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2.6 ELEMENTOS DA GOVERNANÇA DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

2.6.2 Arranjos Institucionais

Os arranjos institucionais fornecem os instrumentos práticos para a formulação e implementação de política de eficiência energética. Eles incluem tanto a economia política da governança da eficiência energética quanto a criação de instrumentos práticos como, por exemplo, a implantação de agências para a implementação e mobilização da eficiência energética, com a assistência do setor privado e das agências internacionais de desenvolvimento.

2.6.2.1 Agências de implementação (IV)

A implementação de políticas de eficiência energética requer uma estrutura administrativa capaz de realizar múltiplas tarefas: análise econômica e política, planejamento, administração e gestão, engenharia e logística e avaliação do programa. A IEA (2010) identificou uma variedade de tipos de organização, desde departamentos de ministérios da energia até empresas estatais e organizações não-governamentais. Destacam-se, portanto, alguns princípios para se configurar essas agências:

• A concepção e a estrutura da organização de eficiência energética devem refletir os resultados de eficiência energética esperados, os requisitos de implementação de políticas e os setores mais visados;

• É desejável ter uma base estatutária, uma vez que confere status e permanência à organização de eficiência energética;

• Existem muitos modelos organizacionais diferentes e nenhum modelo único é universalmente aplicável;

• Está havendo o surgimento de novos projetos organizacionais, como serviços de eficiência energética e corporações de benefícios públicos;

• Os fatores críticos para o sucesso incluem: habilidades técnicas sólidas em competências essenciais, cooperação externa efetiva, desenvolvimento de consenso nas principais estratégias e planos e independência financeira.

2.6.2.2 Requisitos de recursos (V)

Os governos precisam alocar recursos financeiros e humanos suficientes para atingir o nível desejado de melhoria da eficiência energética. As agências de implementação devem entender os recursos das diferentes políticas de eficiência energética, a fim de organizar, equipar e orçamentar as suas atividades. O benchmarking ou a comparação dos recursos necessários para a implementação de políticas de eficiência energética em diferentes países é difícil, mas vital. Recomenda-se o estabelecimento de um quadro coerente de informação em escala setorial e política para facilitar as comparações.

2.6.2.3 Fornecedores de energia (VI)

Os fornecedores de energia têm algumas vantagens distintas como implementadores de eficiência energética caso o quadro e as condições sejam favoráveis. Em particular, os fornecedores de energia têm acesso ao capital, a uma relação existente com os usuários finais, incluindo sistemas de faturação e dados, bem como a uma ampla rede de serviços e de entrega dentro de sua jurisdição.

Desenvolveu-se diretrizes para mobilizar os fornecedores de energia na implementação da eficiência energética, são elas:

• Utilizar critérios claros para considerar se os fornecedores de energia devem atuar como implementadores da eficiência;

• Aplicar uma abordagem de valor de recursos ao fornecer eficiência energética para garantir que os programas sejam eficazes;

• Estabelecer condições que permitam aos serviços públicos implementar a eficiência energética;

• Considerar cuidadosamente as vantagens específicas de engajar as empresas de serviços de utilidade pública como implementadores de eficiência energética;

• Evitar a complexidade e simplificar procedimentos sempre que possível;

• Tirar proveito da perspicácia comercial das empresas de serviços públicos (onde existe), dentro de uma estrutura de portfólio;

• Manter os mecanismos de supervisão para garantir a rentabilidade dos resultados; • Aplicar responsabilidades institucionais aos atores governamentais e regulatórios

apropriados;

• Considerar o sistema de encargos de benefícios públicos (SPBCs), uma vez que formam mecanismos de financiamento de eficiência energética eficazes, independentemente de quem realmente implementa os programas.

2.6.2.4 Envolvimento das partes interessadas (VII)

O envolvimento das partes interessadas é um componente crucial de um sistema global de governança da eficiência energética, pois ajuda a construir um consenso político e a assegurar ampla adesão à implementação das políticas. Sobre esse envolvimento:

• A diversidade das partes interessadas deve ser uma meta de engajamento, uma vez que elas têm diferentes interesses e preocupações;

• O quadro legislativo deve tornar obrigatório o envolvimento das partes interessadas;

• Os mecanismos que preveem os engajamentos contínuos das partes interessadas são particularmente úteis;

• Não há um método melhor ou exclusivo para envolver as partes interessadas. 2.6.2.5 Cooperação entre os setores público e privado (VIII)

A cooperação entre o governo e o setor privado durante o desenvolvimento de políticas de implementação de eficiência energética assegura que as políticas aproveitem plenamente os recursos e a perspicácia do setor privado. O estudo pela IEA (2010) analisa a cooperação entre os setores público e privado, incluindo: (i) acordos voluntários de eficiência energética com grandes utilizadores de energia; (ii) parcerias público-privadas (PPPs) para desenvolver novas tecnologias e abordagens de eficiência energética; (iii) utilização de projetos de eficiência energética do setor público para fomentar empresas

de serviços energéticos (ESCOs); e (iv) partilha de responsabilidades na regulação da eficiência dos aparelhos. Com base nessa análise, foi feita uma série de orientações para o desenvolvimento da cooperação entre os setores público e privado:

• Os governos devem identificar situações em que ambos os setores saem ganhando e em que os benefícios dos setores público e privado se sobrepõem;

• Os governos geralmente devem assumir a liderança usando uma abordagem sistêmica de toda a indústria;

• Os governos devem providenciar supervisão para assegurar que os objetivos políticos sejam atingidos;

• O setor privado deve ter um incentivo para cooperar. 2.6.2.6 Assistência internacional (IX)

A assistência internacional ao desenvolvimento (IDA) é cada vez mais importante para um sistema global de governança da eficiência energética. As orientações-chave a seguir são destinadas aos investidores que procuram apoiar o desenvolvimento de governança nos países em desenvolvimento:

• Realizar projetos com assistência de doadores/investidores que criem resultados sustentáveis;

• Identificar e envolver as partes interessadas para criar uma comunidade de interesse em torno da política de eficiência energética;

• Concentrar-se na criação de mercados iniciais de eficiência energética que sejam sustentáveis;

• Identificar oportunidades de cooperação por meio de redes regionais.