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Aptidão física funcional

No documento Avaliação da aptidão física em idosos (páginas 55-69)

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.6. Aptidão física funcional

Neste ponto da revisão da literatura vamos abordar o tema da aptidão física (ApF). Começamos com a apresentação da definição de aptidão física, de seguida apresentamos algumas baterias de testes desenvolvidas para a avaliação da ApF e por último vamos abordar as componentes da ApF que foram utilizadas no nosso estudo.

Segundo Sobral (1991) a ApF é uma capacidade geral que permite a um indivíduo responder pelos seus meios físicos a uma multiplicidade de exigências, de situações, a um stress generalizado. É um estado de prontidão individual cuja eficiência depende do valor quantitativo das capacidades físicas individuais.

Considera-se ainda que ApF é a elevação integrada ou sistémica do conjunto das qualidades físicas do indivíduo (Sobral, 1991), pode ser definida como a capacidade inata ou adquirida que confere ao indivíduo a possibilidade de realizar um determinado desempenho motor. Além do aspeto físico, envolve aspetos psicológicos, sociológicos, emocionais e culturais (Zílio, 1994, cit. Hilgert & Aquini, 2003).

De uma forma independente da população alvo a que se dirige, somos levados a pensar que a ApF é a obtenção e/ou manutenção de uma dada expressão de capacidades físicas que se relacionam com a saúde, sendo necessárias para a realização de atividades diárias, bem como para o confronto com desafios esperados (Morrow, Jackson, Disch & Mood, 1995, cit. Maia, 1995).

Pellegrinotti (1998) define a ApF como a capacidade de durar, continuar, resistir ao stress e de persistir a uma atividade em que em circunstâncias difíceis uma pessoa destreinada desistiria.

A ApF é reconhecida como a capacidade fisiológica para realizar atividades normais do dia-a-dia de uma forma segura e independente, sem excesso de fadiga (Rikli & Jones, 2001).

Segundo Fernandes (2003) a ApF pode, também, ser vista como um perfil (conjunto de traços), pelo que a sua medição tem que ser efetuada a partir de um conjunto variado de indicadores, esses são os testes de desempenho motor.

Para Darido et al. (2005) a ApF relacionada à saúde é a tradução do termo inglês Physical Fitness, denotando uma preocupação com o bem-estar geral das pessoas, e não apenas com a prevenção de doenças.

Segundo Verardi et al. (2007) na atualidade a ApF divide-se em dois conceitos: saúde e desempenho motor. O primeiro refere-se ao gasto energético que possibilita desenvolver as atividades do dia-a-dia, proporcionando um menor risco de desenvolver doenças ou condições crónico-degenerativas. Tendo como componentes de mensuração influenciados pelas atividades físicas habituais: a resistência cardiorrespiratória (capacidade de continuar ou prosseguir em atividades extenuantes que envolvem grandes grupos musculares por período de tempo

prolongado), aptidão músculo-esquelética (formada pela flexibilidade, força muscular e resistência muscular) e a composição corporal (índices de gordura corporal e distribuição da gordura subcutânea). No segundo considera-se a aptidão física relacionada às habilidades desportivas ou performance motora que contribuem para o desempenho das tarefas específicas, seja no trabalho ou no desporto (Nieman, 1999; Nahas 2001).

O Ser Humano nasce com um aspeto motor pouco desenvolvido, só com o passar do tempo vai adquirindo novas habilidades, mas com o envelhecimento ocorre um processo de retrocesso dessas mesmas habilidades (Petrica, Lima & Pereira, 2008).

Devido ao aumento da população Idosa, dá-se mais enfase ao envelhecimento saudável. Os estilos de vida são muito importantes para que ocorra um envelhecimento saudável, para que isso acontece não basta apenas praticar exercício físico, é essencial ter em conta outros aspetos como por exemplo uma boa alimentação e o tabagismo. De todos os grupos etários, a população idosa é a que mais beneficia com a prática de atividade física, pois a mesma ajuda a diminuir o risco de doenças e problemas de saúde comuns nos idosos, como por exemplo as doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, depressão, diabetes, etc. A atividade física ajuda a fortalecer os elementos da aptidão física, como a resistência, equilíbrio, flexibilidade e força muscular, o que pode estar diretamente relacionado com a independência e a autonomia dos idosos. Permitindo assim, que os idosos desenvolvam as suas atividades da vida diária durante mais tempo (Petrica, Lima & Pereira, 2008).

A ApF pode ser descrita como « (…) um estado geral de prontidão motora e bem- estar, orientada para questões relacionadas com a saúde e com a performance desportivo-motora» (Taveira, 2010, p. 34).

O treino de resistência aeróbia pode contribuir para a manutenção e desenvolvimento de vários aspetos, nomeadamente, função cardiovascular, débito cardíaco e diferença arteriovenosa, assim como melhoria do rendimento em esforços submáximos. Rikli e Jones (1999) conceptualizam a ApF como a capacidade fisiológica e/ou física para executar as atividades de vida diária de forma segura e autónoma, sem revelar fadiga. Assim como, na redução de fatores de risco associados com estados de doença (doença cardíaca, diabetes, etc.), a qual melhora o estado de saúde e contribui para um aumento da esperança de vida (ACSM, 1998).

Por outro lado, o treino da força ajuda a contrair as perdas de massa muscular e força, tipicamente associadas com o processo de envelhecimento. Juntas, estas adaptações ao treino aumentam significativamente a capacidade funcional do homem e da mulher idosos, para além de melhorarem a qualidade de vida destas populações. Benefícios adicionais passam por melhorias na saúde óssea e redução do risco de osteoporose, melhoria da estabilidade postural, o que implica menor risco de quedas, e melhoria da flexibilidade (ACSM, 1998).

A incapacidade funcional pode ser definida como a inabilidade ou a dificuldade de realizar tarefas que fazem parte do quotidiano do ser humano e que normalmente são indispensáveis para uma vida independente na comunidade (Yang & George, 2005).

Por outro lado, a capacidade funcional refere-se à potencialidade para desempenhar as atividades de vida diária (AVD) ou para realizar determinado ato sem necessidade de ajuda, imprescindíveis para proporcionar uma melhor qualidade de vida.

No que diz respeito às atividades instrumentais de vida diária (AIVD) escalonadas e desenvolvidas por Lawton e Brody (1969) indicam tarefas mais adaptativas ou necessárias para a vida independente na comunidade, como, por exemplo, fazer compras, telefonar, utilizar o transporte, realizar tarefas domésticas, preparar uma refeição e gestão financeira, sendo estas tarefas consideradas mais complexas do que as AVD.

O conceito de ApF pode ser referenciado como sendo estático e dinâmico. Considera-se dinâmico porque o nível de aptidão física de um individuo varia de acordo com as suas mudanças que se verificam no crescimento e maturação e com o nível de AF praticada. Considera-se estático, porque o nível de aptidão física de um indivíduo pode ser mantido ao longo dos anos, conjugando a prática de AF regular, uma adequada dieta alimentar e hábitos de vida saudáveis (Maia, Lopes & Morais, 2001).

Segundo Pate (1988) e Malina (1996), os conceitos de aptidão física e aptidão motora devem ser diferenciados. Aptidão física faz referência às capacidades funcionais de um individuo, que se designam por aptidão relacionada com a saúde. Aptidão motora, está associada ao desenvolvimento das habilidades motoras e atividades físicas vigorosas, nomeadamente aquelas atividades que fazem parte do desporto de rendimento. Resumindo, a aptidão física está relacionada com a saúde e aptidão motora está relacionada com o desporto de rendimento. Assim, como podemos observar na tabela 1, a aptidão física deve ser dividida em duas componentes: aptidão física orientada para o rendimento desportivo e aptidão física direcionada para a saúde (Caspersen, Powell & Christenson, 1985; Maia, 1997).

Tabela 1 - Componentes da aptidão física (adaptado de Leite, 2009).

Rendimento Saúde

Agilidade Composição corporal

Equilíbrio Aptidão cardiorrespiratória

Coordenação Resistência muscular

Velocidade Força muscular

Potência Muscular Flexibilidade Velocidade de reação

O conceito de aptidão física associado à saúde, assume um papel essencial quando falamos da população idosa. A aptidão física associada à saúde refere-se a um conjunto de atributos pessoais de natureza fisiológica, motora, morfológica e comportamental que estão diretamente associados à capacidade de executar atividades física e associados à prevenção de várias doenças crónicas não transmissíveis (Caspersen & Merritt, 1995).

Os componentes da aptidão física que envolvem a saúde, estão relacionados com aspetos de prevenção e redução dos riscos do aparecimento de doenças. Mas também estão relacionados com a maior disponibilidade para a execução de atividades do quotidiano e com o estado de saúde (Rikli & Jones, 1999). Na tabela 2 podemos observar as componentes e fatores da aptidão física relacionada à saúde (Monteiro, 2002; Leite, 2009).

Tabela 2 - Componentes e fatores da aptidão física relacionada à saúde (adaptado de Monteiro,

2002; Leite, 2009).

Componentes Fatores

Morfológica Composição corporal

Robustez óssea

Muscular Força e resistência muscular Flexibilidade

Motora Controlo postural

Metabólica Metabolismo dos hidratos de carbono Metabolismo lipídico

Cardiorrespiratória Potência aeróbia máxima

Capacidade cardiorrespiratória submáxima

Componentes como a força, resistência aeróbica, flexibilidade e o equilíbrio, são componentes de enorme importância para o dia-a-dia dos idosos, pois as mesmas permitem a realização de diversas atividades do quotidiano e possibilitam à população idosa manter, melhorar ou obter independência e autonomia (Botelho, 2002, citado por Leite, 2009).

A aptidão física pode sofrer alterações de forma substancial de acordo com a idade, género, raça e nível social. A aptidão física de um individuo não é determinada unicamente pela atividade física. Os fatores ambientais, genéticos e sociais podem interferir significativamente nos processos de adquisição e manutenção dos níveis de aptidão física (Mazo, Lopes & Benedetti, 2001).

Para Spirduso, Francis e MacRae (2005) a avaliação da aptidão física, na perspetiva da saúde, constitui a base para que se desenvolva uma prescrição do exercício adequada. Na população idosa, a independência funcional depende diretamente da aptidão física (Garatachea & Lucia, 2013).

Para Safrit (1990) a seleção dos itens de uma bateria de testes de avaliação da aptidão física devem obedecer aos seguintes pressupostos:

· Devem avaliar a continuidade de uma determinada capacidade, desde as suas diversas limitações funcionais até aos níveis mais elevados;

· Deve medir capacidades que sejam passíveis de modificação com um programa apropriado de atividade física;

· Devem refletir cuidadosamente o estado individual da aptidão física, bem como as alterações da capacidade funcional que correspondam às alterações nos resultados de cada teste.

Os objetivos dos testes de aptidão física, relacionada com a saúde, são essencialmente fornecer dados importantes para o desenvolvimento da prescrição de exercícios físicos, que permitam a avaliação e o acompanhamento do progresso dos indivíduos e também como forma de motivar os participantes de programas específicos e acima de tudo contribuir para a promoção e desenvolvimento do estado de saúde e bem-estar dos indivíduos (Americam College of Sports Medicine, [ACSM], 1998).

Baterias de testes de avaliação da Aptidão Física Funcional

Existem muitas baterias de testes destinadas à avaliação da aptidão física das pessoas idosas, pelo que em seguida enumeraremos algumas das existentes, incluindo a bateria de testes “Senior Fitness Test (SFT)” de Rikli e Jones (2001) utilizada neste estudo.

1- Em 1986, foi desenvolvida a bateria de testes “American Alliance of Health,

Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD): Functional Fitness Assessment for Adults”(adaptado por Ferreira, 2009). Esta bateria de testes

tem como principal objetivo avaliar os parâmetros físicos associados à mobilidade funcional de indivíduos com idade superior a 60 anos. Os testes relacionam-se com as tarefas/atividades do quotidiano.

2- Em 1988, foi desenvolvida a bateria de testes do Conselho da Europa: “EUROFIT” (Council of Europe, 1995). A mesma tem como principais objetivos a promoção de saúde, da capacidade funcional e do bem-estar de indivíduos e populações, provendo um conjunto de ferramentas para a avaliação dos vários aspetos da aptidão física relacionada com a saúde. A bateria de testes EUROFIT, foi desenvolvida para ser aplicada para a população adulta com idade entre os 18 e os 65 anos, mas também é possível aplicar esta bateria de testes em indivíduos com idade superior a 65 anos, desde que os mesmos possuam autonomia funcional.

3- A bateria de testes “Young Men Christian Association (YMCA) Hooke e Zooler” (adaptado por Ferreira, 2009), foi desenvolvida em 1992 com o objetivo principal de identificar a aptidão física em adultos com idades entre os 18 e os 65 anos.

4- A bateria de testes do UKK e Instituto de pesquisa do Desporto da Universidade de Frankfurt: “UKK Institute’s Health-Related Fitness Test

Battery for Adults” (adaptado por Ferreira, 2009), foi desenvolvida em

1992. Esta bateria foi aplicada a uma população com idade entre os 22 e 62 anos e tem como objetivo avaliar a aptidão física relacionada com a saúde. Esta bateria é constituída por vários testes de avaliação da aptidão física e por um questionário de avaliação da aptidão física, da perceção da saúde e das capacidades funcionais dos sujeitos.

5- O "Groningen Fitness Test for the Elderly" (adaptado por Ferreira, 2009), é um projeto de avaliação da aptidão física desenvolvido na Holanda para adultos idosos a partir de 55 anos de idade. Tem uma estrutura centrada na re1ação desempenho mecânico eficaz-saúde.

6- Em 1995, Vogelaere desenvolveu uma bateria de testes para a população idosa, que avalia as componentes da aptidão física e apresenta uma técnica de avaliação do perfil psicomotor. Esta bateria denomina-se de “Adapted

Level of Functional Fitness Teste (ALFEE): Activity Functional Fitness in the Elderly” (adaptado por Ferreira, 2009).

7- "Senior Fitness Test (SFT)" (Rikli & Jones, 2001) esta bateria de testes (tabela 3), foi desenvolvida com o objetivo de providenciar uma forma de avaliar parâmetros fisiológicos chave (força da parte superior e inferior do corpo, resistência aeróbia, flexibilidade da parte superior e inferior do tronco e agilidade motora/equilíbrio dinâmico) que suportam os comportamentos necessários para a execução das tarefas do dia-a-dia e a mobilidade funcional em adultos idosos.

Tabela 3 - Bateria de testes: SFT (Rikli & Jones, 2001)

Conteúdos Testes

Força membros superiores Flexão do antebraço

Força membros inferiores Levantar e sentar na cadeira Flexibilidade dos membros superiores Alcançar atrás das costas Flexibilidade dos membros inferiores Sentado e alcançar

Resistência aeróbia Andar 6 minutos ou 2 minutos de step no próprio lugar Agilidade motora/equilíbrio dinâmico Sentado, caminhar 2,44 m e voltar a sentar

Índice de massa corporal Estatura e peso

A bateria de avaliação da aptidão física funcional de Rikli e Jones (Anexo 4) foi concebida tendo em consideração duas finalidades fundamentais: 1) ser facilmente administrada 2) apresentar acordo com padrões de aceitabilidade científica no que respeita à fiabilidade e validade. Apresentam-se os 12 critérios que serviram de base à conceção dos diversos testes desta bateria (Rikli & Jones, 2001):

1. Representar a maioria das componentes da aptidão física funcional, ou seja, os parâmetros físicos que suportam a realização das tarefas da vida diária de forma independente;

2. Ter um grau de fiabilidade teste-reteste aceitável (r > 0,80); 3. Ter um grau de validade aceitável;

4. Refletir as alterações normais da capacidade funcional relacionadas com o envelhecimento;

5. Ser capaz de detetar alterações devidas a programas de intervenção;

6. Ser capaz de avaliar sujeitos idosos com níveis de funcionamento físico diferenciados, ou seja, dos mais frágeis aos mais aptos fisicamente;

7. Ser fácil de administrar e de classificar por profissionais qualificados mas também por técnicos voluntários que por vezes apoiam na administração dos testes;

8. Requerer equipamento e espaço mínimos de forma a poder der administrado em qualquer centro para idosos ou outros locais similares;

9. Ser possível a administração em casa;

10. Não apresentar perigo se realizado sem qualquer assistência médica, à exceção de situações extremas;

11. Ser socialmente aceitável e significativo;

12. Ser razoavelmente rápido de administrar. O tempo de teste individual não requer mais de 30-45 minutos. O tempo de teste em grupo (24 pessoas) não requer mais do que 90 minutos com o envolvimento de 7 avaliadores.

É uma das baterias mais equilibradas e adaptadas aos grupos de idade mais avançada, assim como vai de encontro aos hábitos e afazeres do quotidiano de qualquer idoso.

Esta bateria além de conhecer o rigor científico de elevada fiabilidade e validade, os testes da SFT são rápidos de administrar e requerem o mínimo de equipamento, tempo e espaço.

Os testes foram concebidos especificamente para serem usados em ambientes clínicos ou de terreno, e particularmente para possibilitar o fornecimento de medidas em escala contínua através de uma grande variedade de níveis de capacidade tipicamente encontradas na população idosa residente em comunidade.

Uma limitação das medidas previamente desenvolvidas para a avaliação da performance física deve-se ao facto de não serem adequadas a grupos de indivíduos mais frágeis ou com uma elevada capacidade de funcionamento (Rikli & Jones, 2001).

Assim, houve, por parte dos autores a preocupação de evitar efeitos de níveis extremos, de modo a que todos os participantes possam obter uma pontuação.

Validade e Fiabilidade

Um estudo de fiabilidade e validade desta bateria foi levado a cabo por Miotto et al. (1999) num grupo de 79 idosos, 44 eram fisicamente ativos tendo participado nos últimos 8 meses num programa regular de atividade física, pelo menos três vezes por semana. Os indivíduos do grupo de controlo não participaram em programa de atividade física pelo menos nos três anos anteriores. Com o objetivo de avaliar a fiabilidade dos testes, a bateria foi executada três vezes na sua totalidade, com um período de intervalo de duas semanas. Todos os participantes realizaram exercícios de aquecimento e alongamentos antes da execução dos testes.

Na maioria dos testes (5 dos 7) discriminaram com sucesso o grupo de idosos ativos do grupo de idosos sedentários. Os únicos testes que não demonstraram poder discriminatório tão evidente foram os de flexibilidade superior e inferior.

Diferentes estudos se têm debruçado sobre a validade e fiabilidade de alguns testes incluídos na bateria, nomeadamente dos testes de flexibilidade, de forca inferior e de resistência aeróbia.

A validade e fiabilidade do teste “sentado e alcançar" foi demonstrada (Hui & Yuen, 2000), sendo também referido que dado a elevada fiabilidade deste teste, uma medição parece ser suficiente para se assegurar a sua exatidão, quando são permitidos alguns exercícios de aquecimento e alongamentos.

Para determinar a validade e a fiabilidade do teste "levantar e sentar na cadeira", Jones et al. (1999) realizaram um estudo que envolveu 76 idosos, de ambos os sexos, com idades superiores a 60 anos. Os valores de correlação intraclasse encontrados foram de 0,84 nos homens e de 0,92 nas mulheres, indicando uma fiabilidade razoável.

O teste andar 6 minutos é considerado válido, simples, seguro e de baixo custo e é usado em pacientes com falência cardíaca crónica e doença pulmonar crónica obstrutiva, para avaliar a capacidade funcional e os efeitos de um programa de reabilitação (Kervio et al., 2003).

Uma limitação desta bateria, prende-se com o facto de esta não abarcar nenhum teste que avalie a coordenação motora, nomeadamente óculo-manual componente tão necessária em diversas tarefas do dia-a-dia, como por exemplo escrever e apertar botões, e a óculo-pedal importante para diminuir o risco de quedas.

Tendo em conta as várias baterias de testes apresentadas anteriormente, para o presente estudo a utilizada foi a bateria de testes Sénior Fitness Test (Rikli & Jones, 2001). A escolha desta bateria deve-se ao facto de a mesma não requerer equipamento muito sofisticado, não requer mão-de-obra especializada para aplicação dos devidos testes e os testes são aplicáveis em qualquer local de forma simples e rápida.

Esta bateria é constituída por uma componente de composição corporal onde realizámos o cálculo do índice de massa corporal e por um conjunto de testes que

permitem avaliar alguns dos atributos fisiológicos que são a força dos membros superiores (teste da flexão do antebraço) e inferiores (teste levantar e sentar na cadeira), a flexibilidade inferior (teste sentar e alcançar na cadeira) e superior (teste alcançar atrás das costas), a resistência aeróbia (teste andar 6 minutos), a velocidade, a agilidade e equilíbrio dinâmico (teste sentado, caminhar 2,44 m e voltar a sentar).

Componentes da bateria de testes Sénior Fitness Test (Rikli & Jones, 2001)

É fundamental realizar uma análise dos componentes da composição corporal e da aptidão física que atuam como fator importante para a capacidade necessária para que um determinado indivíduo consiga realizar de modo satisfatório as suas tarefas do quotidiano. No presente estudo os componentes avaliados com os testes da bateria de testes SFT (Rikli & Jones, 2001), foram os seguintes: Componente de composição corporal (IMC) e componentes de ApF: força muscular (membros inferiores e membros superiores), flexibilidade (membros inferiores e membros superiores), resistência e agilidade motora/equilíbrio dinâmico.

Componente de composição corporal – Índice de Massa Corporal

O IMC estabelece uma relação entre a estatura e o peso, que indica se o peso da pessoa está ou não adequado à sua estatura. Este índice é determinado através da seguinte fórmula: peso (kg) / estatura (m2).

O IMC não é o procedimento recomendado para determinar a composição corporal, uma vez que não permite calcular a percentagem de massa gorda, limitando-se a disponibilizar informação acerca da adequação do peso relativamente à estatura. Permite definir as seguintes categorias:

· Excesso de peso: IMC de 25-29,9 kg/m2 · Obesidade ligeira: IMC de 30-34,9 kg/m2 · Obesidade moderada: IMC de 35-39,9 kg/m2 · Obesidade grave: IMC superior a 40 kg/m2

O IMC é considerado o indicador antropométrico mais utilizado para avaliar o risco nutricional e por sua vez, uma medida facilmente aplicável, não invasiva e de baixo custo. Porém este indicador pode gerar alguma controvérsia, devido à perda das funções de estatura do idoso, da acumulação de tecido adiposo, da redução da

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