conhecer», referindo que sentiam falta de conhecimento acerca da problemática destes alunos.

´´ É do saber-conhecer especificamente, os miúdos que têm esses problemas porque cientificamente não tou apta para fazer coisas e fazer diretamente com eles, faço as aulas normais com os outros meninos e eles fazem dentro das suas possibilidades o trabalho que os outros fazem só que de uma maneira mais simples. `` E1

´´ Eu acho que é mais a nível dos conhecimentos científicos, é onde eu tenho mais… estou menos informado.`` E12

´´ Sinto mais dificuldades ao nível das competências do saber-conhecer falta-me alguns conhecimentos científicos acerca destas características.`` E15

No que diz respeito à subcategoria «saber-fazer», nove dos docentes referiram que sentiam mais lacunas nesta competência, argumentando sentir dificuldades em decidir o que trabalhar com estes alunos.

´´ Tem mais a ver com o saber-fazer, conhecimentos científicos, dentro da matéria das novas modalidades, acabo por ter conhecimento das modalidades, o meu principal problema é em termos de… a forma como que adaptar essas modalidades às características do aluno e mais saber integrar ou colocar o aluno no seu grau de deficiência.`` E5

´´ Eu acho que seria mais o saber-fazer.`` E10

´´ Basicamente, depois também depende do nível de autismo da criança, mas como lidar com ela, saber o que elas querem, levá-los a fazer aquilo, sinceramente fazer aquilo que em termos de E.F. é essencial para estas crianças. `` E2

Na verdade, vários estudos descobriram que na prática os professores de EF não se sentem preparados para incluir alunos com deficiência nas suas aulas (Chandler & Greene, 1995; Hodge et al., 2004 ; Lieberman, Houston- Wilson, & Kozub , 2002; Lienert et al., 2001; Smith & Green , 2004 citados por Block & Obrusnikova, 2007).

Também no estudo realizado por Lamaster (1998), a totalidade dos profissionais afirmou ter um sentimento de frustração e culpa por não ser capaz ou não poder efetuar um trabalho mais positivo junto destas crianças especiais, acrescentando que estes sentimentos de impotência tinham origem na falta de apoio da direção da escola e por não possuírem conhecimentos suficientes sobre as problemáticas dos alunos.

As lacunas manifestadas pelos professores, no que diz respeito às competências, encontraram-se sempre ligadas ao grau de PEA manifestado pelos alunos que varia de aluno para aluno, sendo que o que resulta com um pode não resultar com outro. Entendemos que apesar do reconhecimento, por parte dos docentes, destas lacunas, os mesmos apresentam uma atitude positiva no que diz respeito ao trabalho desenvolvido com estes alunos manifestando uma preocupação e empenho em incluir estes alunos no grupo turma e realizar um trabalho tendo em conta as limitações dos mesmos. Tal como refere Rodrigues (2003, p. 69) ´´os professores de EF são vistos como profissionais que desenvolvem atitudes mais positivas perante os alunos que os restantes professores. Talvez devido aos aspectos fortemente expressivos da disciplina, os professores são conotados como profissionais que apresentam atitudes mais favoráveis à inclusão e, consequentemente, levantam menos problemas e com maior facilidade encontram soluções para casos difíceis.``

Formação para intervir com alunos com PEA

Quando questionados acerca da formação para intervir com alunos com PEA, a grande maioria mencionou não possuir formação (Quadro 11).

Subcategorias Frequência

Sim 4

Não 11

Quadro 11 - Formação para intervir com alunos com PEA

´´ Não, como acabei de dizer não tenho, nunca fiz formação.`` E1 ´´ Nenhuma.`` E2

´´ Não, não tenho, nem na licenciatura, nem pós-licenciatura nunca tive formação nenhuma que aborda-se esse tema.`` E4

´´ Não, fiz uma formação ou outra dentro do ensino especial e tive uma cadeira também na faculdade, mas nada, acho eu, relevante ao ponto de estar à vontade.`` E13

Apenas uma minoria, 4 docentes, referiu ter formação para intervir com alunos com PEA.

´´ Pós-graduação em educação especial. `` E8

´´ Foi esta questão de formação contínua que foi o tal Workshop de... pronto, Asperger, como intervir com este tipo de crianças Asperger, barra, autistas, mas mais no âmbito do Asperger.`` E10

´´ Posso dizer que tenho formação inicial, não é específica`` E11

Os resultados obtidos neste estudo vão ao encontro dos resultados de Falkenbach et al (2007) que refere que os professores são consensuais ao referirem possuir uma formação restrita nesta área.

São vários os autores (Chen, Lau Kwok & Jin, 2006; Hardin, 2005; Klavina, Block & Larins, 2007) que defendem que a formação inicial de professores, especificamente os de EF, tem sido insuficiente, devido à carência de conhecimento, interesse e preparo dos professores vindouros, aliado a currículos desfasados da realidade, ausência de imposição e rigor do ensino que leva a um facilitismo.

Face ao exposto, não é difícil encontrarmos professores sem preparação, inseguros e sem experiência para trabalhar com alunos com NEE e responder às suas necessidades específicas. Tal como se pode aferir pelas respostas dadas e em linha com o que sugerem Nascimento, Rodrigues, Grillo e Merida (2007, p. 54): ´´(...) mesmo com a disciplina fazendo parte do currículo das universidades facilitando a aquisição do conhecimento, a área da Educação Física Adaptada ainda sofre uma desfazagem por despreparo de profissionais, falta de interesse e até mesmo falta de conhecimento por parte dos profissionais da área.``

Sendo assim, será necessário que as várias entidades responsáveis pela formação de professores reflita acerca desta falta de preparação dos profissionais que trabalham com os alunos com NEE e adaptem a sua resposta às novas necessidades da escola atual.

Tipo de formação para atender alunos com PEA

Os poucos professores que referiram possuir formação para intervir com alunos com PEA. Dois obtiveram-na na formação inicial, um realizou uma pós-graduação em ensino especial: domínio cognitivo motor e um na formação contínua (Quadro 12).

Subcategorias Frequência

Formação Inicial 2

Pós-graduação em ensino especial- domínio cognitivo motor 1

Formação continua/Workshop 1

´´... tive uma cadeira em que nós trabalhávamos ou direcionava-se para o desporto adaptado e abordamos um bocadinho, mas foi uma coisa mínima.`` E11

´´ Sim, durante a minha formação académica o programa incluía duas disciplinas que eram mais dirigidas para este tipo de casos para alunos com NEE. `` E15

´´ Pós-graduação em educação especial (...) domínio cognitivo motor (...) Fernando Pessoa, Universidade Fernando Pessoa (... ) sensivelmente há 4anos 4, 5 anos.`` E8

´´ Foi apenas um Workshop, foi há 4 anos. Foi, ele esteve cá presente numa formação dinamizada pela Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo e nós conseguimos, com dificuldade, conseguimos a inscrição nessa formação.`` E10

No que diz respeito ao tipo de formação para atender a alunos com PEA, poucos foram os professores que responderam possuí-la, referindo que a adquiriram na formação inicial. Constatamos então que as respostas dadas pelos docentes por nós entrevistados neste estudo vão ao encontro de uma sondagem da UNESCO (1988, citado por Ainscow, 1995, p. 19) que ´´dá conta de uma panorâmica cinzenta, a nível internacional, no que diz respeito à formação de professores. Só uma minoria de países, de entre cinquenta e oito, respondeu dizendo que abordava questões relacionadas com a deficiência nos programas de formação inicial, destinados a todos os professores``.

É, assim, de salientar a importância de proporcionar mais oportunidades de formação aos profissionais que trabalham com alunos com NEE, sendo deveras importante que esta mudança de ´´rumo`` se realize em consonância entre todas as entidades que intervém na formação.

Modo de obtenção de competências

No que diz respeito à forma como os docentes obtiveram competências de forma informal para intervir com estes alunos, estes destacaram a aprendizagem com colegas como a melhor forma (Quadro 13).

Subcategorias Frequência

Intuição profissional 4

Aprendizagem com colegas 8

Pesquisa bibliográfica 5

Aprendizagem com psicólogos 1

Experiência profissional 2

Quadro 13 - Modo de obtenção de competências

´´ ... falando com os colegas, como eu disse à bocadinho principalmente com a colega titular da turma,

tendo alguma informação mas a nível oral ... `` E1

´´ ... muita conversa com os professores do ensino especial que trabalham com estas crianças especificamente e alguma experiência com eles próprios. `` E2

´´ os meus conhecimentos é da troca de experiências, entre alguns próprios colegas do departamento e aulas, troca de informações e algum troca de informações com colegas de educação especial ... `` E5

A pesquisa bibliográfica foi a segunda forma mencionada como forma de obtenção de competências, de forma informal, sendo destacada por 5 docentes.

´´ ... uma pessoa vai procurando bibliografia, mas tem sido um pouco isso. `` E4

´´ É mais através de pesquisa bibliográfica e através da internet, é mais até na internet que é o meio que temos mais disponível e mais rápido.`` E9

Houve ainda 4 docentes que referiram a intuição profissional como forma de adquirir competências.

´´ Ora bem é como eu disse à bocadinho é mais intuição ... `` E1

Reconhece-se que existe uma falha na formação inicial de professores no que diz respeito a preparar os futuros professores para o trabalho a desenvolver com aluno com NEE, esta ideia é defendida por Hardin (2005). Do seu estudo surgiram três aspetos fundamentais para adquirir conhecimentos para aprender a ensinar alunos com NEE: a experiência docente, o modelo de outros professores e a influência de formação em Educação Física Adaptada no percurso académico. Dois destes aspetos surgem no nosso estudo, a subcategoria «aprendizagem com colegas», a que apresenta a maior frequência e «intuição profissional» que surge como a terceira categoria em termos de frequência.

No estudo de Hardin (2005), a experiência docente foi vista como a melhor forma de aprender e melhorar a intervenção pedagógica com alunos com NEE, uma vez que quanto mais experiência o professor acumula, maior é a confiança e a segurança nas suas competências. A troca de experiências e a colaboração entre docentes foi também uma fonte importante para adquirir conhecimentos, tal como referido pelos docentes por nós entrevistados. Por último, destacou-se a necessidade de os futuros professores, na formação inicial, terem a necessidade de ter contato com estas populações.

Em síntese, podemos afirmar que a preparação inicial e os programas não são os únicos obstáculos na obtenção de competências, tem haver também com uma ação pró-ativa dos docentes na procura de aumentar as suas competências, seja através de mais formação, troca de experiências, pesquisa bibliográfica ou outras.

A formação inicial e o desenvolvimento de competências

No que concerne ao fato de a formação inicial ter permitido o desenvolvimento de competências a grande maioria, 8 docentes, considerou que não (Quadro 14).

Subcategorias Frequência

Sim 4

Algumas 1

Não 8

Muito poucas 2

Quadro 14 - A formação inicial e o desenvolvimento de competências

´´Abriu-me olhos, se me habilitou especificamente para trabalhar com estas crianças, acho que não.``

E2

´´ Não, nem por isso, penso que não foi suficiente.`` E11 ´´ Não, não tive nada relacionado.`` E12

´´ Não, acho que não. `` E13

Apenas 4 docentes referiram que a sua formação inicial lhes tinha concedido competências para trabalhar com alunos com PEA.

´´ Permitiu, quer dizer uma pessoa quer sempre saber um bocado mais e quer estar dentro da realidade que aparece no dia-a-dia e também não quer excluir os miúdos da aprendizagem ... `` E6

´´ Sim. `` E15

Por fim, apenas 2 docentes consideram ter muitas poucas e 1 algumas. ´´ Muito pouco.`` E4

´´ Poucas, eu penso que na nossa formação este tipo de disciplinas que permitem falar sobre as problemáticas dos alunos têm muito pouco tempo ... `` E9

´´ Algumas.`` E3

Rodrigues (2003) mandou às várias instituições de formação de professores de EF, quer públicas quer privadas em Portugal, um questionário com o objetivo de averiguar como se realizava a formação dos docentes ao nível das NEE. Recebeu seis respostas e concluiu que a maioria dos cursos não contempla formação em NEE aos seus alunos e futuros professores e que a formação inicial fornecida é bastante geral e quase nunca está relacionada com aspetos reais da inclusão nas aulas de EF. Constatou ainda que os cursos têm muitos itens programáticos que abordam as caraterísticas das diversas NEE e aspetos institucionais, estando pouco direcionados para práticas benéficas e metodologias que ajudem à integração e à inclusão.

As conclusões obtidas por Rodrigues (2003), corroboram na totalidade com as respostas obtidas no nosso estudo acerca da formação inicial fornecer ou não competências para trabalhar com alunos com PEA.

A formação profissional do professor de EF assume-se como um grande obstáculo para a realização da inclusão e da DP. A maior barreira é a formação inicial que não fornece formação especializada na área das NEE, nem proporciona o contato com alunos com NEE (Maia, 2009).

Tendo como ponto de partida as conclusões destes dois estudos, podemos encontrar uma explicação válida para as opiniões dos professores por nós entrevistados e não sendo a única explicação para a falta de competências, reconhecidas pelos docentes, será certamente um aspeto a ser repensado e reavaliado por todas as instituições que intervêm na formação inicial docente.

Vários autores (Heikinaro-Johanson & Sherrill, 1994; Reynolds, Reynolds, & Mark, 1982; Rizzo,1984) defendem que o contato com alunos com NEE, durante a formação inicial, fomentam atitudes mais positivas nos futuros profissionais no que diz respeito ao ensino destes alunos.

Em suma, defendemos que além de os cursos de professores deverem contemplar disciplinas teóricas acerca da área das NEE, os futuros professores também devem ter um contato com a realidade e trabalhar junto destas populações.

A formação pós-graduada e o desenvolvimento de competências

Apenas 1 docente do nosso universo de estudo possuía uma pós-graduação em educação especial, domínio cognitivo motor. Este docente destacou que esta formação lhe permitiu aumentar o conhecimento acerca deste tipo de problemática e a partilha de situações com professores mais experientes tornou-se uma mais valia para resolver as dificuldades encontradas com este tipo de alunos.

Subcategorias Frequência

Sim 1

Justificação:

- Contato com professores experientes - Aumento de conhecimentos

1 1 Quadro 15 - A formação pós-graduada e o desenvolvimento de competências

´´ O conhecimento, lembro-me que na altura o facto de contactarmos com aqueles professores, principalmente já com uma experiência basta neste tipo de questões permitiu que durante essa especialização que eu fiz coloca-se também diversa questões que foram muito importantes para ultrapassar algumas dificuldades sentidas com este tipo de alunos.`` E8

Ao analisarmos esta categoria, em nosso entender, encontramos mais um dos obstáculos à obtenção de competências para lecionar a alunos com PEA. Como atrás foi referido a formação inicial nem sempre é a mais adequada, mas num universo de 15 entrevistados apenas 1 possui formação pós-graduada. Permite-nos então dizer que apesar de a maioria dos professores anteriormente ter referido falta de competências apenas um procurou adquiri-las através de uma formação especializada. Assim, poderemos concluir que

os professores pareceram não demonstrar uma atitude de busca de conhecimento para

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