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3 TEATRO, EDUCAÇÃO E PERCEPÇÃO DE CIÊNCIA

3.3 ARTE E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Para a compreensão da linguagem científica necessitamos de algumas informações específicas sobre determinado tema. Quando os símbolos ou signos não fazem sentido é quase impossível a comunicação e, se não compreendemos, nos desinteressamos. A divulgação cientifica pode assumir o papel de afirmação de soberania e poder, não há barreiras para os selos postais que vão às correspondências trocadas entre indivíduos de diversos países. Assim os selos se tornam uma oportunidade de divulgação que alcança espaços que outros tipos de mídia não alcançariam. Na Figura 2, abaixo, observamos selos de alguns países sobre

divulgação científica.

Figura 2 – Filatelia e Divulgação Científica (Coleção particular)

Lavoisier trabalhou para abandonar a hermeticidade da alquimia em prol de uma melhor compreensão dos símbolos e conceitos químicos: talvez um dos primeiros interessados na Divulgação Científica.

As artes não possuem uma herança hermética, ao contrário. De uma forma em geral, comunicam, são uma impressão, um registro da experiência humana. No Realismo, apresentam o fato semelhante à realidade, simples e clara, quanto mais verosimilhança melhor. Têm o objetivo de serem compreendidas. Natural que a Divulgação Cientifica se aproprie das diversas formas de arte para atingir seus objetivos. A ciência hermética necessita

da arte expressiva e comunicadora para desvelar seus conteúdos. No rádio, no cinema, na literatura, em gravuras, etc, alguns produtos científicos são trabalhados artisticamente para a difusão cientifica, adaptados a todos os tipos de mídia.

O que é Divulgação Científica? A Divulgação Científica tem diversas definições, cada autor a compreende e define de acordo com suas experiências, conhecimentos e momento histórico. Em Museus ou em peças de teatro onde a divulgação se dá de uma forma específica, de acordo com seus objetivos, ou em revistas especializadas no assunto, encontramos variações nas definições. Mas há um cerne comum a todas: a preocupação em tornar a Ciência mais popular. No século XIX a Vulgarização Científica queria tornar acessível ao maior número de pessoas possível os conhecimentos científicos (MASSARANI, 2002).

O termo “vulgarização” traduzido do francês, que em nossos dias tem um sentido pejorativo, à época teve um sentido e tradução diferente, sem o significado de tornar vulgar ou chulo, mas sim de registro acessível e popular. No século XX o termo “popularização da ciência”, mais utilizado em países anglo-saxônicos, assume a responsabilidade de difundir os conhecimentos científicos (MASSARANI, 2002). Observamos assim uma passagem do simples registro acessível para a necessidade de divulgar.

Alguns escritores (FRANSCISCO, 2014) definem a Divulgação Científica como a criação de produtos com linguagem que possa ser compreendida por leigos - em livros, revistas, rádio, televisão, exposições, feiras, enfim, em todos os tipos de mídia disponíveis atualmente Observamos a definição de Divulgação Científica se adaptando às novas realidades e meios de expressão.

Segundo Massarani (2002), na prática sabemos que há cientistas que escrevem livros em uma linguagem mais acessível para leigos e jornalistas que se especializam em decodificar as diversas pesquisas para a mídia e a população em geral. Alguns objetos de Divulgação Científica utilizam meios de expressão artística que não fazem relatos: não têm o objetivo de ensinar, mas de despertar o interesse sobre determinado assunto. Na filatelia, por exemplo, os selos postais comemorativos, quando abordam temas científicos, são objeto de Divulgação Científica. Os selos, com as cartas, viajam pelo mundo inteiro, são como pequenos embaixadores, levam informações culturais, sociais e científicas, mas sua forma impõe alguns limites. Existem selos que comemoram descobertas científicas, aniversários de Museus e Centros de Pesquisa, estampam figuras de cientistas renomados, como Darwim, Hertz, Neils Bohr, Marie Curie entre outros. Na maioria das vezes não há relatos, apenas a imagem criada por um artista, limitada por uns poucos centímetros, que levam informação implícita, uma

metalinguagem, que pode viajar milhares de quilômetros.

Definir o que é Divulgação Científica não é tarefa fácil, a contribuição do caos e transcendência das artes dificulta a generalização. Talvez fosse mais fácil dizer o que não é Divulgação Cientifica: A Ciência que não sai do meio acadêmico.

A Divulgação Científica, para ser mais eficaz, deve levar em consideração qual o público alvo, a escolha do veículo e a linguagem utilizada. Divulgação Científica é, entre outras coisas, difundir para um maior número de pessoas as inovações da ciência; levar a conhecer melhor a Natureza; despertar a curiosidade e o interesse científico; desmitificar a população ajudando na formação de cidadãos mais capazes de influir em questões importantes relacionadas à Ciência. Com a Divulgação Científica a ciência influi e se faz presente. Reconhecendo a grande importância desta atividade, Albert Einstein (1879-1956), afirmou:

A comunidade dos pesquisadores é uma espécie de órgão do corpo da humanidade. Esse órgão produz uma substância essencial à vida, que deve ser fornecida a todas as partes do corpo, na falta da qual ele perecerá. Isso não quer dizer que cada ser humano deva ser atulhado de saberes eruditos e detalhados, como ocorre frequentemente em nossas escolas, nas quais o ensino das ciências vai até o desgosto. Não se trata também do grande público decidir sobre questões estritamente científicas. Mas é necessário que cada ser humano que pensa tenha a possibilidade de participar com toda lucidez dos grandes problemas científicos de sua época, mesmo se sua posição social não lhe permite consagrar uma parte importante de seu tempo e de sua energia à reflexão científica. É somente quando cumpre essa importante missão que a ciência adquire, do ponto de vista social, o direito de existir.

(EINSTEIN, s.d., apud FRANCISCO, 2014)