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3.2.1 Coleta Seletiva

A Lei nº 12.305/2010 no artigo 3º, inciso V, define coleta seletiva como a “coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição” (BRASIL, 2010).

Conforme a Constituição Federal de 1988, a coleta seletiva é de responsabilidade do poder público municipal, e o tema deve ser abordado nos planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (BRASIL, 1988; BRASIL, 2010).

Conforme Albuquerque (2011), a coleta seletiva pode ser realizada de quatro maneiras distintas:

● Domiciliar: semelhante à coleta convencional, entretanto, são utilizados veículos específicos, que fazem a coleta em dias e horários pré-definidos, diferentes dos horários da coleta convencional;

● Em postos de entrega voluntária: são depósitos fixos, tais como contêineres ou estruturas físicas de maior porte, onde o cidadão deposita voluntariamente seus resíduos recicláveis;

● Em postos de troca: refere-se ao processo de troca de resíduos recicláveis por algum bem ou benefício;

● Por catadores e carrinheiros2: trata-se da coleta de recicláveis realizada pelos

carrinheiros e separação dos recicláveis pelos catadores.

A coleta seletiva, associada à triagem dos resíduos sólidos, é de suma importância para a reciclagem, que é descrita no Artigo 9º da PNRS como sendo questão prioritária.

O Artigo 18º da PNRS aborda a prioridade de acesso aos recursos da União pelos municípios:

2 A Lei nº 2.099 de 30 de dezembro de 2003, do município de Gravataí – RS, define como

“Carrinheiros” a atividade de transporte executada por meio de tração humana, e a difere de “Carroceiros”, que se refere à atividade de transporte executada por meio de tração animal (GRAVATAÍ, 2003).

Art. 18.

§ 1º Serão priorizados no acesso aos recursos da União referidos no caput Municípios que:

I - optarem por soluções consorciadas intermunicipais para a gestão dos resíduos sólidos, incluída a elaboração e implementação de plano intermunicipal, ou que se inserirem de forma voluntária nos planos microrregionais de resíduos sólidos referidos no § 1odo art. 16;

II - implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda (BRASIL, 2010).

Justifica-se assim, a importância econômica da implantação da coleta seletiva.

3.2.2 Destinação final

A destinação final é um dos conceitos abordados pela Lei nº 12.305/2010 no Artigo 3º, inciso VII:

Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

O Artigo 7ª da PNRS estabelece a disposição final ambientalmente adequada como sendo um de seus objetivos, além de, no Artigo 9º, tratá-la como uma das prioridades na gestão e no gerenciamento dos resíduos (BRASIL, 2010).

Mais do que apenas abandonar algo, a destinação final, refere-se ao cumprimento da obrigação de providenciar sua reutilização, reciclagem ou outra forma de aproveitamento. Assim sendo, o simples abandono dos resíduos sólidos no sentido de se abster do cumprimento, do dever de destiná-los de forma ambientalmente adequada, pode vir a configurar crime, uma vez que a Lei nº 9.605/1998 – também conhecida como Lei de Crimes Ambientais – através do Artigo 56º, caput e § 1o, prevê a pena de multa e reclusão de 1 a 4 anos (TONETO JR. et

al., 2014).

A Lei nº 12.305/2010 ainda aponta os aterros sanitários como a solução ideal para a disposição final dos rejeitos e estabelece como meta, no Artigo 54º, que todos os municípios brasileiros adotem essa forma de disposição até 2014.

3.2.3 Logística Reversa

O conceito de logística reversa evoluiu nos últimos anos, principalmente no que diz respeito às atitudes e à sua abrangência. De acordo com a Lei nº 12.305/2010 no Artigo 3º, inciso XII, define-se logística reversa como:

Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

A logística reversa, que no seu início era vista apenas como uma distribuição, ganhou importância e passou a se fazer presente com mais responsabilidade em todas as atividades logísticas relacionadas aos retornos de produtos.

Assim sendo, o consumidor passou a ter responsabilidade e consciência de seu papel em prol da preservação ambiental, e deste modo, devendo externá-la através de suas práticas de consumo.

Para tanto, de modo que a responsabilidade compartilhada fosse instituída, as empresas e os governos (federal, estadual e municipal) devem realizar acordos setoriais e termos de compromisso para a implantação de programas de logística reversa que sejam independentes dos serviços públicos de limpeza urbana. Assim, a PNRS define logística reversa como o instrumento de desenvolvimento econômico e social que tem como característica um conjunto de ações, procedimentos e meios que objetivam viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao ciclo produtivo, ou quando isso não for possível, deverão ser encaminhados à destinação ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

Por isso, a PNRS estabeleceu:

Art. 33. São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de:

I - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observada as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, ou em normas técnicas;

II - pilhas e baterias; III - pneus;

IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes (BRASIL, 2010).

A logística reversa possui importância no âmbito econômico devido aos ganhos financeiros obtidos a partir de práticas que envolvem a logística reversa. É de grande importância também no âmbito social, devido aos ganhos oportunizados à sociedade, tais como a diminuição de resíduos descartados em aterro e a viabilização da reciclagem.

A obsolescência e a descartabilidade crescente dos produtos observados nesta última década têm-se refletido em alterações estratégicas empresariais, dentro da própria organização e principalmente em todos os elos de sua rede operacional. Estas alterações se traduzem por aumento de “velocidade de resposta” em suas operações desde a concepção do projeto do produto até sua colocação no mercado, pela adoção de sistemas operacionais de alta “flexibilidade operacional” que permitam, além da velocidade do fluxo logística, a capacidade de adaptação constante às exigências do cliente e pela adoção de “responsabilidade ambiental” em relação aos seus produtos após serem vendidos e consumidos [...]. (LEITE, 2002)

No município de Pato Branco – PR, a Lei nº 4.253/2014 alterou a Lei nº 3.757/2011, que Institui a Política Municipal de Resíduos Sólidos, estabelece normas e diretrizes para gestão integrada dos Resíduos Sólidos Urbanos. Assim, o Artigo30º da Lei nº 3.757/2011, passou a ter a seguinte redação:

Art. 30. São obrigados sob pena de multa no valor de 5 UFMs a 50 UFMs após o prazo de 90 (noventa) dias da data de publicação da presente Lei, a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os geradores por processos de fabricação, importadores, distribuidores e comerciantes de:

I – embalagens de agrotóxicos e similares registrados para fins não agrícolas e seus resíduos, assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observada as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento específico, em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA, do SNVS e do SUASA, ou em normas técnicas;

II - pilhas e baterias; III - pneus;

IV - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;

V - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; VI - produtos eletroeletrônicos e seus componentes;

VII - embalagens de isopor;

VIII - embalagens de solventes tintas imobiliárias e automotivas. (PATO BRANCO, 2014).

3.2.4 Responsabilidade Compartilhada

Uma das maiores mudanças introduzidas na PNRS foi à questão da responsabilidade ambiental em relação aos resíduos, deixando de ser de responsabilidade exclusiva do Poder Público, passando a ser compartilhada com o setor empresarial e à coletividade. Nesse contexto, Leff afirma que:

Os bens e serviços ambientais devem ser entendidos como um potencial produtivo que depende tanto dos limites físicos e da escassez de recursos como também das estratégias sociais que possam administrar os potenciais ecológicos da natureza (LEFF, 2006, p. 186).

Deste modo, ao falarmos em PNRS, se faz necessário pensar em estratégias para o futuro que se almeja, por isso, a importância de compartilhar a responsabilidade a fim de que sejam efetivamente respeitadas as determinações da PNRS e suas diretrizes.

Assim sendo, o Artigo 3º, inciso XVII, define responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos como sendo o:

Conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei (BRASIL, 2010).

A questão também é abordada no Artigo 30º da Lei nº 12.305/2010:

É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, consoante às atribuições e procedimentos previstos nesta Seção.

Parágrafo único. A responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos tem por objetivo:

I - compatibilizar interesses entre os agentes econômicos e sociais e os processos de gestão empresarial e mercadológica com os de gestão ambiental, desenvolvendo estratégias sustentáveis;

II - promover o aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeias produtivas;

III - reduzir a geração de resíduos sólidos, o desperdício de materiais, a poluição e os danos ambientais;

IV - incentivar a utilização de insumos de menor agressividade ao meio ambiente e de maior sustentabilidade;

V - estimular o desenvolvimento de mercado, a produção e o consumo de produtos derivados de materiais reciclados e recicláveis;

sustentabilidade;

VII - incentivar as boas práticas de responsabilidade socioambiental (BRASIL, 2010).

No âmbito empresarial, a responsabilidade ambiental passou a ser um diferencial de mercado nos últimos anos, apresentando-se como uma estratégia competitiva entre as empresas. Essa tendência caminha no sentido do apoio ao cumprimento de seu papel de responsabilidade social, através de atuações ambientalmente corretas, colocando em posição de desvantagem as empresas que não adotarem práticas sustentáveis em relação aos processos produtivos e aos produtos.

Não obstante, se faz necessário o estabelecimento de programas de educação ambiental a fim de fornecer informações à sociedade sobre como evitar, reciclar e eliminar os resíduos e, além disso, o setor empresarial, quando tecnicamente viável, deve priorizar a participação de cooperativas e associações de catadores nos projetos e programas relacionados à execução da logística reversa.