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I. INTRODUÇÃO

I.8. AQUISIÇÃO DE QUALIDADE GEMOLÓGICA

Gemas são minerais de grande atractividade devido à sua beleza, raridade, durabilidade e, que podem ser aplicados em joalharia atingindo alto valor monetário, mesmo em bruto e à boca da mina.

No caso dos berilos, Tveriankin et al. (1983) indicaram os seguintes factores geológicos como sendo favoráveis para a ocorrência da variedade gema:

i) Presença de rochas meta-ultrabásicas encaixantes dos pegmatitos;

ii) Corpos pegmatíticos com espessura adequada - suficientemente estreitos para poderem ser influenciados pela contaminação em Ti+Fe do encaixante, e suficientemente possantes para a separação eficiente de um núcleo de quartzo;

iii) Calor latente ou taxa de arrefecimento lenta durante a fraccionação zona intermédia- núcleo, permitindo, simultaneamente, a diversificação paragenética de sulfuretos de Bi, difusão forte de constituintes, nucleação e taxa de crescimento do berilo consistentes, adequadas ao ganho de transparência e qualidade gemológica;

iv) A manutenção da qualidade gemológica depende da localização em sombras de pressão protegidas da deformação sobreposta.

A diversificação dos sulfuretos de Bi está relacionada com o prolongamento do estado de transição magmático a hidrotermal, também adequado à deposição do berilo transparente. Assim, a abundância e a diversidade dos minerais de Bi pode indiciar produtividade em água-marinha, na transição da zona intermédia para o núcleo de quartzo.

Ainda segundo Tveriankin et al. (1983), alguns modos de ocorrência ou associações mineralógicas indiciam pouca favorabilidade para a ocorrência de gemas de berilo:

i) Proximidade a um corpo granítico (alguns corpos intra-graníticos podem, contudo, ter gema); ii) Proximidade da associação gráfica quartzo-feldspática;

iii) Abundância de grandes placas de moscovite; iv) Frequência de turmalina negra e biotite; v) Abundância de ambligonite e petalite;

vi) Ocorrência de berilo de hábito prismático e curto;

I.8.1. Modos de Caracterização Gemológica dos Berilos Azuis

A caracterização gemológica dos berilos assenta, essencialmente, na sua transparência, cor, estado de fracturação e fissuração, brilho e possibilidade de melhoramento cromático por lapidação e tratamento.

i. Diferentes espécies de berilo mostram uma grande variedade na transparência, e

consequentemente no seu valor. As gemas transparentes são lapidáveis e usadas em joalharia e as nubladas e opacas podem, ainda, ter aplicação em objectos de adorno pessoal.

As manchas brancas das micas, coloridas de hematite ou inclusões de outros minerais entram no berilo em prejuízo da sua cor e transparência.

ii. A beleza e o valor das gemas depende muito da ausência de falhas no interior ou na sua

superfície. As gemas perfeitas são as livres de fissuras e fracturas e o seu brilho e polimento potencal são uniformes e ininterruptos em toda a sua extensão.

Em alguns casos, a porção das gemas que contém inúmeras cavidades minúsculas dispostas em bandas pode oferecer um efeito iridiscente sob a luz, que valoriza o mineral, designado pelos joalheiros como efeito seda. Este é um efeito interessante para os berilos.

iii. O brilho varia com a proporção e tipo de luz reflectida em superfícies internas ou externas

dos minerais. O brilho vítreo é o mais característico e frequente nas gemas transparentes. Elevado índice de refracção e elevada dispersão podem modificar o brilho vítreo dos berilos.

I.8.2. Tratamento

As gemas perfeitas são uma raridade. Geralmente aparecem com inclusões, fracturas e tonalidades que diminuem a sua cotação. Para o incremento da qualidade gemológica vários métodos de tratamento permanentes ou temporários têm sido utilizados:

Entre os tratamentos temporários incluem-se: i. Branqueamento – usado para aclarar as gemas;

ii. Capeamento – melhoramento da superfície das gemas através da esmaltagem, lacagem ou sublimações de vapor;

iii. Preenchimento – colmatação de cavidades ou fracturas através de vidro incolor, resina ou plástico;

iv. Impregnação – tratamento das gemas através da resina, cera ou óleo para melhorar a claridade e a aparência.

Os tratamentos permanentes abrangem:

i. Fluxo cicatrizante – tratamento com o calor para a cicatrização das fracturas e fissuras; ii. Preenchimento de fracturas – injecção de plástico ou vidro nas fracturas;

iii. Aquecimento – usado para clarear, adensar ou mudar a cor;

iv. Difusão da malha – aquecimento a elevada temperatura combinado com a adição de produtos químicos para difundir ou depositar um elemento, de modo a produzir certa cor ou asterismo; v. Laser – tratamento por raios laser para a remoção das inclusões;

vi. Irradiação – exposição aos raios electromagnéticos para libertar electrões da sua posição original, movendo-os para posições que contribuirão para o incremento da cor.

O aquecimento tem sido o tratamento mais aplicado para as águas-marinhas. Por vezes inclui a combinação de produtos químicos (berílio, por exemplo) e calor para alterar definitivamente a cor. O facto de existir a possibilidade de tratamento de cor contribuiu para que a cotação actual das águas-marinhas fosse inferior ao praticado antes da descoberta do tratamento.

O conteúdo em alcalis do berilo pode ser um importante condicionante dos tratamentos que visem a melhoria das suas cores. A irradiação através de raios gama ao berilo não alcalino causa mudanças no estado de oxidação do ferro de Fe+2 para Fe+3, o qual activa as transferências de carga responsáveis por absorções no espectro visível que geram cores amareladas. Nos espécimes alcalinos a radiação é de se evitar devido a interferência de alcalis na produção de cores instáveis em luz solar. Para o incremento da cor azul da água-marinha não alcalina, o único tratamento aplicável seria o aquecimento, uma vez que ao reduzir o estado de valência do ferro octaédrico a tonalidade esverdeada muda para azul (Kahwage e Mendes, 2005).

I.8.3. Lapidação

As gemas, no seu estado natural, não são, regra geral, atractivas. É depois do corte e polimento que a sua beleza se revela na sua plenitude. O processo de corte tem como objectivo conferir uma forma à gema que melhor saliente o seu brilho e beleza. A aparência das variedades de gemas é afectada se se fizer uma lapidação ignorando a forma ideal (Bauer, 1968).

A água-marinha é, regra geral, cortada em formas de brilhante ou em algumas formas modificadas do corte em degraus. Quando a sua forma é alongada a direcção de maior comprimento coincide com a direcção do principal eixo cristalino e o cristal é trabalhado nessa direcção que salienta o seu dicroísmo. As águas-marinhas têm sido muito usadas para a expressão da arte de gravuras, graças à sua relativa menor dureza, acto difícil em outras gemas (Bauer, 1968).

II. QUADRO GEOMORFOLÓGICO E GEOLÓGICO DAS OCORRÊNCIAS DO

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