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aquele contendo as notícias sobre fatos/acontecimentos reiterados em

alguns telejornais, ou seja, veiculados sequencialmente em 04 edições, ou menos, dos telejornais da RGT;

No âmbito desta pesquisa, esses diferentes ciclos de apresentação das notícias dizem respeito à cadeia sintagmática correspondente à veiculação das edições dos telejornais da RGT. Na sequência, a partir do grupamento das notícias pelos critérios antes descritos, selecionaram-se os 06 fatos/acontecimentos noticiados, no período já delimitado de 24 horas, nas edições dos telejornais da RGT, dispostos da seguinte maneira:

 02 fatos/acontecimentos, pertencentes ao Grupo 01, ou seja, noticiados apenas uma vez, na edição de um dos telejornais da RGT, e que não reverberaram nas demais;  02 fatos/acontecimentos, pertencentes ao Grupo 02, ou seja, noticiados e repetidos em

sequência, em todas as edições dos telejornais da RGT durante 24 horas;

 02 fatos/acontecimentos, pertencentes ao Grupo 03, ou seja, noticiados e repetidos em algumas edições dos telejornais da RGT durante o período de 24 horas.

Na presente pesquisa, optou-se pela categorização do fato/acontecimento principal, objeto das notícias veiculadas pelas edições dos telejornais selecionados. O motivo da adoção desta perspectiva é o entendimento de que as narrativas das notícias podem se desenvolver articulando mais de um fato/acontecimento, mas sempre giram em torno de uma ocorrência principal, motivadora dos demais desencadeamentos.

A seleção dos fatos/acontecimentos que servem de referência às notícias que compõem o corpus da pesquisa atende ainda à diferenciação entre as coberturas jornalísticas da ordem da previsibilidade e as coberturas jornalísticas da ordem da imprevisibilidade. Berger e Tavares consideram que há um “tensionamento provocado pelo acontecimento frente às lógicas de produção jornalísticas existentes e formalizadas no cotidiano das práticas profissionais” (BERGER; TAVARES, 2010, p.131). Assim, a imprevisibilidade ou a previsibilidade dos acontecimentos influenciam o resultado da produção televisual. Segundo os autores, os acontecimentos imprevistos são desestabilizadores, possuem notoriedade acidental, como no caso de grandes acidentes, crimes hediondos, tragédias climáticas, etc. Já a cobertura de acontecimentos previsíveis é planejada, como no caso de grandes eventos, e até exigida por setores da sociedade (BERGER;TAVARES, 2010). Dessa forma, a seleção do

39  03 fatos/acontecimentos da ordem da previsibilidade, um em cada grupo de

reiteração já referido anteriormente;

 03 fatos/acontecimentos da ordem da imprevisibilidade, um em cada grupo de reiteração já referido anteriormente.

Cabe ainda destacar que os quadros fixos que participam do formato adotado pelos telejornais, como aqueles específicos de notícias do futebol ou de previsão do tempo, não foram considerados na seleção dos temas a serem analisados por esta pesquisa. Isto se deve ao entendimento de que esses quadros predeterminados são regidos por lógicas diferentes daquelas referentes aos critérios de noticiabilidade. A veiculação obrigatória desses quadros nos telejornais, quer com o objetivo de garantir a manutenção do formato e da identidade do programa, quer com a finalidade de cumprir acordos comerciais, não entra, por seus atributos, na discussão da pauta dos telejornais, não havendo, portanto, a possibilidade de não serem veiculados pelos programas.

4.2 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE

O percurso metodológico adotado na análise das notícias fundamenta-se, como já se referiu, em princípios de uma semiótica discursiva de inspiração europeia, elegendo o texto, considerado em sua textualidade como o espaço material de manifestação das relações por ele

contraídas: paratextualmente, com seu contexto comunicativo e enunciativo;

intertextualmente, com outros textos com os quais ele mantém relações de caráter

sintagmático e/ou paradigmático; e, intratextualmente, entre seus dois planos, expressão e conteúdo.

Assim, o procedimento de análise das notícias, aqui definidas como narrativas independentes, embora façam parte do texto maior representado pela edição do telejornal, compreende cinco níveis de pertinência:

(a) o exame do texto das notícias em relação ao contexto comunicativo mais amplo, de caráter sociocultural, histórico e midiático que as enforma;

(b) o exame do texto das notícias em relação ao contexto enunciativo que as enforma; (c) a análise dos textos de cada notícia em suas relações intertextuais, considerando sua dimensão paradigmática, em direção ao conjunto de textos que lhes serve de modelo;

40 (d) a descrição intratextual dos textos das notícias, considerando as relações internas por eles contraídas entre os planos de expressão e conteúdo, com vistas a verificar, em particular, os temas e valores convocados; a configuração atribuída à notícia e ao público a que se destina; as lógicas e figuras empregadas na persuasão; as estratégias discursivas selecionadas e os mecanismos expressivos que as manifestam; as articulações existentes entre os textos da notícia em exame e os outros níveis de pertinência propostos para a análise;

(e) a análise de cada um dos textos das notícias sobre um mesmo acontecimento em suas relações intertextuais, ou seja, em direção aos outros textos que o precedem e sucedem na cadeia sintagmática representada pelas diferentes edições dos telejornais da RGT com as quais contrai relação em seu processo de reconfiguração.

4.3 CORPO DE DEFINIÇÕES OPERACIONAIS

Os ensaios descritivos apontaram a necessidade de adoção de um corpo de definições operacionais com vistas a melhor determinar e padronizar o sentido conferido ao uso de alguns termos empregados na análise. São eles:

a) programas televisuais: textos ofertados pela mídia televisão ao mercado televisual, sob a forma de produtos, que tomam parte na grade fixa de programação de uma emissora, nela ocupando dias e horários fixos de apresentação. Muitos desses programas não possuem previsão definida de término, permanecendo na grade de programação enquanto houver audiência e/ou interesse por parte da emissora – esse é o caso dos telejornais;

b) emissões: fragmentos dos programas televisuais apresentados, considerando a regularidade pré-estabelecida para sua veiculação, sob a forma de capítulos, episódios, apresentações, edições, etc.;

c) edições: emissões regulares dos telejornais, com dias e horários fixos para sua exibição, previstos na grade de programação;

d) blocos: fragmentos da edição de um telejornal para a abertura de intervalos publicitários e/ou promocionais;

e) pauta: definição dos acontecimentos que serão tema das notícias apresentadas na edição de um telejornal, indicando entrevistados, imagens e forma de abordagem a ser conferida ao tema;

41 f) notícia: construção discursiva de caráter midiático que, tomando como

referência um dado acontecimento, apresenta-se sob a forma de uma narrativa;

g) suíte: reconfiguração de uma notícia já veiculada, comportando

desdobramentos, novos acontecimentos que mantêm relação com o de origem, continuidades;

h) cobertura jornalística: produção e veiculação continuada, por determinado período de tempo, de notícias sobre grandes eventos, sejam eles planejados, como os esportivos, ou não planejados, como as tragédias;

i) nota pelada: configuração possível de apresentação da notícia na qual as informações são lidas ao vivo pelo âncora ou apresentador do telejornal, sem serem acompanhadas por imagens ilustrativas;

j) nota coberta: configuração possível de apresentação da notícia na qual as informações são lidas em off pelo âncora ou apresentador do telejornal, acompanhadas da exibição de imagens ilustrativas gravadas e editadas;

k) nota vivo: configuração possível de apresentação da notícia, na qual as informações são lidas ao vivo pelo âncora ou apresentador de telejornal acompanhadas de imagens ilustrativas gravadas e exibidas ao vivo;

l) stand up: configuração possível de apresentação da notícia na qual o repórter aparece em gravação, informando, geralmente de forma resumida, sobre a ocorrência de um dado acontecimento;

m) reportagem: configuração possível de apresentação da notícia, na qual as informações de caráter audiovisual são acompanhadas de narração em off do repórter, podendo conter entrevistas com fontes, e o boletim de passagem (chama- se passagem ou boletim de passagem quando o repórter, trazendo informações adicionais, geralmente do local do acontecimento, participa da reportagem);

n) entrada ao vivo: configuração possível de apresentação da notícia, na qual o repórter, ao vivo e in loco, apresenta informações do acontecimento (muitas vezes ainda em curso), ao mesmo tempo em que se dá a emissão da edição do telejornal; o) sonoras: gravação de entrevistas com envolvidos, testemunhas ou especialistas sobre o tema da pauta, e que são inseridas no texto da notícia;

p) fala povo: gravação de entrevistas aleatórias, com pessoas anônimas emitindo opiniões sobre o tema da pauta, e que são inseridas no texto da notícia;

q) sobe som: recurso de edição da reportagem que valoriza o som do local próprio do acontecimento narrado;

42 r) cabeça: enunciado verbal, proferido pelo âncora ou apresentador do telejornal em estúdio, para introduzir reportagem, nota vivo, nota coberta ou entrada ao vivo; s) nota pé: enunciado verbal proferido pelo âncora ou apresentador do telejornal após a exibição de uma reportagem, nota vivo, nota coberta ou entrada ao vivo, com vistas a complementação do tema abordado;

t) âncora: profissional participante do telejornal, encarregado de narrar, anunciar e comentar as notícias exibidas, além de interagir com repórteres, apresentadores e público;

u) apresentador: profissional participante do telejornal, encarregado de narrar e anunciar as notícias exibidas em um quadro específico do programa;

v) comentarista: profissional participante do telejornal, convocado para analisar acontecimentos sobre os quais possui algum tipo de especialização e/ou conhecimento técnico;

w) repórter: profissional participante do telejornal, encarregado de trazer aos telespectadores, através de sua voz e imagem, as informações sobre os acontecimentos;

x) correspondente internacional: profissional participante do telejornal, fixado em outro país, encarregado de realizar a cobertura jornalística dos acontecimentos da cidade, país e, muitas vezes, do continente inteiro;

y) enviado especial: profissional participante do telejornal, enviado a outro país para a cobertura de eventos específicos (guerras, tragédias naturais, manifestações políticas, etc.), estando encarregado de realizar reportagens sobre o tema e, depois de um período, retornar à sede;

z) ao vivo: transmissão de acontecimentos por um profissional presente no próprio local em que eles estão ocorrendo, ocorreram ou irão ocorrer;

aa) em direto: transmissão, em tempo real, de acontecimentos gravados ao vivo; bb) edição: tratamento conferido ao material gravado nos locais dos acontecimentos antes de sua exibição;

cc) arte: ilustração feita em computador para auxiliar na explicação do conteúdo da notícia veiculada, que pode assumir a forma de gráficos, tabelas e/ou animações.

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4.4 ETAPAS DE ANÁLISE

A análise dos textos das notícias selecionadas para comporem o corpus da investigação comporta seis etapas1: