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Articulação do licenciamento ambiental com o sistema de outorga dos recursos hídricos

Biblioteca Universitária UFSC

7. A POLÍTICA AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE JOINVILLE

8.3. Articulação do licenciamento ambiental com o sistema de outorga dos recursos hídricos

A Política Estadual de Recursos Hídricos , LEI N° 9.748 de 30 de novembro de 1994, que dispõe sobre a utilização dos mesmos determina a criação do sistema de outorga. O tratamento das questões de autorizações e cadastros, está de certa forma correlacionado com o processo de licenciamento ambiental. Esta mesma lei define a mútua adequação entre a outorga e o licenciamento ambiental. Analisando a Política Estadual de Recursos Hídricos , LEI N° 9.748, as Seções referentes ao licenciamento e a Portaria Intersetorial referente a Listagem das Atividades Modificadoras do Meio Ambiente, percebe-se que a efetiva aplicação da anterior resultaria não necessidade das questões concernes a autorização e principalmente ao cadastro, uma vez que o órgão executor é o mesmo. Não se pode dizer que outorga e licenciamento

signifiquem o mesmo, todavia não se pode negar que estão diretamente relacionados. No segundo “autoriza-se a atividade”, sendo uma espécie de “alvará”.

As taxas da licença ambiental igualam bons e maus usuários da água. A outorga cobra pela utilização dos recursos hídricos. Todavia se o licenciamento tivesse sido rigorosamente seguido e aplicado ao longo da sua existência em lei, a transição para este sistema de outorga seria mais simples. Não haveria a necessidade de um novo cadastramento, e sim uma reformulação nos seus itens.

A efetiva aplicação do processo de licenciamento ambiental, tornaria mais fácil a transição para o cumprimento das exigências necessárias à implantação desta política.

Da mesma forma a inscrição em cadastro. O mesmo já existia, mesmo que cheio de lacunas. Ficam as dúvidas em relação à efetiva aplicação desta nova Política, uma vez que não fica muito claro o seu real correlacionamento com o que pede a legislação Ambiental de Santa Catarina.

Não coloca-se aqui de que forma deve ser compatibilizado, ou que espécies de ações deverão ser tomadas para este fim. Questiona-se aqui a necessidade de manutenção do processo de licenciamento ambiental da forma como ele existe.

8.4 Estudo de caso : Análise do "Projeto de Gerenciamento de Recursos Hídricos" voltada a questão do licenciamento ambiental

O nome "Projeto de Gerenciamento de Recursos Hídricos" é um pouco pretencioso. É obvio que o projeto visa em primeira instância a conservação dos Recursos Hídricos. Os objetivos do projeto são voltados à capacitação tanto de pessoal quanto de equipamentos. Uma lacuna constante nas ações da FATMA, não só a nível da região de Joinville, porém a estadual, era a ausência de um programa de monitoramento quali-quantitativo dos efluentes. Para a análise dos processos a FATMA aceitava análises enviadas pelas próprias empresas. Também assim os resultados obtidos eram muito pontuais, relativos apenas ao efluente. A rede de monitoramento permitirá verificar a real situação dos rios locais. É claro que, apenas através do monitoramento contínuo que poderá se trabalhar com o reenquadramento dos corpos hídricos, em função do seu uso. Este porém é um trabalho que requer antes de tudo, tempo.

A utilização dos processos de licenciamento como fontes de verificação para a regulamentação dos diferentes usos da água e normatização da utilização dos mesmos visando a operacionalização da outorga é importante, porém deixa margem para muitas dúvidas. O motivo é o mesmo: como confiar num trabalho parcial desenvolvido num período de anos de protelamento e omissão. A própria FATMA não tinha até 1995 um cadastro geral dos processos e licenças emitidas. Isto sem mencionar as inúmeras empresas alheias a este processo. O cadastro industrial sim é que serviria para, entre outras funções, verificar as informações que constam nos processos. Porém continua-se trabalhando com informações recebidas das empresas. Apenas após um certo período de monitoramento é que se poderá fazer uma avaliação mais completa Neste caso, servirá mais para a alimentação de dados do cadastro. Através da identificação e conhecimento das mais diversas tecnologias tecnologias de tratamento de efluentes pretende a FATMA avaliar os mais diversos processos produtivos visando a redução da carga poluidora e identificação de tecnologias alternativas para o tratamento de pequenas atividades industriais. Esta avaliaçãocorre o risco de ter um caráter mais informativo, mesmo porque a FATMA, deixou há tempos de ser um organismo voltado ao desenvolvimento de tecnologias ou mesmo de pesquisa. Neste caso a FATMA poderia sim voltar a trabalhar como um agente indutor de inovações, o que seria bastante positivo para o município.

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A informatização do processo de licenciamento ambiental através de utilização de banco de dados, tinha como parte integrante a aquisição de material e capacitação de pessoal para operacionalização da rede. A situação do projeto na época da execução deste trabalho é o de coleta e preenchimento de dados do cadastro industrial. Um ponto positivo é a possibilidade de utilização dos dados do cadastro nos processos de licenciamento. Neste caso se terá uma dupla verificação dos mesmos. Ambos poderão se complementar ou contradizer. No cadastro os dados são fornecidos pelas empresas. No segundo, parte fornecidos e parte coletados por intermédio de vistorias técnicas. No caso do licenciamento a visão é bem mais fragmentada por ser basicamente referente ao funcionamento das estações de tratamento de efluentes.

O projeto não faz muitas referências a utilização de águas subterrâneas. O cadastro industrial dará uma idéia do número real de empresas tem sistemas próprios de captação de água e do montante de água captado. A outorga neste caso será assunto de muita discussão com o segmento empresarial do município.

Um problema que em geral os projetos do governo enfrentam, especialmente aqueles com auxílio financeiro temporário do exterior, é a falta de continuidade. Disto pode-se antever um pequeno empecilho futuro relativo a falta de pessoal. Este projeto trabalha com pessoal, inclusive nos laboratórios, contratado especialmente para este fim. Esta é a contrapartida do governo do Estado. Se não houver concurso ou qualquer outro tipo de convênio, inclusive com universidades locais ou mesmo com a FUNDEMA, se perderá a estrutura montada. A história recente nos mostra diversos casos parecidos. O ideal talvez fosse o repasse desta estrutura para o órgão ambiental municipal, uma vez que as bacias monitoradas são as estritamente pertencentes ao município não afetando as regiões vizinhas. A manutenção seria mais fácil sendo gerida pela municipalidade.

A hipótese de servir de modelo para as outras regionais, pode ser colocada em dúvida, pois realidade dos outros municípios é diferente.Uma vez equipada a regional de Joinville, como se faria para as outras regionais? Neste caso se terá o eterno empecilho financeiro. É praticamente impossível de se visualizar o funcionamento das outras regionais pois sem o aporte de recursos externos.