• Nenhum resultado encontrado

Aproxima¸c˜oes LDA e GGA para o funcional de troca e correla¸c˜ao

3.4 Solu¸c˜ao da Equa¸c˜ao de Schr¨odinger Eletrˆonica

3.4.4 Aproxima¸c˜oes LDA e GGA para o funcional de troca e correla¸c˜ao

Como visto, existe um termo no funcional universal da densidade (equa¸c˜ao 3.31) que corresponde `a energia de troca-correla¸c˜ao, Exc[n]. A primeira contribui¸c˜ao desse

termo fornece a corre¸c˜ao para o potencial visto por um el´etron devido ao Princ´ıpio de Exclus˜ao de Pauli. Ou seja, se um el´etron com um dado spin encontra-se num orbital Φ(~r), nenhum outro el´etron de mesmo spin pode situar-se neste orbital, simplesmente devido `a propriedade de anti-simetria da fun¸c˜ao de onda que os representam. Este fato desempenha papel importante na distribui¸c˜ao dos el´etrons e d´a origem `a intera¸c˜ao de troca. A outra contribui¸c˜ao vem da corre¸c˜ao devido ao movimento correlacionado dos el´etrons (o movimento de um el´etron ´e sentido pelos demais), da´ı o nome energia de correla¸c˜ao.

N˜ao h´a uma express˜ao ´unica e simples para o termo de troca e correla¸c˜ao, e na pr´atica, o que se faz ´e obter uma express˜ao adequada para Exc[n]. Entre as propostas

existentes, a Aproxima¸c˜ao da Densidade Local (LDA-Local Density Approximation) para o funcional de troca e correla¸c˜ao ´e muito usada em c´alculos de estrutura eletrˆonica e fornece bons resultados para s´olidos cuja densidade n(~r) varia lentamente nas vizinhan¸cas de ~r. Essa aproxima¸c˜ao assume que a energia de troca e correla¸c˜ao por el´etron no ponto ~r, εxc(~r), ´e igual `a energia de troca e correla¸c˜ao por el´etron em um g´as homogˆeneo de

el´etrons interagentes que tenha a mesma densidade n(~r), de tal maneira que:

ExcLDA[n] = Z d~rεxc[n]n(~r), (3.32) e µxc[n] = δExc[n] δn = d dn(εxc[n]n(~r)). (3.33)

A energia de troca e correla¸c˜ao por el´etron, εxc[n], ´e obtida a partir de c´alculos

de Monte Carlo [115]. Apesar do grande sucesso da LDA, suas limita¸c˜oes ensejam muito cuidado quanto `a sua aplica¸c˜ao. Para sistemas onde a densidade varia muito lentamente, a LDA tende a reproduzir bem o comportamento qu´ımico do sistema. No entanto, em sistemas fortemente correlacionados, em que o modelo de part´ıculas independentes deixa de ser v´alido, a LDA ´e muito imprecisa.

Uma aproxima¸c˜ao utilizada para melhorar o modelo LDA prop˜oe incluir al- guma informa¸c˜ao sobre a taxa de varia¸c˜ao de n(~r) em rela¸c˜ao a ~r. Tal m´etodo ficou conhecido como Aproxima¸c˜ao do Gradiente Generalizado (GGA-Generalized Gradiente Approximation), e considera o funcional de troca-correla¸c˜ao da seguinte maneira:

ExcGGA[n] = Z

d~rf(n(~r), ∇n(~r)), (3.34)

onde substitu´ımos a equa¸c˜ao 3.32 por uma fun¸c˜ao que depende n˜ao apenas de n(~r), mas tamb´em do gradiente de n(~r). Em compara¸c˜ao com outros funcionais, o funcional GGA descreve melhor as transi¸c˜oes de energia s-d, mas n˜ao modifica muito as energias de ioniza¸c˜ao para os orbitais 4s e 3d.

Al´em destes funcionais existem outras aproxima¸c˜oes cujos objetivos s˜ao en- contrar uma solu¸c˜ao para o termo de troca-correla¸c˜ao, dentre as quais podemos desta- car, LSD (Local Spin Density), LSD-SIC (Local Spin Density Self Interaction Correction) [116] e algumas propostas para GGA’s, por exemplo: PW91 (Perdew-Wang) [117], PBE (Perdew-Burke-Erzenhof) [153] e B3LYP (Becke3-Parameter-Lee-Yang-Parr) [119, 120].

A pr´oxima se¸c˜ao dedica-se a descrever um m´etodo para resolver a equa¸c˜ao diferencial de Kohn-Sham, expandindo a fun¸c˜ao de onda do sistema em uma base de fun¸c˜oes atˆomicas.

3.4.5

M´etodo LCAO para fun¸c˜oes de base

A expans˜ao das autofun¸c˜oes, Ψj(~r), em um conjunto de fun¸c˜oes de base,

possibilita transformar as equa¸c˜oes de Kohn-Sham, que s˜ao ´ıntegro-diferenciais, em uma equa¸c˜ao alg´ebrica, que pode ser resolvida por m´etodos b´asicos de diagonaliza¸c˜ao de matri- zes. Um m´etodo muito utilizado para construir as fun¸c˜oes de base em c´alculos de estrutura eletrˆonica ´e denominado LCAO (Linear Combination of Atomic Orbital), cuja id´eia prin- cipal est´a baseada na observa¸c˜ao de que, se um el´etron em um s´olido est´a pr´oximo de um n´ucleo ´e esperado que o efeito desse n´ucleo sobre o el´etron seja maior do que o efeito devido aos outros n´ucleos presentes, sendo razo´avel assumir que o orbital associado a este el´etron ´e similar ao orbital atˆomico neste ponto.

Com o objetivo de matematizar a ideia anterior, partimos do fato que qualquer fun¸c˜ao de onda Ψj(~r) em um s´olido cujas c´elulas unit´arias tˆem simetria translacional,

satisfazem ao teorema de Bloch [121] , ou seja:

Ψj(~k, ~r + ~R) = ei~k· ~RΨj(~k, ~r), (3.35)

onde ~R ´e um vetor da rede e ~k ´e o vetor de onda. A fun¸c˜ao de Bloch tem a mesma simetria translacional da rede, sendo delocalizada no s´olido e com a forma de uma onda plana progressiva. Sendo assim, para cada ~k existe um conjunto de autofun¸c˜oes, cada uma representando um orbital cristalino, e um conjunto discreto de autovalores Ej(~k). Como ~k

varia continuamente em um determinado intervalo de valores, cada n´ıvel j ´e representado por uma faixa de energias (banda).

No m´etodo LCAO ´e considerado um potencial cristalino forte, para represen- tar a enorme influˆencia de um ´ıon da rede sobre o el´etron que est´a orbitando nas suas proximidades. A fun¸c˜ao de onda para um potencial cristalino forte ´e essencialmente um orbital atˆomico, cuja forma funcional que satisfaz ao teorema de Bloch (equa¸c˜ao 3.36) ´e:

Φj(~k, ~r) = 1 √ N N X n=1 ei~k· ~Rnφ j(~r − ~Rn), (j = 1, . . . , M ). (3.36)

Nessa express˜ao, φj ´e uma fun¸c˜ao de onda localizada ou centrada no n-´esimo

´atomo, o somat´orio ´e realizado sobre todos os ´atomos da rede e M ´e o n´umero de fun¸c˜oes de Bloch para um dado ~k. Como o potencial iˆonico ´e forte, cada orbital atˆomico ´e fortemente localizado ao redor do ´ıon, observando-se apenas um pequeno overlap entre as fun¸c˜oes atˆomicas na regi˜ao interatˆomica. Portanto, em muitos sistemas ´e suficiente considerar apenas intera¸c˜oes entre primeiros vizinhos. Com base nestes argumentos, a autofun¸c˜ao do s´olido Ψi(~k, ~r) pode ser expressa como uma combina¸c˜ao linear de fun¸c˜oes

de Bloch, ou seja: Ψi(~k, ~r) = M X j=1 Cij(~k)Φj(~k, ~r), (i = 1, . . . , M ) (3.37)

onde Cij(~k) s˜ao os coeficientes a serem determinados.

A fun¸c˜ao de onda Ψi(~k, ~r) tamb´em satisfaz ao teorema de Bloch, com a soma

sendo realizada sobre os orbitais de Bloch com o mesmo valor de ~k. Neste contexto, o i-´esimo autovalor Ei(~k), em fun¸c˜ao de ~k, ´e dado por:

Ei(~k) =

hΨi|H|Ψii

hΨi|Ψii

. (3.38)

Substituindo a equa¸c˜ao 3.37 na equa¸c˜ao 3.38, obtemos:

Ei(~k) = PM jj0C ∗ ijCij0Hjj0(~k) PM jj0Cij∗Cij0Sjj0(~k) , (3.39) sendo Sjj0 =Φj|Φ0j , (3.40) a matriz de overlap e Hjj0 =Φj|H|Φ0j . (3.41)

Nestas equa¸c˜oes (3.40 e 3.41), S(~k) e H(~k) s˜ao matrizes de dimens˜ao M × M , pois j, j0 = 1, . . . , M .

Sendo assim, se aplicamos o pric´ıpio variacional, ∂Ei(~k)/∂Cij∗ = 0, para um

dado valor de ~k, obtemos:

M X j0 Hjj0(~k)Cij0 = Ei(~k) M X j0 Sjj0(~k)Cij0. (3.42)

A equa¸c˜ao 3.42 representa um sistema de equa¸c˜oes que pode ser escrito na forma matricial do seguinte modo:

onde Ci ´e o vetor coluna dado por: Ci =            Ci1 Ci2 Ci3 ... CiM           