no topo da página, enquanto que os outros se repetem no topo, na lateral ou no rodapé da
homepage.
Cinco alunos marcaram a opção de que eram indiferentes ao posicionamento dos links por acharem que sua posição não interfere na compreensão quando lêem em tela.
O resultado referente a esse item ficou bem dividido, com sete (54%) preferindo ler palavras marcadas no interior do texto, enquanto que cinco (38%) eram indiferentes. O primeiro grupo, apesar de não ser indiferente, evidencia leitores hipertextuais experientes à medida que esse tipo de organização também exige um controle cognitivo eficiente dado que é preciso ter em
mente o texto inicial e o objetivo da leitura, a fim de não se “perder” na talvez infinita ou seguramente extensa cadeia de nós que se relacionam entre si.
3.2.2 Estratégias hipertextuais de leitura
Partindo do fato de que as características do hipertexto vão ser, por vezes distintas do texto impresso, é necessário pensarmos sobre que estratégias o hiperleitor fará uso para compreendêlo.
Segundo Pinheiro (2005), o leitor do hipertexto, ao fazer uso das estratégias cognitivas e metacognitivas diferenciase do leitor de texto impresso devido a uma especificidade na leitura do hipertexto que é identificar/ selecionar links que sejam importantes para seu objetivo, tornandose, de certa forma, coautor de um texto.
De acordo com Bolter (2001) “o hipertexto não consiste apenas de palavras que o autor escreveu, mas também da estrutura de decisões que criou para que o leitor explore a página eletrônica”
Apesar dessa organização pensada pelo autor, o leitor toma constantes decisões a respeito do que vai ler e como vai ler tendo em mente seu objetivo e essa seqüência foge ao controle do autor.
No que se refere ao gênero homepage, objeto de estudo desta pesquisa, sabemos que este gênero textual surgiu com o advento da Internet e que não possui paralelo direto fora dela (Askehave & Nielsen, 2004 apud Bezerra, 2007). Por conseguinte, no ambiente eletrônico, é necessário pensar também que o leitor decide seu caminho de leitura, apesar da organização e seleção dos links dispostos pelo autor na página virtual. Dessa forma, a leitura, apesar de pré concebida pelo autor goza de uma certa liberdade do leitor, que no ato de leitura pode optar por várias alternativas propostas, definindo o texto, sua estrutura e seu sentido.
Diante dessa imersão, McAleese(1993 apud Burgos, 2006) defende existir cinco modalidades de estratégias de leitura:
a) Procurar: o leitor percorre o texto eletrônico em detalhes em busca de uma informação específica, previamente selecionada, investigando áreas do texto a fim de alcançar um objetivo específico.
c) Focar: efetuar a busca a partir de pontos, áreas ou seções específicas. d) Restringir: delimitação a partir de um tema ou palavra unitária.
e) Pesquisar: leitura com o intuito de buscar uma visão geral do texto. O objetivo já está definido e a finalidade é a de encontrar uma informação.
Os objetivos da última e da primeira estratégias se assemelham, no entanto, a primeira, a de procurar, é feita de forma minuciosa, enquanto a última, a de pesquisar,é feita de forma mais geral.
A estratégia de pesquisar podese subdividir em outras atividades que a fazem funcionar :
a) Exploração: o leitor faz a descoberta de toda a informação existente.
b) Esquadrinhar: leitura superficial que abrange uma grande área de informação. c) Expandir: estratégia na qual o leitor integra ao hipertexto eletrônico pistas
auxiliares que podem ser gráficas ou sintáticas
“Essas três atividades estão relacionadas com a internalização de um modelo na mente do leitor, que é utilizado como solução para encontrar trilhas/elementos implícitos que auxiliem a sua leitura.” (BURGOS, 2006, p.5)
A autora defende também 3 outras estratégias:
Conduzir: “onde o leitor imagina um objetivo e direciona a sua leitura seguindo etapas pré estabelecidas. Estratégia muito utilizada em conteúdos de aprendizagem que utilizam índices ou glossários.”
Explorar: o leitor identifica todo o conteúdo do site apenas explorando o conteúdo hipertextual eletrônico, sem internalizar nenhuma temática prévia de leitura.
Vaguear: percorrer de forma aleatória e superficial o ambiente eletrônico, sem nenhum objetivo exclusivo de leitura.
3.3 Tipos de leitores: do contemplativo ao imersivo 31
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Conforme já discutimos anteriormente (c.f. capítulo 2), diante da concepção de leitura que se tem, bem como dos objetivos e dos objetos de leitura, as habilidades perceptivas e cognitivas implicadas na leitura de diferentes materiais podem caracterizar três tipos de leitores segundo exposto por Santaela, 2004:
a) O leitor contemplativo: aquele da idade préindustrial, da era do impresso e da imagem fixa. Surge no Renascimento e se mantém até meados do século XIX.
b) O leitor movente: leitor das misturas sígnicas que surgem juntamente com o período da Revolução Industrial e conseqüentemente dos grandes centros urbanos. Além das características mesmas do leitor contemplativo, esse precisa mudar sua percepção de leitura à medida que passa a ser também leitor de jornal, da fotografia e do cinema. c) O leitor imersivo: surge com o início da revolução eletrônica. Esse leitor se diferencia
do primeiro tipo de leitor, dado o seu objeto de leitura. O leitor contemplativo lida com um objeto manipulável, o livro, enquanto que o leitor em tela, não pode manuseá la diretamente. As diferenças não param por aí, como veremos mais detalhadamente. O leitor imersivo, guarda semelhanças com o leitor da Antigüidade, à medida que,no livro em rolo, o texto corre verticalmente ao ser desdobrado manualmente, em tela, o mesmo corre pelo comando de uma tecla ou do mouse. Outra semelhança se dá, no sentido das referências: paginação, índice e recorte do texto. Apesar dessa similaridade, o leitor imersivo tem mais liberdade já que pode escolher os nexos a seguir. Desse modo, a leitura não pode ser passiva, dado que sem a iniciativa de busca de direções e rotas, esse tipo de leitura não ocorre. Segundo Burgos (2006), até a década de 80 não havia nenhuma novidade na forma de leitura na tela do computador. O monitor era monocromático e a leitura era feita linearmente, semelhante ao livro impresso. A partir de 1985, a arquitetura dos sítios virtuais se modificou e foram acrescidos hiperlinks 32 , sons, animação, vídeos, cores e elementos gráficos. Surge daí a hipermídia.
Os hiperlinks, que permitem acesso instantâneo a múltiplos textos,situados na web “são um elo entre hipertextos eletrônicos de temáticas idênticas ou semelhantes, cuja ligação(interconexão) é determinada pelo autor da página por meio de uma palavra. Através
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dos hiperlinks e de seu repertório pessoal o leitor participa da construção da significação que o texto assume, tornando assim cada leitura uma construção particular.(Burgos, op.cit) De acordo com a autora na arquitetura do sítio virtual podemos identificar características tais como: a) Multicanalidade: diferentes canais de comunicação em um mesmo ambiente. b) Fragmentação:textos ou partes de texto ocultos nos links. c) Descentralização do espaço: vários centros em um mesmo documento. d) Interatividade: cada leitor percorre um caminho de leitura individual.
Tais características, conforme a autora, exigem do leitor saberes múltiplos não só relacionados a estrutura do suporte bem como os conhecimentos de mundo e leituras semióticas necessárias para construir significado durante a leitura hipertextual.