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5. RESULTADOS

5.2 Resultados por Fatores

5.2.1 Apuração por meio do EVT-R

Inicialmente, é apresentado os resultados seguindo os procedimentos adotados pelos autores do EVT-R (PORTO; TAMAYO, 2008), cuja tabulação dos fatores para determinação da prioridade axiológica é calculada por meio da média dos itens de cada fator. Este procedimento foi adotado por se tratar de padrão em trabalhos dessa área (CAMPOS, 2008; RODRIGUES, 2008, citados por PORTO; PILATI, 2010). Da mesma forma, este método também é utilizado na apuração dos outros instrumentos, tais como: EVO, IVO e IPVO (TAMAYO, 2008).

Assim, são apresentados na Tabela 6 os resultados obtidos na amostra da presente pesquisa.

Tabela 6 – Tabulação EVT-R

Fator Itens Média

Segurança 5,6,8,12,22 4,42 Realização 4,10,11,13,14 4,30 Conformidade 7,9,25,28 4,19 Universalismo e Benevolência 1,2,3,15,18 4,17 Autodeterminação e Estimulação 17,19,21,24,26,27,29,30,31,32, 3,41 Poder 16,20,23,33,34 2,69

Na tabela 6, a coluna 1 apresenta os fatores, cujos nomes são coincidentes com os tipos motivacionais de Schwartz. Os itens que formam cada fator são exibidos na segunda coluna e foram agrupados na elaboração do EVT-R por meio da aplicação da técnica de análise fatorial e modelo de equações estruturais (PORTO; PILATI, 2010). Por fim, na terceira coluna estão os valores (médias) obtidos nesta pesquisa.

Quando se analisam os resultados da Tabela 6, observa-se a priorização do fator associado à Segurança, que envolve tanto segurança pessoal como do grupo. Ao se considerar conjuntamente este e o terceiro fator com maior média (Conformidade), observa-se predileção por valores referentes à manutenção da harmonia do grupo, à preservação de práticas tradicionais e à proteção da estabilidade. Todos esses valores são característicos do tipo motivacional de segunda ordem de Schwartz (1992, 2005a) denominado “conservação”.

Realização é o segundo fator com maior média. Para Schwartz (2005a) estes valores enfatizam o sucesso pessoal, a demonstração de competência em termos de padrões culturais vigentes e aprovados socialmente. Portanto, os ingressantes aspiram um trabalho que lhes possibilite segurança e realização profissional.

Quando se analisa a estrutura circular proposta pelo mesmo autor (descrita na Seção 2.3.6.1), verifica-se a proximidade espacial entre os tipos motivacionais (fatores) “segurança” e “realização”, corroborando os resultados obtidos e demonstrando congruência em suas motivações subjacentes. Assim, para manter a segurança e estabilidade, os funcionários ingressantes entendem que devem apresentar um desempenho que demonstre sua competência e alinhamento com as expectativas do empregador (buscam reconhecimento).

Universalismo e Benevolência aparecem em quarto lugar na Tabela 6. Este fator enfatiza a aceitação dos outros como iguais e a preocupação com seu bem-estar (justiça e ajuda ao próximo), bem como de toda a sociedade (colaborar e ser útil para a sociedade), características da cultura brasileira de baixo índice de individualismo segundo Hofstede (2003). Pertecentes ao tipo motivacional de segunda ordem “autotranscendência”, contrasta com o tipo “autopromoção” no qual está inserido o fator Realização (segundo fator priorizado); pela estrutura circular proposta por Schwartz (2005) a coexistência desses dois fatores não seria esperado, tendo suas motivações subjacente antagônicas. Explorar-se-á mais esta questão no próximo capítulo. Registra-se que o baixo índice de individualismo é trazido por Hofstede (2003) como uma característica cultural brasileira.

Analisando os fatores menos priorizados (médias abaixo de 4,0), encontra-se o fator “Autodeterminação e Estimulação”. Enquanto o subfator autodeterminação refere-se à necessidade de independência e autonomia por parte dos ingressantes, o subfator estimulação

está relacionado à necessidade de variância e estimulação. Tal resultado encontra coerência quando se compara este fator com os mais priorizados. O fator “Autodeterminação e Estimulação” denotam o desejo por um trabalho que estimule e permita a abertura à mudanças, a variedade e os desafios, contrastando com os desejos de segurança e conformidade mais priorizados pelos respondentes. Sua baixa priorização encontra coerência com a Estrutura Circular de Valores de Schwartz (2005), uma vez que estão inseridos no tipo motivacional de segunda ordem “abertura a mudanças”, que é oposto ao de “conservação” (no qual estão inseridos Segurança e Conformidade, primeiro e terceiro fatores com maior priorização pelos respondentes).

Por fim, como fator menos importante tem-se o fator “Poder” (relacionado ao status social e prestígio, ao controle ou domínio sobre pessoas e recursos). O fator “poder” está associado a uma postura de sobreposição às outras pessoas (tipo motivacional de segunda ordem “autopromoção”) e, portanto, em oposição aos valores relativos ao “universalismo e benevolência” (tipo motivacional de segunda ordem “autotranscendência), nos quais a atenção é dada ao respeito igualdade entre as pessoas.

Como apontado anteriormente, o instrumento EVT-R adota a obtenção da escala de priorização por meio da média dos itens de cada fator, sendo este procedimento utilizado por diversos trabalhos. Entretanto, existem divergências quanto à utilização de médias para analisar respostas de escalas, notadamente as ordinais (OLIVEIRA, 2001). Deste modo, alternativamente e visando comparar os resultados, o Modelo de Equações Estruturais foi utilizado para redução dos valores individuais. A modelagem de equações estruturais é uma técnica defendida por Gosling e Gonçalves (2003) como eficiente na identificação de evidências de correspondência entre dados coletados em pesquisas quantitativas.

No caso desta pesquisa, o modelo idealizado (tabulação segundo o EVT-R) foi testado com o auxílio do software SmartPLS e gerou valores numéricos semelhantes aos apresentados na Tabela 6. Como pode ser observado na Tabela 7, que compara os índices obtidos pelo método do EVT-R e pelo método de Equações Estruturais, há uma pequena variação na priorização axiológica em relação ao fator conformidade, sendo os demais mantidos na mesma ordem de priorização. Deste modo, considera-se, então, que as ponderações efetuadas anteriormente são válidas para representar os Valores Relativos ao Trabalho dos funcionários ingressantes no Banco Beta e sua priorização.

Tabela 7 – Comparação de tabulação do EVT-R com método de equações estruturais

Fator EVT-R Índice por Equações Estruturais

Segurança 4,42 4,47 Realização 4,30 4,32 Conformidade 4,19 4,36 Universalismo e Benevolência 4,17 4,19 Autodeterminação e Estimulação 3,41 3,65 Poder 2,69 2,92