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Arquitetura da Informação

2. Idade Moderna e Pós-Moderna: ato de moldar a mente ou o caráter (na Europa, desde o sec. XIV); ato de treinar, instruir, ensinar (na Europa, desde o sec. XIV); ato de educar e comunicar conhecimento (na Alemanha, desde o sec. XV)

3. Nos dias atuais: ato subjetivo e seguro de separar o verdadeiro do falso; objetos no mundo são traduzidos em sensações (empiricismo), mas sensação é totalmente diferente de “forma”, sendo a primeira sensual e a última, intelectual; transferência do cosmos para a consciência, da forma para a sensação.

3.4 Arquitetura da Informação

Bailey (2003), em sua breve introdução sobre Arquitetura da Informação, discorre sobre a não existência de um consenso para o conceito de Arquitetura da Informação, muitas vezes confundida com desenho de conteúdo visando acessibilidade à informação, sendo, portanto, definida como “a arte e ciência de estruturar e organizar sistemas de informação para ajudar as pessoas a alcançarem suas metas”. Assim, segundo a autora, o arquiteto da informação organiza o conteúdo e desenha sistemas de navegação para ajudar as pessoas a gerenciarem suas informações.

Siqueira et al.(2009) analisam os diferentes conceitos epistemológicos associados ao termo “Arquitetura da Informação”, definindo um argumento para a eliminação de restrições de forma a tornar plausível um conceito abrangente. Isto estabelece um espaço conceitual simultanea- mente definido pela disciplina científica, resultado de aplicações tecnológicas desta disciplina, e objeto de estudo. Os elementos comuns identificados nesse espaço e, também, nas definições estabelecidas correspondem à forma, contexto, manifestação e noções de significado. Estas noções são propostas como dimensões fundamentais da Arquitetura da Informação. Com base em suas investigações, eles sugerem que “Arquitetura” seja um conceito constituído por duas dimensões: forma e contexto. O conceito de forma, por sua vez, expressa uma estrutura or- ganizada da matéria no espaço, dando a ela um arranjo de relações entre os seus elementos constituintes. Esta abordagem evoluiu para uma proposta da disciplina científica da Arquitetura da Informação (SIQUEIRA,2012).

Macedo (2005) explica que no Asilomar Institute for Information Architecture, dedicado ao tema, a Arquitetura da Informação é definida como o “desenho estrutural de ambientes de informação compartilhados”. Também, ela ressalta que no glossário publicado na ocasião do First Annual ASIS&T Information Architecture Summit, Hagedorn definiu o conceito de Arqui- tetura da Informação como “a arte e ciência da organização da informação para a satisfação de necessidades de informação, que envolve processos de investigação, análise, desenho e imple- mentação”.

Resmini e Rosati(2011) definem a Arquitetura da Informação como:

“uma prática profissional e campo de estudos com foco na solução de proble- mas básicos de acesso, uso de vastas quantidades de informação disponíveis hoje...

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sendo,principalmente, uma atividade de produção e arte, que conta com um processo indutivo e um conjunto (ou varios conjuntos) de diretrizes, melhores práticas, e espe- cialistas na área... não se tratando de uma ciência, mas de uma arte aplicada, muito parecida com o desenho industrial.”

Apresentaremos uma linha do tempo com relação à evolução do conceito de Arquitetura da Informação:

• 1964 - Em um artigo intitulado “Arquitetura do IBM System/360”, Amdahl, Blaauw e Brooks (1964) definem o termo ‘arquitetura” como a estrutura conceitual e comporta- mento funcional, distinguindo a organização de fluxos de dados e controles, projeto ló- gico, e implementação física (um conceito seminal de arquitetura da computação que veio a se estender para outras áreas, uma vez que não se prendeu apenas a aspectos físicos, mas conceituais e comportamentais);

• 1970 - Na Xerox Palo Alto Research Center (PARC), um grupo de pessoas especializadas em Ciência da Informação se reuniu em assembléia e, então, deu o alvará para o desenvol- vimento de tecnologia que poderia suportar a “arquitetura da informação” (PAKE,1985).

Esse grupo foi responsável por inúmeras contribuições importantes, incluindo o primeiro computador pessoal com interface amigável, impressora a laser, e o primeiro editor de textos WYSIWIG. Percebemos aqui a ênfase dada pelo grupo à interação homem-máquina e aos aspectos sociais da computação.

• 1976 - Richard Saul Wurman, em uma conferência no American Institute of Architecture usou o termo “informação” juntamente com “arquitetura”, sendo esta a primeira vez na história. Sua definição inicial foi “a organização dos padrões dos dados de forma a tornar claro o complexo”. Mesmo assim, esta expressão que passaria a significar “o desenho de mudanças complexas e dinâmicas” permaneceu em estado dormente por alguns anos, prevalecendo ainda a ideia computacional de sistemas de informação. De fato, a maioria dos artigos do início da década de 1980, refere-se à arquitetura da informação como uma ferramenta para o projeto e criação de infraestruturas de redes de computador (MORROGH, 2003).

• 1988 - Smith e Alexer (1988) relatam que a Xerox estava entre as primeiras corpora- ções a se engajar na noção de estrutura da informação, usando uma “fraseologia elegante e inspiradora: ’architecture of information’”, ao invés de information architecture. A propósito, esse é um dos conceitos centrais para muitos que escreveram e/ou discutiram sobre o desenvolvimento da arquitetura da informação na década de 1980.

• 1995 - Weitzmann (1995), em sua pesquisa de doutorado no Massachusetts Institute of Technology - MIT sobre “A Arquitetura da Informação: Interpretação e Apresentação da Informação em Ambientes Dinâmicos” fundamenta a noção de arquitetura aplicada à informação em si.

3.4. Arquitetura da Informação 43

• 1998 -Morville e Rosenfeld(2006), bibliotecários, escreveram o livro “Information Ar- chitecture for the World Wide Web”, um dos livros mais importantes na área de projeto de sistemas para a web em termos de usabilidade e design, visando explorar as novas possibilidades para os profissionais operarem sobre grandes volumes de dados em novas mídias.

• 2005 - O Information Architecture Institute - IAI, uma organização profissional interna- cional dedicada ao avanço do estado da arquitetura da informação através da pesquisa, ensino, apoio e serviços à comunidade, estabelece o conceito de arquitetura da informa- ção em três aspectos:

1. O desenho estrutural de ambientes de informação compartilhados;

2. A arte e ciência de organizar e rotular websites, intranets, comunidades online, e software de suporte a usabilidade e recuperação da informação; e

3. uma comunidade de prática emergente com foco em princípios de desenho e arqui- tetura em meio digital.

• 2005 -Barker(2005) define arquitetura da informação como “um termo usado para des- crever a estrutura de um sistema, i.e., a maneira pela qual a informação é agrupada, os métodos de navegação e a terminologia usada dentro do sistema”. Ele ainda aponta o que entende ser o problema mais comum da arquitetura da informação: “ela é simplesmente uma imitação da estrutura organizacional da empresa onde está inserida”.

• 2008 -León(2008) demonstra que o uso de “informação” juntamente com “arquitetura” iniciou de fato com os especialistas da Ciência da Informação que visavam promover o desenvolvimento de sistemas orientados ao usuário, algo que veio a alcançar grande vi- sibilidade e resultados somente na década de 1990. Ela produziu um gráfico cronológico (figura7, na página44) com os marcos da Arquitetura da Informação, principalmente os livros, artigos e conferências em uma hipótese de três partes, cobrindo 30 anos, em que as duas primeiras fases, a do desenho da informação (1960s-1970s) e a do desenho de sistemas (1980s) se projetam para dentro da visão moderna de arquitetura da informação prevalecente nos dias de hoje.

• 2009 - Publicação da Edição 1, Volume 1 do “Journal of Information Architecture” (MAD- SEN,2009), uma iniciativa independente do Grupo de Ensino e Pesquisa em Arquitetura

da Informação - REG-iA, patrocinado pelo Instituto de Arquitetura da Informação e pela Escola de Negócios de Copenhagen. O Editorial desta edição inaugural enfatiza a neces- sidade de criação de um fórum permanente onde se possam publicar artigos de interesse central na área de arquitetura da informação. Os artigos diziam respeito à experiência do usuário, análise da arquitetura de documentos, contextualização e incertezas na arquite- tura da informação.

44 Capítulo 3. Revisão de Literatura e Fundamentos

Figura 7: Cronologia da Arquitetura da Informacao - Fonte: (LEÓN,2008)

As iniciativas para a caracterização de uma Arquitetura da Informação no CPAI tiveram o seu marco emLima-Marques (2011), que idealiza a “Escola de Brasília em Arquitetura da Informação”, com respaldo epistemológico, filosófico, científico e pragmático para uma Te- oria Geral da Arquitetura da Informação - TGAI. Em seguida, Siqueira (2012) defende tese propondo a formalização da Arquitetura da Informação como disciplina científica baseada nas categorias de forma, contexto, manifestação e significado - FCMS.

3.5 Organização e Representação do Conhecimento