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CEM I 42,5 R Cal Hidratada

5. Apresentação e discussão dos resultados

5.2. Argamassas estudadas

As argamassas estudadas, como salientado no capítulo anterior, correspondem a argamassas a um traço em volume aparente não compactado de 1:1:5, constituídas por cimento Portland (CEM I 42,5 R), cal hidratada (CL80), agregados finos e superplastificante (ViscoCrete 3005). Na mistura de referência os agregados finos são constituídos por Areia 0/2 e Areia 0/4 (utilizadas sempre na mesma proporção em massa de 1/3 e 2/3, respetivamente), enquanto nas restantes esse agregado fino natural é substituído por diferentes percentagens e tipos de agregados leves. Quase todos os materiais leves que foram utilizados neste trabalho são provenientes da reciclagem (EPS, cortiça natural e cortiça expandida), excetuando-se o caso da argila expandida, que é de origem industrial.

O estudo realizado contemplou várias fases distintas entre si. Numa fase inicial foi estabelecida a quantidade de água necessária para a argamassa de referência tendo como objetivo atingir uma consistência plástica ou seja um intervalo de espalhamento de 170 mm ± 10 mm no ensaio de consistência pelo método da mesa de espalhamento. Após estabelecida esta quantidade de água, fabricaram-se as argamassas com agregados leves, para esta composição, alterando apenas o tipo e a percentagem de substituição do agregado. Pretendia-se desta forma avaliar a influência desses parâmetros, na consistência e trabalhabilidade de argamassas com quantidades de água igual à da argamassa de referência. Estas consistências, no entanto, não apresentaram valores dentro do intervalo definido para a obtenção de argamassas plásticas, pelo que foi necessário ajustar a quantidade de água de amassadura (mantendo sempre que possível o SP constante), para a consistência pretendida. As argamassas finais partiram assim de um mesmo espalhamento e consistência, permitindo comparar com maior grau de confiança, os valores resultantes do ensaio de reologia.

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Importa referir que ao longo do capítulo a cortiça expandida surge nas tabelas com diferentes designações. Para as percentagens de 25 e 50%, a cortiça expandida surgirá com a designação de CEX, no entanto para as percentagens de 75 e 100%, passará a designar-se de CEXnova. Esta

designação ligeiramente diferente surge porque apesar de o material ser o mesmo e fornecido pela mesma empresa, foi fornecido em espaços temporais diferentes, apresentando baridades distintas, que alteraram os valores de base de cálculo.

Salienta-se ainda que todos os materiais leves utilizados neste estudo foram utilizados sob as condições ambientais em que estavam armazenados, tendo sido apenas feita a correção da humidade para as areias, uma vez que estas se encontravam armazenadas em barricas, possuindo um elevado teor em água superficial.

5.2.1. Argamassas iniciais

Neste subcapítulo correspondente à primeira fase do trabalho desenvolvido, apresentam-se expostas na Tabela 5.1, as quantidades que caracterizaram cada uma das argamassas desenvolvidas, com base nas dosagens da argamassa de referência. Todas estas argamassas foram submetidas ao ensaio de espalhamento e ao ensaio de reologia, no entanto não foram realizados outros ensaios, dado que se verificou, para todas elas, que não era possível estabelecer a consistência desejada. No entanto aspirava-se entender os fatores que distinguem a argamassa de referência, das argamassas com agregados leves, e as diferenças entre estas argamassas com as dosagens de referência e as argamassas acertadas para os níveis de consistência desejados.

Tabela 5.1. Dosagens das argamassas iniciais

Verificou-se, que era impraticável aplicar argamassas com estas dosagens. Em alguns casos o material possuía uma percentagem de finos tão elevada, que o elevado aumento da superfície específica e da área de molhagem, dotava a argamassa de um aspeto seco e pouco coeso. Por outro lado, outros materiais não conseguiam reter a água no seu interior e a quantidade de água era de tal forma excessiva, que a argamassa além de apresentar-se demasiado fluida, também não tinha qualquer tipo de coesão. Estas situações são apresentadas na Figura 5.1.

Como se pode observar, os casos expostos não constituem o pretendido para argamassas de revestimento. Deseja-se que a argamassa fabricada apresente uma viscosidade e plasticidade que permita que esta seja trabalhada e aplicada convenientemente.

W/MC W/C

Todas as Argamassas 16,80% 8 (ml/kgcimento) 0,809 1,096 W - Á gua; SP -Superplastificante; W/M C - Razão água/materiais cimentício s; W/C - Razão água/cimento

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Figura 5.1. Argamassas iniciais com agregados leves

5.2.2. Argamassas finais

A correção das misturas, para a consistência e trabalhabilidade pretendidas, constituiu a segunda fase deste desenvolvimento experimental, Figura 5.2. Depois de fabricadas as argamassas para as quantidades iniciais era percetível o estado em que estas se encontravam em termos de consistência, pelo que se conseguia aferir o necessário para adequar as suas dosagens.

Figura 5.2. Argamassa final com EPS

Houve assim a necessidade de adequar a quantidade de água, para a obtenção do espalhamento pretendido. Para a realização desta fase, tentou-se sempre que possível ajustar apenas a percentagem de água a utilizar para as argamassas, no entanto nem sempre foi possível cumprir este requisito. Apresenta-se na tabela 5.2, as quantidades obtidas após o acerto das diversas argamassas em estudo.

Como se pode observar, o valor do SP só foi alterado no caso da CEX. Ocorreu que a cortiça expandida possuía uma granulometria demasiado fina, passando a totalidade do material do peneiro de 2 mm. Quando se realizaram as argamassas percebeu-se que havia uma quantidade de finos que a argamassa não conseguia reter e que este fator se agravava na presença do superplastificante. A água de amassadura era assim exsudada da argamassa onde surgia uma elevada concentração de finos. Após retirado o SP verificou-se que a argamassa tinha um poder de retenção de finos mais elevado, tendo-se optado por reduzir a totalidade do SP em todas as argamassas em que verificou esta situação. Esta decisão permitiu o acerto das argamassas até 100% de substituição para este tipo de material, mas teve uma enorme repercussão negativa no desempenho destas argamassas no estado endurecido, devido à elevada quantidade de água utilizada para acertar as argamassas.

a) b)

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Tabela 5.2. Quantidades finais após o acerto