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2.7 LOGÍSTICA REVERSA APLICADA AOS PNEUS

2.7.1 Armazenagem e movimentação de pneus inservíveis

Um dos principais problemas com os quais se lida na reciclagem de pneus é a sua coleta, devido a sua dispersão e dimensões físicas. Seu volume e peso tornam o transporte e o armazenamento difíceis e onerosos. Deste modo, a logística reversa se torna uma atividade relevante dentro do processo de reaproveitamento da borracha.

As dificuldades na logística reversa de pneus ficam evidentes quando se faz um paralelo com a reciclagem de latas de alumínio. Segundo o Compromisso Empresarial para Reciclagem – CEMPRE (2005), em 2004, foram recicladas 121,3 mil toneladas, o equivalente a 9 bilhões de latas, atingindo o índice de 95,7% do total produzido. Enquanto que os dados referentes à reciclagem de pneus em 2004 indicam um total de 63 mil toneladas, o que corresponde a aproximadamente 9 milhões de pneus médios, ou seja, de automóveis. Este valor não chega a 18% do total de 52 milhões produzidos no mesmo ano. A Figura 2.18 compara o espaço ocupado por uma mesma quantidade de pneus e de latas.

Figura 2.18: Comparativo Espacial entre Pneus e Latas de Alumínio

A logística reversa aplicada aos pneumáticos passou a ter mais visibilidade quando da entrada em vigor da Resolução CONAMA nº 258/99, que estimulou o recolhimento e a destinação correta de pneus como responsabilidade legal dos fabricantes e importadores de pneumáticos. Assim, face à obrigação imposta por normas ambientais cada vez mais exigentes e aos altos custos com a logística reversa de pneus, as empresas têm se preocupado em planejar e gerenciar melhor o fluxo reverso desses pneus para cumprir a lei e, sobretudo, minimizar seus gastos.

A reciclagem de pneus inservíveis ainda é um processo caro, considerando o custo do maquinário e, principalmente, a logística do transporte. Havendo a necessidade de fortalecimento das duas pontas do processo, no que se refere à entrega dos inservíveis pelos consumidores aos revendedores, bem como ao desenvolvimento e ampliação de alternativas tecnológicas economicamente viáveis que contemplem a reciclagem de pneumáticos inservíveis (VIVEIROS, 2003).

Neste contexto, existe uma busca cada vez mais acentuada por alternativas de gerenciamento de pneumáticos inservíveis, no que tange às ações de planejamento operacionais visando à coleta, ao transporte, ao armazenamento temporário, ao tratamento e à disposição final desses inservíveis. De maneira geral, Cimino (2004) sugere as seguintes ações para assegurar uma logística reversa eficiente dos pneus velhos:

ƒ Criar centrais de armazenamento temporário dos pneus inservíveis, sob responsabilidade de fabricantes e importadores, até o destino final ambientalmente adequado;

ƒ Organizar o transporte dos pneumáticos, limitando-os em distância e volume;

ƒ Firmar parcerias entre empresas produtoras de pneus, prefeituras municipais e instituições de interesse em reciclagem no território nacional, criando mais uma alternativa para viabilizar a coleta de pneus.

Uma estratégia que vem sendo bastante usada para dinamizar esse processo reverso é a implantação de pontos de coleta adicional, intitulados de “ecopontos”. O Centro Nacional de Tecnologias Limpas - CNTL (2007) define ecopontos como galpões de recepção dos pneus inservíveis que servem para armazená-los até sua destinação final adequada.

Hoje, existe um total de 226 ecopontos no Brasil, sendo apenas 7 no Nordeste e nenhum no estado de Ceará, como pode ser visto na Tabela 2.5. Desde 1999, a ANIP desenvolve o Programa de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis, considerado hoje o maior programa de responsabilidade pós-consumo da indústria brasileira. Para o sucesso do Programa, a Associação promove parcerias com prefeituras de todas as regiões do

Brasil. Atualmente, 220 municípios já aderiram ao programa e implantaram centros de recepção de pneus inservíveis, os chamados ecopontos. No processo de coleta, a ANIP é responsável por toda a logística, realizando o transporte dos pneus desde os ecopontos até as empresas de trituração, de onde serão encaminhados para destinação final (ANIP, 2007).

Tabela 2.5: Ecopontos na Região Nordeste (ANIP, 2007)

Cidade Estado Barreiras BA

Camaçari BA Feira de Santana BA Guanambi BA Luis Eduardo Magalhães BA Natal RN São Luís MA

Segundo Cimino (2004), a instalação desses depósitos deve ficar a cargo de prefeituras ou de associações de interesse em reciclagem. Sendo que este espaço deve ser coberto e seco, ou protegido com lona ou plástico, devendo ser mantido licenciado pela vigilância sanitária estadual ou municipal até que ocorra sua destinação final adequada. A capacidade de armazenamento do depósito e o tempo previsto para estocagem precisam ser indicados e mantidos em cadastro.

O transporte dos pneumáticos inservíveis é realizado preferencialmente pelo modal rodoviário, visto a reduzida malha ferroviária e hidroviária do país. Desta forma, caminhões de diferentes capacidades podem ser usados, dependendo da quantidade a ser transportada e da distância a ser percorrida. A Tabela 2.6 apresenta três tipos de caminhões usados nesse transporte.

Tabela 2.6: Caminhões Utilizados para o Transporte de Pneus Inservíveis

Veículo Capacidade (toneladas)

Capacidade (nº de pneus) Caminhão Leve 4 a 6 ton 500 pneus Caminhão Médio 10 a 14 ton 1600 pneus Caminhão Semi Pesado 14 a 18 ton 2500 pneus

Embora o transporte rodoviário responda pela maior parte da movimentação desses pneus, o trem também vem sendo utilizado em regiões onde existe uma boa malha ferroviária. Em Pernambuco, o ponto de arrecadação de pneus está em

funcionamento desde 2005 em uma base do Programa Rodando Limpo, localizada no galpão da Companhia Ferroviária do Nordeste - CFN.

A Companhia Ferroviária do Nordeste está inserida no programa Pernambuco Rodando Limpo, que visa reutilizar pneus inutilizados no processo de fabricação de cimento sem maiores danos à atmosfera. Isto significa também uma economia de combustíveis derivados do petróleo utilizados pela indústria cimenteira. A participação da CFN se dá na armazenagem e no transportes dos pneus (CFN, 2005).

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